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Cidade: Fixos E Fluxos

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Submitted By schmitzbruna
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Pages 20
Cidade: Fixos e Fluxos // Lucrécia D’Alessio Ferrara // Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica – PUCSP

1. O imaginário do lugar nos fixos da cidade
Sons, cores, tons, cheiros, imagens, palavras, personagens, dramas e cenas. Essa é a alucinante experiência de diferentes sensações provocadas pela emergência do novo modo de produção inaugurado pela técnica e pela mecânica da Primeira Revolução Industrial e desenvolvida pela Revolução Industrial Eletroeletrônica. A cidade é o suporte daquela explosão sensível, mas sua realidade de adensamento populacional, produção, reprodução e consumo de bens faz dela uma mídia que é sempre renovada ou renascida, ainda que utilize, para isso, distintos apêndices ou suportes, tecnológicos ou não.
No momento em que os ambientes estão cada vez mais técnicos e as ações se deixam modelar mecânica e eletronicamente, ler a cidade como texto da cultura é um imperativo social e científico. Nesse mundo de ações e objetos que se reproduzem e multiplicam, criam-se neologismos para designar o mega-mundo feito de espaços dentro de espaços, sentidos dentro de sentidos, cidades dentro de cidades. Globalização e mundialização são os novos nomes que designam o complexo de variáveis que atinge as cidades, transformando-as em metrópoles mediadas e produzidas pela relação de múltiplas características econômicas e sociais que se expandem em uma complexa Torre de Babel.
Nessa metáfora concentra-se a absoluta necessidade de representar e dar forma estável ao circuito de imagens e, sobretudo, à pluralidade imaginária que decorre da cidade atual que, na sua inexorável e rápida mudança, não se deixa apanhar, mas apenas, imaginar. A metáfora representa, portanto, o próprio modo como, imaginariamente, conseguimos representar a cidade atual, mais imaginada, do que vivida, porém, “ a cidade é o único lugar de onde se pode contemplar o mundo com a esperança de produzir um futuro” ( Santos,2001) Correlações sistêmicas de objetos, tecnologias e ações cotidianas constituem eixos do espaço geográfico que Milton Santos estuda como dinâmica dos fixos e fluxos do espaço; termos entendidos como metáforas das novas estruturas tecnológicas e econômicas e as vertiginosas 3 transformações sociais e culturais que atingem as cidades contemporâneas. Embora, essa nomeação corresponda a um conceito já estudado (Castells, 2000: 422), Milton Santos o completa e o utiliza com grande eficiência epistemológica para a análise e interpretação fenomênica da cidade. Flexibilizando o conceito e em clima de relação, convivência e reciprocidade, a dinâmica dos fluxos impregna os fixos redefinindo-os, modificando-os, renovando-os até criar os lugares da cidade. Os fixos assinalam um espaço que assim se faz porque se quer produzido, controlado e ordenado, enquanto os fluxos são dinâmicos e inúmeros.
Nesse dinâmico contraste, o espaço da cidade é um “sistema técnico, científico, informacional de objetos e ações” e estrutura as categorias básicas da teoria desenvolvida por Milton Santos (1996:203) e denominadas tecnosfera e psicosfera. Considerando-os interdependentes, fixos e fluxos são também redutíveis e isto quer dizer que a dinâmica de implantação e sedimentação de firmas e instituições da tecnosfera dependem da visibilidade de valores, crenças e comportamentos da psicosfera que confirma ou coloca em crise os fixos.
Ou seja, os fluxos consolidam ou desestabilizam os fixos, dando-lhes visibilidade semiótica e deixando explícitos seus interpretantes. Nesse sentido, é possível entender, com mais clareza, a redutibilidade entre tecnosfera e psicosfera como categorias científicas: ao mesmo tempo em que os fluxos caracterizam a dinâmica de sentidos da psicosfera, permitem que se avalie, comparativamente, a estabilidade e poder de firmas e instituições que procuram fazer da tecnosfera uma instância hegemônica do poder. A cidade e o urbano se tencionam no cotidiano, mas a comparação entre a psicosfera e a tecnosfera permite, não só entender a sutil dinâmica dessa tensão, mas sobretudo, a epistemologia de uma ciência da cidade que, opondo-se à genérica e abstrata caracterização urbana, oferece novas dimensões teóricas e conceituais para seu estudo.
Na dinâmica estrutura de uma ciência da cidade, Milton Santos nos permite inferir a emergência de uma outra categoria de análise que 4 apresenta grande plasticidade: trata-se da lugaridade que, insubordinada, emerge entre interesses e trocas ou entre crenças e sentidos e permite perceber que, entre tecnosfera e psicosfera, mobiliza-se a corrente de informação que impregna objetos e ações e, em constante metamorfose, converte os fixos do mundo produzido nos fluxos do mundo vivido. Entre fixos e fluxos, entre produção e sentidos, entre técnicas e ações, a lugaridade apresenta-se como categoria epistemológica responsável pela possibilidade de ver-a-cidade que, por sua vez, permite distinguir o local e o lugar: o primeiro atua como referência da paisagem, o segundo é o pólo cognitivo onde se pode apreender usos e sentidos e através dos quais é possível construir uma arqueologia da cidade e migrar da constatação sociológica para a dimensão comunicativa que assinala sua história. Da cidade cosmopolita que surge na segunda metade do século 18 e se desenvolve durante o 19, à metrópole e à megalópole dos nossos dias com explosão demográfica superior a 10 milhões de habitantes, temos uma longa história com distintas características semióticas e interativas, mas constantes tensões entre fixos e fluxos. Ou seja, essa tensão invade a cidade como objeto científico e é dela que nos devemos ocupar para perceber as características de interação que fazem da cidade o teatro de complexas relações. O trânsito entre fixos e fluxos percorre a história da cidade com diferentes densidades, mas constantes presenças e, como hipótese, é possível afirmar que, da cidade cosmopolita à megalópole, não temos propriamente uma oposição, ao contrário, na megalópole, misturam-se as anteriores características e essa complexidade constrói as significações da megalópole. A despeito da indispensável contextualização singular de cada cidade que nos levaria a flagrar, empiricamente, diferenças e particularidades, é possível afirmar, ainda enquanto hipótese, que aquela mistura constitui o núcleo de mediação da megalópole e vai muito além das características tecnológicas dos suportes que sustentam as mídias contemporâneas. Ou seja, propõe-se que mediação não decorre de um aparato tecnológico, mas se manifesta pela interação entre valores e 5 ações que expandem o imaginário. Nesse sentido, as relações comunicativas nas cidades podem ser distintas, ressaltando-se nessa distinção as características semióticas das respectivas manifestações. A cidade cosmopolita, a metrópole e a megalópole escrevem a história da cidade como comunicação e vinculam suas manifestações semióticas a distintos trânsitos entre fixos e fluxos. Sem considerar os usos habituais das palavras local e lugar consideradas como sinônimas ou dando margem a neologismos como “não lugar” (Augé, 1994:71), ponderamos que, se a relação entre fixos e fluxos nos permite flagrar localizações referenciais e, sobretudo, os sentidos dos lugares da cidade, a lugaridade como categoria epistemológica que decorre da tecnosfera e da psicosfera, nos permitirá chegar àquele caráter interativo e encontrar a dimensão pragmática de distintos imaginários da cidade. Desse modo, mediação e lugaridade se cruzam para permitir entender a cidade como “espaço técnico, científico, informacional”(Santos, 1994:51) responsável pela comunicação que caracteriza o cotidiano na cidade e o transforma em uma das maiores experiências da humanidade.
2. A cidade em exposição
Ruas, avenidas, bulevares, galerias, passagens, praças são os fixos que, construídos em pedra, ferro, bronze, vidro e cor dão suporte à cidade cosmopolita e assinalam seus signos: trata-se da multidão e do flaneur que inspiraram poesia, imagens, teorias de Baudelaire a Atget, de Benjamin a Balzac.
Paris à frente como modelo insuperável, a cidade cosmopolita é eminentemente comercial e seus fixos são os centros de pequenas ou de grandes dimensões,(Mumford,1982) mas alojados em lugares especiais como as galerias e as passagens que agasalharam as vitrines feitas para expor e exibir. Walter Benjamin (1986:80) aponta que foi atribuída a Luís Felipe a seguinte expressão: “Deus seja louvado e as minhas boutiques 6 também” , louvor incontestável das passagens como templo da mercadoria. “ La majorité des passages sont construits à Paris dans les quinze années qui suivent 1822. La première condition pour leur developpement est l’apogée du commerce des tissus. Les magasins de nouveautés, premiers établissements qui ont constamment dans la Maison les dépôts de marchandises considérables, font leur apparition. Ce sont les précurseurs des grands magasins..... Les passages sont les noyaux pour le commerce des marchandises de luxe.” ( Benjamin, 1986: 23).
Esse apego ao valor expositivo como condição de êxito comercial caracteriza o índice dessa cidade dominada pelo visual, mas sentida na ponta dos dedos. Ao mesmo tempo visual e tátil, a cidade cosmopolita é usufruída nas suas cores e sentida com a planta dos pés nos longos percursos a pé, no caminhar inconseqüente e obrigatório para todos a fim de ver e ser visto. A norma era vestir-se, sair e exibir-se conforme os rigores da moda que é conseqüência e aura do prestígio comercial da cidade: “ Aussi l’etat d’esprit que rencontre l’homme à la mode est-il un mélange apparemment agréable d’envie et d’approbation. On envie l’homme à la mode en tant qu’individu, on l’approuve comme représentant de l’espèce” ( Simmel,1988:103)
A cidade cosmopolita realizou uma estranha união entre a tradição e a moda, entre o passado e o presente. Essa união é estranha porque se, no presente, tradição e moda se desafiam, no futuro, se aliam porque a moda de hoje não é senão o passado de amanhã. Desse modo, entende-se que a sedução tátil-visual faz do objeto um fetiche e recupera a aura que o revestia no passado. O presente da cidade cosmopolita é nostálgico do passado e oscila entre a produção industrial e a aura do objeto artesanal, desse modo, embora o produto utilize signos da nascente indústria como o ferro ou recupere o vidro ando-lhe novas formas, cores e funções, os objetos são trabalhados decorativamente à maneira do passado, como ocorre com as produções da Art Nouveau no século 19.
