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Amor de Perdicao

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Words 679
Pages 3
Convento de Monchique, 13 de Março de 1805

Oh meu Simão, meu querido Simão!
Como sinto falta do teu toque, daqueles míseros segundos em que apertas-te a minha mão com toda a tua força, senti o teu amor, senti o teu carinho, senti todos os teus sentimentos por mim. Porque tiveste de matar meu primo Baltazar? Agora preso estás, e nunca mais me verás! Mas ainda há esperança, pois a vida apos a morte ainda nos espera meu querido amado. Mesmo já não tendo esperança nesta vida, ainda tenho esperança que Deus não condene o nosso amor, e nos dê a eterna libertação que tanto merecemos!
Não imagines como estou… Degradada, pútrida, a minha cara pálida como a de uma morta… Estou mal, mal como nunca estive antes. A única coisa que me faz escrever esta carta, nos meus últimos dias de vida, é o meu amor por ti! Estou a enlouquecer, estas quatro paredes serão minha sepultura… Disso tenho a certeza. A única coisa que me mantém sã, é a pouca esperança que tenho para a vida depois da morte… Pois para esta vida, já sei o que me espera.
Os meus dias, desde o dia em que cá cheguei, ainda meio atordoada por o que me tinha acontecido, por o que te tinha acontecido, e por o que tinha acontecido ao meu primo Baltazar, cambaleei até meu quarto, ou melhor, a minha cela, onde tanto eu como o meu espirito ficamos encarcerados. Minha tia é a única que me tem ajudado, dou graças a Deus por meu pai me ter posto com ela. Ela é a minha salvação, ela e tu! Pois são os únicos que tornam este encarceramento suportável, mas mesmo assim, caminho para a minha morte. Caminho para o meu final, final desta história trágica de dois apaixonados amaldiçoados por um pai controlador e um primo, agora morto, que me queria.
O meu pai, o nosso maior opressor e o maior obstáculo do nosso amor. Não o culpo a ele, apenas fazia o que achava melhor. Mas culpo-o por ter estragado a minha vida, por me ter obrigado a vir para o convento, por me encarcerar nesta prisão de quatro paredes, pequenas, que encafuam o meu espirito. Culpo-o por me querer casar com primo Baltazar, um homem de quem eu não sentia nada. Culpo-o por querer controlar o meu espirito, o meu espirito romântico! O meu espirito livre, livre como um pássaro a voar do seu ninho. Ele quis controla-lo, e quando viu que não era bem-sucedido, usou a força… Usou a força, obrigando-me, fazendo-me sofrer… Por isso sim, o culpo.
Da minha janela, esperava ver esperança, esperava ver a beleza habitual de Viseu primaveral, mas tudo o que vejo, é mais tristeza, que enche ainda mais o meu coração de sentimentos horríveis e negativos. Vejo o cheio escuro, nublado, devido a tempestade e implacável chuva que tem havido nos últimos dias. Chuva esta que nada se assemelha as minhas lagrimas, suaves e inocentes. Esta chuva destrói, traz tristeza e amargura, traz sentimento de vingança, não para com meu pai, nem para nenhum dos nossos opressores, mas com a vida, que a nós nos deu este destino cruel. A chuva cai contra a minha janela, os ventos uivantes tremem todo o meu quarto… Sinto me sozinha e indefesa, neste mundo controlador e obsessivo, este mundo tao obcecado a estragar o nosso amor! Mas o meu amor por ti não esta abalado! Deveras o contrario, este sentimento de solidão apenas me da mais forças para te amar! As árvores grotescas cujas sombras me assombram a noite, nada se comparam a luz que o teu amor traz sobre a minha vida!
Simão, oh meu querido e amado Simão, esta provavelmente será a última carta que conseguirei escrever antes da minha morte. Mas despeço-me de ti, e espero que não sofras na tua morte, que seja rápida e sem sofrimento, para que possas chegar ao céu, e que nos possamos amar, para toda a eternidade.
Da tua amada Teresa

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