ciência e método
Técnica da formação individual consciente
LOGOSOFIA
LOGOSÓFICA
EDITORA
ciência e método
As penetrantes verdades da Logosofia estão destinadas a revolucionar as idéias que, até o presente, existiram sobre a psicologia humana. Como ciência integral, a Logosofia se vale de suas próprias concepções, expondo com clareza os conhecimentos que delas emanam. Cada inteligência pode facilmente apreciar seus valores, e cada alma captar o significado profundo de seu aparecimento nestes momentos cruciais para a humanidade. A verdade logosófica traça um roteiro seguro, chamando à realidade aqueles que viveram à margem dela e confundiram a verdadeira orientação psicológica com as abstrações metafísicas. Os filósofos e psicólogos sinceros, aqueles que não especulam com a ignorância humana, terão neste livro a oportunidade de examinar os conteúdos desta ciência e deles extrair as conclusões ditadas pelo acerto com que o fizerem. Desdenhá-los seria fechar os olhos a uma realidade que, além de visível, é palpável. A Logosofia marca o princípio de uma nova cultura, nascida na República Argentina, pátria do autor. Não veio do estrangeiro, com ressonâncias européias ou exóticas, que tanto seduzem e, ao mesmo tempo, apequenam a mentalidade nativa. Pela primeira vez em nossa história, não foi necessário importar de outras culturas a “matéria-prima”. As “jazidas” da Logosofia são inesgotáveis e haverão de abastecer o mundo inteiro. É ela uma nova energia mental que ilumina o homem por dentro, permitindo-lhe conhecer a si mesmo nos mais recônditos meandros de sua psicologia. A Fundação Logosófica, instituição onde é ministrado e praticado o ensino desta nova ciência, expande-se atualmente por vários continentes e, com suas sedes culturais, tem presença oficializada em muitos países.
LOGOSOFIA
É este um livro de estudo que abre rumos seguros ao encaminhamento da atenção para os grandes objetivos prefixados pela Logosofia: o conhecimento de si mesmo, dos semelhantes, dos mundos mental e metafísico, e, acima de tudo, o acercamento à Sabedoria Eterna, pelo enriquecimento da consciência e pela elevação do espírito até sua verdadeira e integral formação, determinada pela conexão do homem com seu Criador mediante a identificação entre o espírito e o ente físico ou alma.
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(1) Em português. (2) Em inglês. (3) Em esperanto. (4) Em francês. (5) Em catalão. (6) Em italiano. (7) Em hebraico.
Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL
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Técnica da formação individual consciente
LOGOSOFIA
Reimpressão da 11ª edição Editora Logosófica 2005
Título do original
Logosofía. Ciencia y metodo
Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL Revisão da tradução
José Dalmy Silva Gama
Projeto Gráfico
Adesign
Produção Gráfica
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
González Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963. Logosofia : ciência e método : técnica da formação individual consciente / Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol) ; [revisão da tradução José Dalmy Silva Gama]. -- São Paulo : Logosófica, 2005. Título original: Logosofia : ciência y método 1ª reimpr. da 11. ed. de 2003. ISBN 85-7097-053-6 1. Logosofia I. Título. 05-8239 CDD-149.9
Índices para catálogo sistemático:
1. Logosofia : Doutrinas filosóficas COPYRIGHT DA EDITORA LOGOSÓFICA 149.9
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Vide representantes regionais na última página.
Uma verdade é inefável quando sentida e compreendida no íntimo do ser. Nesse instante, o espírito recebe o eflúvio da luz cósmica e experimenta, como entidade consciente, a sensação de eternidade ainda em seu físico existir.
A Logosofia
Atributos da nova ciência – O caminho da evolução consciente – Características fundamentais do conhecimento logosófico – A reação psicológica de um hábito – Virtualidade dos novos conceitos – Um poderoso reconstituinte psicológico e espiritual – A firmeza na determinação de superar-se – Bases para a capacitação logosófica . . . . . . . . . . . . . . .15
LIÇÃO II
O processo de evolução consciente
A grande prerrogativa humana – O processo de evolução consciente – O processo interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
LIÇÃO III
O sistema mental
Sua estrutura – As duas mentes – Ação coordenada das faculdades do sistema mental – A função de pensar no processo de evolução consciente – A percepção consciente no ato de pensar – Guia para o adestramento mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
LIÇÃO IV
Os pensamentos
Sua natureza – Como nasce um pensamento na vida mental – Reprodução de pensamentos – Individualização de pensamentos – Classificação e seleção – Disciplina mental – Aspectos da organização do sistema mental – O pensamento-autoridade . . . . . . . . . . . . . . . .55
O sistema instintivo
Sua definição e atividade como força energética – As energias do instinto a serviço do espírito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79
LIÇÃO VII
O ensinamento logosófico
Suas particularidades e atributos – Seu valor – Dois aspectos do poder fecundante do ensinamento – Requisito para sua assimilação – Como adaptar a mente ao ensinamento – Norma indeclinável de conduta .85
LIÇÃO VIII
O método logosófico
Suas qualidades e alcances – Estrutura e função do método – Um aspecto de seu exercício prático – O método logosófico no conhecimento de si mesmo – Campo experimental do conhecimento logosófico . . . . . . . .99
LIÇÃO IX
Diretrizes que ajudam no aperfeiçoamento individual
A condução consciente da vida – Defesas para a mente – A pergunta, fator de indagação – A dieta mental – Trabalho de interpretação do ensinamento – As diretrizes do conhecimento transcendente não devem ser alteradas – O ambiente no desenvolvimento da vida interna – A edificação do permanente no homem – O valor do tempo – A paciência ativa e consciente – O afeto, princípio fixador das relações humanas . . .113
A idéia de sistematizar o ensinamento logosófico – ajustando-o a um ordenamento didático de fácil assimilação, que permita aprofundar em seu conteúdo sem prévio conhecimento de nosso método – chegou a cristalizar-se neste livro, cuja publicação responde à urgência exigida pelo rápido avanço do movimento logosófico de superação humana, ao estender-se resolutamente pelos países do continente americano e ainda por alguns da Europa*. Ao concretizá-la em nove lições, destinadas, como dissemos, a favorecer seu estudo e aplicação, tivemos muito particularmente em conta os pontos vitais à orientação da conduta individual para a sua total harmonização com o processo de evolução consciente. É este um livro de estudo que abre rumos seguros ao encaminhamento da atenção para os grandes objetivos prefixados pela Logosofia: o conhecimento de si mesmo, dos semelhantes, dos mundos mental e metafísico, e, acima de tudo, o acercamento à Sabedoria Eterna, pelo enriquecimento da consciência e pela elevação do espírito até sua verdadeira e integral formação, determinada pela conexão do homem com seu Criador mediante a identificação entre o espírito e o ente físico ou alma.
