Anteprojeto apresentado como requisito parcial ao desenvolvimento de trabalho de conclusão do Curso de Turismo do Centro de Ciências Sociais da Universidade Veiga de Almeida, orientada pelo(a) Professor(a) Ana Luísa Verdejo Nunez.
Rio de Janeiro
2012
1. Apresentação
O Surf é um fenômeno social característico dos séculos XIX-XX que só recentemente tem crescido significativamente como o deporte das sociedades industriais modernas, englobando uma indústria estimada no valor de US $ 10 bilhões de dólares (Bucley 2002, p.407).
Essa indústria do surf é regida por uma moda e estilo de vida que é um fator ditatório para o retorno como atividade turística. Envolve surfistas que viajam para ambos os destinos domésticos e internacionais como turistas motivados somente pelo surf. Essa prática tem o poder de ditar destinos turísticos mundiais.
No entanto, existe uma escassez de investigação científica, e acredito, falta de visão do potencial desse segmento como atividade turística que tem muito a ser explorado no mercado. Este estudo faz uma contribuição para a compreensão do comportamento do turismo do surf.
2. Objetivos
O estudo pretende transformar em artigo acadêmico a relação que acontece na prática entre o surf em escala nacional e mundial e a atividade turística. Demonstrar a forte ligação que o surf tem com o turismo, exemplificando como ocorre o seu comportamento na sociedade no âmbito cultural, amplo, que por escassez de estudos, muitas vezes passa despercebida. Além disso, tem em vista a intenção de futuramente incentivar essa prática turisticamente, do potencial de como um planejamento turístico bem organizado em base de uma boa pesquisa e entendimento do assunto, pode ajudar no desenvolvimento de destinos e suas cidades.
3. Justificativa
A escolha do tema é dada ressaltando a pouca existência de estudos no Brasil, ou de língua portuguesa, sendo existentes muitos poucos estudos sobre o impacto dessa prática no turismo e o quanto o movimenta. Dessa forma, fica em evidência a pouca valorização como forma turística do potencial desse segmento se bem estruturado. Esta pesquisa busca demonstrar justamente que o surf não precisa ser tratado somente como esporte ou atividade de lazer a curta distância, e sim, sabendo primeiramente reconhecê-lo, como é o objetivo do trabalho, demonstrá-lo para que assim, potencialize a prática como atividade turística.
4. Referências teóricas
Na construção vigente, buscou-se o entendimento da atividade do surf como prática considerável turística. Para isso acontecer, entender o conceito de turismo segundo Oscar de La Torre Padilha é fundamental:
“Um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupo de pessoas que, fundamentalmente por motivo de recreação, descanso, cultural ou saúde, se deslocam de seu lugar de residência habitual a outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.” (2006, p.10)
Nesse contexto, vemos que esse deslocamento voluntário é gerado pela motivação que fez o turista a querer dedicar dinheiro, tempo e deslocamento. Como Coelho (2011, p.20) dá uma das classificações da motivação sendo o que “determina as expectativas ao turista consumidor” e é o “elemento propulsor do fenômeno turístico”.
A tribo do surfe é composta por integrantes fiéis à pratica, que demonstram visivelmente a paixão existente pelo esporte, como podemos ver D’orey citar (2006,p.9): “O surf é uma paixão tão avassaladora, que vira bússola. Preenche tanto, que deixa a gente meio burro. Meio pouco se lixando pro resto(...). E com isso inventaram todo o nosso estilo de vida.” Essa tribo é dona de um estilo de vida singular e só deles, sua cultura e forma de enxergar o mundo são de maneiras diferenciadas dos demais, que seu entendimento e a compreensão é o primeiro passo para entender sua influência como atividade turística.
Com isso, partimos da importantíssima premissa da ligação da tribo do surfe e sua motivação para viagens é a busca por perfeitas ondas. No trecho D’Orey (2006, p.248) esclarece que a busca do surfista não é em primeira instância pela praia, ressaltando a verdadeira busca dos mesmos, pelas ondas e tendo a praia como “templo” de realização.
“As pessoas começam a surfar não por causa da praia, mas por causa das ondas.(...) Mas, sem praia, não há onda. E se houvesse certo e errado, o correto seria não gostar, mas VENERAR a praia tal qual um templo sagrado, pois é dela que parte o alimento que preenche a nossa alma”
Nesse contexto, pude encontrar a definição do Turismo do Surf com o autor australiano Fluker (2003, p3) em que defende:
“Surf tourism involves people travelling to either domestic locations for a period of time not exceeding 6 months, or international locations for a period of time not exceeding 12 months, who stay at least one night, and where the active participation in the sport of surfing, where the surfer relies on the power of the wave for forward momentum, is the primary motivation for destination selection.”
