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Filosofia Espírita Vol I

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João Nunes Maia

Filosofia Espírita
Volume 1 Pelo Espírito MIRAMEZ

2 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 1 J oão Nunes Maia Pelo Espírito Miramez Digitalizada por: L. Neilmoris © 2009 – Brasil

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3 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

João Nunes Maia

Filosofia Espírita
Volume 1 Pelo Espírito MIRAMEZ

4 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

ÍNDICE
Nota da Editora — pag. 7 Prefácio — pag. 8 1 – A Suprema Inteligência — pag. 10 2 – A Grandeza do Infinito — pag. 12 3 – Definição Incompleta — pag. 14 4 – Existência de Deus — pag. 16 5 – Intuição Divina — pag. 18 6 – Produto da Educação — pag. 20 7 – A Matéria é Efeito — pag. 22 8 – O Que é o Acaso — pag. 24 9 – O Orgulho e o Egoísmo — pag. 26 10 – A Natureza de Deus — pag. 28 11 – O Mistério da Divindade — pag. 30 12 – Pensamentos Puros — pag. 32 13 – As Qualidades de Deus — pag. 34 14 – Unidade do Criador — pag. 36 15 – Visualização do Homem — pag. 38 16 – Deus é Espírito — pag. 40 17 – Não é Permitido — pag. 42 18 – O Véu se Levanta — pag. 44 19 – A Ciência Humana — pag. 46 20 – Revelações Espirituais — pag. 48 21 – Atividade de Deus — pag. 50 22 – Extensão da Matéria — pag. 52 23 – O Que é Espírito? — pag. 54 24 – Atributos do Espírito — pag. 56 25 – Independência do Espírito — pag. 58 26 – Espírito Livre — pag. 60 27 – Duas Forças e Um Comando — pag. 62 28 – A Missão da Palavra — pag. 64 29 – Propriedade da Matéria — pag. 66 30 – Formação da Matéria — pag. 68 31 – Modificações da Matéria — pag. 70 32 – Substância Primitiva — pag. 72

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33 – A Força de Deus — pag. 74 34 – Forma Molecular — pag. 76 35 – Segredo do Espaço — pag. 78 36 – O Vácuo Não Existe — pag. 80 37 – Deus e o Universo — pag. 82 38 – Criação do Universo — pag. 84 39 – Formação dos Mundos — pag. 86 40 – Viajantes Siderais — pag. 88 41 – Renovação — pag. 90 42 – Idade dos Mundos — pag. 92 43 – Os Seres Vivos — pag. 94 44 – De Onde Vieram? — pag. 96 45 – Origem dos Elementos — pag. 98 46 – Espontaneamente — pag. 100 47 – Origem do Homem — pag. 102 48 – Aparecimento do Homem — pag. 104 49 – Do Gérmen ao Homem — pag. 106 50 – O Primeiro Homem — pag. 108 51 – Tronco de Raça — pag. 110

6 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

CONVITE: Convidamos você, que teve a opor tunidade de ler livr emente esta obr a, a par ticipar da nossa campanha de SEMEADURA DE LETRAS, que consiste em cada qual compr ar um livr o espír ita, ler e depois pr esenteá­lo a outr em,colabor ando assim na divulgação do Espir itismo e incentivando as pessoas à boa leitur a. Essa ação, cer tamente, r ender á ótimos fr utos. Abr aço fr ater no e muita LUZ par a todos!

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7 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Nota da Editora
“Por isso, estudar Kar dec par a conhecer e divulgar o Espir itismo, é o compr omisso de hoje, que nos devemos impor os encar nados e desencar nados. Como toda r evelação é gr adativa, as lições Kar dequianas quanto mais estudadas melhor se fazem compr eendidas em face do maior entendimento de quem as examina.” Bezerr a de Menezes
(SEARA DO BEM, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, cap. 22).

Este é o primeiro de uma série de vinte livros, em que Miramez comenta as perguntas de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, objetivando orientar­nos no estudo dessa obra ímpar, sem qualquer pretensão, a não ser fornecer subsídios para melhor entendê­la e trilhar com segurança o caminho da Luz. Por recomendação do autor, as perguntas e respostas não foram transcritas, pois a consulta direta à obra se torna indispensável em qualquer época. O que ele pretende não é decodificar O LIVRO DOS ESPÍRITOS para o leitor, mas apresentar­ nos alguns pontos para nossa meditação, a respeito de cada pergunta. Para facilitar a leitura, esclarecemos que o número da pergunta de O LIVRO DOS ESPÍRITOS (LE) analisada, está abaixo do título, em cada capítulo. Rogando a Jesus que continue a abençoar o nosso humilde propósito de servir em Sua seara, entregamos a você mais essa colaboração, esperando que, através da leitura destas páginas, possa entrar em sintonia com a bondade e a paz que são emitidas pelo Amor Maior.

8 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

Prefácio

Em quase tudo que falamos, partimos de um ponto que muito nos sensibiliza: a caridade, nos dois pontos da existência. Este livro é uma fração de caridade da sabedoria. O nosso companheiro Miramez comenta as perguntas e respostas de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, desde a primeira até a de número cinquenta e um, com grande simplicidade, nos mostrando a amplitude dos ensinamentos da Codificação. A literatura mediúnica, principalmente no Brasil, é portadora de um acervo enorme de conhecimentos espirituais, que antes se encontrava escondido nas dobras do tempo e que as mãos dos benfeitores da vida maior tornaram conhecido como celeiro inesgotável dos preceitos imortais. No entanto, ainda existem os cegos e aqueles que não querem ver. As páginas de luz estão espalhadas por toda a nação brasileira, como convites a todas as criaturas, indicando caminhos e traçando deveres, instruindo pessoas e educando homens, para que o amanhã não perca seu grande objetivo, o de ser o verdadeiro paraíso, onde haja abundância do mel da fraternidade e do leite do amor. Nós outros estamos trabalhando neste país em cujo futuro o Cristo confia sobremodo, refletindo a sua luz benfazeja por todas as outras nações, cujos Espíritos, ali estagiados, são nossos irmãos em Jesus. Aproximam­se as provas redentoras e coletivas da humanidade, como que um vestibular, no sentido de passar para outro curso, onde poder­se­á aprender com mais profundidade o que é a benevolência e o amor de uns para com os outros. Este livro é um pequeno curso para despertar no estudante valores morais e espirituais. Ele pode abrir caminhos para que a caridade se solidifique nos corações dos leitores, ampliando o saber em sequências admiráveis, pois as linhas dos livros que se baseiam na Doutrina dos Espíritos são assistidas pelo grande rebanho empenhado em difundir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, nesta pátria abençoada, com reflexos no mundo inteiro. Queremos, pelo querer de Jesus, que todos os filhos de Deus se dêem as mãos, e em um cântico da mais alta harmonia, compreendam os deveres mais urgentes da amizade, aquela que não pode esquecer o perdão, do perdão que não pode esquecer a fraternidade e da fraternidade que jamais poderá esquecer o Amor! Meu companheiro, este livro é o primeiro de uma série, na mesma sequência de conhecimentos, para que o princípio da Doutrina avance na estrutura de conceitos à luz da razão, buscando no mais além o que podes suportar. Se já fazes muitos tipos de caridade, concitamos­te a mais uma: a caridade do Livro. Com base no Evangelho, o livro desperta no coração o que nele dorme de mais sagrado e os

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domínios dos sentimentos do bem crescem e se abastecem na própria ciência da vida. Se já conheces a Doutrina dos Espíritos, enriquecerás teus conhecimentos com esta obra e, se ainda não a conheces, procura lê­la conjuntamente com o livro que fez nascer a Doutrina Espírita. Assim, o teu entendimento aflorar­se­á, como uma luz que estava apagada, por falta de oportunidade. O LIVRO DOS ESPÍRITOS é um sinal das leis universais. Quem nele estuda, meditando em seus ensinamentos, e com a ajuda de outros livros que lhe dão sequência, passa a compreender que os sinais são frases e que as frases são forças indicativas para a libertação da alma. Estamos confiantes nos homens que dirigem as nações e nos que trabalham nos sentimentos das criaturas, porque Deus é Espírito, e em espírito e verdade Ele comanda tudo e todos que saíram das Suas mãos santas e sábias. Que Jesus abençoe mais este esforço do nosso companheiro que faz do tempo uma matemática inesgotável, e do pequeno espaço deste livro um fenômeno, de onde refletirá muita Alegria. Bezerr a de Menezes Belo Horizonte, 17 de dezembro de 1982.

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Que é Deus?

“ Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 1)
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A Suprema Inteligência
O primeiro interesse de Allan Kardec foi saber dos Espíritos que era Deus e eles responderam dentro da maior simplicidade, mas com absoluta segurança: Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas. Não poderemos nos sentir seguros onde quer que estejamos, sem pelo menos alimentar a ideia de uma fonte criadora e imortal. O estudo sobre o Senhor nos dá um ambiente de fé que corresponde, na sua feição mais pura, à vontade de viver. Sentimos alegria ao entrarmos em contato com a natureza, pois ela fala de uma inteligência acima de todas as inteligências humanas, de um amor diferente daquele que sentimos, de uma paz operante nos seus mínimos registros de vida. O Deus que procuramos fora de nós está igualmente no centro da nossa existência, porque Ele está em tudo, nada vive sem a sua benfeitora presença. O Criador estabeleceu leis na sua casa maior, que cuidam da harmonia na mansão divina, sem jamais esquecer do grande e do pequeno, do meio e dos extremos, para que seja dado, a cada um, segundo as suas necessidades. Não existe injustiça em campo algum de vida, pois cada Espírito ou coisa se move no ambiente que a sua evolução comporta; daí resulta o porquê de devermos dar graças por tudo o que nos é colocado no caminho. É justo, entretanto, que nos lembremos do esforço individual, e mesmo coletivo, de sempre melhorar, como sendo a nossa parte, para alcançarmos o melhor. Aquele que acha que tem fé em Deus, mas que vive envolvido em lugares de dúvida, com companheiros que não correspondem às suas aspirações de esperança, ainda carece da verdadeira fé, iluminada pela temperatura do amor. É a confiança que requer reparo. Assim sucede com todas as virtudes conhecidas e, por vezes, vividas por nós. Estudemos a harmonia do Universo, meditemos sobre ela, pedindo ao Mestre que nos ajude a compreender esse equilíbrio divino, porque se entrarmos em plena ressonância com a Criação, sanar­se­ão todos os problemas, serão desfeitas todas as dificuldades e todos os infortúnios cessarão. Somente depois disso, pelas vias da sensibilidade e pelo porte espiritual que escolhemos para viver, é que teremos a resposta mais exata sobre que é Deus.
1

Para essa versão digitalizada, foram incluídas as questões citadas de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec, tradução de Guillon Ribeiro – Nota do Digitalizador

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Conhecer e Amar são duas metas que não poderemos esquecer em todos os nossos caminhos. Estes dois estados d’alma abrir­nos­ão as portas da felicidade, pelas quais poderemos viver em pleno céu, mesmo estando andando e morando na Terra. A Suprema Inteligência está andando conosco e falando constantemente aos nossos ouvidos, em todas as dimensões do entendimento, porém, nós ainda estamos surdos aos seus apelos e passamos a sofrer as consequências da nossa ignorância. Todavia, o intercâmbio entre os dois mundos acelera uma dinâmica sobremodo elevada a respeito das coisas divinas, para melhor compreensão daqueles que dormem, e o Cristo, como guia visível através das mensagens, toca os clarins da eternidade anunciando novo dia de libertação das criaturas, mostrando onde está Deus e que é Deus, que nos espera, filhos do seu Coração, de braços abertos, como Pai de Amor.

12 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

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Que se deve entender por infinito?

“ O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 2)

A Grandeza do Infinito
O infinito, como que desconhecido para todos nós, é a casa de Deus, cujas divisões escapam aos nossos sentidos, mesmo os mais apurados. O Pai Celestial está, por assim dizer, no centro de todas as coisas que existem e, ainda mais, se encontra onde achamos a permanência do nada. Se acreditamos somente naquilo que vemos e que tocamos, somos os mais infortunados dos seres, pois, desta forma agem também os animais. A razão nos diz, e a ciência confirma pelas inúmeras experiências dos próprios homens, que o desconhecido tem maior realidade. O que as almas encarnadas não vêem e não podem tocar definem a existência de força energética, senão inteligência exuberante, capaz de nos mostrar a verdadeira grandeza do infinito em todas as direções do macro e do microcosmo. Se sentimos dificuldade para definir o que é a vida, certamente não sabemos explicar o que é o infinito, que está configurado na ordem dos mistérios de Deus. Compete a nós outros darmos as mãos em todas as faixas da existência e alistarmo­nos na escola do Senhor sem perda de tempo, sem desprezar o espaço a nós oferecido, por misericórdia do Criador. Estamos situados em baixa escala, no pentagrama evolutivo. Falta­nos a capacidade de discernir certas leis que regem o universo, como as leis menores que nos sustentam todos em plena harmonia, como microvidas nos céus da Divindade. Devemos estudar constantemente, cada vez mais, no grande livro da natureza, cujas páginas somente encontraremos abertas, pela visão do amor. Nada errado existe na lavoura universal, o erro está em quem o encontra. Basta pensarmos que o perfeito nada faz sem o timbre da sua perfeição, para crermos que tudo se encontra onde deve estar e onde a vontade do Senhor desejar. Vivemos em um mundo de duras provas, de reajustes em busca da harmonia. O Cristo é a porta dessa felicidade, nos ensinando a conquistar este estado d’alma com as nossas próprias forças, porque Deus sempre faz primeiro a sua parte em nosso favor, em favor de todos os seus filhos. Ninguém é órfão da Bondade Suprema. O infinito é infinito para nós; para Deus é o seu Lar, onde vibra o amor e onde o perfume exalante é a alegria na sua pureza singular. É de ordem comum nos

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planos superiores, que devemos começar pelas lições mais elementares, que nos despertam o coração, primeiramente, para a luz do entendimento. Querer buscar entender o profundamente desconhecido, sem se iniciar nos rudimentos da educação espiritual, é perder tempo e andar nas perigosas e escuras estradas da ignorância. Se queremos conhecer alguma coisa, no que se refere ao infinito, principiemos na auto­educação dos costumes, observando quem já fez este trabalho, e copiemos suas lutas, que os céus da nossa mente abrir­se­ão e as claridades da sabedoria universal nos banharão com o esplendor da conscientização da Verdade. Quem deixa para depois o conhecimento de si mesmo e tenta a sabedoria exterior, desconhece a verdadeira porta da felicidade. Cada Espírito é um mundo, um universo em miniatura, onde mora Deus e vibram todas as suas leis, em ação compatível com o tamanho da individualidade. Assim, para entender o infinito da Criação, necessário se faz começar a entender o infinito da alma.

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3
Poder­se­ia dizer que Deus é o infinito?

“ Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 3)

Definição Incompleta
A Suprema Majestade do Universo é, por dignidade própria, o Inconcebível e o Incomparável. Não é digno de um raciocínio apurado dizer que Deus é infinito. Se não sabemos o que é o infinito, por faltar, ainda que seja uma abstração, sentido para tal, na mente dos povos, e mesmo dos Espíritos, ele passa a ter a sua existência; e, se ele existe, foi criado. Não pode ser, nem ter os mesmos valores do seu Criador. A dedução formulada surge, certamente, da pobreza de linguagem, nunca para diminuir a personalidade central de todas as coisas. Nada se pode comparar ao Arquiteto Universal; da sua vida estuante e vigorosa saem vidas com a marca do seu amor incomparável. Somos todos filhos do Amor. Nós, os Espíritos encarnados e desencarnados, devemos nos contentar em sentir Deus em todas as coisas, sem pretender o conhecimento completo da sua magnânima natureza. Somente Ele conhece a Si mesmo A nossa evolução, ou despertar, é gradativa em todas as circunstâncias. O saber sobre o Senhor nos vem pela força do progresso, que no­lo entrega pelas mãos do tempo. Se a natureza não dá saltos em campo algum de vida, comecemos a estudar a nós mesmos com grandes vantagens em relação ao conhecimento de Deus e, se quisermos avançar mais, entremos na escola do Amor, que ele poderá nos transmitir as primeiras lições sobre os atributos da Divindade. Somos Espíritos imortais. Estamos inseridos, se assim podemos dizer, no bojo do infinito, cujo movimento lembra a inspiração e expiração que nos sustenta todos. Usamos de todos os meios disponíveis que já conhecemos para conhecer o desconhecido, pois é a razão, a ciência, a filosofia e a própria religião, que nos induzem a isso; no entanto, somente o amor mais puro é que nos faz sentir o nosso Pai mais próximo de nós, a pulsar dentro dos nossos corações e a nos dizer: A paz seja convosco, que traduz toda a felicidade na brandura e suavidade do seu calor espiritual. Se o infinito passar a existir e for conhecido pelas almas com seus variados mistérios, não poderemos tomá­lo como a causa primária de todas as coisas e, sim, como atributo da Inteligência Maior. Todas as comparações que fazemos de Deus, todos os relevantes postos que a Ele atribuímos O diminuem em vista da nossa pobreza de linguagem, porque Ele é, em essência, Incomparável.

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Deus é infinito nas suas perfeições, nas qualidades inerentes a sua personalidade que se irradia em todas as direções, que sustenta e dá existência a todas as dimensões do existir. Ele é o Todo que se vê e, muito mais, tudo o que os nossos sentidos não alcançam. Ele é Espírito e importa, sim, que O adoremos em Espírito e verdade. Ele está presente nas claridades do máximo e na luz do mínimo. Ele vibra nas formas das estrelas e canta nos movimentos dos átomos. Ele faz mover todas as constelações e harmoniza todo o ninho cósmico. Ele sorri para nós através das flores, e nos dá as mãos pelas mãos dos nossos benfeitores. Deus é ternura, na ternura do seu coração. Sabemos que toda definição, se referindo a Deus, é incompleta; todavia, vamos transcrever a do Apóstolo João, por não encontrarmos outra melhor: Deus é Amor. Ainda assim, entendemos que o Amor é atributo da Divindade.

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4
Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

“ Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 4)

Existência de Deus
A existência de Deus se expressa cada vez mais, com tonalidades fulgurantes, em toda a literatura humana, mostrando e fazendo sentir a todos os povos que o Criador se encontra mais perto de nós do que nós uns dos outros. Ele é a razão do nosso viver e, ainda se conclui, que Ele não tem forma definida e é capaz de tomar todas as dimensões, na proporção das necessidades de cada criatura. Deus está no máximo, mas desce ao mínimo, desde que haja urgência na evidência de suas qualidades aos sentidos mais apurados da alma. O Senhor é a ponte de comando de todas as religiões, na feição em que estas podem se expressar, onde foram chamadas a servir. Ele vigia os véus que regulam o saber dos homens ante a própria ciência, para que o equilíbrio se manifeste, Os grandes missionários registram em tudo a sua presença infalível. Todas as filosofias falam da sua presença divina, pelos recursos que a linguagem alcançou, e o progresso é o seu agente revelador em todos os quadrantes do mundo. Não existe alguém na face da Terra que não creia em Deus. Existem, sim, alguns que ainda não perceberam a sua paternidade, por orgulho ou ignorância, o que não deixa de ser a mesma coisa. Ele vibra em tudo e pronuncia a mesma mensagem em tudo que ocupa um lugar no seu “corpo ciclópico”, na imensidão universal. E cada um, em cada coisa existente, registra a sua presença insuperável, de acordo com o seu porte evolutivo; eis aí a justiça, o próprio Amor. Computando valores e somando idades, na cronologia peculiar aos homens, a cada dia que passa, a cada ano que corre na tela do nosso tempo, o Arquiteto Divino fica mais presente na nossa visão e nos fala mais de perto, pelos registros dos nossos sentidos. Não que o Senhor se encontre mais ou menos longe. Ele está no mesmo lugar; nós outros é que, pelo despertar dos valores espirituais, vamos gradativamente abrindo as portas do entendimento, pelas mãos da maturidade espiritual. Nenhuma pessoa, nenhum Espírito, nem algo que exista, é órfão da misericórdia, da bondade e da presença de Deus, que nos comanda todos. Essa é a grande esperança e a grande alegria que nos impulsiona a viver. Se não há efeito sem causa, não precisamos de maiores explicações para provar a existência de Deus; basta levantarmos os olhos para a extensão infinita dos

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mundos, que bailam nos espaços, para a mecânica das galáxias, que viajam em velocidades incríveis na grande casa universal, para a vida dos sóis, para a harmonia do universo, e sentiremos constrangimento no centro da consciência, em negar a existência d’Aquele que fez tudo isso, e a nós também, por bondade e alegria. E quando se fala na microvida, que são caminhos diversos do macro, apresentando os mesmos roteiros do infinito? Como negar aquilo que existe mais do que nós próprios? Nós, em Espírito, ainda estudamos os princípios da função biológica dos homens. O corpo físico é a síntese do universo, é a cópia perfeita do macrocosmo, que deverá funcionar em plena harmonia com a Divindade, quando o homem se conscientizar dos seus deveres perante a natureza. A maior maravilha da Terra, em se falando das coisas materiais, é o soma humano. E os corpos espirituais a ele interligados, para que o Espírito se manifeste? E o Espírito, essa gema divina? E a harmonia de tudo o que existe? Como não crer no Criador de todas essas coisas? Começa, meu irmão, a pensar pelo menos no sol que dá vida e sustenta o ambiente em que moras e não terás outro caminho a não ser aceitar um Criador que tenha, na linguagem comum, a Suprema Inteligência. Repitamos o que afirmou O LIVRO DOS ESPÍRITOS: Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.

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Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?

“ A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma conseqüência do princípio — não há efeito sem causa.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 5)

Intuição Divina
A telepatia entre os homens é um fato constatado. Constitui­se em experiências de todos os reinos do saber. Já se conhece as suas causas e seus efeitos, com largos exemplos, nos quatro cantos do mundo. Já se sabe que cada criatura pode transmitir as suas ideias aos seus semelhantes, por vezes sem estar consciente desse ato, comum a todos os seres. Muitos buscam a perfeição ou melhoramento nas transmissões dos seus pensamentos, através de escolas, ou exercícios específicos no silêncio das coisas que se operam na vida. E é nessa verdade que encontramos outra mais sutil: se os encarnados podem se comunicar entre si, pelos fios dos pensamentos, os desencarnados igualmente o podem, e com mais propriedade, por se encontrarem livres das cadeias da carne. E, se os homens trocam suas ideias, na serenidade das vibrações, asseguradas por leis que sustentam a harmonia, e se esses mesmos homens desencarnados continuam esse processo de comunicação recíproca, como não pensar nas possibilidades de os desencarnados transmitirem seus pensamentos aos encarnados pelo mesmo mecanismo? Eis aí a Mediunidade, que se estende em todas as direções, pelos caminhos da sensibilidade, na regência da lei do Amor, onde a fraternidade abriu caminhos por meios da Caridade. Os homens sensíveis, querendo, podem negar, pois têm livre escolha nas suas atitudes, porém, eles conhecem quando os pensamentos nascem da sua própria mente e quando procedem de fontes espirituais, dado o peso magnético das suas vibrações. A consciência registra todos os valores e dá a conhecer à mente instintiva e atuante a procedência da conversa mental. Usamos as comparações acima citadas, para te dizer de algo excelente, para te dizer do avanço da razão, aprimorada na sequência do tempo e pelas bênçãos de Deus: queremos falar da intuição, que será a faculdade comum do futuro, por enquanto latente em todos os seres. E ela o veículo divino capaz de orientar todas as criaturas e fazê­las felizes, filha do progresso espiritual, nascida no amanhecer das almas, ao despertarem para a luz, para o entendimento das leis espirituais. Essa

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intuição, no seu princípio se chamava instinto, dominando animais e homens nos seus primeiros passos. E se os homens primitivos já possuíam em suas consciências a ideia de Deus e viviam em tribos espalhadas pela Terra, sem condições de comunicação entre si, qual a origem dessa consciência de um Poder Supremo? E se não existe causa sem efeito, nem efeito sem causa, essa causa será, certamente, esse Deus que tanto amamos, que fala a tudo e a todos da sua existência, pelos processos compatíveis com os que devem e precisam escutar a sua voz dentro da alma. A certeza da existência de Deus é a de que Ele existe. Não há outra lógica no mundo das deduções humanas e espirituais, e tudo que vive canta louvores ao Criador, na dimensão que lhe é própria; e nós, já na condição de Espírito humano, como sendo as flores da grande árvore plantada por Deus no jardim cósmico, cantemos juntos, encarnados e desencarnados, o hino de gratidão ao Supremo Senhor do Universo, pelo que somos e atingimos na escala da vida! Esse cântico deve ser manifestado pela vida reta, mesmo nas estradas tortuosas onde nos situamos. Busquemos a intuição divina, para que a Divina Intuição nos ampare e nos desperte para a verdade que nos fará livres!