No confronto anteriormente apontado entre localização e lugarização, podemos verificar que, para a cidade cosmopolita, a atividade comercial orienta seus fixos e faz das galerias e avenidas seus locais preferidos mas, é na física dimensão pública dos espaços que ela encontra o lugar adequado para o desenvolvimento dos seus fluxos. Na Europa, aqueles lugares se concretizam nas passagens vividas como pequenos centros em miniatura e, nas pequenas cidades do mundo novo, se configuram nas praças e jardins que sintetizam o esforço para se aproximar do modelo europeu. Porém, nos dois casos, parecem corresponder àquilo que o imaginário de Walter Benjamin e de Baudelaire selaram em crítica e em poesia.
Se entendermos que fluxos coincidem com a psicosfera e são “o reino das idéias, crenças, paixões e lugar da produção de um sentido” (Santos, 1996:204) veremos que, na cidade cosmopolita, passagens ou praças são os espaços onde se lugariza, não só a troca comercial, mas também, aquela dos valores e aspirações que comandam a ação norteada pela opinião correta, conforme a doxa, o consenso, o adequado estabelecidos. É na materialidade desses espaços que se lugariza, ao mesmo tempo, o passado e o presente: de um lado, o estranho imaginário das fabulações orais zela pela tradição que confere aceitação a hierarquias, valores e comportamentos, de outro lado mas ao mesmo tempo, a hierarquia entra em conflito com a moda que se desobriga da memória para refugiar-se no presente a fim de superar as rotineiras causas e consequências tradicionais e, simplesmente, se fazer ver. Nesses lugares, confundem-se e atritam-se a tradição e a moda, o passado e o presente.
No ritmo dos fluxos das galerias, praças ou jardins públicos, a lugaridade se concretiza na interação com o outro e na relação face a face (Thompson, 1998:77) onde o indivíduo se identifica ao confrontar-se com o coletivo e nele se reconhecer. É essa lugaridade que vai permitir a Habermas criar a célebre Teoria da Ação Comunicativa que faz da lógica argumentativa verbal o instrumento capaz de dar à sociedade que se confronta 8 coletivamente, a condição de definir-se e dirigir-se a despeito da lei, dos interesses e hierarquias consolidados pelo Estado. Se nos lembrarmos que a teoria de Habermas(1987) desenvolve-se na segunda metade do século XX e verificarmos que a interação face a face caracteriza os espaços públicos do século 19 e início do 20, veremos que a permanência desse tipo de interação favorece a hipótese de que as cidades modernas cosmopolitas e aquelas da modernidade contemporânea se misturam e muitos aspectos característicos de uma se redimensionam nas outras, avivando-se, reafirmando-se, reestruturando-se em fluxos contínuos que se dispersam em distintos processos produtivos: sedimentam-se na cidade cosmopolita e expandem-se na megalópole. Ou seja, a construção do imaginário de cada dimensão da cidade supõe reconhecer aquele caráter contínuo que supera uma possível interpretação dicotômica da realidade urbana e leva a perceber, nos seus fluxos contínuos, a emergência de peculiaridades e diferenças através das quais as cidades se comunicam.
3. A cidade em expansão
A dinâmica da produção industrial comandou, por um lado, a atividade comercial e o consumo e, por outro lado, estimula o deslocamento de grande contingente populacional para atender estruturas produtivas que exigiam mão de obra numerosa e pouco onerosa . A conseqüência foi o impetuoso crescimento demográfico e a imposição de expandir a cidade para além dos seus anteriores limites públicos a fim de atender às necessidades básicas de moradia e trabalho. A cidade cosmopolita se transformou em metrópole e a expansão caracteriza uma nova etapa do seu sistema de fixos que, agora, é definitivamente industrial, mas transitório no seu espaço físico e na sua produção: o fetiche da mercadoria é substituído pela descartabilidade e pela obsolescência que programa uma estratégia do desperdício, ao mesmo tempo em que a expansão exige sempre mais e outros espaços. Em poucas décadas, cidade enfrenta uma 9 paisagem dúplice: sua visualidade é dominada, ao mesmo tempo, pelas chaminés e pelas fábricas como signos de uma indústria que, há alguns anos, era emergente e ativa e pelos esqueletos daqueles mesmos signos que ainda povoam os territórios das cidades, mas foram alijados do seu prestígio pela expansão acelerada em tecnologia e produção. É a pósindustrialização responsável por inúmeras e grandes áreas degradadas em função, uso e valor.
Aceleração, crescimento, expansão, degenerescência são as características dos fixos da metrópole e seus signos são as marcas simultâneas do apogeu e da decadência. Como podemos observar nas marginais do Rio Pinheiros em São Paulo ou em outras grandes artérias que são teatro do deslocamento motorizado, exibe-se, de um lado, as torres construídas em concreto, aço e panos de vidro e, de outro lado, mal se esconde o contraste da precariedade habitacional e estrutural das favelas, dos loteamentos clandestinos e das áreas invadidas. Esse contraste marca os fixos da metrópole e contamina seus fluxos, hibridizando-os.
Em conseqüência, a expansão divide a cidade e cria as centralidades autônomas. Desse modo, se os edifícios corporativos das grandes empresas, os condomínios e os shopping centers são independentes e autoreferentes, não podem fugir ao horizonte visual que os confronta com as favelas, os cortiços, as habitações improvisadas que, prudentemente, se organizam em redutos de proteção e criam leis e sistemas urbanos próprios, conforme o que é possível e está disponível para atender às múltiplas e sempre urgentes situações de precariedade do espaço, da habitação e da vida. Na metrópole em expansão, tudo se mistura visualmente, mas não se integra funcionalmente, ao contrário, se divide e se isola.
Nessa contradição, desenvolve-se a cidade tecnologicamente conectada pelas empresas que fazem da comunicação sua qualidade técnica, sua eficiência produtiva e seu poder econômico. Na metrópole, explodem os usos da comunicação de massa com a televisão à frente. Através da 10 tecnologia, mais do que nunca a cidade mostra sua vocação midiática e a televisão cria o lugar que transforma o fluxo comunicativo em fixo a serviço do consumo e da reprodução do capital.
Com a televisão, a metrópole expandida se desloca ainda mais e interage à distância e na promiscuidade niveladora de todas as classes e de todos os preconceitos mas, ao mesmo tempo, são, tecnologicamente, divorciados os domínios do público e do privado. Desse modo, redesenha-se o território da cidade: sua cultura é, agora, um depósito de valores produzidos em estúdios, em ritmo de série e montagem para serem consumidos através de modas, modelos, slogans, vocabulários e expressões. A metrópole é o território definitivo da comunicação porém, mais reiteradamente consumida, do que exaurida na sua capacidade informativa. Nessa tautologia, tudo é imitado e a interação se faz no corpo a corpo entre o que é próprio do individuo e a imagem cultuada como modelo e desejada como valor a ser atingido como aderência à moda produzida pela grande máquina de formação de opinião. A proximidade visual e tátil que caracterizava a cidade cosmopolita é substituída pela distância física que impede o contacto e que o modelo a ser copiado pretende repor. Desse modo, o espaço distante se torna tempo de exposição para a contemplação de um telespectador distraído ou absorvido no consumo de uma imagem.
Dessa forma, a moda que marcara a cidade cosmopolita é re-visitada, mas seus vetores são trocados, substitui-se a visualidade e a troca de valores e hábitos por um modo de ser e um jeito de pensar criado por poucos para valer para todos. É o território do espetáculo para uma sociedade que transforma o cotidiano em rotina vivida em um espaço uniforme para um tempo de repetição; espaço e tempo redundantes, tecnologicamente produzidos para serem consumidos em horários e locais programados: “ O tempo pseudo-cíclico consumível é o tempo espetacular, tanto como tempo do consumo das imagens, em sentido restrito, como imagem do consumo do tempo em toda a sua extensão. O tempo do consumo das imagens, meio de ligação de todas as mercadorias, é o campo inseparável em que se 11 exercem plenamente os instrumentos do espetáculo, e o objetivo que estes apresentam globalmente, como lugar e como figura central de todos os consumos particulares......” (Debord, 1997: 105)
Enquanto território da tecnosfera, a televisão procura romper o fluxo da informação reduzindo-o a pedaços ou a recortes metonímicos: elimina-se a possibilidade da lugarização da cidade que a caracterizaria como cena onde entrariam em mediação valores e comportamentos que desenhariam particularidades e diferenças. O lugar, agora, é produzido tecnologicamente e seu espaço é eletrônico. Vistos na tela e à distância da cidade vivida, os lugares são iluminados (Santos/ Silveira, 2001:264) e nos permitem um vôo turístico e sem compromissos sobre a cidade que, distante, parece homogênea em todos os seus lugares e aprazível a qualquer preço. Implantam-se locais sedutores da cidade, destituindo-a dos seus lugares.
A relação comunicativa que caracterizou a cidade cosmopolita definida n a alteridade face a face, valor a valor, doxa a doxa é substituída por um vínculo comunicativo que produz uma estranha interação onde o efeito zapping é a resposta implacável e conseqüente do telespectador que não se dispõe ao jogo imposto à sua revelia. A doxa cosmopolita é substituída pelo imaginário técnico feito de planos, quadros, recortes e montagens.
4. A cidade em conexão
A megalópole, com mais de 10 milhões de habitantes e farta mão de obra disponível, é sedutora promessa para a expansão da cidade globalizada que se apóia, de um lado, na real condição tecnológica de compressão do tempo e do espaço que suprimiu a distância e do deslocamento e, de outro lado, no sedutor plano de qualidade de vida e oportunidades prometidas para todos os cantos do mundo, desde que comandados em seus destinos e controlados à distância. A despeito dessa ilusão, a real condição tecnológica de acesso à informação permite criar outro imaginário que 12 encontra sua lugaridade em outra cidade virtual e em conexão, a cibercidade que patrocina a cibercultura e torna “sensível a geografia móvel da informação, normalmente invisível” ( Levy, 1999:92) Sem seduções ou ilusões, essa cidade está disponível na rede mundial de computadores e, pouco a pouco, invade todas as cidades mundiais e contamina o cotidiano dos lugares distantes e diversos em etnias, valores e culturas. Superpovoados e pressionados pela urgente necessidade de prever e prover o cotidiano ameaçador para a grande maioria, esses lugares estão motivados para o encontro de alternativas que possam permitir a mudança ou uma alternativa de vida, indispensáveis em termos ecológicos para reorganizar, ao mesmo tempo, o espaço, o cotidiano e a subjetividade (Guatarri, 1990:8)