* N.T.: Em vida do autor, a última edição desta obra data de 1962. Atualmente, o movimento logosófico se expande por diversos continentes, com presença já oficializada em vários países.
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
De um fato poderá o leitor estar plenamente certo, ao percorrer estas páginas, e é o de achar-se na presença de uma realidade que o coloca na rara e singular situação de optar por seguir ignorando as riquezas que podem surgir de uma vida aproveitada em suas máximas prerrogativas, ou por ser um a mais que se soma ao número dos que hoje desfrutam tão importante oportunidade. O segredo do êxito pessoal, nesta nova ordem de estudo e experimentação científicos, reside no fato de que nela se deve proceder de dois modos diversos, indispensáveis ambos para assegurar a eficiência da conduta: o individual, em que cada um encara o próprio processo e abre as portas de seu mundo interno, e o coletivo, que oferece ao logósofo um formoso campo experimental, em que lhe é dado verificar o acerto ou desacerto de suas interpretações ou compreensões sobre o ensinamento que deverá começar a ter intensa participação em sua vida interna e de relação. Múltiplos fatores contribuem para aumentar as vantagens desse campo experimental coletivo, em que tudo colabora para ampliar o conhecimento da verdade logosófica, fortalecer a vontade e fazer cada dia mais efetiva e ampla a participação da vida nessa corrente de amizade estabelecida nele e cimentada nos altos propósitos de bem que cada participante persegue, com o concurso do ensinamento.
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PRÓLOGO
O benefício é, pois, imponderável de qualquer ponto de vista, e o exercício e a prática dos conhecimentos que por esse meio são adquiridos facilitam grandemente a realização do processo de evolução consciente, que, como dissemos, leva ao exato conhecimento de si mesmo, dos semelhantes e do verdadeiro mundo metafísico. Aprender Logosofia é conhecer uma técnica nova para encarar a vida com auspiciosos resultados. Para essa finalidade conduz o pensamento logosófico, exposto nas páginas deste livro, que o autor oferece a quantos queiram experimentar por conta própria tudo o que nele está dito. C. B. G. P.
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LIÇÃO I
A Logosofia
Atributos da nova ciência O caminho da evolução consciente Características fundamentais do conhecimento logosófico A reação psicológica de um hábito Virtualidade dos novos conceitos Um poderoso reconstituinte psicológico e espiritual A firmeza na determinação de superar-se Bases para a capacitação logosófica
ATRIBUTOS DA NOVA CIÊNCIA
A Logosofia é sabedoria criadora, porque os conhecimentos que dela emanam lhe são consubstanciais em sua totalidade: formam um todo indivisível e imutável. Sustenta seus ensinamentos com o extraordinário vigor de sua força estimulante e apóia cada uma de suas verdades na evidência mesma de sua realidade incontestável. Seu nome reúne numa só palavra os elementos gregos logos e sofia, que o autor adotou, dando-lhes a significação de verbo criador ou manifestação do saber supremo, e ciência original ou sabedoria, respectivamente, para designar uma nova linha de conhecimentos, uma doutrina, um método e uma técnica que lhe são eminentemente próprios.