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6
O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas?

“ Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 6)

Produto da Educação
A educação nos estimula para as coisas mais nobres da vida, sabemos disso; no entanto, ela é gradativa, de acordo com a nossa evolução espiritual. O modo de assimilação da educação nos meios em que se estagia é diferente de uns para os outros, de acordo com os dons despertados em cada criatura. A consciência de cada alma seleciona o que recebe, como produto do meio em que vive e dá condições à inteligência, para que esta amplie os seus valores na pauta da sua existência, e recusa o que não lhe serve, por condições que já atingiu no avanço espiritual. Toda herança é relativa, respeitando a posição do herdeiro na vida. Consultando as grandes vidas na Terra, a razão certificar­nos­á dessa verdade. Os Espíritos, mesmo os chamados primitivos, quando reencarnam em um meio mais evoluído, não assimilam o produto da educação oferecida, por não terem capacidade de entendimento na altura dos seus progenitores, das escolas e livros. A assertiva de que somos o produto do meio não encontra segurança nas leis da evolução. Podemos ser ou não esse produto, dependendo da faixa em que nos situemos, com aqueles com quem convivemos. E perguntamos: onde aprenderam os primeiros mestres? Qual a escola? O aprendizado mais atuante surge das trocas de experiências entre pessoas e nações; entretanto, o surgimento do verdadeiro aprendizado das almas vem pelos processos de despertar das qualidades que, por vezes, dormem em todos os seres. Daí é que dizemos, como já falaram todos os profetas, que Toda sabedoria vem de Deus. Todo amor parte da sua magnânima personalidade. A ideia de Deus, na grande população indígena que viveu na Terra e da qual ainda restam uns poucos elementos, é uma prova irrefutável de que Ele existe e que não foi produto do meio. Foi revelação dos próprios Espíritos que circundavam e protegiam esses elementos, nas sequências evolutivas em que a vida os colocou. Muitos dos senhores de engenho que dominaram o Brasil por muito tempo, alimentavam e divulgavam a ideia de que a vida terminava no túmulo e que escravos eram animais de carga. Todavia, mesmo de posse do poder da situação e da força, não tiravam dos cativos a crença da existência de Deus e das almas, que utilizavam

21 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

nos batuques, os corpos dos sensitivos, para os animarem nas suas provações. Onde fica o produto do meio e da agressão? Quanto mais sofre o Espírito, mais despertam suas qualidades espirituais, mais a verdade o conduz para os caminhos da luz! Certamente que não vamos parar no exercício sublime da educação e da instrução em todas as faixas de vida e da vida, porque é nessa persistência humana e divina que fazemos a nossa parte, junto à já feita por Deus. Os sentimentos íntimos que todos temos, quanto à imortalidade da alma e à existência de nosso Pai Celestial, foi a primeira coisa divina colocada em nossos corações espirituais pelas mãos do Criador, em forma de luz que nos ilumina a vida. Essa certeza não se vende, não se dá, ninguém tira: é nosso patrimônio, que brilha em nós com alegria e esperança, a nos falar da felicidade eterna. A meta mais inteligente é educar e instruir. Por esses meios todos os talentos desabrocham e a vida para nós passa a ser uma vida em Cristo, na presença de Deus.

22 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

7
Poder­se­ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?

“ Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 7)

A Matéria é Efeito
Indubitavelmente que a matéria tem vida. No seu seio mais íntimo notar­se­ ão fenômenos que por vezes escapam à inteligência humana. Há, pois, obediência às leis sutis que governam e sustentam toda a Criação. Tudo isso que notamos na matéria e que a observação científica comprova são efeitos da Grande Inteligência, que denominamos, com toda satisfação, Deus. Nós, no mundo espiritual, e na ação que nos cabe pesquisar, continuamos em estudos profundos sobre o Criador. Assistimos, em lugares apropriados, a luminares da eternidade expondo conceitos que já puderam comprovar sobre o Grande Foco, sua vida e sua interferência em todas as direções da sua casa universal. E eis que, para passar aos encarnados o que ouvimos é necessário que obedeçamos a certas regras da comunicação com os seres, ainda envolvidos nos fluídos da carne. Deus é realidade absoluta; o que podemos dizer é que Ele vibra em tudo que existe. Falando na mesma frequência dos homens, Ele é personalidade distinta no centro das suas criatividades. Repitamos novamente: Ele é Espírito. Se assim podemos dizer, o Criador é único, porém, no seu gesto de trabalho se faz binário, O que podemos observar na extensão infinita é que Ele aparece e desaparece entre duas respirações do seu dinâmico poder de viver, e seu hálito divino interpenetra todas as coisas, marcando a sua presença, semeando vida e dinamizando forças. Somente poderemos conhecer um pouco do Grande Espírito pelos seus atributos. Avançar mais, onde os nossos sentidos não alcançam, é perda de tempo e falta de compreensão e obediência a determinadas leis, que marcam os limites do nosso saber. Se queres entender mais, a meditação, depois do trabalho honesto, é um caminho excelente para o conhecimento mais acentuado do Criador, Nós O conhecemos mais, não pelos números, nem por ouvir falar; sentimos sua presença quando a consciência se apóia no dever cumprido. Os Espíritos puros sentem Deus na profunda sensibilidade e expressam uma tranquilidade imperturbável no coração. A matéria é a mais baixa vibração da Divindade, é caminho criado por Ele para o despertar dos seus filhos, que saem das suas mãos luminosas e voltam para o ser íntimo de vida. Essa viagem é um tanto ou quanto extensa, competindo a cada criatura fazer a sua parte, na aquisição da sua própria paz espiritual. Os sentidos dos

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homens, mesmo dos mais elevados, em comparação com a pureza espiritual dos benfeitores da humanidade, são apagados, pois se distanciam milhões de anos entre uns e outros na escala evolutiva, mas, alegramo­nos em dizer que eles também passaram por onde estamos, como estamos avançando para o reino onde eles permanecem trabalhando. Voltando ao assunto inicial, dignamo­nos a responder que, no íntimo da matéria poderás encontrar Deus, porque as propriedades da matéria falam d'Ele, da sua grandeza espiritual, desde que tenhamos sentido para tal pesquisa. Porém, esses fenômenos não são o Criador; são efeitos da Causa Primária, manifestando­se nas formas transitórias. Pulsa na matéria a vida universal, o fluído cósmico vibrante, dirigido pela mente do Criador e obediente aos seus sentimentos. Ele sabe de tudo e está em tudo, através dos seus atributos espirituais. A matéria, por mais evoluída que seja, não demonstra inteligência. Ela é movida pela Inteligência Suprema. Em se falando da Terra, somente no homem começa a despertar a razão, que é consequência do princípio inteligente, mesmo assim, sob o comando da Inteligência Maior, Deus.

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Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?

“ Outro absurdo! Que homem de bom­senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 8)

O Que é o Acaso
O orgulho nos faz esconder Deus, pela fraqueza do entendimento, colocando­O como acaso, palavra que nada expressa na linguagem dos homens. E quem O desmerece esconde os seus próprios valores, porque dependemos da sua iluminada presença e da sua magnânima existência espiritual. Se o acaso não existe, como compará­lo a um ser que existiu sempre e que tem mais existência do que toda a criação junta? Absurdo dos absurdos! Nada se faz por acaso. Para tudo existem leis que nos pedem obediência. Para que a harmonia se faça, é justo que observes o mundo em que vives. Não se pode viver sem que se tenha leis para obedecer, e ao infrator vem logo a corrigenda. As coisas espirituais obedecem às mesmas regras e o Comando Divino é vigilante, operando em todos os sentidos para que estas leis sejam cumpridas, no sentido de estabelecer a paz e o bem­estar em todas as direções da vida. A alma já moralizada é obediente; ela estuda e compreende o que deve ser feito e respeita todos os direitos alheios; por isso é que vive em paz com a consciência. Enquanto não trabalharmos os caminhos traçados e vividos por Jesus, permaneceremos em guerra em nós mesmos e sofreremos as consequências da nossa ignorância. A própria ciência dos homens desmente o acaso, porque para tudo tem uma explicação lógica. A gestação de um filho no ventre de sua mãe ou a formação de um fruto e de uma flor era debitada na conta dos mistérios, atribuída ao acaso, por não se saberem os fundamentos da própria vida estuante e vigorosa em toda a criação. Entretanto, agora, no século vinte, na hora da luz, quando os Céus se aproximam dos homens, ou quando os homens abrem os corações ante outras dimensões da vida, não se deve falar em acaso, por esse assunto marcar ou reavivar os caminhos da ignorância espiritual. O acaso, ainda que tivesse existido, teria morrido por falta de alimento. Se todo efeito tem uma causa, na dedução comum entre os homens, eis que os efeitos invisíveis estão apoiados em causas mais sutis do que pensas.

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Em tudo, repitamos, existe um Comando Inteligente que de nada esquece, uma Onisciência operando para a harmonia de todas as coisas. Isso certamente nos dá muita alegria, e a esperança cresce para a dimensão do amor. O respeito a Deus deve ser o primeiro ato de cada dia, como que uma oração de agradecimento por tudo que recebemos do seu imensurável amor, e esse ato nos colocará mais próximo da sua ação benfeitora. Cumpre­nos esclarecer que Deus está presente em nossa vida e faz o nosso viver, deixando a nossa parte para que a façamos com as nossas próprias forças. Mesmo assim, a sua misericórdia é tamanha que, se pedimos ajuda, além da que Ele nos dá naturalmente, pela sua inestimável bondade e o seu inesgotável amor a todos os seus filhos, Ele nos atenderá. Porém, não nos façamos surdos às suas leis, para que não venhamos cair em novas e piores tentações. Esqueçamo­nos do nada e lembremo­nos do Tudo. Esqueçamo­nos da inércia e lembremo­nos do trabalho. Trabalhando, esqueçamo­nos do ódio e abracemo­nos, vivendo o amor, porque essa disposição à verdade nos garantirá a paz espiritual e a alegria permanente no coração. Vamos nos lembrar de Jesus com todo o carinho, Ele que veio anunciar para todas as criaturas o Reino de Deus, lembrando­nos que nenhuma das suas ovelhas se perderia, e que não existe órfão na casa do Pai. Isso significa esperança para todos nós, encarnados e desencarnados, pela presença da Fé. E bom que deixemos bem claro que todas as combinações da matéria são forças de Deus na luz do teu entendimento.

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Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

“ Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 9)

O Orgulho e o Egoísmo
O Espírito orgulhoso, encarnado ou desencarnado, se supervaloriza, criando assim em torno de si, o seu próprio mundo, de sorte a querer desconhecer os valores que não lhe pertencem e, principalmente, a Fonte Criadora de todas as coisas. O orgulho está sempre ligado ao egoísmo, estado deprimente daqueles que o possuem. Nós, os moradores da casa terrena nos dois planos de vida, estamos fechando o círculo de provações e começando a perceber o fim do materialismo. Graças a Deus, está morrendo essa época de descrer da Paternidade Universal. Compete aos próprios homens erguerem seus pensamentos às alturas espirituais, reconhecendo e fazendo com que os outros encontrem a segurança de todas as seguranças, que é conhecer Deus dentro e fora de si e ouvir sua palavra a nos educar por todos os meios e métodos de que Ele dispõe, pelas formas visíveis e invisíveis da sua majestosa criação. O egoísmo contrai todas as forças do Espírito e atrofia as sensibilidades, fazendo­as perderem o contato com os agentes da Divindade, que nos trazem as notícias de vida em todos os planos da vivência espiritual. Nós podemos dizer, pelos meios de que dispomos, que nada existe sem vida, mesmo a matéria que chamamos inerte. Em tudo manda a vida como vida de Deus. O ser orgulhoso deixa de conhecer os seus próprios poderes, inerentes à sua personalidade. O ser egoísta facilita condições para a sua angustiosa solidão e sempre é portador desses dois carrascos. Não desconfia de que está andando para o abismo sem o perceber. Se queremos ser livres, procuremos educar­nos e instruir­nos, e o caminho mais acertado é Jesus Cristo. Ele é o Pastor Inconfundível de todos nós; o seu amor nos sustenta desde o princípio, nos abençoando em todos os caminhos e nos dando vida em todas as circunstâncias. Meu filho, não duvides mais da existência de Deus. Se queres reconhecer seu valor, olha sua obra. Se tudo está em plena harmonia, certamente que o seu Criador é perfeito em todos os seus aspectos. Negar o Senhor nos dias que correm, é

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assinar o atestado de ignorância calculada, que desvincula o amor do coração e separa a fé do ambiente em que se vive. No lugar do orgulho, constrói a fraternidade, e na área do egoísmo, conquista o amor. Não és diferente dos que já se realizaram na vida espiritual, e não existem outros caminhos que não sejam os delineados pelos grandes missionários da Caridade. Falar no bem e viver no bem é a meta do Espírito inteligente, que não se esqueceu da educação. Quando admiramos uma pintura famosa, a primeira coisa que desejamos saber é quem foi seu autor. Pois bem, a natureza universal, de cujos benefícios desfrutamos, é a mais bela pintura, é a mais engenhosa construção que podemos contemplar. Façamos o mesmo, busquemos o seu autor. Encontraremos esse Deus de que sempre falamos com toda a nossa alegria, com toda a gratidão. A obra reflete a inteligência de quem a fez. Se ainda duvidas da nossa fala, procura­O nas diversas literaturas espiritualistas, busca meditar sobre Ele, que a sua presença tornar­se­á visível às tuas sensibilidades, bem como ao teu raciocínio. E Ele passará a ser teu companheiro permanente, porque abriste o coração à procura da sua benfeitora luz. Já procuraste observar o teu próprio corpo e o seu funcionamento inteligente? Foi o acaso que o fez? Se desconheces o teu próprio corpo, foi alguém mais capacitado que o planejou; procura esse alguém, que O encontrarás sorrindo para ti, ajudando­te a desvendar os mistérios que existem em muitos outros ângulos da vida. Livra­te do orgulho e do egoísmo, que encontrarás as bênçãos do entendimento, encontrarás Deus dentro de ti.

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Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? “ Não; falta­lhe para isso o sentido.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 10)

A Natureza de Deus
A natureza íntima de Deus escapa aos sentidos humanos, em toda a sua trajetória evolutiva. Somente Deus se conhece. E o que não acontece conosco; nós não nos conhecemos. Os mistérios a desvendar são infinitos, em relação à Divindade. Na profundidade, ainda desconhecemos a própria matéria que nos serve de veículo e, portanto, estamos longe de conhecer o seu criador. Parar de estudar a sua personalidade majestosa é desconhecer o valor do progresso, que sempre nos convida para avançar; porém, dar saltos incompatíveis com as nossas forças é quebrar a tônica da nossa capacidade. A ansiedade de conhecimento pode nos levar aos extremos, no entanto, o bom senso nos chama a atenção para a harmonia que deverá nos guiar em todas as sequências evolutivas. Basta, por enquanto, saber que Ele existe e aprender algo mais sobre seus atributos, que o tempo, impulsionado pela nossa vontade, dar­nos­á ambiente favorável de sentirmos a Divindade em nós, o que já representa um grande avanço na esteira dos evos. Se os homens ainda não se libertaram de muitos hábitos extravagantes e vícios perniciosos, como querer conhecer a natureza íntima de Deus? Cada vício é uma porta fechada em direção às belezas imortais da alma. Cada hábito inconveniente é uma tranca ajustada à porta, impedindo a inspiração superior de chegar ao coração humano. Estamos muito apegados às coisas de criança, pela força do nosso tamanho evolutivo. A mente cresce no ritmo que as leis determinarem, sem com isso perturbar o andamento da ponderação. Não devemos entregar os nossos deveres a Deus. Ele está sempre presente pelos meios que acha conveniente; entretanto, a nossa parte temos de fazê­la, e, ainda mais, aprender a fazê­la bem. Enquanto permanecermos na ignorância, sofreremos as suas consequências. A justiça vibra em toda a criação como agente de Deus, acompanhada pela misericórdia do seu amoroso coração, que bate dentro do infinito, no ritmo da Luz. Quando nos faltam sentidos para conhecer alguma coisa a mais dos nossos conhecimentos, o que fazer? Torna­se necessário estudar na área em que nos compete agir, procurar aprimorar os conhecimentos já adquiridos, fortificar em nossas vidas todas as qualidades nobres que começaram a se despertar em nossos corações. O trabalho é imenso, a lavoura é grande, sem que saiamos do nosso

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próprio convívio íntimo. Esquecer esse labor, é perder os princípios da verdadeira sabedoria. Vamos ainda gastar milhões de anos para conhecermos o começo das lições eternas. Como avançar agora para áreas cujos registros os nossos sentidos não suportam? Se a luz do Sol físico, para chegar à Terra, passa por muitas filtragens e se divide em raios incontáveis para nos beneficiar todos, o que dizer da luz do Sol espiritual? A razão nos diz que ela tem infinitas modificações para ajudar, servindo de estímulo a todas as vidas. Toda verdade é relativa ao ambiente a que deve chegar. Quem desconhece as leis naturais que vigoram no mínimo movimento dos átomos nos mundos que bailam nos espaços, não poderá conhecer essas mesmas leis que regulam a harmonia do seu próprio corpo, ou dos corpos que servem ao Espírito, para se expressar onde se encontra. Procuremos, pela meditação, entender quem nos governa e sejamos obedientes a essa força universal, que tudo se tornará sereno em nosso íntimo e ao nosso derredor. Se queremos principiar o estudo da natureza íntima de Deus, é necessário termos a pureza de coração, que indica as primeiras letras dessa sabedoria do conhecimento de si mesmo. Os caminhos são infinitos, como infinitos são os nossos destinos ante o Todo Poderoso, que nos fez por Amor.

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Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

“ Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 11)

O Mistério da Divindade
O mistério da Divindade está distante da compreensão humana, por faltarem ao homem sentidos para tal. As sequências misteriosas dos Espíritos a Deus são infinitas e os caminhos são igualmente sem fim. O crescimento da alma vai lhe dotando de poderes, de sorte a conhecer mais profundamente o mundo espiritual e as leis que governam toda a criação divina; todavia, essas leis são agentes movidos pela sua poderosa mente, que abrange toda a extensão Universal. No estágio em que nos encontramos, encarnados e desencarnados, não devemos pensar em conhecer a intimidade de Deus. É, pois, querer saltar para o inconcebível, desrespeitando a harmonia da gradatividade, da sabedoria maior. Alguns homens inexperientes afirmam que não existem mistérios para os espiritualistas. Como se enganam esses nossos irmãos! Quanto mais nos conhecemos, mais sabemos que nada sabemos, em se falando das dimensões que se escondem nas dobras da escala evolutiva e nos segredos da Divindade. Os que dizem conhecer tudo, nada sabem; são pseudo­sábios diante da sabedoria maior e lhes falta humildade e as primeiras chaves do conhecimento das regras de viver em harmonia consigo mesmo. Certamente que é o orgulho se movendo em seus sentimentos e a vaidade egoísta iludindo seus corações. Quando Allan Kardec, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, afirma que “fora da caridade não há salvação”, está nos mostrando que o ambiente da benevolência prepara e nos ajuda a despertar os talentos internos, de maneira a observarmos outras nuances das leis que até então não tenhamos percebido. A caridade, em todas as suas feições, é força divina no divino aprendizado de todos os Espíritos. É luz nas mãos de quem deseja ser iluminado, é chave que abre muitas portas do saber, porque a caridade é, por excelência, Amor. Quem quiser conhecer mais um pouco dos mistérios de Deus, que faça e viva a caridade, que ela dotará esse trabalho de poderes para essa visão interna, de sentidos apropriados para compreender os efeitos das leis divinas. Outra coisa valiosa que recomendamos para todas as criaturas é o exercício da oração. Não devemos esquecer a prece em todas as circunstâncias. Ela desata e desenvolve os fios dos pensamentos, impulsionando­os em todas as direções, de acordo com os sentimentos que os geraram, tem a capacidade de recolher os frutos

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na mesma dimensão em que foram emitidos. Nós somos mundos com imensuráveis qualidades a se desenvolverem, dependendo do que quisermos fazer delas, do nosso esforço e fé nas nossas realizações para o bem próprio e da coletividade. Se estás em busca de mistérios que muito te atraem, na verdade te dizemos que existem muitos mistérios no mundo íntimo de cada criatura e eis aí a grande oportunidade de estudarmos a nós mesmos e nos deliciarmos com os nossos tesouros íntimos. O amor é qual um sol que se divide em variadas virtudes. Vamos observar esse fenômeno maior dentro de nós, com honestidade nas boas obras, que os véus vão caindo em sequências que suportamos e a serenidade dominar­nos­á a consciência. Esses são os mistérios menores, representando uma universidade onde deveremos permanecer por um tempo que não podemos determinar. Despertemos para esse trabalho louvável e dignificante, de nos conhecermos a nós mesmos, porque conhecer a Divindade como pretendemos somente será possível depois que nos tornarmos Espíritos divinos, e, mesmo assim, vamos encontrar em nossos caminhos de luz, mistérios e mais mistérios a desvendar, o que haveremos de fazer com amor e alegria espiritual. Que Deus nos abençoe nesta jornada infinita do acordar para a Luz!

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Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos formar idéia de algumas de Suas perfeições?