A megalópole é território urbano em expansão contínua e crescente até uma mega contextualização desterritorializada geográfica, histórica e ecologicamente. Tudo está em fluxo flexível, sem definição e todos os aspectos da vida humana são afetados vive-se cada momento e já não há espaço para planos e perspectivas de longo prazo. É um momento que só poderá ser vivido e compreendido, se enfrentado na complexidade que supõe misturar as características da cidade cosmopolita às da metrópole na convivência da megalópole.
Portanto, supõe-se um processo em andamento sem perspectivas de objetivos e conclusões rígidos e essa insegurança demanda ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos dotando-os de uma prontidão perceptiva e crítica a fim de que lhes seja possível criar alternativas de solução para situações imprevistas e poder de cooperação como condição solidária de vida. Essa é a realidade essencial, ontológica e pragmática que caracteriza o mundo contemporâneo como modo de vida e revela a extraordinária ingenuidade do modernismo como visão de mundo ideologicamente programada. Ou seja, na complexidade do mundo e da cidade contemporâneos já não há espaço e nem tempo para programas, partidos e ideologias que tendem a uma rápida superação, ao contrário, 13 tudo flui e se transforma impelido pela urgência incontrolável. Nessa aceleração, a necessidade de vida com qualidade não pode ser estabelecida pela rigidez estatística de cifras e referências médias, mas é necessário enfrentar o desafio daquela qualidade a partir da necessidade dos mais fracos, os homens lentos. (Santos, 1994:81)
Assim sendo, essa expansão não nos permite pensar apenas em extensão física ou territorial porque, ao contrário, atinge cotidianos e, sobretudo, necessidades. Através deles, surge uma real possibilidade de contaminação midiática onde a informação se dissemina e se democratiza envolvendo experiências e ações, enquanto o nexo comunicativo se dispersa no cotidiano e dá origem a um biosmidiático. (Sodré, 2002:233) Essa cooperação de largo alcance apresenta duas características básicas para a sua pragmática: de um lado, é necessário considerar a ética impressa na diferença dos lugares que impõe a necessidade de criativa e estética tradução de iniciativas capazes de atender a peculiaridades geográficas, sociais e, sobretudo, culturais, de outro lado, é necessário depositar um crédito de confiança na informação disponível na rede e lá depositada por um emissor anônimo e inatingível. È necessário operar a informação e a ação sintonizando, em unidade, pares dispares como confiança e risco.(Giddens, 1991: 16).
Sem confundir conexão tecnológica em rede com globalização econômica como estruturas lineares e simplistas de causa e consequência, optamos por considerar a rede no seu sentido midiático como possibilidade tecnológica de comunicação à distância e m tempo real. Desse modo, a rede é condição de descoberta dos lugares e culturas do mundo como diferenças que permitem acionar outros cotidianos, ou seja, a diferença é essencial, como observou com clareza Milton Santos (1993:21) “... ao contrário, por meio do lugar e do cotidiano, o tempo e o espaço, que contêm a variedade das coisas e das ações, também incluem a multiplicidade infinita de perspectivas. Basta desconsiderar o espaço como 14 simples materialidade, isto é o domínio da necessidade, mas como teatro obrigatório da ação, ou seja, o domínio da liberdade”.
Através da rede tecnológica e em inúmeras, conhecidas e reconhecidas práticas de interação virtual, a megalópole permite acionar cotidianos que instauram uma nova comunicação e outro imaginário, dessa vez, mente a mente através da experiência e da mudança de comportamento. Se a metrópole traduziu a alteridade da cidade cosmopolita na imagem hiperreal de um outro que atua como modelo eletrônico, a megalópole cria a compulsiva sedução de um outro anônimo, mas convincente enquanto exemplo que sugere reação imediata, um outro imaginado na interlocução de mensagens virtuais que apresentam uma alteridade vazia de corpo, mas exageradamente ativa enquanto estímulo mental. Na cidade em conexão a subjetiva alteridade da cidade cosmopolita é substituída pela interface informativa, supera-se a oralidade que sustenta a doxa dos comportamentos e valores do passado que se prolonga no presente pela manutenção da tradição e descobre-se o presente enquanto tempo da aceleração, não dos deslocamentos no espaço, mas das mentes em conexão veloz, é o presente das telecomunicações instantâneas da Virilio: “É o fim do mundo “exterior”, o mundo inteiro torna-se subitamente endótico, um fim que implica tanto o esquecimento da exterioridade espacial quanto da exterioridade temporal (now-future) em benefício único do instante “presente”, deste instante real das telecomunicações instantâneas” (Virílio,1993:107)
Surge a cibercultura virtual e freqüentemente anônima, ao mesmo tempo em que se constata um inegável alargamento do espaço público que passa a ser planetário e seu veículo de comunicação não se restringe à palavra, mas expande-se em uma ação democrática que, virtual, não se submete a monopólios do estado, de programas ou de ideologias. As relações vão além do espaço público cosmopolita ou, melhor, recria-se o domínio público mas, agora, sem limites geográficos ou sociais. Esse novo espaço público é virtual e em franca expansão mundial; portanto, a dinâmica dos 15 fluxos dos lugares cosmopolitas ou da metrópole reescreve -se em dinâmica fluída e flexível. É a opinião mundial nas ruas do planeta, a opinião pública mobilizada e em franco desenvolvimento desempenhando importante papel nas tomadas de decisão mundiais, de que são exemplos os movimentos associativos que sustentaram o debate público no mundo todo como evidenciaram os fóruns sociais que parecem estar dando outra expressão à sociedade civil. Surge um meta-território da condição de cidade entendida como territorialidade que se caracteriza pelo exercício da apropriação social e cultural das raízes que sedimentam o pertencimento e a identidade individuais e coletivas.
Na virtualidade, a comunicação é mais freqüentativa e contínua do que temporal, episódica ou histórica, logo temos uma interação póscomunicativa se considerarmos o sentido das duas interações anteriores, com as presenças tradicionais e explícitas de emissor e receptor e conforme um conceito simplista de relação comunicativa. Se a cidade cosmopolita sustentava-se em uma relação face-a-face e a metrópole criou uma relação corpo a corpo apoiando-se na fruição de um corpo que, exposto na tela, fazia-se almejado como modelo de valores e comportamentos, a megalópole desenvolve, não propriamente uma interação, mas uma interatividade que pode se expandir tecnologicamente, mas só se atualiza se assumida na consequência da informação disponível e transformada em ação no lugar e sobre ele. Nessa interatividade que chamaremos de mente a mente, a única credencial de sua efetiva consequência é a ação enquanto possibilidade, esse é o imaginário da megalópole que vai além de um sujeito sócio-histórico para atingir a ação consciente de âmbito universal. (Santos, 2000:180).
Na megalópole em interatividade, assistimos à expansão de todas as mídias mecânicas e eletrônicas que se agregam para, dentro de uma interação tecnológica, expandir a força e eficiência informativa e estimular a ação. Notícias divulgadas na web são retransmitidas via TV, jornais e, sobretudo, pelo rádio que se revela um agente de comunicação de massa 16 de amplo espectro graças à mobilidade inerente às características do veículo e com extraordinário e eficaz desempenho informativo, visto que o verbal oral consegue imprimir à notícia o indispensável apelo persuasivo.
Dessa forma, torna-se público o espaço privado da rede e inibe-se a distância entre centro e periferia. Na lugaridade da informação disponível, inicialmente, na rede mundial de computadores e, ato contínuo, veiculado na informação boca a boca, instaura-se uma outra centralidade onde o interesse de todos é mais associativo do que público, pois se coloca para reverter a ação de alguns e atingir o interesse de todos, superando a ação de planos e políticas nacionais e institucionais. “Nesse emaranhado de técnicas dentro do qual estamos vivendo, o homem pouco a pouco descobre suas novas forças. Já que o meio ambiente é cada vez menos natural, o uso do entorno imediato pode ser menos aleatório. As coisas valem pela sua constituição, isto é, pelo que podem oferecer.” (Santos, 2000:171)
As galerias, a multidão e o flaneur foram os ícones que celebrizaram a cidade cosmopolita e escreveram sua história; o efeito zapping foi o alerta de que atrás do monitor não havia um receptor passivo e a sutileza comunicativa da televisão comercial tratou de reverter a sua programação, identificando o telespectador, tirando-o do anonimato e tornando-o, supostamente, participe dos seus destinos de aceitação pública; a megalópole não escreve o fim da história, mas sugere a escritura de outros capítulos cujos autores estão dispersos na realidade singular, mas viva em todos os cantos do planeta.
É possível que, habituados à ação comandada e definida à distância, consideremos que essa possibilidade está à beira da utopia e ela se fortalece se pensarmos na frágil condição da maioria de acesso à informação, embora disponível tecnicamente e capaz de atingir todos os lugares do planeta. Entretanto, é necessário frisar que, enquanto disponível ao acesso tecnológico, essa informação se oferece à maioria, porém, enquanto interação ela se contagia mente a mente , de ação em 17 ação, de exemplo em exemplo, de aprendizagem em aprendizagem e, sobretudo, de lugar a lugar processando um contágio virtual capaz de mobilizar a consciência universal que constitui a possível semente de mudança do mundo contemporâneo.
Inaugura-se uma outra dimensão democrática, não monocórdica e sem diferenças como queria a cidade cosmopolita e o conceito moderno radicalizou, mas planetária como é possível tecnologicamente e desejável como fluxo capaz de promover uma lugaridade que suporte realidades dispares, mundialmente conectadas e interativas. A construção dessa realidade supõe querer enfrentar o desafio de subverter o poder e os pólos de decisão centralizados, para dividi-los entre todos na singularidade responsável de cada lugar.