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A Logosofia não vai em busca das causas ou princípios, como a filosofia. Percorre em sentido inverso o caminho, constituindo-se ela própria em fonte de explicação das causas, dos princípios e de toda outra indagação apresentada à inteligência humana. Parte da verdade mesma e vai até o indivíduo, diferindo, assim, das demais ciências, cujos cultores devem partir em sua busca. A sabedoria que a caracteriza surge espontânea e puríssima da própria Criação. Nela teve origem a idéia-mãe que engendrou seus conhecimentos, de transcendência sem-par para a vida do homem. A Logosofia não desconhece o valor que puderam ter ou representar os diferentes sistemas que compõem o acervo filosófico; mas afirma, sim, que nenhum deles constituiu um caminho propriamente dito para o conhecimento de si mesmo e do mundo transcendente. Serviram, mais precisamente, para sustentar a moral, que de época em época corria o perigo de desabar, sendo cada sistema, sem dúvida, um degrau que se acrescentava para que os homens o pudessem escalar, depositando nele novas esperanças, enquanto experimentavam, até onde era possível, o que havia de certo, de prático e vantajoso na teoria ou no método de mais recente surgimento. Ao trazer à luz os conhecimentos que surgem de sua própria fonte, a Logosofia prescinde de todas as teorias conhecidas, e o faz deliberadamente por duas razões
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A LOGOSOFIA
essenciais: 1o ) porque sua originalidade mesma lhe impõe isso; 2o) para evitar a confusão, que perturbaria o livre desenvolvimento do campo mental, ao produzirse a mistura de sementes de distintas origens, já que a do “celeiro” logosófico é especialmente selecionada para oferecer maior rendimento em menor tempo. A Logosofia é uma ciência nova e concludente, que revela conhecimentos de natureza transcendental e concede ao espírito humano a prerrogativa, até hoje negada, de reinar na vida do ser a quem anima. Conduz o homem ao conhecimento de si mesmo, de Deus, do Universo e de suas leis eternas. No que diz respeito ao estudo discernente dos problemas que ela expõe e das soluções que oferece, assim como aos processos e orientações que prescreve e à realização dos ensinamentos que a fundamentam, deverá tudo isso cumprirse à semelhança do que ocorre nas outras ciências, no sentido da adaptação ao método e às disciplinas que regem e ordenam toda atividade.
O CAMINHO DA EVOLUÇÃO CONSCIENTE
A busca da verdade tem durado séculos; dizendo melhor, milênios. Entretanto, embora os frustrados esforços e ilusões de muitos fossem ficando pelos diversos caminhos percorridos com esse propósito, a chama inextinguível da esperança nunca deixou de alentar as almas das pessoas.
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
O homem sempre pressentiu um algo além, uma prolongação indefinida de sua existência, capaz de chegar até mesmo a identificá-lo com a própria divindade que anima a Criação. Para sua desdita, pretendeu internar-se nessas zonas profundas, e de difícil acesso a toda inteligência carente de ilustração superior, sem os conhecimentos que haveriam de auxiliá-lo nessa realização. A Logosofia proporciona, com seus conhecimentos, o ingresso nessas zonas, cujo percurso o homem haverá de iniciar – como é lógico – a partir da primeira parte do grande processo evolutivo consciente. Esse processo ou caminho excepcional, traçado pela Logosofia, percorre-se em virtude do método que lhe é próprio. Sua sólida e reta construção tem sido posta à prova durante anos de incessante e esforçado trabalho, e é um caminho que está aberto a todos, sem exceção, ainda que por ele não possam marchar os que pretendam levar sobre os ombros o peso de seus preconceitos, de suas crenças ou de suas dúvidas. Por essa razão, a Logosofia estabeleceu o percurso de um prudente trecho preparatório, que, ao ser coberto com verdadeiro anelo de superação, permite o desprendimento gradual dos preconceitos e a eliminação das dúvidas. O caminho logosófico é tão longo como a eternidade, porque é o caminho determinado pela lei de evolução,
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A LOGOSOFIA
que impera sobre todos os processos que se realizam dentro da Criação. Eis sua extraordinária virtude. O homem comum anda por esse caminho alheio às prerrogativas que essa lei lhe concede, e seu avanço é tardio e penoso, mas poderá percorrê-lo conscientemente tão logo seus passos sejam guiados pelas luzes do conhecimento transcendente. Seu trajeto só está vedado à ignorância humana, mas não aos que deixaram para trás as etapas preparatórias desse conhecimento.
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO CONHECIMENTO LOGOSÓFICO
Em geral, o ser humano ignora que, além da instrução que recebe – compreendendo até mesmo a mais esmerada educação e a ilustração que é possível obter na universidade em matéria de especialização técnica e científica –, existem uma cultura e uma ciência cujos conhecimentos, não sendo semelhantes aos ministrados nos centros oficiais de estudo, têm de ser adquiridos fora deles, pelo esforço pessoal e dedicação intimamente estimulados e postos a serviço de um ideal cuja concepção escapa às considerações e juízos correntes. Para empreender tarefa de tão vastos alcances, nada se deve ignorar do que concerne à própria constituição psicológico-mental e, além disso, cumpre conhecer profundamente o mistério dos pensamentos; mistério
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que deixará de sê-lo tão logo a inteligência atue sobre eles, dominando-os e fazendo-os servir aos propósitos de uma cabal superação, isto é, tão logo o ser esteja capacitado para proceder a um reajustamento consciente e efetivo de sua vida. Não será possível ao homem, por mais empenho e boa vontade que ponha nisso, criar dentro de si uma nova individualidade, com características que a façam superior à que possui, se não adquirir e utilizar para esse fim conhecimentos como os oferecidos pela Logosofia, que constituem toda uma especialidade. Dizemos que constituem uma especialidade porque são de índole ou natureza diferente se comparados aos conhecimentos de uso corrente; de uma diferença substancial, pois compreendem um sistema ainda desconhecido para o mundo da ciência. Se estivessem em seu acervo, sem dúvida já teriam sido empregados. Tais conhecimentos promovem no espírito humano um novo gênero de vida, que proporciona enormes satisfações e permite colocar o entendimento muito acima da conduta comum e das apreciações generalizadas. É fundamental sua força estimulante e construtiva; estimulante, pelos benefícios imediatos que traz; construtiva, porque organiza a vida, a fim de cumprir ciclos de evolução muito superiores ao processo lento que a humanidade tem seguido até agora.
