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A Presença Do Modernismo Regionalista Em Vidas Secas E Um Breve anúNcio de Um Estado de EspíRito Nacionalista

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UNIVERSIDADE FERDERAL DA BAHIA
CURSO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

ISLA DA SILVA NASCIMENTO

A PRESENÇA DO MODERNISMO REGIONALISTA EM VIDAS SECAS E UM BREVE ANÚNCIO DE UM ESTADO DE ESPÍRITO NACIONALISTA

Salvador
2011

ISLA DA SILVA NASCIMENTO

A PRESENÇA DO MODERNISMO REGIONALISTA EM VIDAS SECAS E UM BREVE ANÚNCIO DE UM ESTADO DE ESPÍRITO NACIONALISTA

Ensaio apresentado a Universidade federal da Bahia ao Curso de Língua Estrangeira como requisito obrigatório para avaliação da segunda unidade, sob orientação da Estagiária Doscente Juliana Oliveira Lesquives e a Professora Alvanita Almeida Santos.

Salvador
2011
1- INTRODUÇÃO

Em 1938 Graciliano Ramos publica um dos maiores clássicos nacionais, “Vidas Secas”. Tal seca que transpassa o limite das páginas do livro e nos atinge de uma forma exageradamente árida e sedenta. Em meio a um nordeste brasileiro rachado em chão, em fome, em sede e em vida, Ramos perpassa a história de Fabiano e sua família maestrosamente, marcando presença em um dos períodos mais nacionalista que o país já espetaculou, o Modernismo. Antes de uma pseudo-análise no regionalismo na segunda fase do modernismo, passarei primeiro para uma ambientização da identidade, tentando alcançar base suficiente para a discussão do que é nacional e identidade nacional durante o movimento.