“ De algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria. Entrevê­as pelo pensamento.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 12)

Pensamentos Puros
A elevação moral dotar­nos­á de pensamentos mais ou menos puros, capazes de perceber determinados mistérios, antes escondidos pela incapacidade humana. Nós, encarnados e desencarnados, estamos em uma grande escola de Deus, que converge os nossos sentimentos a depurações necessárias e urgentes, no sentido de enriquecer todas as nossas qualidades espirituais. Quem está nos dando a honra de ler os nossos escritos e acompanha os nossos trabalhos no seio da coletividade, deve saber das nossas ideias, no que se refere ao esforço próprio que mais incentivamos, que é aquele intercalado com os dos nossos irmãos em caminho conosco. Ninguém pode realizar nada sozinho; é do nosso dever trabalhar em conjunto, para que a fraternidade seja um facho da luz de Deus. Espírito algum está afastado da Divindade. Quando falamos que não podemos conhecer a natureza íntima de Deus, não quer dizer que estamos longe do Senhor, pelo contrário, Ele está em nós, vibrando com todas as suas perfeições, e fora de nós, nos iluminando com todas as suas qualidades superiores. A nossa integração com Ele depende da nossa disposição espiritual, pela força do tempo. É necessário que entremos na senda do amor puro, para que a pureza nos alimente no raiar de todos os dias e no percurso de todas as nossas existências. A evolução espiritual, ou despertar, simboliza uma escada como a de Jacó, referida no texto bíblico. De vez em quando alcançamos um degrau, respeitando mais além a força indutiva, que nos leva ao conhecimento mais elevado. O homem comum desconhece a engrenagem filosófica do aprimoramento, pois faltam­lhe sentidos para perceber esse mistério que somente a elevação espiritual pode conceber, O espiritualista, com ideias universais da sabedoria divina, começa a adentrar no grande arcano e sentir um novo mundo de saber, pelas belezas incomparáveis das sensibilidades do coração, e o santo, na verdadeira acepção da palavra, passa a perceber por meios que faltam aos demais, certas perfeições do Criador, sem por vezes ter condições de as transmitir aos que seguem os seus passos. No entanto, fala mais alto do que o verbo, a pureza da sua conduta, a vivência

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daquilo que prega aos seus semelhantes sobre a vida e a obra de Nosso Senhor Jesus Cristo. São poucos na Terra, mas existem alguns cujos pensamentos já afinizam com o reino das ideias de grande pureza espiritual; e esses pensamentos lhes dão aspecto de missionários de Deus em exercício no mundo das formas. Estão no corpo, porém, vivem no reino divino pelo ambiente de luz da consciência. Este é o futuro de toda a humanidade, da qual somos parte integrante. Podemos sentir com mais profundidade alguns atributos de Deus, e a porta desse aprendizado é o “pergaminho de luz” que herdamos do Cristo. Jesus desceu dos altiplanos da Vida Maior para nos ajudar, abrindo a academia do Amor no plano em que habitamos, facilitando, assim, meios mais rápidos para o despertar dos nossos dons espirituais. Ele nos convida por meios variados e nos chama por modos diferentes. É necessário conhecermos a sua voz e seguirmos as suas pegadas. A educação dos pensamentos na sua formação é a base na aquisição de luz, para que o nosso celeiro de conhecimentos nos integre e nos livre de todas as temperaturas que poderão advir nos caminhos tortuosos das trevas. Quem começou a viver as virtudes disseminadas pelo Evangelho está se ligando por fios invisíveis a algumas das perfeições do Senhor, e delas nunca mais se apartará, ouvindo sempre a voz do Comando Divino a dizer: Levanta­te e anda, que estarei contigo eternamente!

34 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

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Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos idéia completa de seus atributos?

“ Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 13)

As Qualidades de Deus
As qualidades de Deus são marcadas pelas nossas comparações pálidas, por não haverem outras em que possamos nos apoiar. Sujeitamos o Senhor às nossas fracas deduções em confronto com os nossos dons, colocando o nosso Pai Celestial dotado das nossas faculdades altamente aprimoradas. Que Ele nos perdoe as comparações. Quando falamos que Deus é a Suprema Inteligência, é porque não encontramos recursos na linguagem para destacá­lO de outra forma. Inteligência e razão ainda são posses do Espírito comum; o Criador está acima de todas as colocações humanas, e mesmo espirituais, do nosso plano. Quando falamos que Deus é Amor, certamente estamos diminuindo o Grande Foco de Luz que nos sustenta todos. O amor é um dos seus atributos; Ele é muito mais que o amor. Ele é, pois, o Incomparável. A ansiedade dos homens em conhecer Deus, seus atributos, sua intimidade, é impulso dos primeiros passos da criatura na escala evolutiva, e isso vai se arrefecendo de acordo com a sequência do despertar espiritual; não que os Espíritos percam a vontade de conhecê­lo, pelo contrário: o que perdem é o interesse de passar dos limites das suas forças. Não desejando contrariar as leis, cumprem os seus deveres e esperam a sábia vontade d’Aquele que tudo conhece pela onisciência dos seus valores. A magnitude de Deus ofusca todas as luzes e a sua bondade inspira todas as bondades do universo; o seu amor alimenta todo o amor da criação e o seu trabalho éo exemplo que deveremos operar constantemente. É muito bom falar de Deus, pensar em Deus e, se for o caso, escrever sobre Deus, porque é neste ambiente que passamos a conhecê­lo melhor e respeitá­lo condignamente. Enquanto assim

35 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

agimos, estamos condicionando ideias elevadas acerca da sua inconfundível personalidade. Este exercício é de alto valor para a nossa integração com a Divindade, pois se processa uma operação de seleção de valores nas nossas intimidades, como no íntimo de quem, porventura, nos ouvir ou ler. É tempo que o próprio tempo aperfeiçoará nas bênçãos do Comandante Maior. Uma coisa falamos com muita alegria: que as sementes dos atributos do Criador se encontram plantadas nas nossas consciências, na profundidade do nosso ser e, se assim podemos dizer, a força do progresso se encarregará de despertá­las para a luz e fazê­las crescerem para a fonte de onde vieram. Ninguém foge desses caminhos delineados pela Grande Vida. A área da nossa liberdade é muito pequena para sabermos o de que verdadeiramente precisamos; tudo obedece à vontade d’Aquele que nos criou, tudo vem d’Ele e vai para o seu seio fecundo e celestial. Quem deseja analisar a capacidade de Deus, que observe a sua criação, a harmonia e a mecânica do Universo. Tudo é luz na sua feição divina, mesmo o que pensamos ser treva, por nos faltarem dons desenvolvidos na busca da intimidade das coisas. Oh! Homens que caminhais conosco, se quereis viver felizes, deixai despertar as luzes que existem em vossos corações, na conjuntura das vossas forças, agradecendo à Divindade e tomando as mãos do Cristo, que Ele vos libertará! Sejamos fortes na educação de nós mesmos todos os dias, porque é na persistência do trabalho e no esforço do dever, que beijamos as flores da sabedoria como se fossem a face do Criador, nos dignando para um novo amanhecer.

36 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

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Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?

“ Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa. “ Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede­me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 14)

Unidade do Criador
Deus é uma unidade dinâmica, no seu caráter criativo e fecundo, mas único na sua majestosa intimidade de valores incomparáveis. Ele não é produto das coisas e inteligências, disseminadas por toda a criação, pois causa e efeito são duas coisas distintas uma da outra. Basta um pouco de raciocínio para podermos harmonizar estas ideias, referentes ao Senhor de todas as coisas. Em todos os momentos que voltamos a pensar em Deus, os nossos sentidos passam a vê­lo na sua unidade total, único na sua posição de benfeitor universal. Dividi­lo é contrariar a nossa consciência e sentir insegurança sobre a verdadeira paternidade. Registramos nas nossas deduções mais apuradas, no mundo espiritual, a unidade do Criador, como ouvimos os grandes missionários da luz, que descem até nós com as mesmas ideias, os quais nos mostram a realidade pelos fatos da própria natureza, engenhoso processo que reflete a presença da Grande Luz em todas as intimidades criadas. Não nos preocupemos quando os homens pretendem adorar outros deuses, ou muitos deuses, como no passado. A verdade não se inquieta; ela se impõe porque é a verdade. No perpassar dos tempos, somente ela ficará de pé, diante de todas as deduções humanas. O que temos a dizer, com toda a sinceridade do coração, é que Deus é uno, é um ser individual, ligado por agentes sutis a toda a criação, e mais atuante na intimidade de todas as coisas. Quando o Espírito encontra a si mesmo, passa a sentir Deus com mais intensidade, por ser essa a senda, a porta de partida para novos conhecimentos sobre a Divindade. Começa, meu irmão, a estudar as tuas próprias reações, a analisar teus próprios feitos, a corrigir os teus próprios deslizes, no silêncio que é próprio ao

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iniciante da verdade, que conhecerás outras dimensões do saber. Estas sempre vibram ao nosso redor sem que as suas notícias nos atinjam por faltar o bater às portas da simbologia evangélica. Quando os nossos pensamentos se educarem na razão direta das qualidades superiores e a boca se esquecer de ferir, os olhos de perscrutar os erros alheios e as mãos se tornarem somente instrumentos de ajudar, estabelecer­se­á a harmonia em nossos corações. Se Deus é Unidade, é de nosso dever criar a unidade do bem, do amor e da caridade em nós, para que possamos refletir a Divindade em todos os nossos passos. O homem inteligente procura não contrariar as leis naturais e, quando ele desencarna com essas mesmas intenções, sentirá na profundidade o porquê desta obediência. Ninguém é livre na totalidade da expressão. Somos todos servos do Senhor e essa deve ser a nossa imensa alegria, porque Ele sabe o que mais nos convém nas linhas do nosso despertar. O panteísmo foi uma verdade “camuflada”, por encontrar uma humanidade sem condições de senti­la face a face. A verdade se torna, pois, relativa em todas as suas nuances de claridades espirituais. Agora estamos comungando com ideias mais puras sobre a Divindade e a maturidade nos aproxima mais da Luz que nos alimenta e nos sustenta a vida. Por isso cremos na unidade de Deus, na sua justiça cheia de misericórdia e de Amor. Quanto mais conhecemos o Senhor, mais notamos as nossas deficiências em conhecê­lo, dada a sua grandeza de poderes e os seus atributos indescritíveis. Crê, meu filho, em Deus, sê obediente ao Comando Maior, que tudo virá ao teu encontro pelas linhas do teu merecimento e de acordo com a tua capacidade de suportar. Não existe injustiça em quaisquer dos acontecimentos da vida, essa é a verdade.

38 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

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Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?

“ Não podendo fazer­se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 15)

Visualização do Homem
Certos homens vivem visualizando o seu próprio destino, colocando a própria imagem nos caminhos dos deuses, unificando seus desejos para se tornarem um deus. Estes homens estão certificados dos poderes da Divindade, da sua existência e do seu comando sobre todas as coisas, mas partem do princípio errôneo de que poderão algum dia, no tempo que se chama eternidade, ser um Deus, como, e certamente, o Senhor a quem eles respeitam e obedecem. É tempo que se perde, é cogitação vestida de sonhos irrealizáveis. No quadro em que se encontra a humanidade, diante das suas necessidades mais prementes, o dever de cada criatura deveria ser o cultivo das virtudes assinaladas pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que, mesmo com a sua gradação espiritual elevada, gastará séculos incontáveis para harmonizar o planeta com as leis do Amor, virtudes essas que são reflexos dos atributos de Deus, recolhidas por Jesus pela sua sapiência, na universalidade iluminada dos céus, e entregue aos homens pela sua presença e vivência daquilo que ensinou pela misericórdia divina, o que não deixa de ser a materialização do Amor na Terra. Apoiamos e incentivamos a visualização dos poderes espirituais, na escala que iremos mencionar: a alegria nos nossos caminhos, o perdão junto aos que nos ofendem e caluniam, o trabalho na altura das nossas forças, a dignidade na altura dos nossos conhecimentos, a fé que comporta os nossos corações, a caridade bem situada e o amor bem compreendido. Eis o princípio da escala que deverão percorrer as nossas visualizações. Mas, nos compararmos com a Divindade é dar vazão ao orgulho e voar com as falsas asas da vaidade. Mais ainda, estaremos indo de encontro às próprias leis que nos regulam o porte espiritual. É a mesma coisa que pretendermos apagar o brilho de uma estrela com os dois dedos que costumamos segurar um palito de fósforo. Ganhemos tempo! Estamos na era da Luz; busquemo­ la em todas as direções para que aquela que o Senhor colocou dentro de nós se acenda em todo o seu esplendor, nos libertando das trevas da ignorância! O pretensioso, quando prepotente, atrofia suas próprias forças e deixa de alcançar no tempo o que deveria: a liberdade de compreender a verdade e viver o ambiente de

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paz da sua consciência. Sejamos humildes em todos os entendimentos, respeitosos ante as ajudas para conosco, bons na frente dos que carecem de carinho e justos com quem caminha conosco, porque aquele que aprimora a si mesmo não tem tempo para devaneios e granjeia amigos por onde passa, encontrando amor por onde manifesta seus elevados interesses. Se os homens desejarem ser parte de Deus, como nos informa LIVRO DOS ESPÍRITOS, na resposta número quinze, não é muito melhor nos sentirmos sendo os seus filhos? Nunca faltaram, em tempo algum, as respostas às perguntas que formulamos ao Criador. Elas vêm por muitos meios e cada vez que o tempo passa, o intercâmbio se aperfeiçoa, nos colocando com mais segurança a saber da verdade no seu fulgor mais apurado. Quantos livros não existem na Terra, respondendo perguntas de toda a natureza? Basta procurarmos para encontrarmos. Quantos homens dotados de certos poderes, que estão capacitados para responder sobre variados assuntos sobre as coisas do Espírito? Hoje, só não aprende quem não quer. Começa pensando, prossegue orando e avança para o encontro da verdade que ela te aparecerá com os braços abertos para te libertar. Visualiza a Verdade e o Mestre, que Ele te instruirá dentro das tuas necessidades de viver melhor, no ângulo em que podes viver bem.

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16
Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?

“ A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer­lhe o absurdo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 16)

Deus é Espírito
Se Deus é perfeito e é Espírito, não podemos compará­lo com as formas mutáveis. E sob o empuxo do progresso, tudo que existe na imensidão indescritível do universo, do átomo ao ninho cósmico, é, pois, criação ideada pelo seu poder fantástico, que ainda não podemos perceber, por nos faltarem sentidos para isso. Estamos limitados, ou condicionados, no mínimo das nossas forças, que por enquanto dormem no centro da nossa consciência, sem poder participar dos nossos mais profundos interesses. Somos crianças em comparação às grandes almas. Crivamos de perguntas, por vezes, de pouco interesse, aqueles que achamos situados em grau mais elevado do que nós, com fome e sede de saber, em se referindo às coisas do Espírito, e nem sempre avaliamos a luz que realmente suportamos, pelas trevas que ainda nos circundam. Se todo pedido é uma oração, na filosofia do Espírito, a resposta não se faz esperar e vem gota a gota para nos conscientizar da existência da bondade divina e do amor que Ele dispensa a todas as criaturas. Já falamos muitas vezes, repetindo a fala dos benfeitores maiores, que Deus é uma personalidade individual, e não o conjunto de todas as coisas criadas por Ele. Entretanto, Ele, a majestosa força divina, está em toda parte por meios que desconheces, por se tratarem de fluídos sutis operando em uma faixa que somente as grandes almas poderão constatar, pelos poderes inerentes às suas perfeições. A primeira ideia de se comparar a natureza como sendo diretamente Deus, é que ela manifesta em todas as suas nuances, perfeita harmonia em todos os sentidos da sua atuação, porém, cabe a nós pesquisar e entender, descobrir e divulgar, que toda essa simetria é participação das leis criadas por Ele, no vigor da sua mente incomparável. É pois, a sua imagem, como um canal de televisão que reflete no vídeo a perfeita estrutura do real, sendo que, no caso com a Divindade, a perfeição é a tônica do ambiente. As imagens do Senhor são vivas e demonstram os seus mais puros atributos, nunca falhando nos seus mais delicados cinetismos, no sustentar da

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vida, O visual do infinito não é Deus na sua unidade perfeita, como o quadro não é o pintor. Comparando a obra com o autor, a primeira constitui um pálido reflexo da sua personalidade, viva e distinta no lugar que ocupa. Parece que estamos falando muito sobre o Grande Arquiteto do Universo, mas esse é o nosso interesse, porque falar de Deus e viver na sua vibração constante é a coisa mais sublime da vida. Admiramos muito o Deus lhe pague, o Deus lhe ajude, o vai com Deus e A paz do Senhor seja convosco, muito usados pelos homens. São mantras sagrados que nos cobrem de luz, quando pronunciados com amor e respeito. A Doutrina que faz de Deus um ser material, o faz por falta de notícias do mais além, ou por medo de pesquisar a verdade e seguir as rotas do progresso, que faz caírem os véus na gradação das forças humanas e espirituais. Nada devemos temer, desde que estejamos em planos de mutações para o nosso próprio bem. O mundo espiritual que nos dirige, nos atende de acordo com as nossas necessidades, e não deixa de guiar e instruir quem verdadeiramente deseja aprender. Não devemos esquecer que Deus é um sol de vida, que alimenta e dirige todas as vidas saídas das suas mãos luminosas e perfeitas.

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17
É dado ao homem conhecer o princípio das coisas?

“ Não, Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 17)

Não é Permitido
Não é permitido ao homem conhecer o princípio das coisas na sua profundidade absoluta. Se o macrocosmo é infinito diante dos sentidos dos seres humanos, o microcosmo igualmente o é, na estrutura que lhe foi dada por Deus. O Espírito, na faixa em que se encontra na Terra, não desenvolveu sentidos ainda, para conhecer o que pretende, para pesquisar a infra­estrutura da matéria e desvendar os seus segredos. A força poderosa que se esconde na forma não poderá, por enquanto, ser conhecida e dominada pelos homens, por lhes faltar amor no coração, o bastante para não usar sua expansão dinâmica nas guerras fratricidas, e contra a própria vida no planeta em que habitam. Basta o que já conhecem, como sendo uma misericórdia. A fome que se passa na Terra, as necessidades de veste e de instrução, não significam falta, na realidade. Tudo isso existe com abundância em todos os pontos da casa terrena; somente o que falta é a fraternidade entre os povos e a educação entre as criaturas. Quando o amor for uma força dominante no seio dos homens, nada faltará, na sua expressão de todos os suprimentos. E a vida tomará nova feição em todos os ângulos do mundo, como sendo um reino de Deus florindo no reino dos homens. A revelação é gradativa e o será sempre. A evolução científica deve acompanhar a moral, para que haja equilíbrio em todos os pontos de elevação e despertar. É justo que notemos, neste fechar de século, o interesse que os homens e Espíritos desencarnados têm pela difusão do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esforço que se faz em todas as nações para a melhoria do homem, em todos os seus aspectos. Só não dá para se notar esse esforço com mais evidência, por estar ele no começo; no entanto, o terceiro milênio que se aproxima revelará essa verdade com acentuação expressiva, pois já existe uma preocupação de certos governantes na educação dos povos, no que se relaciona aos preceitos incomparáveis da Boa Nova do Mestre. Sem o Evangelho no coração das criaturas, jamais haverá paz no mundo, porque ele faculta a conquista da paz, em primeiro lugar, na intimidade de cada um. Podemos observar no ar que respiramos e na luz que nos dá alegria de viver, o anúncio do fim dos tempos, dos tempos de inquietações, para que possa surgir o ambiente de verdadeira paz, aquele que deveremos conquistar juntamente com o Cristo à frente dos nossos destinos. Não é permitido às almas recuarem no

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tempo e no espaço. As leis de Deus estabelecem e comandam: a ordem é somente de avanço. A escola do conhecer é infinita e livre na sua conjuntura educativa, entretanto, marca para todos os seres, conforme a sua escala evolutiva, pontos vermelhos, indicando basta, para que não venhamos a cair em novas tentações, pois o conhecimento sem amor pode nos levar à derrocada. De agora em diante o cerco está se fechando, para que possamos nos prevenir contra as grandes calamidades, pela força da educação, e aumentar a nossa confiança pelo muito que devemos amar, O Evangelho deve ser conhecido por todos os povos e disseminado para todas as criaturas, porque ele é força que nos garante a paz nos caminhos que percorremos. Quanto ao interesse de conhecer a intimidade da matéria, não deve ser apagado, porém, esse saber vai surgindo pelo impulso da nossa evolução e as necessidades que forem surgindo no nosso aprendizado. Oremos juntos, homens e Espíritos livres da matéria, para que o equilíbrio não nos falte no nosso despertar para Deus.

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18
Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?

“ O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são­lhe precisas faculdades que ainda não possui.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 18)

O Véu se Levanta
O véu se levanta à medida em que o homem cresce espiritualmente. A natureza tem seus segredos em toda a conjuntura da sua ação benfeitora e eles não foram feitos para ficarem eternamente escondidos das criaturas; revelar­se­ão no momento certo, em que o Espírito puder alcançar e suportar a luz da revelação. Os caminhos da vida são eternos aprendizados; cada passo que damos corresponde a uma lição. Nada se perde, mesmo o tempo que chamamos de perdido. Atrás de todo acontecimento existem leis revelando sabedoria, de que o Espírito se certificará por processos de osmose espiritual, que por vezes escapam ao nosso entendimento. Os véus se levantam em todas as direções do saber, pelos esforços de cada um, entretanto, ele também é obediente à força do próprio progresso. A nossa participação acelera a evolução, para que o despertamento surja com mais eficiência e fique em tudo, em relação ao nosso bem­estar, a nossa marca, como sendo a nossa conquista. Isso é muito interessante na pauta das nossas obrigações e compromissos. Não podemos nos esquecer daquilo que nos toca como co­criadores dos nossos destinos, na influência de Deus pelas mãos do Cristo. À medida que os véus vão se abrindo aos nossos olhos espirituais, se formará um campo de conhecimento apropriado na consciência e o coração passará a trabalhar em plena concordância com a inteligência. Os dois, juntos, determinam o uso de todos os poderes adquiridos, na formação da própria personalidade. Ninguém pode crescer sem subir, nem subir sem esforço e sacrifício juntamente com a dor, pelo menos na área evolutiva a que pertencemos, no ambiente da Terra, e no grau que nos encontramos na escala dos valores espirituais. As experiências nos condicionam conhecimentos indispensáveis a nossa libertação. Isso também são leis que nos regulam o crescimento espiritual e moral. Mesmo que queiramos ficar para trás e não aprender, não conseguimos. É a mesma coisa que alguém, que nunca tivesse visto o Sol, desacreditasse, por isso, da sua eficácia. Ele, o Sol, sempre iria existir e, ainda mais, continuaria ajudando, mesmo os que o negassem. Existem dois tipos de evolução: aquela que obedece às leis do automatismo espiritual, que impulsiona a natureza física e animal para o progresso, sem a

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participação da vontade, e aquela que recebe como coadjuvante os esforços dos homens, onde a inteligência tem sua grande participação. As faculdades dos Espíritos vão se desabrochando na esteira infinita do tempo e se apurando de acordo com o seu despertamento, quando o oculto vai sendo conhecido. Diante dos mistérios desvendados, surgirá, no mundo da alma, um ambiente diferente, onde floresce uma alegria apoiada pelas forças do amor. E a alma amadurecida passa a conhecer a si mesma e a cuidar das suas próprias deficiências, como o médico que trata dos seus próprios desequilíbrios. Porém, é bom que nos cientifiquemos de que sempre encontraremos véus para serem desvendados e segredos para serem conhecidos. Não constitui uma grande esperança termos sempre lições para recebermos da bondade divina? O conhecimento total pertence a Deus, e conhecer a sua natureza íntima somente Ele o pode, por ser Onisciente. O nosso maior empenho deve ser o conhecimento do como ser melhor, trabalhando na fraternidade universal; é preciso levantar o véu que empana a harmonia e sentir a vibração da paz de Deus no coração, conhecer os segredos do amor e passar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Torna­se importante descobrir a fonte da alegria pura e conquistá­la na sua plenitude. Com os véus se levantando nesse ritmo, seremos felizes.

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19
Não pode o homem, pelas investigações científicas, penetrar alguns dos segredos da Natureza?