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... Brasil, 03 a 05 de novembro de 2009. Gestão de custos, preços e resultados: um estudo empírico em indústrias de conservas Resumo A gestão de custos e a definição de preços têm sido assuntos abordados com freqüência em pesquisas, na forma de instrumentos da eficiência e eficácia empresarial. Este trabalho tem por objetivo analisar a questão dos estoques, origem capital de giro, processo de formação de preços, e gestão de custos em agroindústrias de médio porte, que atuam no setor de conservas de doces. A pesquisa envolveu um estudo empírico com as 8 empresas do setor que atingiram, no ano de 2008, faturamento acima de R$ 12 milhões. A metodologia englobou uma pesquisa de campo e foi utilizada a entrevista estruturada como método de coleta de dados, seguida de análise descritiva e de correlação estatística. Observou-se que a maioria das empresas forma os estoques de insumos para períodos de curto prazo, dadas as limitações de capital de giro e de endividamento. Observou-se, também, que a maioria delas usa sistema de custos ou alguma forma de estrutura de custos, com tradicionais técnicas de gestão dos custos do processo produtivo. Constatou-se que o principal critério utilizado na formação de formação do preço de venda das é o mark-up, aplicando sobre o custo total de produção. As correlações mais significativas e relevantes, com coeficientes de 100%, foram observadas entre os métodos de custeio utilizados e a adoção do conceito de margem de contribuição, assim como dos métodos...

