Introdução
A economia africana encontra-se actualmente numa situação semelhante à dos países asiáticos à 15 anos atrás.
Apesar de 34 dos 48 países mais pobres do mundo estarem em África, o crescimento recente do investimento directo estrangeiro sugere que o continente está-se a tornar cada vez mais competitivo (situação análoga à experiência da Ásia há 15 anos). Em particular, as economias da África Austral cresceram significativamente na última década. A abundância na região de recursos naturais (por exemplo, minerais, energia) e o seu sector agrícola levou ao aumento exponencial do comércio com parceiros de mercado emergentes, como China, Índia e Brasil. No entanto enquanto o aumento do comércio potência o crescimento, a falta de transportes, de energia, de tecnologias de informação e comunicações, resultantes da ausência de infra-estruturas, ou da sua inadequação representam um forte bloqueio para que a região atinja o seu potencial de crescimento.
A.1. Exportações da Africa Subsariana

Fonte: JICA - Preparatory Survey for Southern Africa Integrated Regional Transport Program, 2010

Ainda assim, se compararmos tendência de evolução percentual do PIB até 2016, verifica-se que a percentagem de crescimento prevista para a África subsariana é apenas ultrapassada pelo crescimento dos países asiáticos em desenvolvimento (grupo onde se incluem a China, a Índia), mas que ainda assim se situa acima dos 5% (Gráfico A.2.). A África subsariana é no entanto composta por 44 países muito diversos que enfrentam diferentes problemas de natureza política, económica, e social onde se incluem a instabilidade política, a pobreza extrema, conflitos internos, epidemias (por ex. Sida, e malária), entre outros.
Com o objectivo de criar condições para o desenvolvimento de uma forma sustentada, e promover o combate de uma forma hamonizada aos problemas de uma parte desta região africana, foi contituida em 1992 a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC-Southern Africa Development Community), que tem actualmente os seguintes membros: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe.
Visão da SADC é a de um futuro comum, um futuro dentro de uma comunidade regional que irá garantir bem-estar económico, a melhoria dos padrões de vida e qualidade de vida a liberdade e a justiça social, paz e segurança para o povo da África Austral.
A SADC representa um mercado de 257.7 milhões de habitantes, com um PIB global de 471 mil milhões de dólares.
Neste importante agregado de países seleccionamos quatro em particular sobre os quais irá incidir este estudo, Angola, Moçambique, Malawi e Zâmbia. A razão desta escolha resulta fundamentalmente da análise previamente efectuada aos cenários de desenvolvimento da economia africana identificados por duas fontes: * Preparatory Survey for Southern Africa Integrated Regional Transport Program, JICA (Japan International Cooperation Agency 2010); * Lions on the move: The progress and potential of african economies, Mckinsey global institute, Junho de 2010

Tendências da Economia Mundial
A economia global atravessa uma nova e perigosa fase, caracterizada pelo FMI no relatório “World Economic Outlook” de Setembro de 2011 como “Slowing Growth, Rising Risks”. Actividade Económica Global tem enfraquecido e torna-se mais desigual, a confiança caiu abruptamente, e existem riscos de abrandamento crescente.
As economias avançadas têm sido particularmente afectadas pela elevada turbulência dos mercados financeiros internacionais, influênciados por uma crescente falta de confiança, iniciada com a crise do sub-prime em 2008 nos EUA, as crescentes dificuldades do sistema financeiro, e mais recentemente com o agravamento da crise da dívida soberana de alguns países da zona euro.
Num clima de elevada incerteza, acentuaram-se os riscos descendentes para a actividade económica, o que pode ser particularmente problemático numa altura em que a margem de actuação da política económica nas economias avançadas é relativamente reduzida, quer em termos de política orçamental quer em termos de política monetária.
As economias emergentes continuaram a apresentar um crescimento económico mais forte do que as economias avançadas, reforçando as dinâmicas divergentes da economia global. Não obstante, as economias emergentes poderão revelar um abrandamento, refletindo o abrandamento da atividade nas economias avançadas que pode ter uma influencia negativa sobre as exportações destas economias. Nestas condições, existem alguns riscos de um abrandamento brusco, o que resultaria em efeitos negativos sobre a procura global, e por outro lado poderia provocar um movimento descendente dos preços das matérias-primas.
A.2. Evolução do PIB por grupos de países

Fonte: FMI-World Economic Outloock Setembro de 2011

A.1. Crescimento do PIB
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O FMI prevê que o crescimento do PIB Real nas economias avançadas se mantenha em cerca de 2 por cento até 2016. O crescimento das economias em desenvolvimento e emergentes tem tendência a desacelerar em face de problemas de capacidade e aprofundamento das políticas, fixando-se ainda assim numa elevada taxa de cerca de 6 por cento em 2012. Espera-se que o crescimento se mantenha muito elevado em países emergentes, especialmente a China e Índia, seguida pela África subsariana.

Desenvolvimento económico da África particularmente da África Subsariana
O crescimento das economias da África subsariana é desde inicio do século superior ao das economias desenvolvidas.
A.3. Variação percentual do PIB a preços constantes

Fonte: FMI-World Economic Outloock Setembro de 2011

Esta tendência de crescimento da economia africana resulta de vários factores, também determinantes para a tendência de crescimento futuro:
- Do crescimento da procura de matérias primas, o do consequente aumento dos respectivos preços nos mercados internacionais;
- De acções efectivas dos governos, com o objectivo de por fim aos conflitos regionais e locais, melhorar as condições macroeconómicas, e criar um clima mais propicio aos negócios, e o consequente aumento da iniciativa privada;
- Do aumento demográfico, da crescente urbanização da população, e do aumento de uma classe média de consumidores;
- Do crescente acesso aos mercados financeiros internacionais e do estabelecimento de parcerias económicas com países terceiros e investidores internacionais.
O crescimento futuro das economias africanas beneficiará do aumento da procura global por recursos naturais como o petróleo, minerais, bens alimentares e outros. Este continente é particularmente rico em recursos naturais não explorados, tais como 10% das reservas mundiais de petróleo, 40% das reservas de ouro, 80 a 90% das reservas crómio e platina, e importantes reservas de cobre, zinco, níquel, cobalto e diamantes. A nível agrícola África apresenta um enorme potencial uma vez que 60% da terra arável mundial não cultivada se encontra neste continente.

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[ 1 ]. Em conformidade com o agregado do FMI os países que integram a África Subsariana são os seguintes: Angola, Benin, Botswana, Burkina Faso, Burundi, Cameroon, Cape Verde, Central African Republic, Chad, Comoros, Democratic Republic of Congo, Republic of Congo, Côte d'Ivoire, Equatorial Guinea, Eritrea, Ethiopia, Gabon, The Gambia, Ghana, Guinea, Guinea-Bissau, Kenya, Lesotho, Liberia, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritius, Mozambique, Namibia, Niger, Nigeria, Rwanda, São Tomé and Príncipe, Senegal, Seychelles, Sierra Leone, South Africa, Swaziland, Tanzania, Togo, Uganda, Zambia, and Zimbabwe