“ A Ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele, porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 19)

A Ciência Humana
A ciência tem condições de ajudar a revelar certos segredos da natureza, porém, dentro dos limites que a evolução humana comporta. Observando a própria história universal, nela encontraremos os grandes feitos e cientistas, por vezes, verdadeiros mensageiros do bem. Negar o valor da ciência e negar os próprios esforços dos homens por melhores dias, entretanto, Deus não está preso às limitadas condições dos seres humanos. Ele revela o que achar conveniente, pelos canais que desejar falar, e esses fatos são reconhecidos no mundo todo. Grandes descobertas surgem como se fossem por acaso e, pela roupagem abstrata do acaso, esplendem a força e a inteligência do Espírito. Eis aí a mediunidade em função benfeitora, a comunicação dos Espíritos entre os dois mundos! Embora a razão apresente as suas faltas, ainda assim, em todos os campos de atividade é ela quem move a ciência que em muitos casos aceita mentiras no lugar da verdade e vice­versa. Os seres encarnados, e mesmo os desencarnados, que vivem na mesma faixa evolutiva, não precisam se preocupar com a seleção das coisas verdadeiras, pois elas aparecem à luz das boas intenções e no esforço permanente em busca do melhor. Já falamos alhures que a verdade é relativa ao tamanho espiritual de cada criatura. Deus, se quiser, poderá fazer conhecer a verdade mais acentuada por pessoas ignorantes, que passam a ser o instrumento da verdade pela influência do Senhor. Todavia, quando Ele acha conveniente, procura os meios científicos, e adota a linguagem sofisticada para falar aos doutos, e levá­los a auxiliar os sofredores na retaguarda. Abençoemos a ciência humana, sem nos esquecermos do poder intuitivo das almas. Quando se aliam essas duas forças a serviço da coletividade, aparece a luz beneficiando todos. As investigações científicas têm melhorado muito o homem. Há como que um preparo para a luz do entendimento que tem consumido vidas e mais vidas em favor dos próprios homens e vai conduzi­los a uma lógica, que não deixa

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de ser igualmente uma grande ciência. Religião e ciência não são incompatíveis. Elas, no fundo, gritam pela junção, porque o que falta em uma, a outra completa. O orgulho, a ignorância e o fanatismo é que fizeram os homens separarem a ciência da religião. Mas em futuro próximo iremos assistir à união destas duas forças da vida, para a melhoria das vidas que circulam na Terra. Os homens têm recebido dádivas em profusão no sentido da descoberta. Elas estão em suas mãos. Necessário se faz que aprendam a usar bem essas bênçãos de Deus, doadas à humanidade por amor e misericórdia. As vias mediúnicas têm ofertado uma filosofia altamente espiritualizada, renovando todos os conceitos errôneos que fogem das linhas do amor verdadeiro e da caridade promissora. Estamos cercados de grandes tesouros, que podemos usar em todos os caminhos que porventura trilharmos, para que se estabeleça no mundo o reino de Deus. Usa da ciência, se isso for do teu agrado, e faze o bem. Usa da religião, se te convier, e pratica a caridade. Usa do amor na sua plenitude e ilumina todo o instrumento da tua evolução, que o Senhor sempre estará presente nas tuas investigações e purificará a tua fé. Nada existe que Deus não queira, mas, é justo e elegante que te revistas de bom senso, para usares com equilíbrio aquilo que foi colocado em tuas mãos. Até o próprio veneno, em doses vigiadas, é remédio salutar, enquanto o ignorante faz trabalhos compatíveis com a sua posição, na esfera das criaturas.

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20
Dado é ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos?

“ Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado apreender.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 20)

Revelações Espirituais
Os sentidos físicos são valiosos recursos com que a natureza divina dotou o Espírito encarnado, para registrar as lições que poderá receber por todos os meios que a ciência alcança. Não obstante, os homens carregam consigo outros meios espirituais que lhes servem de canais, por onde podem vir — e vêm com frequência — notícias mais sutis do mundo espiritual, revelações que escapam aos processos científicos. A razão nos fala que devemos usar os dois meios para maior experiência daquilo que vamos aprender. Se estás no mundo da carne, é justo que tenhas recursos materiais para o enriquecimento e compreensão de todas as leis que vibram e sustentam todas as formas e, se estás sujeito a ela, é justo, também, que a respeites. O universo se congrega em camadas sobrepostas, como sendo um todo, apresentando em seu íntimo divisões sem conta, até encontrar Deus. Um mundo pode se justapor a outro, mas em faixas diferentes e, por vezes, ocupando o mesmo lugar. São segredos a desvendar e quanto mais aprendemos, mais sentimos necessidade de aprender. A extensão do saber é infinita, e o Senhor, nosso Pai Celestial, representa a fonte inesgotável, centro de todas as cogitações da sabedoria universal. A Terra é, pois, um mundo de provações; se assim não fora, já teriam cessado as guerras fratricidas e os ódios milenares de nação contra nação, de homens contra homens. As variedades de revelações, em se formando inúmeras religiões e filosofias espiritualistas, são provas irrefutáveis disso. Quando a humanidade começar a apresentar traços de fraternidade de uns para com os outros, quando as criaturas se amarem mutuamente na verdadeira acepção da palavra, quando a gratidão a Deus tornar­se um hábito de todos os dias, quando a caridade for um dever de todos os momentos, as religiões irão se fundir pela força da unidade dos sentimentos e haverá um só rebanho e um só pastor. As divisões e subdivisões são o atendimento de Deus aos homens, pela ignorância que persiste nos corações dos Espíritos inferiores. Quando permanecer a ideia de que cada um está de posse da verdade, da verdade que ele suporta e não entregue a uma facção religiosa ou agrupamento filosófico ou científico, começarão a dominar os sentimentos de

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respeito e a própria grandeza de Deus, que não se esquece de seus filhos, quaisquer que sejam os lugares em que estiverem vivendo. Ninguém se perde, pois somos todos filhos do mesmo Pai! As revelações espirituais e científicas não escolhem lugar. A prova disso são os fatos, e é nesse entendimento que deveremos despertar para a unidade de valores de todas as nações e de todas as criaturas, sem as barreiras que dividem os Espíritos pelo orgulho, pelo egoísmo, pela vaidade e pelo ciúme. Os sonhos são atestados de muitas revelações. Eles, mesmo sem a compreensão dos seus arcanos, deixam na consciência uma revelação que cresce cada vez mais, dando certeza à alma de que a vida não termina no túmulo e, por vezes, revela ao Espírito encarnado algo das vidas anteriores que se encontra registrado na consciência profunda. E as intuições que escapam aos aparelhos materiais? Por onde vieram? Vieram por canais invisíveis aos olhos físicos, mas entendidos pelas sensibilidades espirituais da alma, e com tanta certeza que fogem aos meios de comunicação. A escrita não tem recursos para expressar o que entendemos por dentro. É bom que usemos de todos os meios lícitos e possíveis das revelações, e que o bom senso nos acompanhe em todas as investigações, para que no amanhã nasça em nossos corações a verdadeira paz, aquela que deve morar na consciência.

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A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado momento?

“ Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebê­lo ocioso, um momento que seja?”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 21)

Atividade de Deus
Deus jamais ficou, fica ou ficará inativo. Não podemos conceber um Deus sem ação permanente dentro da sua criação; Ele é o sol espiritual de vida, mantenedor de todas as vidas e a Ele estamos ligados. Quando falamos que Deus criou o universo, é por faltar em nossa linguagem o verdadeiro significado de criação. Na dialética fraca dos homens, criação é dar existência, é usar a mente e as mãos para que algo tome forma ou feição. Escapa ao nosso raciocínio o que significa criar, no dicionário da natureza divina. Se Ele criou, onde buscou o princípio da formação das coisas? Essa é uma fórmula que Ele não achou conveniente que os homens soubessem. Nesse campo profundo, somente os Espíritos puros, altamente evoluídos, têm notícias dessa ciência espiritual, estendendo falanges e mais falanges em toda a extensão infinita, operando na dimensão que lhes é própria. A matéria existe, desde a eternidade, como Deus? Somente Ele o sabe, nos informa o O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Só podemos dizer que a idade da matéria se perde para nós, na noite dos milênios incontáveis, e que o seu cinetismo é uma realidade, não que ela se movimente por si só mas porque se move por vontade d’Aquele que nunca fica sem atividade. Há segredos que ficarão por muito tempo sem serem desvendados, por nos faltarem sentidos e capacidade para suportar as revelações e saber fazer uso das belezas imortais, dos valores do Espírito. Se podemos dar a Deus uma mente, ou vê­lo desta forma, ela tem uma corrente de ideias contínuas no verdadeiro sentido do verbo. Cessando a sustentação, desmorona­se todo o universo. Sabemos que esse fluído cósmico, ou hálito divino, desprendido da sua magnânima personalidade e incomparável poder é que nos dá vida e mantém o nosso equilíbrio espiritual. Somos dotados de sentidos apropriados, com valores desenvolvidos e a desenvolver, que transformam essa essência oriunda do Senhor, em fluído animal ou magnetismo humano, energizando seu valor com os nossos sentimentos mais ou menos puros.

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O éter divino é sensível ao nosso caráter, como também grava as nossas deficiências. O santo o usa na sua cândida feição, despertando os seus mais profundos valores, pela força do amor e da caridade para ajudar, servindo todas as criaturas que carecem de amparo e de socorro, O ser humano, mesmo encarnado, compreendendo a ciência das mutações, poderá fazer prodígios, se souber lidar com esses segredos da natureza em favor do bem, deixando estender a fé nos limites que ela pode socorrer os desfalecidos. Isso corresponde às atividades de Deus, onde Ele for respeitado e amado. Para tanto, Ele criou leis que regem todas as atividades menores e estabilizam o equilíbrio de todas as coisas. É bom e justo que pensemos que não existe nada separado de Deus, no entanto, é melhor entender que a sua inconfundível personalidade é única no seio de todas as formas surgidas pela sua majestosa vontade. Pormenorizar as atividades de Deus é salientar a nossa ignorância acerca d’Ele, pois, somente Ele se conhece e aos seus segredos mais profundos. Nós ainda temos de adentrar as primeiras sendas do conhecimento de nós mesmos, ambiente infinito de sabedoria, para depois começarmos a pensar, estudar e compreender o livro, da natureza, onde os atributos da Divindade estão em evidência. As portas pelas quais deveremos entrar para nos conhecer são ensinadas por Cristo, no seu Evangelho. A vivência dos preceitos que Ele nos ofereceu nos faz compreender o que se deve pensar acerca de Deus e da sua criação.

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Define­se geralmente a matéria como sendo — o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?

“ Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.” a) — Que definição podeis dar da matéria? “ A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 22)

Extensão da Matéria
A dimensão da matéria é sobremodo difícil de ser explicada na linguagem terrena, por escapar das mais puras deduções que o pensamento humano pode atingir. A matéria bruta que podes apalpar, sentir e cuja forma podes ver é, pois, a mais baixa vibração que o agregado de energia pode tomar. As vezes, dois corpos materiais podem ocupar o mesmo lugar, por estarem cada um em uma dinâmica vibratória. Uma está expressa na forma e a outra, como fluídos sutis dentro da primeira. A ciência acabou provando que a própria luz é matéria, pela curvatura que faz ao passar por corpos sólidos e, se só matéria atrai matéria, ela não deixa de ser a própria matéria em outra dimensão, formando luz. Daí podes partir para outros estados da matéria na sua engenhosa purificação, sob o comando do progresso, que não deixa de ser trabalhada pelas mãos santas de Deus. O próprio perispírito tem muito de matéria. Mesmo dentro da sua sutileza espiritual, e para ser intermediário do Espírito ao corpo, é necessário que tenha nuances de matéria com antimatéria. A escala da evolução da matéria é muito extensa: o caminho conduzido pela evolução é de uma grandeza incomparável, no campo da literatura espiritual. Tudo que existe é concentração de energia, tudo que falamos, no mundo das formas, ela aí está concentrada por lei de afinidade, sob a ação da vontade de Deus. A ciência humana está à procura do elemento primitivo, de onde partiram todos os outros, pelo avançar e recuar dos fatos; entretanto, este elemento primeiro está longe das cogitações humanas. Se o macro é infinito no seu avanço cósmico, o microcosmo tem o mesmo destino. As áreas de estudo oferecem a todos os sábios intermináveis lições, de maneira a mostrar a todos eles a sabedoria de Deus e a bondade de seu terno coração. Tudo no mundo material e espiritual se encadeia; uns estão ligados aos outros por fios tenuíssimos, imperceptíveis pelos homens e que a própria ciência

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desconhece. A matéria, mesmo a que chamamos de forma impenetrável, guarda segredos que os homens do amanhã reconhecerão. Ela também evolui, despertando algo dentro de si que a purifica, tomando novas dimensões e sensibilizando sua própria estrutura. É como, se pudéssemos dizer, a matéria se intelectualizando no perpassar do tempo e na extensão infinita do espaço. A própria aura que circunda os corpos físicos é matéria quintessenciada, em vibrações tais, que chegam a causar luminosidade em torno dos corpos físicos de onde ela promana. É um empuxo do progresso das formas, que alcança outro estado de existência. Daí é que devemos ter o maior respeito por tudo o que existe no universo, em todas as faixas que conhecemos, por se tratarem de vidas criadas em estados diferentes, pela bondade e misericórdia de Deus. Se nada existe sem a sua vontade, qual o nosso dever diante dela? Eis porque Jesus nos pede para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. O nosso próximo é tudo o que existe ao nosso derredor, porque nada há sem vida, e sempre dentro das formas vibra algo espiritual a convidar o seu corpo, seja ele qual for, para as linhas da perfeição, para a grandeza espiritual. O Espírito desce na matéria palpável e visível, em busca de seu desprendimento e, para tanto, usa como laço intermediário a própria matéria purificada. Por que isso? Devemos responder que ainda é segredo que se esconde, por respeito a nossa evolução. O que podemos dizer, para que não fique sem resposta, é que o Espírito reencarna porque Deus quer e acha conveniente.

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23
Que é o espírito?

“ O princípio inteligente do Universo.”
a) — Qual a natureza íntima do espírito?

“ Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 23)

O Que é Espírito?
Dificilmente se pode conceituar o Espírito. A sua estrutura íntima então foge ao campo de sabedoria que já dominamos. Devemos nos dispor à análise dos atributos da alma, estudando suas reações e certas leis que garantem a nossa existência. Se ainda o corpo físico é um mistério para nós outros, o que falar do Espírito? Para chegar a ele devemos percorrer vários outros campos que a alma usa como roupagem, na grande caminhada evolutiva. Se existe a escola infantil para as crianças na Terra, a lei é a mesma em se falando do aprendizado do Espírito sobre as coisas espirituais. A humanidade, diante da ciência da alma, está na escola primária, não é justo que ela passe a frequentar a universidade de um momento para outro. Somente a idade regula essa necessidade. Sobe­se os degraus gradativamente. O Espírito está em faixa e dinâmica diferente do que se pensa e que não será justo violentar o modo de deduzir do ser humano. Todas as explicações até então dadas sobre o Espírito são equações que fogem da realidade, porque os que escrevem, desconhecem muitas coisas sobre si mesmos, e não passam de analfabetos da alma. Conhecer o Espírito é quase conhecer Deus. Ele foge totalmente às comparações que se faz, usando os recursos materiais. Não tiramos o esforço nem queremos anular as pesquisas científicas acerca das coisas espirituais. Não é essa a nossa intenção. Somente pedimos a todos os nossos irmãos encarnados que comecem pelo princípio, e não dêem saltos nos caminhos científicos da vida. Aprendamos primeiro a harmonizar os pensamentos, a dominar o verbo, a criar condições dentro e fora de nós, para que o amor possa ser o nosso ambiente de viver. Diante disso, notaremos o desabrochar em nossos corações de outro tipo de conhecimento, que nos dotará de valores pelos quais a verdade nos revelará segredos até então escondidos nas dobras do tempo. Como conhecer o Espírito, se ainda não sabemos o valor do perdão?

55 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

E como dominar o perdão, se ainda não perdoamos nos moldes do esquecimento das faltas cometidas contra nós? E como conhecer a caridade, se ainda não vivenciamos essa caridade justa e proveitosa? Como conhecer o Espírito, se ainda não conhecemos o amor? E como conhecer o amor, se ainda não amamos na verdadeira acepção da palavra? Meditemos na distância em que nos encontramos da conscientização íntima da alma... Eis porque o Evangelho vem nos convidando para uma reforma nos nossos costumes em primeira mão, para depois sentirmos que somos necessitados de maiores conhecimentos! Meu irmão, é mais lógico dar os primeiros passos na grande senda do aprendizado espiritual, com Jesus, para que possamos conhecer determinados segredos da natureza. O Cristo é o Mestre Incomparável; ouçamo­lo! Todos os dias, a sua voz se faz ouvir por todos os meios que desejarmos, basta que haja interesse em aprender com humildade. Livremo­nos do orgulho e do egoísmo e abramos a mente para a verdade, que ela nos libertará. Não queiramos saber o que é o Espírito. Por enquanto, somente basta que saibamos que o Espírito é vida, sustentado pela Vida Maior — Deus. Nosso dever maior neste momento, e na fase em que nos encontramos, é compreender as leis e obedecê­las; é ativar a harmonia dentro de nós. Estaremos sentindo, desta forma, Deus na alma e o Cristo em nós, e a luz nunca se apagará em nosso coração. Todas as vezes que surgir a ideia de conhecer Deus e o Espírito, oremos com fé, que logo veremos e sentiremos a resposta que for conveniente as nossas necessidades de saber.

56 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

24
É o espírito sinônimo de inteligência?

“ A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 24)

Atributos do Espírito
Na linguagem correta, a inteligência é atributo do Espírito e não sinônimo, por não ser igual à fonte de onde promana. Os valores da alma são inúmeros, por vezes incontáveis, na área do seu despertamento espiritual. As nossas comparações são pálidas, referindo­se ao Espírito. A realidade é mais profunda e os arcanos esperam pelo tempo, para serem revelados, obedecendo às leis da relatividade que regulam os conhecimento de todos nós. Como é bom conhecer a luz das regras e ter de ser dócil à vontade d’Aquele cuja luz faz parte da própria vida! O Espírito é uma chama onde se concentram todos os requisitos para a felicidade. No centro de seu energismo divino, vibra um acervo de faculdades ainda desconhecidas pelos sábios. A alma foi feita com todos os atributos da perfeição, por ter saído sob o fulgor da perfeição maior: Deus. Assim, o que chamamos de evolução, podemos chamar de despertamento. Se escrevemos e falamos sempre sobre a evolução do Espírito, é por nos faltar recursos na linguagem, mas, nunca empregada com tal sentido. Todos já nascemos perfeitos, bastando para isso o despertar das qualidades inerentes ao nosso mundo interno, que somente Deus conhece, e nós outros temos algumas notícias. Quando falamos da urgência de conhecermos a nós mesmos, é no sentido da educação dos hábitos arraigados, cuja permanência em nós entorpece os nossos sentidos espirituais mais dignos de serem mencionados, e não do conhecimento íntimo do Espírito. A distância a percorrer nos dá vertigem, pois a razão, mesmo a mais apurada, mesmo a inteligência mais lúcida são incapazes de registrar o conhecimento integral do Espírito. Entreguemos isso ao tempo, que ele nos falará pela vontade de Deus, na hora certa, o que nos for mais conveniente. A vida é, pois, uma eterna busca, por esse motivo é que Jesus sentencia com propriedade: buscai e achareis. Nunca ficaremos sem resposta, jamais ficaremos sem o entendimento, na medida das nossas capacidades; no entanto, o esclarecimento vem, não atendendo a nossa vontade, mas, de acordo com a vontade do Senhor.

57 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Os homens geralmente confundem os efeitos pelas causas. As causas sempre se escondem no mais profundo, no silêncio da sutilidade, na harmonia da própria vida, e cantam em todas as dimensões que poderão manifestar a existência, para a glória do Criador, O Espírito é a essência das essências, é a harmonia do Divino, é a luz das luzes que conhecemos; a sua candura retrata a sua genealogia. Diferenciamos o Espírito das outras coisas pelo fator inteligência, que comanda a razão, pelo livre arbítrio na escolha do mais conveniente. Entretanto, se estudarmos a natureza mais profundamente, notaremos inteligências esplendendo em todos os seus reinos, como, por exemplo, no próprio corpo humano, onde há o trabalho inteligente no mundo celular, que é o metabolismo. Já tivestes oportunidade de estudar a vida de uma árvore na sua feição mais rica de valores? Nela existe uma força inteligente comandando seu ciclópico corpo, dividido em trilhões de partículas obedientes a um comando. A razão, a inteligência do homem, certamente que marca um passo a mais na evolução da morada espiritual, movendo o corpo físico, o que não quer dizer que somente ele tem inteligência. São atributos do Espírito todos os dons, como em tudo existe reflexo dormindo e desabrochando como sendo a luz de Deus, dentro de tudo que existe. Estudemos, de mãos dadas, em todas as escolas do mundo, e ingressemos cada vez mais no estudo da escola espiritual, porque ela é um passo a mais para a nossa libertação. Alcançaremos a paz espiritual pelo trabalho de luz, na luz de Deus.

58 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

25
O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?

“ São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”
a) — Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam.)

“ É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 25)

Independência do Espírito
O Espírito não é uma propriedade da matéria. São duas coisas distintas, e a resposta de O LIVRO DOS ESPÍRITOS revela um segredo de difícil compreensão para os homens, dizendo que o Espírito se serve da matéria para intelectualizá­la. Sem o Espírito, a matéria não alcançaria esse empuxo espiritual e essa dinâmica inenarrável. Compreende­se, pois, que o estímulo do Espírito no reino das coisas materiais a eleva, de sorte a colocá­la acima do estado de inércia. O Espírito é luz que vibra em alta ressonância na purificação do próprio ambiente e, se ele intelectualiza a matéria, o seu atributo desperta nela algo que dormia na profundidade física. A morada divina é o agente direto da Divindade onde quer que seja, na missão elevada de acender luzes e despertar valores. Se o Espírito fosse uma das propriedades da matéria, seria de menor valor que esta. E o contrário que ocorre: a matéria é serva do Espírito em todos os ângulos da criação, é um instrumento do qual ele se serve, como condição ao seu aprendizado. As coisas físicas constituem, para a alma, um regime agressivo, de maneira a despertar qualidades quietas na intimidade do ser espiritual. Foi esta a vontade de Deus quando a criou. A matéria é energia concentrada e a energia é a matéria em estado rarefeito. Existem muitas coisas entre um estado e outro, que escapam às nossas sensibilidades. Não devemos comparar nem dizer que a alma é filha da matéria. Espírito é Espírito, matéria é matéria. Nossa independência é que nos caracteriza como individualidades mais ou menos livres de determinadas peias, criadas pela falta de liberdade, como os conglomerados físicos. No amanhã serão conhecidos outros valores do Espírito, acima dos que já conhecemos e que dormem ainda no imo d’alma, no berço da consciência, esperando o chamado divino da Divina Luz, que desperta os talentos mais valiosos,

59 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

que a excelência da vida proporciona aos seres que completaram o curso do amor na faculdade da Terra, para começarem outro em dimensão mais pura. O Espírito vai ficando cada vez mais independente das coisas inferiores, e integrado na dependência de Deus, como médium da luz, com a missão de transformar as trevas por onde venha a passar, divulgando conceitos altamente espiritualizados e ensinando pelo exemplo, para a concretização da harmonia em todos os corações e em tudo o que existe. O Espírito não perde a sua individualidade como muitos pensam, ele é cada vez mais ele, na ascensão que deve percorrer e, o que é seu, é intransferível. Todavia, o celeiro de tesouros armazenados no seu coração espiritual é como que fonte doadora de recursos em todas as direções, como um sol a ajudar a vida e a enriquecer o ambiente, para que as vidas da retaguarda se conscientizem dos seus valores e acordem com as suas próprias forças. Tudo que temos é conquista na direção que a Luz Maior nos capacitou a caminhar, porém, nunca conquistamos algo sem Deus. Ele é, por lei, o nosso motivo de viver. A matéria é um dos corpos do Espírito, intermediária dos outros na sutileza das afinidades, para que se complete uma unidade com várias divisões independentes. O Espírito deve ser Espírito na luz de todos os entendimentos, e cada um, encarnado e desencarnado, deve se colocar naquela esperança da felicidade individual como também no esplendor do amor coletivo. Roguemos a Deus que nos ajude a compreender cada vez mais a independência da alma, pelo menos no tamanho em que ela se encontra, referindo­se a nós mesmos.