"O turismo do Surf envolve pessoas que viajam para locais ou nacionais por um período de tempo não superior a 6 meses, ou locais internacionais por um período de tempo não superior a 12 meses, que permanecem pelo menos uma noite, e onde a participação ativa na prática de surf, onde o surfista conta com o poder da onda como dinâmica impulsionante, é a principal motivação para a seleção do destino. "
Englobado a esse segmento, não esta somente o praticante do surfe como turista vigente, como também os amigos (não praticantes), a família que o acompanha e até mesmo os espectadores de um modo geral. Pensar nesse grupo também como público alvo dentro desse segmento é de inúmera importância. Na perspectiva de integrá-los também como turistas, preparando entretenimentos para essa demanda.
O artigo de Buckley demonstra o valor “that surf tourism has become a social phenomenon of sufficient economic, social and environmental significance to justify academic attention” (Buckley, 2002, p.406). “que o turismo do surf tem tornado-se um fenômeno social de importância econômica, social e ambiental suficiente para justificar uma atenção acadêmica”. Seu artigo é de grande relevância, pois estima que a escala econômica da indústria do surf, incluindo marcas de roupas, viagens, fabricação de pranchas, toda a sua cultura no geral, gera USD$ 10 bilhões por ano e movimenta cerca de 10 milhões de surfistas em todo o mundo (Buckley, 2002,p.407). Com isso, em seu artigo, descreve a estrutura da indústria do surf em termos dos impactos culturais e naturais em uma região produto turístico, a região Indo-Pacífico (compreende o Oceano Índico e a porção ocidental e tropical do Oceano Pacífico)
Esse turismo do surf foi e continuamente é capaz de ditar destinos lendários para a sua prática, que dentro da comunidade do surf, quem o pratica têm o conhecimento de sua existência, o conhece, já sonhou ou sonha em visitá-los. Contando de que conforme o surf ao redor do mundo sofra mudanças e evolua, a forma em que esses surfistas enxergam os destinos e as experiências que buscam mudam constantemente também, de forma em que atinge diretamente o turismo.
“opened up surfing destinations around the globe such as Bali, the Mentawai Islands, Fiji, the Maldives, Tahiti and South Africa to name just a few. It is suggested that the surfers of today still travel to locations such as these, but for varying lengths of time, having different economic impacts, and are in search of different experiences. As surf tourism has evolved, so too have the types and ever increasing numbers of surf tourists.” (Dolnicar 2003, p.3)
“abriu-se destinos de surf ao redor do globo, como Bali, Ilhas Mentawai, Fiji, Maldivas, Tahiti e África do Sul, para citar apenas alguns. Sugere-se que os surfistas de hoje ainda viajam para locais como estes, mas por períodos de tempo variados, com diferentes impactos econômicos, e estão em busca de experiências diferentes. Como o turismo do surf evoluiu, também evoluiram os tipos de surf e o crescente número de turistas de surf.” (Dolnicar 2003, p.3)
5. Metodologia
Esta pesquisa trata-se de uma pesquisa essencialmente bibliográfica, em base, artigos australianos especializados no assunto, estudos que foram desenvolvidos com total foco e atenção ao tema. E a ajuda de livros sobre surf que supriram superficialmente, de maneira a somar argumentos somente. Estima-se a realização de uma pesquisa qualitativa com profissionais da indústria do surf.
6. Bibliografia básica
BUCLEY, R. 2002. Surf tourism and Sustainable Development in Indo-Pacific Island: I. The Industry and the Islands. Journal of Sustainable Tourism 10(5);405- 424.
DIAS, Reinaldo. Turismo e patrimônio cultural. Guarulhos-SP, Editora Saraiva: 2006
DOLNICAR, S. FLUKER, M. Behavioural market segments among surf tourists – investigating past destination choice, Journal of Sport Tourism, 2003, 8(3), 186-196
DOLNICAR, S. FLUKER, M. Who's Riding the Wave? An Investigation Into
Demographic and Psychographic Characteristics of Surf Tourists. Research Conference of the Council for Australian University Tourism and Hospitality Education (CAUTHE 2003).
D’OREY, Fred. Outras Ondas. São Paulo: Gaia, 2006.
HAWAIIAN DREAMS. et al. (idealização e patrocínio). Identidade Total. São Paulo: Waves LTDA 1996
COELHO, Márcio. FERNANDES, Ivan. Economia do Turismo, teoria e prática 2ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011