2- DESENVOLVIMENTO

Não há nordestino brasileiro que ao ouvir Asa Branca de Luiz Gonzaga, não se identifique, mesmo que nunca tenha vivido na seca de fato, mas ao ouvir a canção retratando a terra calcinada do sertão que está em fogo e que vira fogueira do São João, tudo lhe é familiar. Cabe em Luiz Gonzaga ainda mais um elemento de identificação, bem presente, que é a roupa característica do sertanejo, a qual Gonzaga não dispensava. São esses dois exemplos regionais que cito para desenvolver o que chamamos sentimento de pertencimento. A representação de elementos como um mapa, um hino, uma bandeira, são escolhas que implicam em uma naturalização de um povo e retrata a identidade dos mesmos, de forma relacional e dependentes. “Assim, a construção da identidade é tanto simbólica quanto social” (WOODWARD, p.10). Mas como não há possibilidade de pensar no presente deixando de lado o passado do homem, diz-se também que uma “das formas pelas quais as identidades estabelecem suas reinvidicações é por meio do apelo a antecedentes históricos” (WOODWARD, p.11). O que construiu e o que constitui o nordeste de hoje é a sua história. Uma região onde nasceu o Brasil, onde nasceu a república independente, onde há uma das maiores demandas de cultura do país, não pode realmente ser esquecida. Vem daí a inspiração de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira para criar o hino do sertão, Asa Branca. Tal “idéia de ‘simultaneidade’ é totalmente alheia a nós. Ela concebe o tempo como algo próximo (...), uma simultaneidade de passado e futuro, em um presente instantâneo” (ANDERSON, p.54). “O conceito de diáspora (Paul Gilroy, 1997 apud Woodward) é um dos conceitos que nos permite compreender algumas dessas identidades – identidades que não têm uma ‘pátria’ e que não podem ser simplesmente atribuídas a uma única fonte” (WOODWARD, p.22). Portanto, Ramos ao ambientizar “Vidas Secas”, admite a importância do sertão nordestino para a nação brasileira e procura ser fiel ao máximo, em suas descrições assíduas, a esse cenário que carrega uma história, uma cultura, uma tradição e uma representação deste nacional em muitos aspectos, sejam eles na fala, no modo de pensar, na forma de agir e no próprio ser dos personagens. Ao pensar “Vidas Secas” pensamos em Fabiano, responsável pela cabeceira da obra, o qual nada mais é do que a crua representação do cabra macho sertanejo. Valente, pobre, ignorante, desempregado, viciado em jogo e em bebida, Ramos o representara em tom de denúncia de uma mazela social. Os romances de 30 assumem uma visão política encorpada e seus escritores passam a encarar suas obras como agentes de transformação social. Resumidamente, a obra narra a luta constante de Fabiano, Sinha Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorrinha Baleia em busca da sobrevivência. Nessa busca, Ramos revela a animalização do homem, sem linguagem, sem opiniões e sem vaidades, apenas seu instinto que o faz salvar-se. E no uso do instinto animal, o homem mostrará o uso dos seus limites superiores de homem em busca da vida. Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu em Quebrângulo, Alagoas. Estudou em Maceió, mas não cursou nenhuma faculdade. Após breve estada no Rio de Janeiro como revisor dos jornais "Correio da Manhã e A Tarde", passou a fazer jornalismo e política elegendo-se prefeito em 1927. Foi preso em 1936 sob acusação de comunista e nesta fase escreveu "Memórias do Cárcere", um sério depoimento sobre a realidade brasileira. Depois do cárcere morou no Rio de Janeiro. Em 1945, integrou-se no Partido Comunista Brasileiro. Graciliano estreou em 1933 com "Caetés", mas é “São Berdado”, verdadeira obra prima da literatura brasileira. Depois vieram "Angustia" (1936) e “Vidas Secas” (1938) inspirando-se em Machado de Assis. O Pré-Modernismo não correspondeu a nenhum movimento especifico pois foi uma mera fase de transição. O nome foi criado por Tristão de Ataíde para incorporar todos os autores, alguns inclusive anti-modernistas, e nas duas primeiras décadas do atual século se preocuparam com a análise profunda da realidade brasileira que através do romance urbano, quer através de um regionalismo vigoroso e crítico. O nome envolve, pois, uma ambigüidade. Enquanto a um Lima Barreto ou a um Graça Aranha cabe a denominação pelo que trouxeram de novo para a ficção nacional e pelos caminhos que abriram na direção do Modernismo, outros como Coelho Neto e Rui Barbosa (anti-modernistas radicais) só devem ser chamados pré-modernistas no sentido de que escreveram muitas de suas obras na fase de preparação do Modernismo. Monteiro Lobato é um caso à parte. Embora tenha criticado severamente o Modernismo, suas obras são tipicamente pré-modernistas, pelas denúncias que contém e pela preocupação constante com a problemática realidade de então. Em boas palavras digamos que o Modernismo foi “manifestado especialmente pela arte, mas manchando também com violência os costumes sociais e políticos, o movimento modernista foi o prenunciador, o preparador, o criador de um estado de espírito nacional” (ANDRADE, 1974). Em sua primeira fase com tema de natureza estético cultural de ruptura e na segunda fase com tema de natureza humana político social com influências comunistas sobre seus escritores. Na década de elaboração de “Vidas Secas” o mundo vivia o intervalo entre as duas guerras, nós lambíamos as feriadas da guerra de 1914 - 1918 e experimentávamos a perplexidade ante a próxima guerra (1939 - 1945), o processo tecnológico que o inicio do século deslumbrava a sociedade visto como possibilidade de anulação, desumanização e massificação do homem e o reflexo ainda da primeira guerra a crise econômica de 1929. Diante disso teríamos uma literatura tensa e perplexa. No Brasil temos a revolução de 30 que sela o destino da república velha, a revolução constitucionalista de 32 em São Paulo e o Estado Novo (1937 – 1945) que trouxe depressão, repressão, cerceamento à imprensa, censura, prisões e torturas. Em face desse contexto, a literatura de 30 abandona a atitude anárquica da geração de 22 e assume um comportamento engajado e participativo. Não podemos confundir, porém o Sertanismo Romântico com o Regionalismo Pré-Modernista. Os sertanistas eram verdadeiros turistas contemplando a natureza e as peculiaridades regionais. Os regionalistas pré-modernistas diferem de seus antecessores pela denúncia, pela análise crítica do homem miserável do interior brasileiro, pelo registro e utilização da linguagem regional dos dialetos caipiras. Um dos objetivos do regionalismo pré-modernista era apresentar ao Brasil urbano, intoxicado pela cultura francesa, um outro país, o Brasil do interior, onde proliferam a fome, a miséria, a ignorância, como também onde se podiam documentar valores autênticos da cultura de um povo, sem influência alienígenas.

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Enquanto a geração Modernista de 22 chuta o vaso, a geração Modernista de 30 junta os cacos. Com um contexto histórico apreensivo as atitudes aqui estão mais críticas, conscientes e maduras tendo em vista uma proposta construtiva focando a cultura popular e folclórica. E nesse meio, nasce a obra “Vidas Secas” embarcando todos os aspectos regionais modernos com ênfase no psicológico, trabalhando questões abandonadas pela sociedade da época como a fome e a pobreza e ao mesmo tempo elevando o orgulho pelo que é culturalmente nacional. Busca isso nas raízes, no sertão.

4- REFERÊNCIAS TEÓRICAS

• WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença. Uma introdução teórica e conceitual. In. SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Identidade e diferença: a pespectiva dos Estudos Culturais. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 2000. • ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2008. • Literatura – Vidas Secas. Disponível em: www.guiadoestudante.abril.com.br. Acessado em: 04/07/2011. • Vidas Secas – Graciliano Ramos. Disponível em: www.mundovestibular.com.br. Acessado em: 04/07/2011.

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