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Levantamento de Oportunidades Da AlicaçãO Das Ferramentas Lean Em Agricultura de PrecisãO: Propostas Dentro Do Setor Sucroalcooleiro

...0 FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA” CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA – UNIVEM CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MARCELO RIYUDI SHIRAISHI LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES DA ALICAÇÃO DAS FERRAMENTAS LEAN EM AGRICULTURA DE PRECISÃO: PROPOSTAS DENTRO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO MARÍLIA 2013 FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA” CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA – UNIVEM CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MARCELO RIYUDI SHIRAISHI LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES DA APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS LEAN EM AGRICULTURA DE PRECISÃO: PROPOSTAS DENTRO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Fundação de Ensino “Eurípides Soares da Rocha”, mantenedora do Centro Universitário Eurípides de Marília – UNIVEM, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Dr. ROGRIGO FABIANO RAVAZI MARÍLIA 2013 SHIRAISHI, MARCELO RIYUDI LEVANTAMENTO DE OPORTUNIDADES DA APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS LEAN EM AGRICULTURA DE PRECISÃO: PROPOSTAS DENTRO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO / MARCELO RIYUDI SHIRAISHI; orientador: RODRIGO FABIANO RAVAZI. Marília, SP: [658.515], 2013. 94 f. Trabalho de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) Curso de Engenharia de Produção, Fundação de Ensino “Eurípides Soares da Rocha”, mantenedora do Centro Universitário Eurípides de Marília –UNIVEM, Marília, 2013. 1. Cidadania 2. Moralidade administrativa...