60 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

26
Poder­se­á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito? “ Pode­se, é fora de dúvida, pelo pensamento.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 26)

Espírito Livre
A ciência vem trabalhando, pelos meios de que dispõe, para encontrar o Espírito. Ela já sentiu a sua presença em muitas das suas pesquisas, e é por essa verdade que o procura. Notamos o grande interesse de todo o mundo científico e filosófico na busca de mistérios, cujos fenômenos têm beneficiado todos os povos, desde os fatos sociais mais puros à fé humana e divina. O Espírito é força, dentro da força maior, Deus, que o alimenta e sustenta em todos os rumos, condicionando valores e desatando luzes em todos os corações. A alma, mesmo presa à matéria, é livre na sua essência. Ela tanto cede aos processos inferiores, quanto se interliga com o bem, dando forma à energia, para trabalhar no campo imenso da expansão das qualidades elevadas, que vibra em tudo, pelo amor que irradia em todas as substâncias. Pelo pensamento podemos deduzir que somos individualidade separada da matéria, e que a matéria é uma substância separada do Espírito, porém, no caso do Espírito encarnado, é forçoso compreender a necessidade da alma progredir e fazer com que a matéria avance com o progresso, desfazendo­se da sua própria letargia. Quanto mais estudamos, mais vamos tomando conhecimento dos segredos da natureza, compatíveis aos segredos do Espírito, e esses conhecimentos nos trazem certa luz e força, de maneira a nos libertar, ou ajudar na nossa libertação espiritual. Podemos conhecer o Espírito sem a matéria. A experiência do momento pelo qual passamos nos dá meios para este conhecimento, não somente pelas experiências próprias, como pelas anotações e vivência dos outros. Cada trabalhador deste campo dar­nos­á uma parcela de confirmações da existência da alma livre da matéria. Os irmãos que carregam no coração a infelicidade de negar a sua própria existência como Espírito livre que sobrevive depois do túmulo, estão mentindo para si mesmos, esforçando­se para apagar a chama de verdade, acesa no coração pela mão divina. Ninguém consegue contrariar as leis espirituais. A força de Deus as sustenta e dá vida. Negar o próprio Pai é desmantelo da consciência, e desajuste dos próprios sentimentos. Não existe uma família, uma criatura sequer na Terra, que já não tenha constatado um fenômeno de ordem espiritual. Cada vez que o tempo avança, mais visíveis vão ficando as comunicações dos desencarnados com os que transitam na

61 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

carne, trocando ideias, estimulando sentimentos e inspirando escritores em todos os campos do saber. Negar os fatos tão comuns entre os homens é torcer uma verdade que está desabrochando como o Sol do meio dia. O Espírito é livre e comunica onde quer que seja, fazendo a vontade de Deus na instrução e no amparo a todas as criaturas da Terra. Quem nega o Espírito está recebendo seus benefícios pela água que bebe, pelas vestes que usa, pela comida que o alimenta, pelo ar que respira e pela paz que desfruta, porque os Espíritos do Senhor, em falanges do bem, têm ação em todos os reinos da natureza, para que surja a harmonia na criação. Se a própria ciência, nos dias que correm, já nos mostra muitas coisas que estavam antes invisíveis, e, se já desfrutamos destes véus que se suspenderam, como não crer no mais além? A carne é um dos véus inúmeros na escala infinita dos segredos de Deus. Se estudarmos profundamente os fundamentos filosóficos, encontraremos verdadeiramente o Espírito envolvido em outros corpos, que lhe garantem a grande viagem evolutiva para Deus, o seu Criador. Entretanto, ele não depende do corpo para continuar a sua vida em outra faixa, o corpo é que depende dele para lhe garantir a forma que usa como homem. Procuremos trabalhar para maior liberdade, que nesse esforço, sendo uma prece, os Céus nos atenderão, fazendo­nos cada vez mais livres.

62 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

27
Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?

“ Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá­lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.” a) — Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade? “ Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 27)

Duas Forças e Um Comando
A filosofia espírita é um assunto hiperfísico que enche a atmosfera de encantos e de esperança. A maior beleza dessa literatura é que ela nunca pára no tempo nem no espaço, além de ser movida pelo progresso, que estimula e dá uma feição divina às revelações. Há duas forças distintas, consubstanciadas no mesmo princípio, e um comando central com personalidade independente, como comando único de todas as coisas: matéria e Espírito, e Deus. Todavia, entre uns e outros, necessário se faz a existência de fluídos imponderáveis, cada vez mais puros, de conformidade com a pureza da forma ou da inteligência. Não podemos confundir essas divisões altamente distintas umas das outras, pelo seu modo de ser, pelas vibrações correspondentes ao estado em que se encontram, na posição de servos do Senhor. Matéria é matéria, Espírito é Espírito e Deus é Deus, porém, a matéria vem do Espírito e o Espírito vem de Deus. Certos pormenores que desconhecemos, mais tarde nos serão revelados, quando a nossa evolução comportar tais segredos, na gravação das nossas necessidades. Por enquanto, devemos nos conformar com o que

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já nos foi dado através de inúmeras revelações e dados preciosos, por diversas vias que a Inteligência Suprema achou conveniente. Quando o discípulo está pronto, o mestre do Saber aparece, muitas vezes de forma surpreendente. O homem inteligente deste fim de século está compreendendo a existência de fluído sutil na natureza, apresentando muitas escalas vibratórias, sentindo a comunicação deste fluído em todas as direções da vida. Ele é comandado pelo Espírito, mas, com alta ressonância da matéria. Ele é o intermediário entre um e outro, para que nada fique separado do comando central, que é Deus. Este fluído universal dimana do Criador na sua pureza virginal, e ao sair das sutilezas peculiares da sua fonte, começa a se transformar, obedecendo a regras e formando ambientes, sem que a nossa inteligência possa determinar os seus caminhos, por serem indescritíveis, até a matéria bruta de formas variadas. Essas sendas percorridas pelo hálito divino, do Pai Celestial à matéria, e desta a Ele, nas inenarráveis corridas de transformações das essências, não se encontram ao nosso dispor para que possam ser reveladas. É bom e justo que esperemos, que elas surgirão na ordem que o mundo espiritual achar mais acertado. Se a natureza física não dá saltos, a espiritual se movimenta com maior harmonia do que se pensa. Deus é a síntese de todas as harmonias. Nas modificações da matéria, para que ela se expresse em natureza diferente, sendo no fundo o mesmo elemento primitivo, existe a mão divina, O divino laboratório dos movimentos e o milagre, aparecem pela vontade do Comando Maior. O homem de ciência deve e pode estudar essas combinações; no entanto, quanto mais sabe, na faixa evolutiva em que se encontra, mais sabe que ainda não aprendeu o suficiente. Vive no mundo das teorias, nos conceitos mutativos, por não ter encontrado ainda a verdade. A mediunidade operante com Jesus Cristo poderá ser um fulcro de mutações dos fluídos e magnetismo de variadas ordens, que aos homens chegarão de todas as direções para corrigir os desequilíbrios de variadas características. A mente humana, adestrada nos conceitos do Divino Mestre, que exercita todos os dias as virtudes anunciadas por Jesus e por Ele vividas, fica capacitada para fazer do éter físico o magnetismo puro que restabelece todas as coisas e harmoniza todos os corpos, doando ainda, a todos os seres, uma cota de energia, donde nasce a maior esperança para os sofredores: a esperança de viver e confiar na vida e em Deus. Essas transmutações nascem na fonte de um estado d’alma divino, que se chama Amor. A matéria e o Espírito são como que um corpo, onde se move o Comando Divino, na sua maior expressão de ser o que é.

64 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

28
Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de — matéria inerte e matéria inteligente?

“ As palavras pouco nos importam. Compete­vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 28)

A Missão da Palavra
Aconselhamos ao leitor reler, antes de iniciar esta leitura, o sábio comentário de Allan Kardec referente à pergunta número vinte e oito, para que tenha força para acalmar o impulso de saber, até onde deve ser alcançado, porque neste rumo das revelações não temos outra coisa a dizer além daquilo que ele expõe, inspirado nas mais altas forças de vida. É bom, e muito bom, que o coração ajude a palavra, inspirando­a na sua grande missão de falar construindo, e construir falando certo. O verbo que o homem já domina com certa facilidade, seu filho de longa data, educado na boca do sábio, tem a missão junto a todos os seus recursos, de aprofundar­se nos segredos da natureza e fazer os mesmos homens compreenderem as belezas da criação, porém, é de ordem comum entre as coisas de Deus, que ele fale com toda a simplicidade, sem esquecer a clareza dos princípios. A missão da palavra é sublimada, desde quando temos outros sentidos desenvolvidos para compreendê­la. Para tanto, o nosso dever é educá­la, naquela escola cujo mestre maior é Nosso Senhor Jesus Cristo. Com Ele a palavra atingiu os cimos da evolução, coroando, com a mais alta condecoração espiritual, o verbo, ao falar como o fez, quando da sua estadia divina junto a nós, da mais elevada virtude vivenciada nos caminhos da Terra: o Amor. A sabedoria de Deus confunde o raciocínio humano. A essência divina, ao sair da sua pureza lirial, da sua unidade absoluta e indivisível, torna­se díade, manifestando­se em tudo com todos os valores correspondentes às suas mutações, para melhor servir, pela força e claridade do progresso. A razão é pobre para explicar os segredos do Criador. A evolução tem o poder de transformar a inteligência em sentido altamente dominante, na arte de conhecer. Dentro de nós existem, como sabemos, os talentos divinos, que são favos de luz colocados na nossa consciência pelo Senhor. Cada vez que são despertados — na expressão filosófica denominada Evolução — nos mostram rumos novos da sabedoria.

65 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Deus, na conveniência de sua sabedoria, houve por bem criar inúmeras divisões na construção da casa universal. Cabe a nós outros estudarmos todos os princípios da sabedoria e procurarmos, com humildade, a obediência às leis naturais, que regem e sustentam toda a criação divina. Perder tempo com discussões sem sentido educativo é forçar o inconveniente a transformar­se em ignorância. Se ainda não entendemos o que almejamos conhecer, é bom guardarmos serenidade, e esperarmos a oportunidade, que o arcano do tempo tudo nos revelará no momento preciso, quando as nossas forças suportarem o impacto da verdade. Tudo que existe obedece a uma sequência estabelecida pela harmonia. A matéria que tanto estudamos tem sua vida própria sob a influência do Espírito, e o Espírito vive na atmosfera de Deus. A independência é, pois, até certo ponto, de concordância e as afinidades congênitas é que nos garantem a vida, na vida de Deus. Existe algo de divino dentro da matéria e outro tanto vibrando no Espírito, que por enquanto desconhecemos. Até para os grandes benfeitores — pelo menos é o que ouvimos deles — Deus é um segredo absoluto. Não podemos decifrá­lo, por faltar em nós as qualidades de um deus.

66 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

29
A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria?

“ Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 29)

Propriedade da Matéria
Voltamos ao assunto da matéria, por ser ele um segredo engenhoso da natureza. Os descortínios humanos se perdem no infinito da matéria, buscando nela os seus arcanos reveladores. No entanto, esse empenho depende do estado evolutivo das criaturas, do uso que poderão fazer dessas coisas ocultas, altamente benfeitoras nas mãos dos Espíritos evoluídos, tornando­se em forças maléficas em mãos inescrupulosas. Ainda existem muitos que procuram descobrir mais coisas sobre a matéria, muitas vezes através dos canais mediúnicos, não sabendo eles que os Espíritos, mesmo os mais evoluídos, não podem quebrar a sequência estabelecida pelo Chefe Supremo de todos nós, que regula as revelações em todos os campos do saber. A humanidade, no momento, não está precisando de mais ciência para viver melhor e, sim, de educação dos próprios sentimentos. É necessário que vigore, de agora para frente, o conhecimento sobre o amor e a aplicação prática desta virtude incomparável, que se divide ao infinito para ajudar com eficiência. Se Deus deixasse o homem, na escala de evolução em que se encontra, descobrir o que ele deseja sobre as propriedades mais profundas das formas, deixaria em perigo a sua própria moradia, pois apenas com o que já teve oportunidade de descobrir, poderá fazê­lo passar por vexames em futuro próximo. A força maior que a humanidade alimenta é o ódio, a ganância, a inveja, o orgulho e, acima de tudo, o egoísmo. As transações comerciais estão na frente de todos os sentimentos altruísticos e o Cristo foi esquecido na sua mais profunda esquemática de nivelar os homens, como sendo irmãos, filhos de um mesmo Pai, de empenhar com seus discípulos para pregar o Evangelho a todas as nações, a todas as criaturas. Como descobrir mais segredos da natureza, se ainda estamos usando o avião, uma bênção dos transportes, para matar e dominar os povos, destruindo nações e relegando muita gente à miséria? Como dominar com mais propriedade as microondas e a luz, na sofisticada expressão da eletrônica, se estamos usando o rádio e a televisão para a discórdia e para o crime? Por esses dois exemplos podemos deduzir que já constitui muita bondade de Deus, o que já foi descoberto, O século em que vamos todos entrar, o início do terceiro milênio, é o século do amor,

67 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

onde todos irão se interessar pela educação dos sentimentos, porque somente o amor sabe dirigir a ciência, para que, unidos, rasguem o véu. Aí poderemos compreender, conquistar e viver a felicidade. O fluído universal toma formas variadas, de conformidade com as circunstâncias e com o ambiente, onde Deus acha conveniente a sua transmutação. A matéria é filha dos fluídos imponderáveis, porém, não se move por si mesma. Inteligências altamente evoluídas asseguram este trabalho divino, na divina expressão do Criador. Nada vive sem Deus. Todos nós obedecemos a sua coordenação. Não existe liberdade total diante do Criador. Ele foi, é e será sempre o nosso motivo de viver. O homem já domina a gravidade, mas, não pode ainda descobrir meios para o isolamento da mesma, segredo que já é de completo domínio dos Espíritos superiores, cujos fenômenos são produzidos pelos santos de todos os tempos, com maior relevância em Jesus Cristo. Ela é relativa, porque fora da sua ação os corpos não têm peso. Segmentos da ciência têm trabalhado com afinco para tornar os homens e objetos invisíveis aos olhos dos próprios homens. Não conseguiram, por lhes faltar amor no coração, por não saberem usar esses meios para o bem da humanidade. Enquanto as criaturas do saber terreno não se empenharem em conhecer a si mesmos, na razão direta da verdade, nada farão por sua própria saúde, por tomarem caminhos obscuros, antinaturais. Se não descobrirem a ação malfeitora do ódio, do orgulho e do egoísmo, como podem avançar desordenadamente nos segredos da natureza exterior para destruição das suas próprias possibilidades de evoluir? A ciência precisa se modificar, porque agora é a vez do amor, no preparo da vida, para que essa vida seja luz nos caminhos dos homens e bênçãos para os Espíritos de Deus.

68 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

30
A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?

“ De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 30)

Formação da Matéria
A formação da matéria perde­se na eternidade do tempo e nos caminhos infinitos do espaço. O homem de bom senso contenta­se com o saber que surge na gradatividade dos seus próprios passos. Às vezes se encontra na Terra, revelações altamente iluminadas, mas somente as encontramos quando estamos preparados em Espírito e em verdade. A verdadeira gênese da matéria, no modo pelo qual pensamos, escapa dos nossos sentidos, falta­lhes algo para os determinados registros da sua formação. No entanto, sabemos de alguma coisa que nos capacita a dizer: a forma vibra em uma baixa frequência. A cadência é demorada para que possa ser vista, como o é palpável, e os laços que a envolvem são de um agente invisível que lhe sustenta e dá vida no estado em que se encontra. Quem pensa e fala que a matéria está morta, não descobriu que também faz parte dos mortos de Espírito. Nada tem a inércia total. A vida palpita em tudo, com grande empenho de expressar o Criador. Tudo que pensarmos ser matéria primitiva, longe está da verdade, ainda estamos no princípio dos estudos sobre ela. Se o macrocosmo é infinito, o microcosmo obedece a mesma lei. A formação da matéria segue leis que orientam a descida da energia divina, na mais perfeita harmonia que podemos pensar. Ao começar a sair do centro de vida do Criador, ela inicia a sua transformação de variadas consequências. A idade da matéria não pode ser contada pelos moldes que conhecemos, no acanhado mundo que vivemos e nas prisões em que se encontram os homens. Estamos caminhando para um conhecimento mais concreto sobre as leis naturais, cujas forças fazem agregar­se elementos e desabrocharem energias sutis, guardadas no seio da própria forma, viajando na sutileza dos ventos, acomodadas nos ambientes suaves das águas e concentradas para despertar as consciências das árvores. O homem pode ficar de posse destes tesouros — maravilhas da natureza — desde que ele abra as portas do entendimento, sem que haja inversão dos próprios valores. Eles, esses tesouros, deverão ser usados na verdadeira acepção da palavra universal! Ainda no seio da família humana vigora a contradição, desde que não apoiemos as ideias de quem as transmite, pois Deus não está sujeito às ordens humanas, nem os Espíritos superiores às leis feitas para nos disciplinarem.

69 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Dás pouco valor à matéria, por viveres dentro dela e desconheceres o que desfrutas das suas qualidades. Ela registra tudo o que fazes, na sua mais íntima estrutura, para dar contas ao Criador. Quando ages em desacordo com as leis naturais, a única pessoa a quem enganas é a ti mesmo. Essa é a realidade, que a própria ciência haverá de afirmar no âmbito da sua evolução como ciência divina. Se queres compreender pela razão as mudanças da matéria, observa uma semente que plantas, acompanhando seu progresso na formação de uma árvore e, em seguida, os frutos. Nas entranhas da mãe, no aproveitamento das energias que nela são armazenadas, gera­se o corpo do filho, o mais perfeito aparelho surgido na Terra. O que fizemos para que isso acontecesse? A transformação da matéria é um milagre, fenômeno esse ainda por desvendar, Os agentes deste acontecimento são Espíritos que aprenderam a amar, estudando o Amor como uma ciência do mais alto valor espiritual. Vamos dar as mãos, inteligências presas na carne e livres em Espírito, para que a escola do amor cresça em todos os rumos e estimule o coração a viver essa virtude incomparável.

70 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

31
Donde se originam as diversas propriedades da matéria?

“ São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 31)

Modificações da Matéria
As diversas propriedades da matéria se originam de um só elemento primitivo, oriundo do seio do Criador. Compete ao homem estudar, analisar, que encontrará a verdade vibrando no centro da própria vida. Jesus já dizia: Batei e abrir­ se­vos­á, buscai e achareis. A quem bate nas portas da verdade, elas se abrirão, e quem a busca pelos estudos sérios, certamente que a encontrará para o seu próprio conforto e enriquecimento espiritual. A matéria primitiva começa a entrar em mutações quando sai do sopro divino. Em cada ambiente, em cada toque das necessidades, essa matéria uma entra em variações, atendendo à vista e embelezando o universo. A lei das mutações opera em tudo e em todos. A própria ciência já conhece essa verdade, pelo átomo com os seus elétrons. A matéria se modifica com as mudanças do cortejo eletrônico que se chama vibração. Assim como Deus é único em toda a criação, a matéria não poderia ser de outra forma, é una, em todos os seus aspectos, correspondendo à segurança da própria vida. A lei estabelecida por Deus é também una, no entanto, ela se diversifica pelas necessidades dos homens e das coisas. A multiplicação é infinita, semelhante ao amor que cresce, de sorte a atingir toda a criação pelos processos do mesmo amor na dinâmica da caridade. É observando matéria e antimatéria, Espírito e corpos espirituais, que se notará a grandeza de Deus e a sua presença em toda parte. Ainda há muitos segredos para serem revelados e os maiores se encontram dentro da própria criatura, esperando que estudemos, e usemos do manancial divino que se acha em nós e a nosso favor. A razão não pode explicar o infinito, mas, pode ter alguma ideia do que possa ser, como, igualmente, o raciocínio não tem capacidade de entender a personalidade de Deus. Sempre encontramos mistérios. Mesmo que desvendemos alguns, existem mais, por ser a evolução uma força natural e permanente em todas as direções da vida. Estamos de posse, encarnados e desencarnados, de mínima parcela daquilo que deveremos saber. As distâncias são imensuráveis, de nós a Deus. Se analisamos a matéria na condição de prece, é nela mesma que poderemos observar o próprio céu, pela beleza da sua magnitude e ordem, na sinfonia universal. A matéria é a presença de Deus, nos levando e nos fazendo entender o seu magnânimo amor, O tempo dar­nos­á noções elevadas sobre a

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Divindade, irradiando sua presença benfeitora na mínima partícula da matéria, até nos mundos que circulam no infinito, nos dizendo: Eu sou o Pai. Vinde a mim todos vós que sofreis.

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32
De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva?

“ Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê­las.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 32)

Substância Primitiva
Avançando no entendimento, necessário se faz que respondamos alguma coisa acerca dos estudos em atenção, no que tange à matéria propriamente dita. Em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o codificador insiste em determinados assuntos, procurando a selva mais profunda dos conhecimentos a que se refere, neste caso, a matéria. É de lógica comum para os estudiosos, principalmente do espiritualismo, que a natureza é um segredo de Deus a expressar a sua própria sabedoria. Desvendar essa natureza requer qualidades que ainda não possuímos; no entanto, não é por isso que deveremos cruzar os braços frente ao saber universal – a revelação nos vem de acordo com a nossa subida. O Espírito da Verdade chamava a matéria primitiva de molécula primitiva, porque os homens daquela época desconheciam o além da molécula, eles respondiam de acordo com o conhecimento humano, para serem entendidos. Quanto mais a ciência se aprofunda, mais se perde no regime das substâncias da molécula. Partiu para o átomo, elétrons, elementos ínteratômicos, e apoderou­se do sentido de que a viagem científica ao microcosmo é verdadeiramente infinita. Onde está a matéria primitiva? Perde­se nas nossas fracas deduções. Confunde­se a matéria com o Espírito, e este com Deus, o Criador de todas as coisas. Se não damos conta de dominar a matéria física, ainda mais o que existe por trás dela, como, por exemplo, os fluídos de onde ela se originou! A escala das substâncias é infinita. A ação de caridade é troca de substâncias que escapam à ciência da Terra, mas que é uma verdade no mundo dos estímulos. A sugestão que os magnetizadores usam e que negam a participação do que não vêem, não impede de circular, por leis universais, as trocas de uns para os outros de forças sutis, de acordo com os sentimentos de quem dá e de quem recebe. Os clarins de Deus tocam pelas bocas dos anjos, a nos dizerem que chegamos no momento de modificarmos os nossos sentimentos, no que se refere à vida. Mudanças e mais mudanças devem se operar, para compreendermos o sentido da verdadeira vida e aprendermos pelo menos a saber perguntar aos luminares da eternidade o que realmente nos faz melhores na escala à qual pertencemos, na grande viagem evolutiva, no despertar dos valores dentro de nós.

73 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

A energia não tem forma determinada, a não ser na sua profundidade que desconhecemos. Ela é orientada por altas inteligências e vai baixando as vibrações. Nessa descida, vai tomando formas que garantem os valores da sua expressão. A sua natureza surge pela vibração, que congrega valores na obediência da lei de atração, formada em um campo de força, na gama das suas combinações elementares. É aí que fornece suas propriedades aos sentidos apropriados dos homens, como, por exemplo, o paladar, os perfumes e os coloridos que tanto nos agradam. Os estudos são fascinantes e nos levam a crer em uma Fonte Suprema que tudo orienta na maior harmonia, e cujo amor escapa a todas as inteligências, porque interpretamos essa virtude singular de acordo com a posição espiritual que já atingimos. O ato de caridade é uma troca de substâncias que escapam à ciência da Terra, mas que é uma verdade no mundo dos estímulos. No caso, por exemplo, dos magnetizadores, além da sugestão que eles usam, movimentam forças sutis, cuja existência muitos negam, por não percebê­las. Essas forças são permutadas, de acordo com os sentimentos de quem dá e recebe. Jesus trouxe uma equação muito simples para a humanidade. A sua capacidade de sintetizar os valores eternos em poucas palavras, como fez no seu Evangelho de vida, é extraordinária. Ela alinhou conhecimentos em todas as escalas da subida espiritual, para que nenhum ficasse sem o conforto da sua assistência, para que ninguém ficasse órfão da bondade de Deus. Antes de pensarmos em conhecer a substância primitiva da matéria, vamos pensar e pedir ao Senhor que nos ensine a perceber o amor primitivo do seu coração para conosco.