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A Logosofia recomenda, como algo muito essencial, que o ser não deixe malograr dentro de si a ação de seu ensinamento, se na verdade quer obter dele resultados satisfatórios. Isso o conduz, ao mesmo tempo, a acertar contas consigo mesmo, a fim de estar a par do adquirido em conhecimento, o que vem a ter um valor imenso, sobretudo na vida diária, na qual quem sabe o que pode leva considerável vantagem sobre aquele que desconhece seus recursos. Do esforço e da dedicação dispensados ao estudo logosófico dependerá que o processo de superação integral se desenvolva sem dificuldades, enquanto se produz a adaptação gradual da vida às modalidades próprias da cultura superior que se trata de adquirir. Procurar-se-á, ao mesmo tempo, não estar em desarmonia com os deveres, obrigações e exigências inerentes às tarefas diárias e à convivência social ou familiar, em cujo cumprimento a conduta terá também de elevar seu nível. Um dos fatos salientes da preparação logosófica é aquele que garante que esta nova ciência, ao bastar a si mesma, poupa o estudante de toda sobrecarga mental que poderia resultar da constante consulta a fontes de outra origem, cujas águas, turvadas pela confusão de idéias opostas entre si, também poderiam contribuir, sem trazer vantagem alguma, para fomentar a dúvida e o ceticismo diante dos problemas do espírito e da natureza.
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A REAÇÃO PSICOLÓGICA DE UM HÁBITO
A psicologia humana é tão curiosa quanto original, e sua tendência mais pronunciada é a que aparece delineando-se em torno de suas características mais salientes: ansiedade indefinida, inquietude inata, desconfiança, desorientação, etc., que predispõem o homem a um ceticismo agudo, refratário a tudo o que não seja de imediato acesso a seu entendimento. A norma ou atitude generalizada foi sempre a de aceitar aquilo que mais conviesse às necessidades e interesses do indivíduo, toda vez que as vantagens ou benefícios do novo já tivessem sido evidenciados sobre o velho, gasto ou inservível, posição esta que, com certeza, não podia ser mais cômoda. Inclinada a permanecer em seus hábitos, seus antiquados moldes ou fórmulas, a psicologia humana tende a reagir contra toda inovação que lhe demande algum esforço, o que geralmente considera como algo desnecessário ou além de suas forças ou possibilidades. Daí que a maioria sempre prefira, por natural reação psicológica, que sejam os demais os que experimentem e comprovem os resultados daquilo que lhe é oferecido para seu exclusivo bem, só então resolvendo aceitá-lo. Mas
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ainda assim costuma preferir a companhia do velho a decidir-se por uma realidade que, em muitos casos, chegou a ser-lhe inevitável. Contudo, a experimentação do novo deve ser feita, já que é imprescindível para comprovar sua eficácia, sua utilidade ou, pelo menos, as vantagens que representa para o homem sobre o já conhecido e generalizado.
VIRTUALIDADE DOS NOVOS CONCEITOS
Ninguém ousará negar, sem contrariar a lógica, que, à medida que o homem avance na conquista do saber, os conceitos sejam suscetíveis de evoluir. Negá-lo seria negar a própria evolução, que é sinal de superação e aperfeiçoamento; seria pretender a permanência do homem na ignorância de suas grandes prerrogativas humanas e espirituais. A Logosofia, ao anunciar que chegou a hora da evolução consciente, modifica radicalmente os conceitos que nesta ordem de idéias foram adotados como satisfatórios às exigências intelectuais e às necessidades espirituais de cada época. A desorientação atual é sinal inconfundível de que tais conceitos já não conseguem satisfazer a essas exigências, e o espírito humano hoje clama, imperativamente, por uma solução para o intrincado e sombrio problema que paira sobre a vida de cada indivíduo.
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Já dissemos que o homem tem experimentado durante séculos a necessidade de vincular-se metafisicamente a Deus. Na falta de conhecimentos que lhe permitissem realizar essa esperança, permitiu a falácia e o absurdo de crenças e promessas que, ao contrário, adormeceram sua alma. O avanço do tempo o foi despertando desse sonho pernicioso, e ele, erguido de novo, inquieto e ansioso, reclama com insistência cada vez mais firme o conhecimento orientador de sua existência. Os novos conceitos, os conceitos logosóficos, haverão de ir se impondo inevitavelmente, porque consubstanciam verdades inatacáveis e estão sustentados por uma excepcional força lógica, que impele o homem a comprovar por si mesmo sua transcendental realidade. Mas este deverá abrir os olhos; não fechá-los, como os fanáticos, que não querem ver nem ouvir. Deverá abrir os olhos ao eflúvio benéfico e construtivo dos novos conhecimentos, destinados a iluminar a vida e libertá-la da opressiva escravidão em que foi submergida pelo bloqueio dos velhos conceitos. Todo conceito que o homem não modifica com sua evolução se torna um preconceito, e os preconceitos acorrentam as almas à rocha da inércia mental e espiritual.