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Marketing

...ketingPesquisa de mercado Cap 1 – visão geral de pesquisa * Função do marketing: Identificar e em seguida satisfazer às necessidades dos ‘clientes’ (stakeholders externos); por isso, a necessidade de informações sobre tais clientes, situação do macroambiente (político/legal, PEST, Concorrência), composto mercadológico e eficiência do ajuste junto ao mercado pesquisa. * Pesquisa de marketing é a identificação, coleta, análise, disseminação sistemática e objetiva das informações para a melhor tomada de decisão. Pode ser: * Pesquisa para identificar problemas: ir a fundo para identificar as causas de um problema gerencial. Essas pesquisas são realizadas para determinar o potencial de um mercado, as tendências de crescimento, market shares, imagem de marca, etc. A partir da análise do mercado, se identificam problemas e oportunidades. É o core da Nielsen, por exemplo. * Pesquisa para resolver problemas: pesquisas já calcadas em posteriores problemas identificados. São o teste de estratégias de resposta (4Ps) junto ao mercado. * As pesquisas de marketing são sistemáticas (seguem um caminho previsível; têm base científica e coleta de dados que dá base empírica para a tomada de decisão); são também objetivas (imparciais, baseadas na teoria e não na opinião pessoal de um tomador de decisão). * Pesquisas só devem ser rodadas quando o valor esperado gerado pelos resultados superar os custos de sua aplicação. Por isso, deve ser sempre feita uma análise dos...

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Trabalho Aplicativo Setorial Da Construção Cvil

...TRABALHO APLICATIVO Investigação sobre a Estrutura Industrial e Seu Impacto no Posicionamento das Maiores Empresas do Setor Setor da Construção Civil Certificate in Business Administration – CBA44 Prof. Daniel Motta Ana Gomes Bruno Marques Érica Pontes Filipe Makarausky Guilherme Gomes Silvio Paiva Tiago Jans São Paulo, 20 de Março de 2011 Trabalho apresentado ao curso de CBA, como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialização em Administração de Empresas do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa. 2 Índice Introdução ..................................................................................................................................................... 5 1. 1.1. 1.2. 1.2.1. 1.2.2. 1.3. 2. 2.1. 2.1.1. 2.1.2. 2.1.3. 2.1.4. 2.1.5. 3. 3.1. 3.2. 4. 4.1. 4.2. 4.3. 4.3.1. 4.3.2. 4.4. 4.5. 4.5.1. 4.5.2. 4.5.3. Panorama da Construção Civil ............................................................................................................. 6 Relevância Social ............................................................................................................................ 8 Influência Governamental ................................................................................................................ 9 Programa Minha Casa Minha Vida ................................................................................................ 10 Programa de Aceleração do Crescimento .................................................

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Tg-001 – Importância Estratégica Da Tecnologia E Da Gestão Da Produção Pós-Graduação Lato Sensu - Tecnologia E Gestão Da Produção de Edifícios – Mba-Up/Tgp

...TG-001 – Importância estratégica da tecnologia e da gestão da produção Pós-Graduação Lato Sensu - Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios – MBA-UP/TGP PECE – Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica PLANEJAMENTO EMPRESARIAL RESUMO TEÓRICO – ARTIGOS E CASOS TRABALHO ELABORADO POR Helton Haddad Silva COM A COLABORAÇÃO DE Evandro Tenca São Paulo, Fevereiro de 2003 2 ÍNDICE ÍNDICE .................................................................................................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... 3 I- O PLANEJAMENTO ......................................................................................................................................................... 4 1- O QUE É PLANEJAMENTO? ............................................................................................................................................... 4 2- DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO: ..................................................................................................................................... 4 3- BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO: ..................................................................................................................................... 5 II- O PLANEJAMENTO EMPRESARIAL: COMO...