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33
A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?

“ Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!”
a) — Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme à intensidade da força e à direção do movimento?

“ É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme à disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco, que pode tornar­se transparente e vice­versa.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 33)

A Força de Deus
Novamente surge o mundo molecular, para fazerem­se entender as questões da forma física e a sua expressão característica. Quando falamos da molécula primitiva, como narra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, é para se entender a matéria primitiva indivisível, e não a molécula divisível conhecida pelos homens. É necessário que nos reportemos à linguagem antiga, para melhor entendimento dos assuntos ventilados. É de bom alvitre que percebamos a força de Deus em tudo o que existe e vive. A energia primitiva que circula em todo o universo toma formas variadas, de acordo com a vontade divina. Já começa a modificar­se ao desprender da forma geradora, e os Espíritos do Senhor, conhecedores da ciência eterna, trabalham em todas as operações de alta e baixa vibração da molécula primitiva, para que esta obedeça a todas as mutações que correspondem à vontade dominante, no grande laboratório da natureza. Essa energia que recebe vários nomes ao aparecer nas telas dos conhecimentos humanos e espirituais, não muda nada por isso, é a mesma essência, sustentáculo da própria vida. No Oriente, os chineses a chamam de força Ki e os indianos de Prana, no Ocidente é conhecida por Éter Cósmico e pelos espiritualistas, como Hálito Divino, e assim sucessivamente, mas ela continua sendo o mesmo elemento primitivo, dirigido por Deus em toda a sua casa maior. Esse elemento, ao ser atraído pelo Espírito superior, mesmo encarnado, toma a forma e o caráter que os seus sentimentos lhe emprestam para determinada função, marcada pela sua compreensão. Buscar mentalmente essa energia requer sabedoria. Familiarizar­se com essa energia divina é uma grande responsabilidade, porque ela pode nos servir para a

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tranquilidade da consciência, bem como marcar em nossos caminhos duras provas, eis porque devemos usá­la na mais completa harmonia com Jesus Cristo. O Espírito superior responde a Allan Kardec, “que tudo está em tudo”. Ele sintetizou a mais profunda sabedoria nesta curta frase. As diferenças estão nas mutações operadas pela vontade, ambiente e vibrações, sendo o mesmo alicerce primitivo, que denominamos força de Deus. Não existe erro na esquematização do Senhor. A harmonia é a tônica da vida. Quando descobrimos os caminhos dessa serenidade, respeitando todas as leis de Deus, desaparecem dos nossos roteiros os problemas, os infortúnios e as dores, e começamos a andar com pés firmes dentro do paraíso, onde a paz e a felicidade formam o clima comum de todos os seus habitantes. Recebemos sempre o que merecemos. Quem reconhece a bondade de Deus não desconhece esta máxima. É bom e racional que devamos fazer por merecer as bênçãos do Senhor, ou então, que assimilemos essas bênçãos que caem sobre os homens como os raios do sol, dependendo de cada criatura aproveitá­las, na qualidade de estudante da verdade. Se queremos entender a força de Deus e o movimento dela oriundo, que dá todas as características às moléculas primitivas ao se comporem e desfazerem em formas infinitas na grande sequência eterna, que desperta a luz em tudo que existe e se move dentro da Criação, voltemos os olhos e o coração à escola do Cristo. Sem ela, dificilmente entenderemos os nossos deveres para que possamos cooperar, mesmo dentro dos nossos limitados recursos. Se ainda sentimos dificuldade em perdoar o nosso irmão, que porventura nos ofende, se ainda alimentamos o orgulho e o egoísmo há milênios, em nossos corações, se ainda desconhecemos os valores da caridade e do amor a Deus e ao próximo, como conhecer os segredos profundos da natureza e de Deus? Beijemos a Terra com gratidão e humildade, pelo que ela tem feito por nós, para depois elevarmos os olhos aos céus, cantando louvores na orquestração vivencial e neste ambiente de luz, a consciência nos facilitará meios de dialogar com a Inteligência superior.

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34
As moléculas têm forma determinada?

“ Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá­la.” a) —Essa forma é constante ou variável? “ Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 34)

Forma Molecular
Ainda focalizaremos o elemento primitivo. A matéria primitiva, devemos dizer novamente, está longe das análises humanas. Escapa aos aparelhos físicos porque se encontra configurada em dimensões diferentes das de ordem material. O elemento primitivo pulsa na dimensão espiritual do Espírito, como fluído sutil. Ele foge mesmo às vistas dos Espíritos, a não ser daqueles que se encontram em alta escala, como sendo Espíritos perfeitos. Deus, pelo seu atributo divino, a inteligência, coloca nas mãos de cada criatura, somente o que pode suportar, e esconde o que ela ainda não pode ver, para o bem e a felicidade de todos os seus filhos. A humanidade se encontra num fechamento de ciclo evolutivo, onde a terapia da dor não pode faltar. Somente ela desperta nos corações os mais profundos sentimentos de fraternidade, no entanto, pode ser aliviada. A moderação das catástrofes já se encontra nas cogitações do Mestre, desde quando os homens empreendam o esforço próprio em todos os rumos do aprimoramento espiritual. As religiões estão surgindo no mundo, por vezes com divisões para atender a todos, na qualidade de socorro espiritual. A política se afoga em um mar de sangue, usando a própria ciência que deverá ser pacífica e benfeitora, para o morticínio devastador. Esperamos que o entendimento surja, porque mesmo a custo exorbitante ele virá. Enquanto isso, trabalhemos, e para tanto chamamos a atenção dos espiritualistas de todo o mundo, para que dêem serviço às mãos na caridade, e que isso seja na sua expressão verdadeira de amor. Antes de acender a luz no mundo exterior, erro de todos os aprendizes do Evangelho, despertemos essa chama divina dentro do coração. De outra forma não conheceremos a paz. A ciência é uma divisão da sabedoria muito elevada, da qual todos precisamos; todavia, ela, sem amor, nada conseguirá de bom. Sem o amor ela se perderá em emaranhados de difícil recuperação. A pergunta em pauta é se as

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moléculas têm forma. No sentido determinado dessa partícula, pelos homens descoberta e batizada como molécula, a sua forma é transitória. O elemento primitivo que vibra no seio da natureza, não constatado pelo homem, tem forma determinada imutável, por ser uma energia pulsante como elemento além da luz, como sendo a fonte desta. A molécula física secundária, que é formada de aglomerações da primitiva, como podemos dizer, acúmulos atômicos, se reúnem por afinidade, na formação das segundas e por determinação dos agentes altamente inteligentes da criação. Esses elementos fazem e desfazem de acordo com as necessidades do ambiente, das coisas, dos homens, e mesmo dos Espíritos em serviço na grande casa de Deus. A inteligência com Jesus nos convida a estudarmos a ciência dos pensamentos das aglomerações de ideias que a nossa mente pode reunir no serviço da caridade. Cada pensamento é uma molécula secundária ao nosso dispor, formada por bilhões de outras, obedientes ao nosso comando. Quando essa formação existir nas bases do amor, receberemos de volta suas próprias vibrações, na compensação dos nossos valores. Conhecer a composição das formas materiais não irá nos salvar dos infortúnios que os descuidos geraram. A tranquilidade imperturbável surge na fonte do amor e da caridade, está na educação íntima das criaturas de Deus. As trevas estão cheias de inteligências e cientistas de renome, sofrendo as consequências das suas invigilãncias acerca da ciência mal aplicada e do desenvolvimento mental mal dirigido. Mas não existe um sequer, preso nas correntes inferiores, porque amou, porque fez caridade e porque usou o bom senso na sua perfeita educação espiritual. Devemos conhecer, em primeiro lugar, a forma molecular do amor, pois é ele que nos garante a paz de consciência.

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35
O Espaço universal é infinito ou limitado?

“ Infinito. Supõe­no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isto te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis compreendê­lo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 35)

Segredo do Espaço
Em todos os lugares da criação de Deus existem segredos. O segredo é a chama da esperança e nos dá um motivo para trabalhar, esperando o melhor e as mudanças, para a nossa felicidade. Quantos perguntam se o espaço é infinito, ou se é limitado, e qual a resposta mais inteligente? Certamente é dizer que o espaço é infinito, caso contrário a pergunta seguinte será mais difícil: — “e depois do limite, o que existe”? Falando que é infinito, cessam as interrogações acerca da extensão do espaço, porque a mente humana não e capaz, mesmo com a razão mais apurada que seja, de perceber o que é o infinito. Falta­lhe sentido para tal reconhecimento, valor esse muito comum nas regiões superiores onde residem os Espíritos puros, formando a Grande Fraternidade a serviço do bem comum. A humanidade vive em uma pequena terra que, em comparação com a vastidão infinita, nem existe, pelo tamanho que pode apresentar diante da criação de Deus. Em torno dela circula uma matéria mais ou menos rarefeita, denominada ar, que caminha com o planeta por onde quer que ele vá, ajudando na sustentação da vida no ambiente em que permanece. Esse ar é mais grosseiro, é mais físico, na medida que se aproxima mais da Terra, em grandes alturas ele é mais sutil, mais apurado na sua estrutura. Ele, como é matéria, está preso pela lei da gravidade, como que entrelaçado entre energia solar e raios de luz que as estrelas despejam em todas as direções. E o espaço entre os mundos, onde não existe ar, está vazio? Não, não existe vazio na criação. O Éter Cósmico interpenetra tudo como agente da vida, levando a mensagem de Deus em todos os rumos. Por ele é que se cumprem todas as leis, onde se expressa a vontade do Soberano. Dá para deduzir que, se nós podemos constatar a matéria invisível na sua dinâmica de purificação, qual é a inteligência que tudo isso organizou? Se os maiores cientistas do mundo percebem uma mecânica universal perfeita em todos os rumos, foi alguém que a estruturou, pela feição inteligente da criação da natureza!... Como negar a intervenção de uma sabedoria maior atrás de tudo que existe? E se existe Deus, nós também existimos, e é isso que tentamos explicar e levar os homens a compreender: a necessidade do intercâmbio entre os Espíritos desencarnados e os

79 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

encarnados, para que os segredos, ou alguns deles, sejam desvendados, e, neste rasgar do véu de Ísis, quanto conforto não aparecerá na filosofia para o bem­estar das criaturas? Eis a missão da Doutrina dos Espíritos que, cada vez mais, cresce no mundo das formas, induzindo os homens à modificação interior, à vivência dos preceitos ensinados e vividos por Jesus. Se o espaço é infinito, tudo é infinito. O grande e o pequeno têm os mesmos valores. E se nós disséssemos que o grande e o pequeno são do mesmo tamanho? Isso confunde de certa forma, as ideias dos homens, levando­os a pensar, pelo menos dentro do limite que a razão alcança. Se não há nem baixo, nem alto, as distâncias se confundem com o perto e o longe, e tudo que dizemos ser o mal, é o bem que se aproxima da criatura. Por enquanto, estamos vivendo em um mundo relativo, para depois entrarmos na vida eterna, na vida absoluta. Desejamos às criaturas que nos ouvem, que despertem os valores, como luzes para os próprios caminhos. E que seja a fé a semente divina a nos levar para o maior entendimento das coisas necessárias, Os segredos de Deus são igualmente infinitos, e pela nossa vontade e esforço eles irão desabrochando diante de nós, em sequências intermináveis.

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36
O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço universal?

“ Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 36)

O Vácuo Não Existe
O nada, a própria palavra o indica, não existe. O que chamamos de vácuo é, pois onde falta o ar que tanto conhecemos, bafejando a velha Terra que habitamos, servindo para manter a vida na carne. Toda a criação é tomada pelo Éter Cósmico, que não obedece à química ou física humana, nem tão pouco à máquina de sucção, com que queiram retirá­lo do seu campo. Subordinado somente à vontade de Deus, não se submete a qualquer outra. E se pudéssemos retirá­lo do ambiente em que vibra, certamente alguém perguntaria: o que ficaria depois disso? É segredo de Deus ainda não desvendável, que não iria em nada melhorar os homens, se estes pudessem conhecê­lo. Conhecerás gradativamente, essa é a lei da evolução que nos cabe respeitar e agradecer a Deus. Essa impetuosidade do ser humano, de querer saber o que lhe escapa aos sentidos, é comum, na faixa evolutiva em que se encontra a humanidade. As necessidades de conhecimento exato daquilo de que se precisa são esquecidas, talvez por conveniência, levando a conhecer a si mesmo, estudar suas próprias reações diante dos acontecimentos, livrar­se da persistência em coisas em que não se deverá insistir e do condicionamento de ideias inferiores. Como conhecer as coisas mais profundas, se ainda há guerra em quase todo o mundo, por simples pedaços de terra, por se sentirem feridos no orgulho, ou por outros povos aceitarem ideologias diferentes? Por que procurar a liberdade, sentindo obrigação política de tolher a dos outros, usando a força e a opressão? A política do futuro será o Socialismo Cristão, e não o carrancismo engendrado no orgulho, mancomunado com o egoísmo. O Cristo nos trouxe a melhor reforma, com uma constituição universal em um punhado de palavras simples, na profundidade do amor: o Evangelho, elo que poderá unir todos os povos, para que surja um só pastor e um só rebanho. Sabemos somente de um lugar onde existe o vácuo: é onde não existe amor, é onde faltam a caridade, a justiça e o perdão. A humanidade permanece em desgaste em todo o mundo, por faltar­lhe o desprendimento. O egoísmo empana nos corações todos os sentimentos de fraternidade, e a alma fica sufocada sem poder respirar a esperança e sentir a luz do futuro promissor. O que parece vazio para os

81 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

homens de ciência, ao extraírem o ar, está ocupado por fluídos altamente sensíveis, capazes de registrar até os pensamentos com nitidez absoluta, e ainda gravar todos os sons e imagens emitidos, e o mais interessante é que o poder do Espírito é tão grande, que igualmente consegue fazer na consciência, a operação que se processa nesse Éter. Na consciência profunda estão registrados todos os atos da alma, de todas as suas vidas e, ainda mais, de todas as leis espirituais que garantem a criação divina, existindo ali, em perfeita harmonia, a presença do Criador. Este é, sobretudo um segredo sobre o qual devemos pensar, estudar e orar, para que possamos perceber alguma coisa nesse sentido maior e dar início a nossa própria educação espiritual, aquela parte que Deus nos outorgou fazer. Convidamos os homens a aumentarem a cota de amor nos corações, a da disciplina na mente e a da fraternidade nos sentimentos, cotas essas que não se podem comprar nos supermercados, não são produzidas por máquinas, mesmo as mais sofisticadas, nem são doadas por outros homens. Esse tesouro de luz é despertado em cada coração, na luz do entendimento e do esforço próprio da claridade de cada dia. Se continuarmos no vácuo da indiferença, no que tange a essas verdades espirituais, vamos ser considerados mortos diante da vida, até que decidamos despertar para ela, pela própria vontade, na vontade de Deus.

82 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

37
O Universo foi criado, ou existe de toda a eternidade, como Deus?

“ É fora de dúvida que ele não pode ter­se feito a si mesmo. Se existisse, como Deus, de toda a eternidade, não seria obra de Deus.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 37)

Deus e o Universo
O termo DEUS é a partida para todos os assuntos, é a gênese de todo existir, e o universo é o seu trabalho, é o seu “corpo ciclópico” que fala para todos nós, mais de perto, da grandeza do Criador. Deus é uma causa invisível, mas real. Constatamos sua existência pela sua criação visível, com o que apalpamos e enxergamos. Crer em Deus é função da inteligência. A própria ciência já não pode andar mais sem a convicção da existência de uma força superior que conduz e sustenta todos, na maior expressão que se pode ser, O que a história universal nos oferece está fora dos limites da percepção comum dos homens, os segredos, a ciência, a filosofia e a religião que se constatam no saber são sobremaneira avançados no sistema que a sabedoria nos expõe para que possamos entender, ou começar a entender, os primeiros passos da grandeza universal. É tão amplo o campo de conhecimento na Terra, que está para nascer nela um homem que conheça todas as coisas em um só conjunto de sistema doutrinário. As divisões existentes em tudo o que se sabe, são para facilitar a compreensão de tudo que se quer aprender. É neste sentido que a medicina, o direito, a mecânica, a religião e a própria cultura se dividem em variadas especialidades. Tudo se divide para ser melhor compreendido e disseminado e para entendermos melhor. Se enchêssemos um saco de letras do alfabeto, nunca entenderíamos o seu grande objetivo, ao passo que se as ordenarmos com inteligência, divididas na harmonia que a mente determina, compreenderemos a sua incomparável missão de instruir as criaturas. Deus dividiu o seu saber pelas leis que determinou, e fez nascer o universo. Homem algum é capaz de alcançar, e mesmo sentir, o que é a grandeza da vida universal. Mesmo da Terra, em que estagia, a mente humana não tem condições para sentir a sua extensão, visualizando as águas, os mares, as matas, as árvores, o ar, a luz, as trevas, o fogo, os minerais, os animais e eles próprios, cada um com o seu dever específico de acordo com a sua missão e os seus limites. Para tanto, os mesmos homens criaram as leis, e na intuição fizeram uma cópia das leis naturais, não tão perfeitas quanto elas, por não suportarem sua harmonia, mas nessa cópia, é que poderão viver mais ou menos em paz na Terra que habitam por misericórdia de Deus.

83 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

O universo não é Deus, no modo que muitos pensam ser. Ele está ligado ao Criador por fios que desconhecemos, por enquanto, porém é obra das suas mãos, na ternura do seu magnânimo coração. Deus fez tudo em perfeita harmonia, por ter em evidência o atributo do Amor. É bom que comparemos as coisas da Terra, no sentido de compreendermos a separação do Criador com as coisas criadas, separação no sentido de entendermos que uma não pode ser a mesma coisa que a outra. Se no planeta em que vivemos não existissem homens inteligentes, estaria tudo dentro do padrão primitivo, mas, como existem há milênios, os seres capacitados de razão, encontramos grandes obras que revelam os criadores, porque, por si só elas não se fazem. Essa é a equação que devemos dominar, para reconhecer a existência de um Criador fora da criação, com a sua personalidade diferente, com a sua existência própria, a fazer leis, a construir mundos e sóis, estrelas, galáxias e universos sem conta, que fogem à capacidade humana e mesmo às espirituais. A mente do homem é insignificante, em comparação com a mente divina, mas pode tornar­se gigante, se ela for obediente aos preceitos organizados pela fonte criadora. E, ainda mais, se o universo existisse de toda a eternidade, como Deus, não poderia ser obra sua. E se ele está submetido às leis, ele não tem vontade própria qual Deus, é uma mecânica dirigida por uma sabedoria, e esta é esse Deus de que falamos e que todos sentem na profundeza da consciência.

84 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

38
Como criou Deus o Universo?

“ Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela Sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese – ‘Deus disse: Faça­se a luz e a luz foi feita.’ ”.
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 38)

Criação do Universo
O princípio da criação perde­se na noite da eternidade. Os sentidos humanos, senão os espirituais, não alcançam as respostas que as coisas podem dar, pelo estado de desintegração, por lhes faltarem as qualidades no registro mais profundo, da essência mais sutil que tudo gravou desde o amanhecer da vida. As coisas, desde os átomos até os acúmulos de galáxias, fazem­se e desfazem­se pela vontade divina, em uma ação contínua, sem que haja princípio nem fim nas deliberações humanas. Os números dominados pela inteligência humana são fracos para essa contagem de ordem transcendental, que somente opera nas linhas dos segredos de Deus. Se queres saber como Deus criou o Universo, terás de estudar a existência da própria criação e, enquanto isso não ocorre, deves contentar­te com a inspiração de Moisés, na Gênese, que ainda vigora até o presente momento: Faça­se a luz! E a luz foi feita. Gênese capítulo 1º, versículo 13. É muita pretensão dos homens, mesmo dos que transitam na ciência, quererem compreender os detalhes do modo que usou a Divindade, para que tudo surgisse na extensão infinita da vida. Ainda estamos, homens e Espíritos que viajamos com a Terra em torno do Sol, nos primeiros degraus do entendimento espiritual, em relação a tamanha profundidade de conhecer determinados arcanos da Luz. Para compararmos com o entendimento humano e sermos compreendidos com maior facilidade, diremos que Deus criou tudo o que se pode ver e o invisível, pela sua magnânima vontade e poderosa mente, capaz de tudo fazer pelo seu querer. No entanto, essa maneira de expressar diminui o Criador, nivelando­O com os homens. Dentro dos homens escondem­se poderes sobremodo grandiosos, dependendo de determinado desenvolvimento, que se processa pelas mãos do tempo e do esforço próprio, para aquisição do Amor. Onde falta o Amor, estende­se a agenesia, desencadeando a morte, sem a esperança que de novo surja a vida, a não ser quando volta o cultivo da benevolência nos rastros da caridade. Para que entendamos melhor, observemos: se Deus é Amor, nada poderá surgir sem ele, porque não pode haver criação sem amor; portanto, somos filhos do Amor em todos os rumos da vida, dentro da eternidade.

85 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Só podemos dizer que o físico é a condensação da antimatéria, espalhada em estados diferentes pela vastidão infinita da criação. São fluídos, no linguajar espiritualista, que obedecem ao comando divino, para a divina formação das diversas moradas da casa do Pai. Esses fluídos já são composições de outros mais sutis, que podem se perder nas nossas fracas deduções, e precisar as datas das coisas criadas ainda não temos condições, por nos faltarem meios que nos possam dar, pelo menos, certas diretrizes. A Terra em que moras, onde pisas com firmeza e onde os próprios aparelhos estão assentados, podes estudá­la examinando­a a olho nu, e até usando sistemas sofisticados que a ciência pode produzir e, ainda assim, não constatarás com precisão a sua idade. Já várias idades lhe foram atribuídas sem que pudessem acertar, como querer saber a idade do universo? E se alguém afirmar que ele não tem idade? A matemática espiritual confunde os homens, para levá­los a aceitar os primeiros passos da senda, sem os caprichos da vaidade humana, de tudo saber e querer explicar sem o entendimento preciso. Se o universo foi formado, conforme o entendimento humano, pelo amor, o nosso maior dever é procurar estudar esse amor, nas linhas da sua pureza, para que comecemos, senão criar, ao menos ajudar na criação do bem na Terra.

86 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

39
Poderemos conhecer o modo de formação dos mundos?

“ Tudo o que a esse respeito se pode dizer e podeis compreender é que os mundos se formam pela condensação da matéria disseminada no Espaço.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 39)

Formação dos Mundos
É tamanho o interesse dos homens de ciência em saber quando se deu a formação da Terra e de outros mundos que bailam no espaço cósmico, que lutam com todas as possibilidades que possuem, através da matemática científica, da astronomia e do raciocínio ilustrado na mais profunda lógica humana. Dentro da ciência da natureza, estão extraviados, perdendo­se, muitas vezes, nas falsas somas de séculos e bilhões de anos, na contagem do tempo de formação da própria casa em que moram. Cálculos e mais cálculos já foram feitos, e sempre são ultrapassados por outros mais novos, e por máquinas mais sofisticadas... O LIVRO DOS ESPÍRITOS nos diz que os parcos conhecimentos humanos estão longe das deduções acertadas, no domínio das idades dos mundos, que se perdem na noite da eternidade. Somente o Amor tem a capacidade da medição cósmica, dentro dos padrões universais computados por Deus e estendidos na vastidão infinita da sua criação. Alguém, interessado pela ciência há pouco tempo, bate a mão num bloco de pedra, confabulando consigo mesmo: “isso que toco com a mão e que posso ver sem aparelhos é pura energia concentrada, por um poder que desconheço” Certamente que é, todos os corpos materiais se condensaram. Antes foram fluídos imponderáveis e, por vários processos esses fluídos tornaram­se sólidos, principalmente em se falando dos mundos e sóis que habitam o espaço. O tempo determinado, calculado por medição é que por agora escapa a razão, mesmo munida de aparelhos dos quais é portadora. A energia disseminada por todo o universo se aglomera, não pelo acaso, que não existe. Os fluídos cósmicos são dominados pelos engenheiros siderais e esse éter é obediente às mentes destes grandes Espíritos, fazendo a princípio um campo de força, e depois, a concentração por atração magnética, de modo a formar a aglomeração de acordo com a vontade espiritual. Certamente que não fica somente nisto. E uma ciência de variações proporcionais ao que se vai fazer, mas tudo é feito pela determinação divina. Nada se faz ou se forma, sem que Deus determine, sem a sua participação engenhosa e justa.