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UM PODEROSO RECONSTITUINTE PSICOLÓGICO E ESPIRITUAL
O conhecimento logosófico age como tal no interior do ser, ao propiciar, animar e estimular pensamentos que transformam a vida indiferenciada e comum em vida de plenitude. Se pensamentos de ordem corrente podem levar o homem a realizar um estudo ou uma viagem; se esses mesmos pensamentos podem carregá-lo até um teatro, um baile, uma reunião, etc., ou impulsioná-lo a qualquer atividade sem repercussão positiva na vida de seu espírito, o pensamento logosófico, em virtude de sua força construtiva, pode conduzi-lo – com sobeja razão – a assistir com verdadeiro interesse à própria transformação. Esta se vai produzindo mediante a aplicação desse mesmo pensamento aos movimentos internos e externos da vida; isto equivale a dizer que, enquanto se aprofunda no ensinamento e se aperfeiçoa por meio dele o mecanismo pensante, vão sendo levadas a cabo as mais extraordinárias mudanças que o ser humano pode experimentar dentro de si. Essa transformação se evidencia num sem-número de manifestações, que ultrapassam as possibilidades de antes e ampliam o campo de projeção do espírito, coisa que influi muito favoravelmente, e com fundados motivos, sobre o ânimo. Não sente inexprimível satisfação aquele que adquire uma porção de terra para acrescen-
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tar à que já possui, sobretudo se esta é pequena? E essa ampliação de seus domínios não o faz acalentar perspectivas econômicas maiores ou, pelo menos, um aumento de seus modestos rendimentos? Pois bem; o que não haverá de experimentar, então, quem amplia os domínios de sua inteligência e acrescenta, ao que já lhe é próprio, uma extensão a mais, e depois outra, e ainda outra, permitindo a seu espírito sentir-se dono desse campo mental em que desenvolve progressivamente suas atividades? Tal como as montanhas, o homem guarda dentro de si riquezas ignoradas, que haverá de descobrir e utilizar, se quiser atingir os elevados fins destinados à sua existência. Sabendo que dentro dele existe esse potencial estático, deverá preparar-se para a tarefa de imprimir-lhe mobilidade, cultivando com consciência as qualidades de seu espírito. O conhecimento logosófico ensina a cultivar essas qualidades, instruindo sobre o uso que delas se deve fazer, para que a mente, num pleno adestramento, subtraindo-se ao excesso das coisas triviais que envolvem a vida, se beneficie com as excelências de uma atividade na qual a inteligência toma um forte impulso evolutivo. Todas as sugestões que o conhecimento logosófico desperta, acaso não levam a modelar aptidões que evidenciam uma real superação?
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A FIRMEZA NA DETERMINAÇÃO DE SUPERAR-SE
É norma de fundamental importância, para favorecer a ação edificante do conhecimento logosófico, não descuidar um só instante o cultivo da vinculação intelectual e espiritual que se tenha conseguido estabelecer com ele. Isso contribuirá para que tal vinculação se cimente sobre as sólidas bases das comprovações que, gradual e pacientemente, se vão obtendo por meio de seu estudo e prática. Respondendo à reflexão que isto poderia suscitar, diremos que o cultivo dessa vinculação requer – como passo inicial, e efetuadas as primeiras observações sobre si mesmo – que seja definida a posição interna que, com perfis inequívocos, se manifestará ao exame lúcido da inteligência. Se essa posição interna mostra a firme determinação de realizar o processo consciente de evolução, nada mais lógico, então, que manter inalterável essa posição, enquanto se cumprem os altos objetivos instituídos como ideal. Inteirado desse requisito, o ser seguramente se verá diante da seguinte pergunta: “Como fazer, e de que meios deverei me valer, para realizar o plano de evolução consciente que me propus?” Seja-nos permitido tomar o interessado – e este, por sua vez, considere-se também assim – como uma massa informe, na qual deverá esculpir os traços preeminentes
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da imagem arquetípica do homem. Mais adiante se envasará, por transubstanciação, o melhor e mais belo que nele exista, juntamente com o mais formoso e melhor que tenha ido extraindo para si da vida universal plasmada em signos de sabedoria, por ser ela modelo insubstituível para todas as inspirações do pensamento. Com esse fim, terá sempre presente que, desde o começo do trabalho, será necessário exercer um grande domínio sobre as próprias ações, isto é, desde o princípio terá de lutar contra uma tendência muito comum, caracterizada pela forma sutil com que se manifesta; referimo-nos à inconsciência, essa cortina de fumaça que, por momentos, costuma obscurecer as visões mais claras, as concepções mais puras e os pensamentos mais brilhantes. A inconsciência não é outra coisa que o antigo hábito, por demais arraigado, de permitir que os fatos, as coisas e mesmo os pensamentos flutuem sempre na superfície do pequeno mundo individual, sem penetrar em seu interior e, muito menos, em suas profundezas, como nos casos em que a consciência atua. É assim que, dominada a vida pela pressão de ambientes contrários ou pouco propícios às aspirações internas de superação e aperfeiçoamento, o homem se deixa levar amiúde por pensamentos que o entretêm em coisas pueris, que a nada conduzem, salvo a debilitar a vontade e eclipsar a inteligência mediante a sugestão do fácil e o artifício das aparências, nos múltiplos aspectos de que se reveste.
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O desconhecimento em que o homem permaneceu acerca da prerrogativa de evoluir conscientemente com que o Criador o distinguiu, foi acentuando nele uma resistência que obstinadamente abate seu ânimo, toda vez que se propõe encaminhar seus esforços para a conquista de tão apreciado bem. Daí que as solicitações do espírito se vejam com freqüência postergadas. Contra essa tendência funesta que oprime a vida, submergindo-a numa inércia suicida, dever-se-á lutar com empenho e valentia, pois do triunfo surgirá a força que haverá de impedir os esmorecimentos e as reações céticas do temperamento. Para não sofrer os padecimentos da angústia moral, a vida humana deverá ser preenchida com o bem, com esse bem imenso que se desprende generosamente da vida universal, e que o conhecimento logosófico põe ao alcance do homem. Levando isso em conta, fácil será ceder às solicitações do espírito, dispondo-se com perseverança a satisfazer suas exigências. Isso significa dar à vida um conteúdo inestimável.
