Free Essay

Crise E Explosão Da Cidade: a Consolidação Do Urbano.

In:

Submitted By MarciaS
Words 797
Pages 4
CRISE E EXPLOSÃO DA CIDADE: A CONSOLIDAÇÃO DO URBANO.

Na década de 60, as teorias sociais ligadas à modernidade capitalista foram sendo contestadas pela revolução cultural e pela emergência dos vários sentidos no contexto mundial. A crise do Capitalismo foi manifestada nos choques do petróleo e na redução dos níveis de acumulação ligados ao modo fordista de organização, trazendo a tona, a crise do estado.
O Estado do Bem Estar, ainda que restritos aos núcleos urbanos industriais e aos setores modernos da economia começaram a se mostrar inviável e incapaz de garantir os níveis de conforto e consumo exigidos pelas camadas ricas da população.
A crise do Estado, identificada no início dos anos 70, lançou as bases para a redefinição do papel do Estado na década seguinte. Deixando Nova York como a cidade da prosperidade, a capital do progresso e do desenvolvimento.
Um conjunto de estudos críticos sobre a cidade, informados pela economia política e pelo neo-marxismo começaram a levar questionamentos sobre a situação urbana e regional.
Em meio a isso, Henri Lefebvre buscou mostrar a problemática do deslocamento do rural para o urbano; denunciar a estratégia para exclusão das classes trabalhadoras do espaço do poder, a cidade; e, mostrar o caráter da sociedade de consumo dirigido que se escondia no capitalismo industrial.
Henri concluiu com uma sociedade urbana virtual que entre linhas gerava um processo revolucionário centrado na sociedade urbana, a politização do espaço de vida. Ainda, em 1972, buscou como o capitalismo sobrevivia reproduzindo as relações de produção através da produção do espaço.
No Brasil, a questão do direito à cidade foi bastante apreendida já nos anos 60, ainda que parcialmente reprimida atrás das discussões das reformas urbanas e das remoções de favelas e de populações de áreas pobres degradadas para conjuntos de periferia, dos quais a Cidade de Deus é hoje um caso exemplar.
Em 1978, Francisco de Oliveira (1978) identificava a natureza real da urbanização brasileira no seu famoso texto conhecido como ‘o ovo de Colombo’: trata-se da extensão a todo o espaço nacional das relações de produção capitalistas. Segundo Oliveira, não havia mais problemas agrários, todos os problemas nacionais eram agora urbanos.
Os problemas rurais podem ter desaparecido, mas a questão agrária certamente permaneça na medida em que a terra (improdutiva) continua concentrada nas mãos de poucos e persiste no país uma massa de trabalhadores em busca de terras para cultivo e vida. Entretanto, não são trabalhadores rurais no sentido literal, mas sim trabalhadores sem terra, advindos de um contexto urbano, em sua maioria, e em busca de condições urbanas para sua vida agrária: escolas, saúde, transportes, comunicações, energia, condições sanitárias, segurança pública, lazer, etc.
O urbano, aqui visto como um substantivo e não apenas como atributo da cidade, torna-se assim o terceiro elemento na dialética entre campo e cidade, contendo elementos de ambas as partes, mas trazendo consigo as especificidades de um terceiro termo. A contradição cidade-campo tende assim a se dissolver e a se combinar no urbano, e ao campo se impõe outra contradição, desta feita entre a urbanização, que privilegia as questões ligadas à reprodução e à lógica imposta pelo espaço social, produzido e apropriado acima de tudo como valor de uso coletivo, e a industrialização, que privilegia as questões da produção e a lógica imposta pelo espaço abstrato ou econômico, sob o domínio da acumulação e do valor de troca.
A reestruturação se iniciou nas cidades grandes e médias e particularmente nas metrópoles, no bojo das transformações na estrutura produtiva ditada pela ‘tríplice aliança’: a associação entre o Estado, o capital estrangeiro, envolvido na produção de bens de consumo durável e o capital nacional, ao qual coube acima de tudo a produção do espaço centrando-se nos bens intermediários e na própria construção civil.
Neste sentido, Manuel Castells contribuiu com o conceito de meios de consumo coletivo, argumentando que caberia ao espaço urbano, no capitalismo, a tarefa precípua de reproduzir coletivamente a força de trabalho, sendo assim o lócus privilegiado dos meios de consumo coletivos, necessários para o consumo individual.
A compreensão do papel das condições gerais (urbano-industriais) de produção e de sua extensão ao espaço social como um todo, todavia, foi menos generalizada e velha dicotomias como campo-cidade permaneceram (e permanecem) presentes, às vezes vistas de forma acirrada, principalmente entre estudiosos centrados nos estudos agrários e que parece não ter sido capazes de perceber as grandes transformações do campo no Brasil. De outra parte, estudiosos da questão metropolitana e urbana muitas vezes não puderam transcender os limites dos perímetros urbanos para perceber o processo de urbanização na sua dimensão regional e mesmo nacional, ficando restritos às problemáticas locais.

Resumo do texto: AS TEORIAS URBANAS E O PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL - Parte 4 - http://www.ufpa.br/epdir/images/docs/paper35.pdf

Similar Documents

Free Essay

Rima

...RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO DE JANEIRO Sumário O relatório de impacto ambiental ......................................................................... 03 Como ler este relatório ? ...................................................................................... 04 COMPERJ : renovação econômica e ambiental para o estado do Rio de Janeiro ........ 05 O empreendedor ............................................................................................... 07 Objetivos .......................................................................................................... 09 Do petróleo ao plástico ....................................................................................... 17 Escolha do local e tecnologias ............................................................................. 33 O meio ambiente ............................................................................................... 45 Avaliação dos impactos ambientais e cenários futuros ............................................ 89 Medidas, planos e programas ambientais ........................................................... 111 Conclusões ......................................................................................................135 Glossário ........................................................................................................ 141 Equipe técnica ..................................................................

Words: 36170 - Pages: 145