Words: 12194 - Pages: 49

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Notas Explicativas Anhanguera Educational 2013

...Anhanguera Educacional Participações S.A. (Companhia aberta) BALANÇO PATRIMONIAL - ATIVO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E DE 2012 (em milhares de Reais) ATIVO Nota Controladora 31/12/2013 31/12/2012 31/12/2013 Consolidado 31/12/2012 Circulante Ca ixa e equi val entes de cai xa e títul os e val ores mobil i ári os Contas a receber Es toques Tri butos a recupera r Despes as anteci pa da s Pa rtes rel a ci ona da s Outros a ti vos Não circulante Depósi tos judici ai s Ga ra nti as pa ra contingênci a s Contas a receber Tri butos di feridos Tri butos a recupera r Pa rtes rel a ci ona da s Outros a ti vos Inves ti mentos Imobil i zado Intangível 24 9 12 11 34 14 15 16 17 8 9 10 11 34 14 18.690 25.575 12.347 997 34.145 2.394 94.148 250 118 2.252 64.484 301 17.501 2.142.371 37.521 733.592 2.998.390 233.720 21.887 21.124 1.270 20.364 9.462 307.827 831 112 68.920 238 18.093 1.810.625 36.065 742.569 2.677.453 2.985.280 243.840 441.264 17.681 34.036 8.661 13.637 58.108 817.227 55.275 96.371 9.385 64.510 108.503 707.944 1.721.002 2.762.990 3.580.217 408.091 379.290 13.711 47.345 5.921 42.292 896.650 31.002 82.108 6.713 68.920 2.502 86.328 802.681 1.692.145 2.772.399 3.669.049 Total do ativo 3.092.538 1 Anhanguera Educacional Participações S.A. (Companhia aberta) BALANÇO PATRIMONIAL - PASSIVO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E DE 2012 (em milhares de Reais) PASSIVO Nota Controladora 31/12/2013 2.867 18 19 9 20 22 21 12 25 34 23 Consolidado 31/12/2013...

Words: 31614 - Pages: 127

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Gol Linhas Aéreas

...Central de Cases GOL: transportes aéreos www.espm.br/centraldecases Central de Cases GOL: transportes aéreos Elaborado pelo Prof. Dr. Maurício Emboaba Moreira. Destinado exclusivamente ao estudo e discussão em classe, sendo proibida a sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. Direitos reservados ESPM. Janeiro 2004 www.espm.br/centraldecases RESUMO Este estudo de caso trata da evolução da Gol Transportes Aéreos desde o início de suas operações em 2001. Quando a Gol iniciou suas atividades as empresas de transporte aéreo no Brasil estavam em crise. Havia, no Brasil, concorrentes internacionais no setor de aviação, demanda em crescimento lento e altos custos devido à alta do dólar. Nesse cenário, a Gol introduz uma operação “low-cost, low-fare” e atinge 17% de participação de mercado. A descrição de tal operação e de outras opções de estratégia também é discutida neste estudo. PALAVRAS-CHAVE Aviação doméstica; custos em aviação; participação no mercado. | Central de Cases 3 SUMÁRIO Apresentação .......................................................................................... 5 Antecedentes Históricos ......................................................................... 5 A intervenção governamental.................................................................. 6 Os “benchmarks” da indústria do transporte aéreo ................................7 O modelo das cinco forças da con¬corrência aplicado ao transporte aéreo...

Words: 8951 - Pages: 36

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Coca-Cola Case Study

...Introdução à Gestão Professor Dr. Luís Mira Amaral Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial Marketing O Caso da © Diana Rodrigues (76362) | Dinis Santos (76438) | Inês Pinho (76518) | Tiago Reganha (76430) 12 de Janeiro de 2013 Marketing – O Caso da Coca-Cola Company Índice 1. 2. 3. 4. Sumário Executivo .............................................................................................. 4 Definição de Marketing ........................................................................................ 5 Evolução do Marketing ........................................................................................ 5 Conceito Contemporâneo de Marketing .............................................................. 7 4.1 5. Marketing de Relacionamento com o Cliente ............................................... 7 Fundamentos do Marketing Empresarial: ............................................................ 8 5.1 Marketing Estratégico:.................................................................................. 8 Visão, Missão, Valores e Objectivos: ...................................................... 8 Análise do Marketing .............................................................................. 9 Os 5 C’s do Marketing: ..................................................................... 9 Análise SWOT ................................................................................ 10 Análise PEST .................................

Words: 11193 - Pages: 45

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50 Shades

...Traduzido e Editado por 50tonsversaogrey Capítulo 1 - À primeira vista. Acabei de despachar Claude Bastille, ele esta de pé na porta e diz ―golfe, essa semana, Grey‖, diz ele, esfregando na minha cara o fato de que ele pode chutar minha bunda no campo de golfe. Ele é um dos melhores instrutores de artes marciais que existe, e treina-me muito bem desde que eu lhe pague bem por suas instruções. Ele chuta minha bunda muitas vezes como se esperasse que eu fosse lhe dar uma corrida com seu dinheiro. Ele era um candidato olímpico. Eu tenho trabalhado com ele todos os dias nos últimos dois meses já que tenho que gastar minha energia em excesso. Embora ele usasse para chutar a minha bunda, cinco dias por semana antes. Eu reservo outros tipos de trabalho para os fins de semana. Se eu pudesse chutar sua bunda no chão uma vez ou duas vezes por semana, seria o ponto alto do meu dia. Apesar de eu não gostar do ritmo do golfe, é o jogo de empresários, eu me esforço para fazer certo, e como isso acontece, muitas vezes, negócios são fechados nos campos de golfe. Eu faço uma carranca e olho, pelas janelas que vão do chão ao teto, para fora do meu escritório no vigésimo andar. O tempo é cinza como o meu humor, intragável. Eu tenho tudo sob controle, mas tem sido uma existência comum para mim ultimamente. Eu não tive um desvio nos últimos dois meses. Nenhum desafio emocionante e nada capturou meu interesse. Tudo está em ordem, e todos os meus assuntos sob controle. Os zumbidos do telefone...