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BASES PARA A CAPACITAÇÃO LOGOSÓFICA
Aquele que se propõe construir um edifício necessita, para assegurar sua estabilidade e solidez, conhecer antes a firmeza do terreno sobre o qual levantará os alicerces, bem como a qualidade do material que empregará para levar isso a cabo; com igual lógica podemos dizer que a obtenção de uma capacitação psicológica e mental, como a que a Logosofia demanda, deve basear-se na solidez a toda a prova do terreno mental e no conhecimento prévio dos elementos que haverão de integrar essa capacitação. Ao considerá-la subordinada em parte à qualidade e harmonia do conjunto das faculdades centrais do mecanismo mental, é razoável pensar que se deverá começar por conhecer como funcionam tais faculdades, ou, melhor ainda, como haverá de funcionar o sistema mental próprio. Oportunamente, ao nos referirmos ao dito sistema e à função de pensar, explicaremos o que se relaciona com esses pontos. A Logosofia já mencionou, em mais de uma oportunidade, a tendência do homem para o fácil, afirmando que a causa dessa propensão reside na falta de capacidade para enfrentar as dificuldades que se apresentam, provenham elas de problemas, projetos, situações, etc. Isso obedece quase sempre à ausência de um treinamento que possibilite realizar com êxito o esforço que essas dificuldades demandam; resumindo, tal inaptidão se revela pela carência dos estímulos positivos que a
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própria capacidade proporciona diante de qualquer emergência. Postas às claras as causas que dão origem a essa aversão que o ser experimenta a tudo o que lhe exige algum esforço – de modo particular o esforço mental –, chegamos à conclusão de que, para emancipar-se dessa propensão ao fácil, acentuadamente negativa, deve ele capacitar-se, adestrar-se e criar estímulos. Capacitar-se significa dar lugar na mente a elementos que habilitam o ser para desempenhar-se com idoneidade e independência. O adestramento, por ser um exercício da capacitação, aumenta a agilidade mental, predispondo o ânimo ao feliz desenvolvimento da vida, a qual constitui por si uma fonte criadora de estímulos que movem a vontade para uma atividade fecunda, necessária em alto grau à realização, sem maiores tropeços, do processo de evolução consciente que o aperfeiçoamento integral do próprio ser reclama. Assim, pois, com o conhecimento da deficiência assinalada, e mantendo-a sempre à vista, afastar-se-á toda idéia de realização fácil, para encarar os estudos com seriedade e, assim, propiciar o despertar do entusiasmo, que se manifestará tão logo o ser comece a internar-se no vasto campo da sabedoria logosófica. Cada característica que destaquemos como particularidade comum deverá ser tomada, por quem se dedique a estes estudos, como uma alusão à psicologia
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própria, e, dessa posição, que é a mais acertada, formulará as reflexões que surjam de seu enunciado. Ansiedade indefinida significará, por exemplo, essa busca afanosa sem saber o que na verdade se quer. Existe no ser uma incitação interna que o move para a obtenção de algo que ele não sabe definir, e que sente como uma necessidade; algo que pugna por manifestarse, mas que, não encontrando o campo mental preparado, permanece dentro dele como força potencial, à espera do elemento favorável que permita sua expansão. Esse elemento a que fazemos alusão é aquele cuja presença se percebe por sinais inequívocos provocados sobre o ânimo.
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LIÇÃO II
O Processo de Evolução Consciente
A grande prerrogativa humana O processo interno O processo de evolução consciente
A GRANDE PRERROGATIVA HUMANA
Nunca existiu, até o presente, sistema ou ensinamento que revelasse ao homem o caminho do aperfeiçoamento mediante a ação lúcida e continuada da consciência. Pela primeira vez, pois, na história da humanidade, é encarada a realização do processo de evolução consciente, único meio real e seguro de tirar o homem do ostracismo mental e psicológico em que permaneceu até aqui e elevá-lo a níveis de superação extraordinários; a prova disso é que ninguém jamais mencionou tão importante assunto, nem deu notícia de progressos dessa ordem que tivessem sido alcançados. Aceitar-se-á, então, a afirmação de que fora da órbita de nossos conhecimentos não é possível levar a cabo tal realização. Como ponto inicial para a consumação de tão alto objetivo, a Logosofia ilustra a inteligência acerca da confor-
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
mação mental-psicológica que habilita o ser humano para satisfazer o desiderato – tantas vezes mencionado e jamais alcançado – de conhecer-se a si mesmo. Precisamente nesse conhecimento se condensa a ciência do aperfeiçoamento, desde o instante em que o homem, arrostando as partes perfectíveis do ente moral e psicológico que configura seu ser físico e espiritual, dispõe-se a superá-las. O desenvolvimento dessa possibilidade é impulsionado pela força renovadora e construtiva do método logosófico, no cumprimento das altas realizações conscientes que o magno processo de evolução exige. Esse processo transforma a vida e a enriquece progressivamente, até o fim dos dias, com inestimáveis conhecimentos que o espírito cultiva, ampliando seu campo de ação. A fonte da sabedoria logosófica não está vedada a ninguém, mas não se chega a ela senão pelo avanço gradual nesse processo que exige ser cumprido com toda a exatidão e em que o esforço é compensado com o eflúvio das grandes verdades que chegam até o homem na proporção de seus merecimentos. O fato, registrado pela história do mundo, de aparecerem grandes espíritos – não precisamente escalando as elevadas regiões, mas delas descendo para ajudar o avanço da humanidade – não prova uma exceção à regra. Basta-nos saber que o mecanismo mental-psi-
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O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE
cológico do homem, perfeito em sua concepção original, mas travado pela ignorância do respectivo dono acerca de tão admirável sistema, pode ser restituído à normalidade de seu funcionamento e alcançar essas prerrogativas, o que se revela na dimensão das concepções da inteligência, na força incontível da palavra, na vastidão da sabedoria, no exemplo da própria vida.