87 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Estamos longe de saber todos os pormenores da engenharia da criação, o esquema para surgimento, por exemplo, de um Sol com sua família planetária. Deus conta, na co­criação, com a participação de Espíritos altamente evoluídos que trabalham na fundição e refundição de fluídos para que, com o tempo de bilhões e bilhões de anos, na mais perfeita harmonia, numa cadência que somente os anjos compreendem, vai se formando na tela cósmica do espaço um simples sistema solar para que sirva de moradia e escola da mais alta segurança espiritual. São recambiados então, bilhões de almas de variados lugares, mais ou menos em sintonia, para uma determinada morada, que sempre é um ato de misericórdia. Como já sabemos, os mundos se formam por condensação de fluídos altamente sensíveis. Eles são comandados, novamente afirmamos, por luminares siderais; entretanto, o mais interessante é a educação das criaturas, que são as mesmas almas revestidas de vários corpos, para alcançar o despertamento espiritual e que podem igualmente ajudar no preparo da retaguarda. Os problemas, as dores e todos os tipos de infortúnios ocorrem por falta de educação, por desrespeito às leis espirituais. Quando todos reconhecermos as necessidades de harmonia em nossos passos, fazer­se­á luz em nossos corações e tudo se tornará em paz, dando­se a formação de todas as coisas, na mais perfeita harmonia, e é neste sentido que os mundos e toda a mecânica universal, se encontram em perfeita ordem e justa sintonia com o Criador. É claro que para trabalhar na formação dos mundos é necessário sabedoria, no entanto, não pode faltar a ciência do Amor.

88 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

40
Serão os cometas, como agora se pensa, um começo de condensação da matéria, mundos em via de formação?

“ Isso está certo; absurdo, porém, é acreditar­se na influência deles. Refiro­me à influência que vulgarmente lhes atribuem, porquanto todos os corpos celestes influem de algum modo em certos fenômenos físicos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 40)

Viajantes Siderais
Tudo que existe tem objetivos na área do seu domínio. A ignorância é que desmerece os valores que correspondem ao objeto, na sua valiosa missão de ajudar, mesmo que seja no silêncio da própria vida. Aos cometas, a que aqui nos referimos como viajantes siderais, foi dado um trabalho no roteiro que lhes cabe passar, de purificação da matéria. Isso é feito em cadeia, deles desprendem algo em sequência, por onde andam, para que o próprio fluído, que se estende ao infinito, se transforme e se alinhe, retornando às posições desejadas pelos engenheiros siderais, em plena coerência com a vontade maior, na formação, quando necessária, das genes das próprias galáxias. Os semelhantes atraem semelhantes, é uma lei universal. Quando se dá o primeiro toque, pela vontade divina, o resto se faz na vigilância dos Espíritos luminares, mas sob a lei dos iguais. E quando a vida de um cometa chega ao término, ele é induzido, se podemos usar esse termo, para os buracos negros, caldeirões cósmicos de reformulação da matéria. E o nada se perde, na expressão divina da verdade espiritual. Há muitos que sempre perguntam a respeito da influência dos astros sobre todas as coisas e nós entendemos que nesta hora deveremos falar alguma coisa que estiver ao nosso alcance. Certamente que todos nós não escapamos das influências astrais, e é neste sentido que Jesus nos falou com propriedade nestes termos: Conhecereis a verdade e ela vos libertará. O Espírito altamente evoluído influencia os astros e não é influenciado por eles, comanda os astros e não é comandado por eles, domina os astros e não é dominado por eles. Essa é a verdade; todavia o magnetismo astral desprendido dos corpos celestes tem o seu quinhão de domínio em todos os reinos da natureza, até o homem, se esse ainda não tiver condições de se libertar pela verdade. Vejamos: quando um cometa se aproxima da Terra, causa muitos desastres ecológicos na lavoura e pecuária. Às vezes desprende um magnetismo inferior por onde passa, atingindo os meridianos terrenos, de sorte a perturbar o equilíbrio da vida, O organismo humano, igualmente, é afetado por esse viajante sideral, porque o

89 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

corpo humano é semelhante à Terra, como se fosse uma sua miniatura. O Espírito conhecedor destas leis, mesmo encarnado, se defende por métodos inúmeros, a sua própria conduta formará um campo de força de defesa em torno de si, queimando esses resíduos astrais pela força do amor em cadência, criando como que uma área viva de amparo em seu redor. A caridade é um dos meios que nos ajuda a nos proteger destes inimigos astrais. Também os cometas são chupões da poluição magnética: descarregam a atmosfera do planeta situado em sua rota. Estes corpos celestes não vêm somente com uma função: como não nascemos na Terra somente para procriarmos, nem somente para nos alimentarmos, somos marcados pela lei para uma infinidade de coisas úteis, objetivando o aprimoramento espiritual, o despertamento para Deus. Não estamos querendo esmorecer quem estuda os astros, certamente que não. Todo estudo é nobre, desde quando tenhamos nobreza de sentimentos. A verdade está em tudo palpitando, dependendo da sinceridade de cada criatura, em se buscando o que lhe serve para aproximação da felicidade. Mas, é bom que não nos esqueçamos do estudo das leis espirituais, de procurarmos o Espírito e a verdade, na condição de filhos de Deus, que o Senhor dar­nos­á a chave, para que possamos abrir as portas do saber e do amor. Que possamos, no amanhã, ser viajantes siderais, mas somente fazendo o bem, com as marcas da eternidade.

90 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

41
Pode um mundo completamente formado desaparecer e disseminar­se de novo no Espaço a matéria que o compõe? “ Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 41)

Renovação
Tudo o que existe renova­se no turbilhão esquemático do Criador. Tudo para o qual foi estabelecido um princípio, sob as leis que regem a matéria, tem certamente um fim, na regência das mesmas leis. Entretanto, no que tange ao Espírito, isso foge às nossas deduções, por não alcançarem elas o princípio desta lei e ser movido o Espírito por outras que lhe sustentam a vida, na vida de Deus. Querer buscar os primórdios da alma é querer se fazer entendido naquilo que não entendeu o suficiente, explicar o inexplicável e falar o que escapa à nossa razão. Se ainda estamos começando a estudar matéria, como falar do Espírito, da maneira que a vaidade especula? Constitui isso uma grande viagem, que apenas estamos iniciando. Deus nada esconde de seus filhos, porém, nós outros é que não temos capacidade de entendimento, para compreender o que se encontra mais distante. Compete a nós avançar para sentir a verdade. Nada se desfaz. As coisas se renovam e a renovação é o desfazer daquilo que foi feito. O envelhecimento é lei por toda parte, e o que não envelhece não pode morrer, O Espírito quando evoluído, quanto mais velho, mais novo fica e esplende uma eterna juventude por dentro, as suas modificações não são propriamente renovações, mas despertamento dos valores que dormem em seu coração espiritual, cuja gênese e destino desconhecemos. Somente somos conscientes de que em cada passo que dermos, estaremos mais próximos da felicidade. Não que esse bem­estar universal esteja longe de nós: nós é que nos fazemos distantes dele, pela nossa incapacidade. Tudo se encontra ao alcance das nossas mãos, dependendo apenas de conhecermos as vias do amor. A matéria, quanto mais velha — velha da forma que tomou — mais se aproxima da desintegração. O Espírito, quanto mais velho — velho de despertamento —mais se integra na juventude, e a sua consciência avança para o infinito. A evolução da alma é, pois, sem limites, transcendendo os limites que os homens compreendem. “Deus renova o mundo, como renova os seres vivos” respondem os Espíritos a Allan Kardec. A renovação dos seres vivos, na linguagem dos Espíritos, são as mudanças de corpos para o despertar da morada que vibra no seio da matéria.

91 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Não que ela se desfaça como a forma física, retornando à energia no grande suprimento, sem a consciência no estado de ser. A chama divina que anima a matéria, em qualquer posição evolutiva, sempre cresce. Crescimento que falamos é despertamento dos valores depositados por Deus, no coração daquilo que vive para sempre, no seio divino. É bom que sejamos conscientes de que nada se acaba. Não existe morte, nem para a própria matéria, ela também tem sua ascensão, de escala a escala, e é infinita a sua purificação. A sua evolução, se assim podemos dizer, é feita sob os cuidados dos luminares da eternidade, na vigilância de Deus. Se queres saber do princípio de tudo que existe, mesmo da matéria que podes sentir e tocar, usar e mover para o teu bem­estar, ouve: quanto mais avançares no estudo e nas deduções, quanto mais a razão ampliar as tuas normas de conhecimento, chegarás ao ponto de declarar que quanto mais sabes, mais descobres que nada sabes da genealogia dos segredos do Criador. Os homens, mesmo os mais entendidos são, em relação à Inteligência Superior, menos do que a matéria em relação ao Espírito: estão dormindo em cima do livro do saber, sendo analfabetos. Não sabem nem ler nem compreender as lições escritas por Deus, nas páginas da natureza. Se queres compreender as mudanças e transformações de tudo e o despertamento do Espírito, o porquê, necessário se faz amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, esse é o princípio de toda a sabedoria humana e divina. Se não te interessares pelo amor, continuarás no centro da renovação universal e do despertar interior, pelas consequências do tempo e do espaço, até que a voz da vida dentro de ti, grite pelos canais da dor, o “basta” ao esquecimento das leis. Então, passarás a entender pelo sofrimento, pela leitura dinâmica da vida começarás a ter o maior respeito e a melhor vivência com a harmonia, por encontrares as sendas do amor verdadeiro pelo agente da agressão.

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42
Poder­se­á conhecer o tempo que dura a formação dos mundos: da Terra, por exemplo?

“ Nada te posso dizer a respeito, porque só o Criador o sabe e bem louco será quem pretenda sabê­lo, ou conhecer que número de séculos dura essa formação.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 42)

Idade dos Mundos
Não podes fazer avaliação daquilo que foge aos teus sentidos. Podes sim, contornar os valores e perceber a grandeza da criação de Deus, como estímulo para novos entendimentos. As portas são infinitas, como infinitos são os mundos. Entra por alguma, que estarás andando nos caminhos do saber, e a luz do entendimento despertará o teu coração. Circunstanciar as coisas é nosso dever, desde quando não passemos dos limites traçados pela nossa evolução. A sabedoria vem de uma semente que Deus colocou em nossa consciência, que o tempo faz florescer. Bater às portas, estimulados pelo progresso, é o nosso dever, porém, abri­ las, compete a Deus, que nos dirige e sustenta todos. Quando queremos saber o indecifrável, surgirá uma trégua para que possamos pensar, porque a meditação colocar­nos­á na medida de compreendermos até onde podemos especular os segredos da divindade. É para tanto que queremos falar sobre as possibilidades dos conhecimentos, até onde eles poderão auxiliar no serviço do bem. A verdade que não suportamos poderá estragar nosso ânimo e desviar o nosso roteiro dos conhecimentos mais puros sobre todas as coisas. É como nos diz Paulo de Tarso, quando se refere às crianças espirituais: “Quando eu era criança, tomava alimento de criança, quando passei a adulto, mudei de alimento”. O alimento da verdade segue esse mesmo trajeto. O Espírito, quando está preparado, recebe uma verdade mais pura, por suportar essa verdade. A idade da formação dos mundos se encontra distante do entendimento humano, porque foge ao tempo e ao espaço, escapa à matemática terrestre e alcança as equações espirituais, na simplicidade pura, dentro da conjuntura divina. Os homens formaram uma microcontagem, porque a sua vida gira dentro de acanhadas condições em que eles suportam viver. Esses acanhados recursos não poderão atingir os valores maiores, circunscritos à Criação Maior. Todos já sabem que as formas são aglomerações de energias, e que a energia disseminada no espaço é de segregação da matéria — são como que os dois tempos de respiração da Divindade, tempo esse incontável e inconcebível pelos

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processos humanos. Todos os cálculos são falhos, porque com o tempo são renovados. É o mesmo caso das teorias que a prática sempre desmente. No entanto, são caminhos que deves percorrer, que assinalam uma necessidade de aprendizado, um princípio do saber que Deus favorece aos homens, no alvorecer do despertamento espiritual. Para que saber as idades dos mundos, se ainda não descobrimos a idade do ódio, gerado no coração do ignorante? Para que saber do tempo que passou para se formar a própria Terra, se ainda não compreendemos como nasceu o ciúme, o egoísmo e a vaidade nos nossos próprios caminhos? Lutemos primeiro contra essas distorções da personalidade, gastemos o tempo que for preciso na desintegração destes inconvenientes, comecemos a formar os mundos do bem em nossos corações e a contar o tempo para que o homem do amanhã entenda a idade do amor, para o despertamento das almas. Na faixa evolutiva da humanidade, pouco se pode dizer sobre certas verdades, pelo condicionamento de regras estabelecidas no passado, na mente coletiva, que ainda hoje vigora na literatura e na educação de todos os povos, O que temos a dizer com muita frequência é o que foi dito por Jesus. O Evangelho mostra toda a ciência e filosofia que nos liberta, é passando por ele que visualizamos as alturas que nos compete atingir.

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43
Quando começou a Terra a ser povoada?

“ No começo tudo era caos; os elementos estavam em confusão. Pouco a pouco cada coisa tomou o seu lugar. Apareceram então os seres vivos apropriados ao estado do globo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 43)

Os Seres Vivos
Os planetas do sistema solar são filhos do grande astro, e é por essa afinidade que circulam em torno de sua gênese, por vínculos à harmonia de onde vieram que, na profundidade da palavra é Amor. A Terra, nos seus primórdios, era como que uma luz líquida a se solidificar, assegurada por fios invisíveis que se chamam gravidade. A temperatura elevada vem comprovar de onde ela veio, e ainda resta no centro do planeta algo da fonte geradora, expelida para a superfície por alguns dos vulcões ainda existentes em vários pontos do mundo. O germe da vida foi colocado por Deus em toda a sua formação, que passou a dormir no seu berço, esperando o óvulo da Divindade para dar início à formação dos seres vivos, no planeta já solidificado e refeito da grande confusão telúrica. Chuvas e tempestades assolaram toda a superfície, milhares de anos consecutivos, na formação dos mares, guardando no seu seio fecundo as águas, para que surgissem os rios. Lençóis e mais lençóis de água intercruzam­se nas entranhas da Terra, conservando­se e esperando as necessidades humanas, como bênçãos do Senhor. E no cair das chuvas, outra chuva de fluídos aconteceu, processando­se a simbiose, para que os elementos primitivos pudessem acasalar­se com o que estava chegando e a vida se expressar de variadas formas. Foi no seio térmico dos oceanos que surgiram os primeiros passos da vida na Terra, com o encontro dos dois elementos: físico e espiritual. Tudo isso idealizado e amparado pelos instrutores da vida maior, sem perda de um segundo sequer, nas suas visões benfeitoras, tendo o Cristo como Comandante da casa de Deus. O Mestre traçou os caminhos a seguir e ordenou a execução, dando a sua magnânima assistência permanentemente. Os seres vivos datam de bilhões de anos, sem que possamos nos certificar da verdadeira data por nos faltarem recursos para tais determinações. Os agentes vivos foram se agrupando por afinidade intrínseca, aparecendo os movimentos automáticos das formas unicelulares, que se dividiam dando nascimento a outras da mesma espécie, pela força do princípio espiritual. Eis que o progresso dominou e vários outros agrupamentos se processaram, sob a visão espiritual, e formas variadas foram surgindo na extensão infinita das águas, com a

95 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

sua característica de conservação e com o ambiente necessário à proliferação dos ensaios protozoários, rumo às vidas aperfeiçoadas. Nesta escalada evolutiva biológica, onde a ciência se perde na passagem da morada espiritual de corpo para corpo, séculos e milênios se evaporaram como simples fumaça nas ventanias do tempo, e surgiu como glória da própria evolução, o corpo humano, como o Cristo idealizou antes que a Terra fosse. O corpo humano é, pois, o retrato do universo em miniatura, filho de bilhões de anos, pelo empuxo da própria vida, vida de Deus. Estamos, aqui, dando apenas alguns traços dos princípios dos seres vivos. O estudo é fascinante, entretanto, requer, para acentuada compreensão, muito amor. Sem ele, a sabedoria se perde nos labirintos das teorias. Convidamos todos os seres humanos que desejam entender e pesquisar as coisas do passado, a dar as mãos à reforma íntima, à auto­análise ao aprimoramento próprio. Somente por esta porta poderão entrar na escola divina dos conhecimentos da genealogia dos seres vivos, para depois buscar, com mais segurança, os caminhos do Espírito.

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44
Donde vieram para a Terra os seres vivos?

“ A Terra lhes continha os germens, que aguardavam momento favorável para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se congregaram, desde que cessou a atuação da força que os mantinha afastados, e formaram os germens de todos os seres vivos. Estes germens permaneceram em estado latente de inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até o momento propício ao surto de cada espécie. Os seres de cada uma destas se reuniram, então, e se multiplicaram.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 44)

De Onde Vieram?
Os primeiros pontos da formação dos seres vivos existiam latentes na própria Terra, esperando o momento oportuno para a sua proliferação, mas, é bom que repitamos, em todo o processo de vida, em qualquer lugar no universo, os seus primeiros impulsos são dados pelas inteligências superiores que os assistem em nome do Cristo, de Deus. Desde os primórdios da sua formação, não há vida espontânea no sentido imaginado pelos homens. A espontaneidade é orientação dos Espíritos superiores, pelas linhas das leis espirituais criadas por Deus. Não poderemos deixar margem para os que não queiram acreditar em Deus e nos Espíritos que assistem e amparam o processo em todos os lados. Nada se faz, mesmo que seja nos mais distantes pontos do infinito, sem que haja a presença do Criador, por intermédio dos Espíritos superiores, obedecendo à sua vontade e concretizando os seus objetivos. “De onde vieram para a terra, os seres vivos”? Esta é a pergunta feita aos Espíritos superiores, e eles responderam que a própria Terra os tinha em germe, usando a mesma linguagem humana da época. Hoje, talvez falassem de maneira diferente, no modo de expressar, pela evolução da ciência, no entanto, as bases seriam as mesmas. Nós poderemos dizer que dentro do corpo humano existem os germes de vida biológica, que são os espermatozóides, mas eles, sem o campo necessário para a sua proliferação e, ainda mais, sem o encontro com o óvulo feminino, não gerariam vida física, sucedendo vidas. Mesmo nesta simbiose altamente superior do encontro desses dois elementos ultra­sensíveis do homem e da mulher, inteligências invisíveis estão, em nome de Deus, supervisionando a formação biológica para a continuação da espécie; todavia, o Espírito que irá comandar o corpo vem de Deus, é uma inteligência separada. A carne em forma humana é apenas instrumento da luz espiritual, que se apodera de um corpo para a sua evolução, no despertamento dos valores da consciência.

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A Terra continha em germe os espermatozóides — ou óvulos — em estado embrionário e a Luz os acordou, na feição divina das suas sensibilidades, para o encontro com os elementos lançados pelos Espíritos encarregados por Jesus, de dar nascimento ou despertar a própria vida, no começo da vida no planeta. Se queres saber de onde veio a vida, ela veio de Deus. E se queres saber quem é Deus, torna­te como Ele, se puderes, que O conhecerás. Ele é o mistério dos mistérios, que nos faz pensar e, pensando, nos sentimos felizes por ter um Pai bom e justo e que sempre nos ama e nos oferta o que há de melhor, para que possamos alcançar a felicidade. Poderemos observar uma semente. Em lugar propício poderá se conservar por centenas de anos sem se alterar e quando lançada ao solo cresce e prospera como as outras, destacada do ambiente onde se formou. A vida não precisa vir de lugar algum, ela já existe em toda parte, pelas bênçãos d’Aquele que sempre foi e é a Fonte Doadora para todos nós. Os seres humanos vivem fazendo teorias das coisas de Deus, até da sua própria conduta, e o tempo se esgota diante das grandes necessidades de se melhorar moralmente. O trabalho é muito sério. Tudo que fizermos para enganar, estaremos enganando a nós mesmos, porque para Deus ninguém pode mistificar. O alarido que a ciência faz sobre a sabedoria divina é para fazer esquecer os próprios desvios. Hoje, ela mesma já repudia a arte de descobrir remédios para curar os enfermos, porque quanto mais os faz, mais se estendem doenças e proliferam desequilíbrios em todo o campo orgânico e psíquico. Ela, a ciência, quase perdeu o fio da meada da harmonia, e se debate no turbilhão de teorias, sem pelos menos, descobrir as causas de muitas enfermidades. E se perguntam: — Que fazer? Respondemos juntamente com a verdade: Amar! — ciência divina que a humana esqueceu, ou de que se fez de esquecida.

98 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

45
Onde estavam os elementos orgânicos, antes da formação da Terra?

“ Achavam­se, por assim dizer, em estado de fluido no Espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra para começarem existência nova em novo globo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 45)

Origem dos Elementos
O germe de vida dormia no seio da Terra, na vastidão dos oceanos como semente de um fruto, e o princípio vital se encontrava à mercê dos Espíritos, no estado de quintessência. Quando conveniente, eram lançados à Terra para que surgisse a vida física, a servir de instrumento ao Espírito imortal. A escala das formas é infinita. É, pois, um longo caminho que a morada espiritual haverá de percorrer, para as devidas ascensões que lhe competem atingir, em busca da sua própria glória. O corpo físico é uma bênção de Deus que, para chegar no ponto em que se encontra, passou por inúmeras etapas, alinhando coisas e aperfeiçoando condições. Ainda continua em estado de ascensão, para que no amanhã possa servir a Espíritos de alta linhagem espiritual, no sentido de um maior aprimoramento dos seus próprios dons. A Suprema Inteligência faz parte, como Criador, dos câmbios e recâmbios de tudo que existe. Ela está em todas as pulsações do éter, como que a vida que o sustenta. A ciência espiritual nos dá uma abertura sobremodo ampla, de sorte a nos fazer entender com mais plenitude os segredos da própria vida e a esperança cresce dentro dos nossos corações, como que a fé no seu avanço grandioso. O homem precisa muito mais da fé do que do próprio alimento, mas, não devemos entendê­la como sendo coragem ideada pela capacidade intelectual. A coragem, para ser fé, haverá de ser disciplinada pelo Amor. A vida na Terra não tem mais necessidade de espontaneidade para surgir. Pelos processos estabelecidos nas formas existentes, ela já encontra canais suficientes para sua formação aprimorada, como a semente que já pode ser germinada pelo fruto e resguardada por ele. No entanto, não podemos dizer que a vida não está disseminada por toda parte. Está onde quer que toquemos com a ponta do dedo, no universo. Aí há vida, há força, aí está Deus com todos os seus recursos e possibilidades maiores. Meu filho, se for do teu agrado nos acompanhar nos nossos trabalhos, a nossa orientação é que podes procurar os elementos morais do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que também se encontra em toda parte, vibrando vida e fazendo viver onde toca. Quando alcançares o conhece­te a ti mesmo, quando acalmares as

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tempestades do teu mundo interno, quando tiveres o completo domínio das tuas emoções inferiores, poderás estudar os elementos de fora, que as belezas exteriores aproximar­se­ão do teu coração. A Doutrina dos Espíritos é, verdadeiramente, o Consolador Prometido; todavia, acima de consolar, ela educa e instrui em todos os sentidos, despertando os homens para a fé, mas a fé renovada, purificada pelo amor. É bom que escutes mais uma vez, ou muitas vezes mais, que estamos no fim de um ciclo evolutivo, que se encontra fechando, com grandes necessidades dos homens, e nós fazemos coro neste aviso: é como que o último clarim tocando, para a modificação das criaturas, O objetivo maior é o Amor, somente ele estabelece a harmonia em todos os nossos corpos, favorecendo a paz em todos os corações. Grandes Espíritos já estão vivendo na atmosfera da Terra, para ficar mais perto da humanidade e ajudá­la mais diretamente, o tanto quanto puderem. Pedimos que os homens usem o perdão, que deixem crescer a fraternidade em seus corações, e que o amor não falte nos seus sentimentos. Os primeiros esforços dependem das suas decisões!