Words: 187572 - Pages: 751

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Assim Falou Zarutustra

...22 − Das cátedras da virtude 25 − Dos crentes em Além−mundos 29 − Dos que desprezam o corpo 31 − Das alegrias e paixões 32 − Do pálido Delinqüente 35 − Ler e escrever 37 − Da árvore da montanha 40 − Dos pregadores da morte 42 − Da guerra e dos guerreiros 44 − Do novo ídolo 47 − Das moscas da praça pública 50 − Da castidade 52 − Do amigo 54 − Os mil objetos e o único objeto 56 − Do amor ao próximo 58 − Do caminho do criador 61 − A velha e a nova 64 − A picada da víbora 66 − Do filho do matrimônio 68 − Da morte livre 71 − Da virtude dadivosa Segunda Parte 76 − Criança do espelho 79 − Nas ilhas bem−aventuradas 82 − Dos compassivos 85 − Dos sacerdotes 88 − Dos virtuosos 91 − Da canalha 94 − Das tarântulas 98 − Dos sábios célebres 101 − O canto da noite 103 − O canto do baile 105 − O canto do sepulcro 109 − Da vitória sobre si mesmo 113 − Dos homens sublimes 116 − Do país da civilização 118 − Do imaculado conhecimento 121 − Dos doutos 124 − Dos poetas 127 − Dos grandes acontecimentos 131 − O adivinho 135 − Da redenção 140 − Da circunspecção humana 144 − A hora silenciosa Terceira Parte 147 − O viajante 151 − Da visão e do enigma 154 − Da beatitude involuntária 160 − Antes do nascer do sol 163 − Da virtude amesquinhadora 169 − No monte das oliveiras 172 − De passagem 175 − Dos trânsfugas 180 − O regresso 184 − Dos três males 189 − Do espírito do pesadume 193 − Das antigas e das novas tábuas 215 − O convalescente 222 − Do grande anelo 225 − O outro canto do baile 229 − Os sete selos...

Words: 86178 - Pages: 345

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Norberto Bobbio

...Aurélio Nogueira 6ª Edição PAZ E TERRA Copyright © 1984 Giulio Einaudi Editore S.P.A. Torino Título do original em italiano: II futuro delia democrazia. Una difesa delle regole dei gioco. Revisão: Sônia Maria de Amorim Beatriz Siqueira Abrão Composição: Intertexto CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Bobbio, Norberto B637f O futuro da democracia; uma defesa das regras do jogo /Norberto Bobbio; tradução de Marco Aurélio Nogueira. — Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. (Pensamento crítico, 63) Tradução de: Il futuro delia democrazia. Una difesa delle regole dei gioco. Bibliografia. 1. Democracia. I. Titulo. II, Série. 86-377 CDD — 321.4 CDU — 321.7 Direitos adquiridos pela EDITORA PAZ E TERRA Rua do Triunfo, 177 - 01212 - São Paulo/SP - Tel. (011) 225-6522 Rua São José, 90 -11° andar - 20010 - Rio de Janeiro/RJ Tel. (021) 221-4066 que se reserva a propriedade desta tradução 1997 Impresso no Brasil/Printed in Brasil Nota do digitalizador Página intencionalmente deixada em branco para que esta versão digital do livro tenha o mesmo número de páginas da versão impressa. Diversas páginas foram assim deixadas para, juntamente com a formatação das páginas, o texto nesta versão digital estivesse o mais próximo possível da versão impressa. Da capa do livro: O Futuro da Democracia não é um livro de gabinete, pura e simplesmente acadêmico. Os ensaios...

Words: 61858 - Pages: 248

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Estrategia

...Marketing Estratégico para PME’s Autor l Future Trends Coordenação Técnica l Mónica Montenegro Coordenação Pedagógica l António Jorge Costa Mónica Montenegro Direcção Editorial l Future Trends Concepção Gráfica e Revisão l Central de Informação Composição e Acabamentos l Central de Informação Capa e Contracapa l Central de Informação Data de Edição l Abril de 2005 3 IDENTIFICAÇÃO Área profissional Este curso destina-se a gestores e outros quadros superiores que intervenham ou possam intervir no processo de tomada de decisões nas empresas em que se encontram integrados. Curso/Saída profissional O curso de Marketing estratégico para PME’s serve essencialmente para fornecer competências a indivíduos que exerçam ou pretendam exercer funções que impliquem tomada de decisões nas áreas de planeamento, bem como possibilitar o desenvolvimento de estratégias de marketing adequadas às PME’s. Nível de formação/qualificação Para a frequência deste curso, os formandos deverão possuir formação de nível IV ou nível V. Os formandos deverão ainda ter conhecimentos de inglês. Componente de formação Este curso tem inerente uma componente de formação teórica e uma outra com um carácter prático, que visam a adequação dos conceitos às realidades dos formandos. Unidade(s) de formação Este curso é composto por três módulos, que a seguir se nomeiam: • Estratégias de marketing – Enquadramento • Marketing mix • Análise de mercado 4 FORMANDO MARKETING ESTRATÉGICO PARA...

Words: 51786 - Pages: 208

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Psicologia Aplicada à AdministraçãO

...APLICADA À ADMINISTRAÇÃO INTRODUÇÃO O que é psicologia? Quando olhamos esta ciência sob a ótica popular, verificamos que existem diversas confusões conceituais e até a popularização de termos por ela utilizada e entendidas de forma equivocada . Apesar de muitos acreditarem que o objeto de estudo desta ciência refere-se ao estudo da mente, do subconsciente, do pensamento etc. A psicologia moderna tem na verdade como objeto de estudo o comportamento, podemos dizer que o psicólogo tem como meta explicar o pensamento através do comportamento, na tentativa de compreender de forma mais científica o indivíduo. Algumas confusões se devem, talvez, a utilização de diversas visões para explicar o mesmo comportamento, isto é, a psicologia se utiliza de algumas teorias, que tentam explicar o mesmo objeto de estudo (comportamento), visto por ângulos diferentes, assim como o fazem outras ciências, tais como a medicina. No entanto, por se tratar de um estudo extremamente complexo, o entendimento popular passa a ser mais difícil e muitas vezes equivocado, levando muitos a acreditarem ser a psicologia algo subjetivo e até irreal, ou pouco científico. 1. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA Os primeiros passos da Psicologia A psicologia é uma ciência jovem , a pré-história da psicologia confunde-se com a história da filosofia, considerada sua irmã caçula tendo atribuído seu nome de batismo a WOLF em1832/34 e seu objeto de estudo, assim como a filosofia, a ALMA...

Words: 12297 - Pages: 50