O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE
O processo de evolução consciente se define por sua particular característica integral. Queremos com isso dizer que se desenvolve sob a fiscalização direta do entendimento e na plena consciência de cada um dos estados que se vão alcançando, o que significa que, em obediência a esse processo, o ser efetua por si mesmo as constatações de seu melhoramento, precisando com inteiro discernimento as vantagens comprovadas. A evolução realizada através do tempo estimado para a existência do homem – sem a verificação pessoal de cada um dos movimentos que o espírito consegue efetuar com relação ao grau de conhecimento em que se encontrava ao enfrentar a vida – é monótona e enormemente demorada em seu avanço. Esta é a evolução inconsciente, que conduz os seres a um destino intranscendente.
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
O processo de evolução inconsciente cessa por vontade expressa do próprio ser, ao começar ele o processo de evolução consciente, auspiciado, estimulado e sustentado pelo auxílio constante do ensinamento logosófico. A evolução consciente implica mudar de estado, de modalidade e de caráter, conquistando qualidades superiores que culminem com a anulação das velhas tendências e com o nascimento de um novo modo de ser. O processo que a ela conduz é o caminho da superação humana pelo conhecimento, que amplia a vida, alarga os horizontes e fortalece o espírito, enchendo-o de felicidade. No percurso desse caminho, o homem deve formarse integralmente na consciência de seu caráter moral e espiritual, e o avanço ou altura que nele chegue a conquistar dependerá, em muito, do esforço e do grau que alcance na sua identificação com tão importante empresa. O processo de evolução consciente obedece a um destino prefixado: vencer as limitações da ignorância e da imperfeição, por intermédio de uma atitude vigilante a respeito de tudo o que penetra nos domínios da consciência, até abarcar, pela capacitação e pelo esforço progressivos, as mais apreciáveis áreas do entendimento. Em suma, a evolução consciente só se pode verificar sob um rigoroso exame dos pensamentos e dos atos, com vistas à seleção daquilo que mais a favoreça.
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O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE
Sua realização torna imprescindível, pois, afastar cuidadosamente tudo quanto possa afetá-la, devendo-se recorrer, pelo contrário, aos potentes estímulos que ajudem a substanciar a vida, propiciando a cristalização daquilo que ainda permaneça em caráter de anelo. Para conseguir isso, servirá de auxílio toda manifestação interna e externa que se harmonize com esse propósito1. O pintor fixa sua mente naqueles motivos que, ao inspirálo, facilitam a execução de sua obra, e permanece atento a seus detalhes para poder reproduzir nela os múltiplos aspectos que a realidade lhe oferece. Busca do mesmo modo o ambiente adequado e deixa-se absorver, enquanto trabalha, pela corrente da inspiração que pugna por se perpetuar na obra; identifica-se, enfim, mental e espiritualmente com aquilo que tomou por modelo de sua ideação. De maneira semelhante deverá atuar quem aspire ao conhecimento, desde o instante em que começa seu processo de evolução consciente.
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As manifestações internas de caráter estimulante são determinadas pela emoções provenientes dos movimentos que se verificam dentro de cada um, respondendo aos esforços feitos no sentido do bem, como é igualmente o caso do entusiasmo, da disposição para o estudo por efeito da atividade mental consciente, dos atos da vontade tendentes a consolidar os propósitos, etc. Quanto às manifestações externas, são consideradas dentro desta ordem as circunstâncias ou os fatos que repercutem favoravelmente sobre o ânimo, o resultado útil das observações sobre os semelhantes, o feliz desenvolvimento das coisas que direta ou indiretamente se relacionam com a própria vida, etc., etc.
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O PROCESSO INTERNO
A Logosofia aplica o termo processo à vida interna, dando a entender com isso a série ininterrupta de mudanças positivas que o ser experimenta dentro de si, a partir do momento em que se inicia na prática do conhecimento logosófico; são mudanças que evidenciam os sintomas inequívocos de uma evolução progressiva que o próprio ser propicia e encaminha conscientemente. Esse processo se inicia em virtude de uma necessidade interna, de uma inquietude, de um pensamento que incita a mente e o ânimo à sua realização. Quem não sabe que, para conhecer a fundo alguma das tantas verdades semeadas pelo mundo, é indispensável aproximar-se dela, deixando-se atrair pela influência que exerce sobre o espírito? Não é um impulso irreprimível aquele que, firmando a vontade, se vale das próprias forças e impele o ser rumo à verdade mesma que ele queira conhecer? Suponhamos, por exemplo, que nos digam que, em tal ou qual ponto do país, existe um lugar extraordinariamente formoso, na contemplação do qual a alma se extasia. De mil que isso escutem, uns hoje, amanhã outros, recordando a notícia, serão atraídos para o local onde haverão de confirmar o juízo que lhes fora transmitido, ou seja, irão até ali onde comprovarão a verdade encarnada no fato mesmo. Os incômodos e as dificuldades não diminuem a intensidade do propósito; isso até contribui para in-
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O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE
tensificar o afã natural de levá-lo a termo. Pois o mesmo costuma acontecer a quem, atraído pela verdade logosófica, sente em seu interior essa necessidade, essa inquietude de que falávamos; e se é viva e intensa a atração, assim será a celeridade e o interesse com que se disporá a ir em busca de sua fonte. De nossa parte, acrescentamos que tampouco neste caso deve diminuir a intensidade do propósito e dos esforços demandados pela aproximação ou pela posterior vinculação a ela, já que desse contacto direto é muito provável que surjam para a vida insuspeitadas possibilidades de índole superior. O processo interno rege e abarca a vida toda do ser. Partindo da realização consciente, encerra em sua totalidade as atividades do pensamento em relação a tudo quanto diga respeito à vida em sua tríplice configuração: espiritual, psicológica e física. Seu início se dá no instante em que, por própria decisão, o ser começa a experimentação logosófica e se aplica ao estudo e prática daquilo que, para tal fim, recebe de nossa ciência, acelerando-se seu avanço quando, familiarizado com ela, reforça seus propósitos e dedica à realização desse processo uma parte maior de tempo e de atenção que a dispensada até então. Entender-se-á, pois, que à primeira etapa do aprendizado na condução da vida interna se seguirão outras de aperfeiçoamento, nas quais o próprio processo irá propiciando e consolidando mudanças substanciais na vida do ser.