100 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

46
Ainda há seres que nasçam espontaneamente?

“ Sim, mas o gérmen primitivo já existia em estado latente. Sois todos os dias testemunhas desse fenômeno. Os tecidos do corpo humano e do dos animais não encerram os germens de uma multidão de vermes que só esperam, para desabrochar, a fermentação pútrida que lhes é necessária à existência? É um mundo minúsculo que dormita e se cria.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 46)

Espontaneamente
A espontaneidade a que necessariamente devemos nos referir é a de formação de animais mais evoluídos, e não a de surgimento de bactérias. Já nos encontramos em um mundo capaz de gerar pela espécie, dada à idade do planeta, na escala dos mundos. A geração espontânea é induzida por forças espirituais, ou seja, os benfeitores da espiritualidade maior trabalham no seio bendito da matéria, para que esta alcance maiores valores e abra as comportas de forças ativas, para estimular outros campos de vida, dentro da vida natural. Sejamos estudiosos. Não percamos tempo. As oportunidades são poucas e difíceis no campo do aprendizado. Tudo o que resta depende de nós porque Deus já fez a parte d’Ele, e sempre nos ajuda a empenharmos na nossa. Como cruzar os braços? Problemas sempre existiram, infortúnios são presentes no caminho e a dor é o ajudante inesquecível da humanidade. O nosso dever é lutar com todas as forças, sem esquecer a fé que estimula o trabalho no bem. A ciência desempenha um grande papel na face da Terra, o progresso, de certa forma, assenta­se nela, porque o saber, notadamente, é comandado pelos Espíritos superiores que Jesus colocou em várias divisões científicas. Entretanto, a ciência do futuro, nos campos que deve progredir, entrelaçar­ se­á com a religião, porém, com relação a esta última, é necessário compreender seu verdadeiro objetivo, que é o de levar a mensagem do Amor por onde passar. A espontaneidade pela qual deveremos nos interessar, portanto, é aquela que nasce nos sentimentos e que se relaciona com os valores correspondentes à fraternidade universal, à educação das criaturas, enfim, ao aprimoramento da alma em tudo o que tange à elevação espiritual. A humanidade caminha sempre para frente, não há retrocesso nas leis estabelecidas por Deus. Há diversidade dos caminhos que escolhemos, porém, todos eles nos levam igualmente à perfeição espiritual. O tempo, cada vez mais, vai desaparecendo na pauta das nossas cogitações, e o espaço perde a sua existência, cedendo lugar a outras modalidades de vida, com a sequência evolutiva dos Espíritos.

101 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Sê espontâneo para realizar a caridade nas divisões que te compete enriquecer, mas, deves te interessar mais pela caridade contigo mesmo. Se parares para pensar um pouco, para fazer um auto­exame em tua vida, perceberás o quanto tens a fazer na correção de ti mesmo, e é o que deve ser feito. O que vier a mais, serão consequências desse trabalho de luz. Os maiores inimigos que te perseguem não estão fora, mas dentro, dominando talvez os teus sentimentos. Os acontecimentos exteriores apenas despertam o que mora no íntimo do coração. O valente é aquele que teme a si mesmo, mas que sempre tem coragem para lutar contra as próprias imperfeições e vencê­las. Não deves abandonar as corrigendas, porque o campo de aperfeiçoamento é muito grande, e quando quiseres deitar sementes que constroem e edifiquem, busca Jesus, recorre ao imenso celeiro que é o Evangelho, porque a nossa paz depende de nós, de nossa parte que está por fazer. Sê espontâneo na cordialidade. Ninguém poderá viver sozinho. A vida é um entrelaçamento de amor entre as criaturas. Todas as vezes que esqueceres teu irmão em caminho, ou que tiveres oportunidade de o ajudar e não o fizeres, retardarás teus próprios passos. Queiramos ou não, somos todos entes interligados uns aos outros, com as bênçãos de Deus.

102 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

47
A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre?

“ Sim, e veio a seu tempo. Foi o que deu lugar a que se dissesse que o homem se formou do limo da terra.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 48)

Origem do Homem
O corpo físico certamente é filho da Terra, como é filho do espaço cósmico, como é obra de Deus, que o estruturou pelas mãos sábias do Cristo. Nas várias mensagens falamos sempre um pouco da formação do homem­ corpo, como falamos do homem­Espírito, os dois afinizando­se para uma luta em comum. Tudo evolui no grande esquema de Deus. O corpo humano vem de priscas eras, de degrau a degrau, em uma subida indescritível no sistema de despertamento dos valores, aqueles talentos espirituais que existem em tudo e desabrocham em todos os lugares em busca de Deus. Nada existe morto no universo, tudo vive e tudo pulsa em função de engrandecer­se. O esquema do corpo humano foi feito há bilhões de anos pelos engenheiros siderais. Foram marcados de etapa a etapa os escalões evolutivos, para que o Espírito pudesse despertar mais depressa as qualidades que lhe dormem no fundo d’alma. Tudo foi feito com a perfeição dos que construíram, faltando apenas o despertamento dos valores. A usina humana que serve ao Espírito imortal ainda tem muito que melhorar, para que no amanhã possa servir de instrumento a Espíritos altamente evoluídos e, por vezes, tornar­se um corpo quase fluídico. Isso é trabalho do tempo, juntamente com o espaço e os esforços assinalados pelas inteligências encarnadas e desencarnadas, que trabalham na Terra Podemos fazer uma fraca comparação, que serve para certo esclarecimento: o espermatozóide da Terra, acasalando­se com o óvulo do espaço cósmico, foi progredindo e avançando de transformação em transformação, até chegar na marca do tempo, para nos mostrar a beleza da vida onde o Espírito pudesse ingressar para novos aprendizados, preso na vestimenta da carne. O corpo humano é uma glória da natureza, correspondendo à ambição do Espírito para que este se libertasse das condições grosseiras e abrisse os olhos à luz do sol espiritual. O homem veio da Terra, como não? É o homem­corpo, que volta para ela, retornando à sua origem. O ser espiritual passa para o mundo que lhe é próprio, em sequência de fazer os céticos crerem em um poder maior, que a tudo dirige na maior harmonia que se pode perceber. Essa força é o Deus de que todos falamos, e ao qual sempre pedimos as bênçãos: é o Deus do Amor.

103 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Se o corpo veio da Terra, encontra o Espírito que veio de Deus, para uma missão grandiosa no enriquecimento dos valores que correspondem aos encontros. Para tanto, existe a reencarnação quantas vezes forem necessárias, até o término do curso que lhes cabe fazer, envolvidos nos limites da matéria. Concitamos a todos que estão na Terra, dependendo dela para elevar­se, que aproveitem as oportunidades. As condições de se educar são muito grandes e os meios de aprendermos são favoráveis. Principalmente no momento que atravessamos, descem dos céus chuvas de livros ao toque da música celestial, nos mostrando como aprender, como servir, como entender, e como amar, nos ajudando a libertar das peias da ignorância. Os livros espíritas são cursos espirituais, como sendo a misericórdia divina, ajudando os homens a compreenderem melhor a vida, aproveitando o tempo nas urdiduras do espaço. Lê, mas estuda, sem esquecer a aplicação no dia­a­dia. Pedimos a Jesus que abençoe os teus esforços.

104 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

48
Poderemos conhecer a época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na Terra? “ Não; todos os vossos cálculos são quiméricos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 48)

Aparecimento do Homem
Até então não podemos determinar a época em que surgiu o homem na Terra, bem como os seres vivos em geral. Essa data se perde nos arquivos da natureza. Somente é dado revelar aos homens aquilo que se lhes pode falar. A evolução é um livro que vai se abrindo aos poucos, para aqueles que crescem pela força do progresso. O que se pode fazer é uma estimativa, como sempre. A idade é como se fosse um registro humano, as barreiras se interpõem à vontade e nos perdemos nas nossas deduções. Somente sabemos que o homem é o ser mais novo na casa terrestre. Ele é, pois, a herança de gigantescos esforços da natureza, que vem subindo de degrau a degrau, assinalando a sua posição como tipo aprimorado no laboratório da vida. Nós estamos em época de ganhar tempo e fazer crescer a fraternidade na Terra. Se nos empenharmos somente em conhecer os primórdios dos nossos ancestrais, se somente nos preocuparmos com as ciências que nos levam a conhecer o corpo somático, diminuiremos os nossos conhecimentos sobre a alma, dos quais tanto carecemos. Procuremos estudar o Espírito e, por vezes, seus corpos que lhes servem de instrumentos na grande jornada evolutiva. Que as outras ciências fiquem para depois, depois que aprendermos a amar e a reconhecer a necessidade de servir. Quanto mais se descobrem remédios no mundo físico, mais surgem doenças e desequilíbrios. Remédios podem servir para remediar as situações, enquanto não se conhece a verdadeira fonte dos infortúnios. A medicina oficial se esqueceu e ainda não tem condições para diagnosticar as causas verdadeiras de todas as doenças, para então encontrar o remédio eficaz, de todas as enfermidades. Será que não é melhor procurar saber quando é que apareceu o ódio na Terra? Iremos assombrar­nos com a sua idade e esse medo nos levará a combatê­lo pela raiz. Assim seria com o ciúme, a inveja, a maledicência, etc. Todos sonhamos com um paraíso terrestre e espiritual, para nós e toda a humanidade, mas esquecemos que esse paraíso haverá de ser conquistado, formado dentro de nós, para que ele se enraíze por fora. Não podemos ser felizes com a infelicidade alheia. Qualquer coisa que estivermos desperdiçando, provocará falta em algum lugar. O homem espiritualizado tem o dever de orar, pedindo na súplica a ajuda de Deus, para que ele possa fazer o que deve ser feito.

105 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

Esse desequilíbrio que notamos na economia de uma nação, e certamente na Terra, é prova evidente dos desequilíbrios das criaturas. E o carma pesado, individual e coletivo, da humanidade. A solução é a mudança de costumes dos homens, é a transformação dos conceitos da vida, é começar na grande escola que existe e que se chama lar. Ele é, pois a célula que pode garantir a harmonia de todos os povos, se o Evangelho for vivido dentro dele. O culto do Evangelho no lar é o primeiro passo para o despertamento espiritual. Ao nascer, a criança recebe as primeiras sugestões do Amor através dos ensinamentos do Cristo, e essa criança vai crescendo envolvida na dignidade e no dever, no amor de uns para com os outros, dedicando­se à caridade por onde passar. Encontraremos, então, uma juventude esclarecida, com uma visão maior do futuro. E neste regime poderá aparecer o novo homem na Terra, o homem de luz, que desconhece as trevas. As escolas que o orientam são escolas de paz. Depois que a Terra for transformada na esperada terra da promissão, não haverá mais guerras, nem fome, peste ou contradições entre os homens. Tudo será harmonia. A humanidade, desfrutando a felicidade, perderá essa ansiedade de querer saber o impossível. Somente desejará o que a própria evolução comportar. E o homem verdadeiro começará a surgir, desde essa época, na Terra.

106 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

49
Se o gérmen da espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos do globo, por que não se formam espontaneamente homens, como na origem dos tempos?

“ O princípio das coisas está nos segredos de Deus. Entretanto, pode dizer­se que os homens, uma vez espalhados pela Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua própria formação, para os transmitir segundo as leis da reprodução. O mesmo se deu com as diferentes espécies de seres vivos.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 49)

Do Gérmen ao Homem
O aparecimento do homem na Terra não aconteceu diretamente, do gérmen a ele, sem as devidas escalas, sem as variadas formas organizadas pelas inteligências superiores. Há um progresso em tudo que existe, cuja força vem de Deus, que comanda tudo por intermédio de seus filhos maiores, encarregados do aperfeiçoamento de todas as coisas. Depois que os corpos, tanto dos homens quanto dos animais de todas as ramificações, tomam as posições desejadas, a forma delineada pelos engenheiros siderais, neles mesmos contém a semente da continuação da espécie, que prolifera em todas as direções. Quem acredita na evolução das espécies e estuda o assunto com profundidade, passa a entender e sentir a mão divina, em todas as nuances da vida. Já paraste para meditar na transformação de um protozoário unicelular, pelas mãos do tempo e de Deus, a se expressar em um homem da atualidade? Já pensaste também nos caminhos percorridos? Todos os cálculos de tempo feitos estão sujeitos a reparos, porque a distância é muito grande. E um verdadeiro mistério, dentro dos mistérios maiores. Existem leis organizadas no universo, modificadas para cada casa planetária, de acordo com a sua própria evolução, e essas leis são vigiadas pelas inteligências superiores, que as abrem em misericórdia, quando necessário, e impõem a justiça, quando é preciso. O “ninguém recebe o que não merece” e uma verdade absoluta em todas as dimensões da vida, e é neste sentido que o Evangelho nos concita ao amor e à caridade, na extensão infinita do bem, para que esse bem volte a nós enriquecido pelas fulgurações da fraternidade. Quando temos de falar de O LIVRO DOS ESPÍRITOS detalhadamente, como ocorre neste caso, haveremos de repetir muitos assuntos e, nesta repetição, os valores são aflorados, como que nos favorecendo a oportunidade de um aprendizado mais seguro e um estudo mais amplo sobre os assuntos ventilados.

107 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

O mar faz como que o papel de útero da Terra. As águas foram criadas sob a supervisão de Jesus Cristo, e nelas foi colocado algo divino que, pela própria natureza, pudesse desenvolver o início da vida, para formas aperfeiçoadas no decorrer do tempo. A forma humana era a desejada, para que o Espírito encontrasse nela o instrumento para as suas grandes experiências na Terra. E eis aí, há muito tempo, em sociedades, os homens avançando e progredindo na escalada que lhes é própria, cumprindo, assim, uma determinação de Deus. Do gérmen ao homem há uma escalada que devemos todos estudar, examinar os nossos ancestrais, mas é bom que não nos esqueçamos do fundamento das nossas vidas, que é Deus, cumprindo aquilo que Jesus nos pede: amá­lo sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Em tudo que fizermos sem Deus, desaparece a estabilidade e os nossos esforços serão enfraquecidos. Se nós procuramos a gênese de tudo que se refere à matéria, porque não buscarmos a nossa própria genealogia, e reconhecer o Senhor como nosso Pai que está nos Céus? Ele é que nos dirige todos, a quem devemos obediência. Ser­nos­á de grande proveito entendermos as lições de Jesus e procurarmos a vivência do seu Evangelho. O princípio do homem está nos segredos de Deus, guardado na nossa consciência profunda. Um dia poderemos consultá­la, sem perda e gasto de tempo. Antes disso, procuremos melhorar as nossas condições morais e espirituais, aumentando a nossa resistência e alargando as nossas capacidades de trabalho e de amor, que o amor verdadeiro nos salva de todas as imprudências passageiras dos nossos caminhos. Que Jesus nos abençoe.

108 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

50
A espécie humana começou por um único homem?

“ Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 50)

O Primeiro Homem
Vamos transcrever aqui a resposta dos Espíritos a Allan Kardec: “Não, aquele a quem chamais de Adão não foi o primeiro e nem o único a povoar a terra”. Certamente que não foram Adão e Eva que geraram a humanidade. Essas duas figuras apenas simbolizaram as raízes do povoamento da Terra. Adão, como gérmen primitivo deitado nos primeiros ensaios do globo, e Eva como o elemento que chegou depois dela já resfriada, no ponto da fecundação. A Bíblia nos dá a notícia de Adão e Eva, na linguagem alegórica, de forma que o tempo pudesse trazer condições para as devidas interpretações desse texto, como agora o faz a Doutrina dos Espíritos. O surgimento do homem no planeta ocorreu de forma coletiva, tanto assim que em todas as épocas deixaram registros de sua passagem em várias partes da Terra. Quando foram descobertas as Américas, já se encontravam nelas milhões de criaturas. De onde vieram? São segredos que se perdem no tempo. Já conheciam a flora, já faziam casas e viviam da pesca. Reuniam­se em agrupamentos e tinham leis que asseguravam a harmonia do conjunto. Eram conhecedores da justiça e tinham noção do respeito às outras tribos. O homem surgiu na Terra de uma escalada do progresso biológico. Foi a sábia natureza quem estruturou o corpo humano, saído da argila abençoada por Deus, que trabalhou sem tempo ou espaço, de degrau a degrau. O Cristo, no comando, traçou as diretrizes, organizou meios e determinou condições para que aparecesse o Homem, na plenitude da vida, como prêmio de todos os esforços. E o mesmo Mestre se fez homem para experimentar as condições que Ele mesmo se dispôs a realizar em benefício de bilhões de Espíritos. A Terra é uma bênção de Deus e a reencarnação é uma misericórdia da Luz Maior, em favor daqueles que vieram da inconsciência para a luz da razão. Os corpos humanos apareceram qual os corpos dos animais de todas as espécies, em avalanches, qual aparecem flores e frutos, como o trigo na lavoura. Não houve privilégio para que um aparecesse primeiro e dele surgissem os outros. Adão pode ser um tronco de raça com vários outros. O ponto de vida dormiu na Terra, esperando o momento propício para acordar e crescer, e foi justamente no amanhecer, porque a luz que veio de Deus fecundou a esperança na Terra, fazendo surgir o milagre da vida em muitos lugares do planeta ao mesmo momento. Há

109 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

muitos segredos a desvendar na face da casa terrena e eles serão conhecidos na medida em que os homens estiverem preparados para tal. Já que estás dotado de razão, que usas do raciocínio como instrumento para viveres melhor, usa­o para o bem­estar espiritual, respeitando as leis que nos regem a todos, que essas mesmas leis te assegurarão a paz. Vamos procurar saber qual foi o primeiro homem, que nos ensinou os meios mais acertados para a nossa libertação, que nos ensinou a conhecer a nós mesmos. Ele está sempre em nosso meio, procurando morar em nossos corações. Ele se fez homem, como Ele mesmo diz, para nos mostrar a salvação. Ele é o incomparável Mestre dos mestres — Jesus, o Cristo de Deus. Ainda Ele é desconhecido, pelo valor que tem dentre os homens. Para que possas comparar a sua grandeza, basta analisar o que Ele mesmo falou: Antes que a Terra fosse, eu era. Antes que fosse formada a Terra, Ele já era o Cristo, dotado de todos os poderes para nos governar. E está governando com Amor, que ainda não aprendemos a retribuir. A nossa gratidão por Ele deve ser grande em todos os sentidos, e que Deus possa nos ajudar a compreendê­lo, pelo que dispomos de sentimentos no coração. Que Deus nos abençoe a todos.

110 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

51
Poderemos saber em que época viveu Adão?

“ Mais ou menos na que lhe assinais: cerca de 4.000 anos antes do Cristo.”
(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 51)

Tronco de Raça
Espalhou­se como um raio dentre as comunidades terrestres a ideia que Adão foi o primeiro homem da Terra, e isso serviu para explicar aos ansiosos por notícias, a genealogia das criaturas, mesmo porque a verdade não seria bem entendida, dada à capacidade das pessoas da época. Ainda hoje, nos dias em que estamos escrevendo, onde o progresso já atingiu alturas quase inconcebíveis, não se pode dar certas notícias sobre os segredos da natureza e, certamente, sobre o princípio das coisas, nos seus mínimos detalhes. Se falta preparo mesmo entre os conhecidos como sábios na Terra, o que dizer há milênios? A verdade é uma luz que se manifesta em sequência, de acordo com a evolução da própria humanidade. Em particular, entretanto, há muitos homens que a conhecem com mais profundidade, recolhendo aqui e ali, em diversos pergaminhos, mesmo pelo processo sutil da intuição espiritual. É força daquela frase muito conhecida entre os iniciados: Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece, ou então, Quando o estudante está preparado, o conhecimento surge. Se todas as fontes afirmassem, ou mesmo os Espíritos, a Allan Kardec, que verdadeiramente Adão foi o primeiro homem a aparecer na Terra, viria pela lógica outra pergunta: E como surgiu Adão? Agora, no século vinte, até o público responderia de maneira evasiva, para fugir ao problema, esquecendo as responsabilidades. A natureza não precisa desses saltos. Se Deus o quisesse, até que poderia, mas Ele criou tudo para andar numa marcha harmoniosa, passo a passo, granjeando valores e expandindo condições, enriquecendo a consciência e desabrochando os dons espirituais sem violência. Não podemos negar as trocas de experiências de mundos a mundos, porque são todas as casas­famílias ligadas por fortes elos de amor, porém, no caso da Terra, o surgimento do homem foi evolução da espécie. Todavia, não devemos nos esquecer da assistência dos Espíritos superiores no empuxo evolutivo de tudo que existe na Terra e no universo. O homem do futuro viajará de mundos a mundos, desde quando tenha ordens superiores para isso. Ainda falta descobrir alguns segredos, no que tange a combustíveis na expressão de fluídos que poderão colher, onde quer que seja. A mente é um dínamo poderosíssimo, que a nada se compara em se falando da ciência da Terra. Ela é força do Espírito, que pode dinamizar muitas dimensões e suspender

111 – FILOSOFIA ESPÍRITA –Volume 1

qualquer aparelho no cosmo, sem se impressionar com tamanhos. O primeiro passo é a educação do homem, na disciplina que o leva à paz. Por enquanto, o Espírito belicoso dos seres terrestres domina os seus próprios valores, fazendo­os esquecer a fraternidade, como luz da própria felicidade. Vamos pensar em Adão como um tronco de raça, e não como o primeiro homem surgido no globo terrestre, esquecendo a probabilidade de sermos visitados por homens extraterrestres, coisa que no amanhã poderão fazer, operar essas visitas de cordialidade e troca de valores conquistados. Mas, antes disso, desse amanhecer vitorioso, é de regra espiritual que preparemos os corações para os grandes encontros das várias famílias das casas de Deus. A Terra está subindo, de degrau a degrau. O tempo passa e somente o que fica de pé é a verdade, que tem a força e a luz para nos clarear e libertar todos. Não importa que alguns não acreditem no progresso, ele é força de Deus que não depende dos homens. O homem primitivo não iria acreditar se alguém, na sua época, lhe falasse em transplante de órgãos, ou que a criatura poderia voar; no entanto, isso é hoje, uma realidade. O homem de hoje ainda nega, quando se fala da restauração da saúde pela harmonia mental, O homem de amanhã vai gozar dessa faculdade e sentir, cada vez mais, Deus palpitando em seu coração. Pensemos em Adão, como nosso irmão, filho do mesmo Deus, e não como aquele que nos deu origem.



Fim



112 – J oão Nunes Maia (pelo Espír ito MIRAMEZ)

CONVITE: Convidamos você, que teve a opor tunidade de ler livr emente esta obr a, a par ticipar da nossa campanha de SEMEADURA DE LETRAS, que consiste em cada qual compr ar um livr o espír ita, ler e depois pr esenteá­lo a outr em,colabor ando assim na divulgação do Espir itismo e incentivando as pessoas à boa leitur a. Essa ação, cer tamente, r ender á ótimos fr utos. Abr aço fr ater no e muita LUZ par a todos!

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