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Geralmente, por lógico império da própria razão, é destinado ao encaminhamento do processo o melhor do entusiasmo e das energias, mas é também muito certo que esse entusiasmo e essas energias nem sempre são aproveitadas em sua totalidade. Como é natural, isso deve ser evitado, aumentando-se o acervo de elementos de ilustração que concorram para o bom juízo e tornem mais eficiente e completo o adestramento das faculdades mentais. Isso quer dizer que tal perda deve ser anulada pela reflexão compreensiva sobre os atos internos, reduzindo-se o entusiasmo e as energias às proporções exigidas pela realização logosófica, aumentando-os depois paulatinamente, de acordo com o avanço obtido no conhecimento de novas verdades, o que influirá positivamente sobre os diferentes aspectos que configuram a vida do ser. As primeiras realizações do processo interno se cumprem de forma gradual e firme, como se fosse o processo pré-natal do ser. Tal semelhança está também determinada por numerosas circunstâncias, nas quais é fácil comprovar a existência de uma nova vida, que pugna por manifestar-se na realidade de singulares aspectos e qualidades, antes não existentes no ser. A ação renovadora, vitalizadora e permanente dos conhecimentos logosóficos modifica substancialmente as características que conformavam a vida anterior. O que antes interessava, agora não interessa; o que antes não se via, agora se vê, chamando poderosamente a
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atenção o fato de se haver permanecido indiferente ou alheio a essa realidade tão próxima das possibilidades individuais. Sendo, pois, o processo interno o meio natural para a realização consciente de uma evolução que se cumpre em virtude dos conhecimentos transcendentes que se adquirem, fácil será admitir que nossos mais qualificados pensamentos deverão ser postos a serviço dessa evolução, em cuja efetiva realização a inteligência haverá de participar de forma ativa e constante, como força essencial que impulsiona e concretiza cada passo, cada ato, na busca da perfeição.
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LIÇÃO III
O Sistema Mental
Sua estrutura As duas mentes Ação coordenada das faculdades do sistema mental A função de pensar no processo de evolução consciente A percepção consciente no ato de pensar Guia para o adestramento mental
ESTRUTURA DO SISTEMA MENTAL
Nossa ciência concede um maior grau de hierarquia à mente humana, ao apresentá-la numa concepção que a eleva à categoria de sistema. Tal sistema está configurado por duas mentes: a superior e a inferior, ambas de igual constituição, mas diferentes em seu funcionamento e em suas prerrogativas. A primeira tem possibilidades ilimitadas e está reservada ao espírito, que dela faz uso ao despertar a consciência à realidade que a conecta ao mundo transcendente ou metafísico. O destino da segunda é atender às necessidades de ordem material do ente físico ou alma, e em suas atividades pode intervir a consciência.
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As duas mentes, a superior e a inferior, têm exatamente o mesmo mecanismo, constituído pelas faculdades de pensar, de raciocinar, de julgar, de intuir, de entender, de observar, de imaginar, de recordar, de predizer, etc., as quais são assistidas em suas atividades por outras faculdades que chamaremos de acessórias, e que têm por função discernir, refletir, combinar, conceber, etc. Todas as faculdades juntas formam a inteligência. A Logosofia a chamou de faculdade máxima*, porque abrange a todas em conjunto. As faculdades de ambas as mentes funcionam independentemente, embora possam fazê-lo de forma combinada. Integram também o sistema mental, na zona dimensional que lhes corresponde em cada mente, os pensamentos, entidades psicológicas animadas que cumprem um papel preponderante na vida humana Quando o sistema mental é usado pelo ente físico ou alma em atividades de natureza exclusivamente comum ou material, permanece limitado ao funcionamento da mente inferior; quando as atividades físicas ou comuns se enlaçam com as requeridas pela vida superior, ambas as mentes participam, ou seja, o sistema em conjunto; quando é o espírito que se vale dele, obedecendo a exigências de ordem transcendente, usa apenas a mente superior, mas sem privar o ente físico de usar a que corresponde ao atendimento de suas necessidades comuns.
* N.T.: No original, “facultad cumbre”.
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O SISTEMA MENTAL
Salta à vista, nos dois últimos casos, a harmoniosa combinação do sistema mental, quando o processo de seu desenvolvimento e exercício não sofre alterações nem é interceptado por pensamentos que se opõem a seu funcionamento normal.
AS DUAS MENTES
Estabelecida a semelhança entre ambas as mentes no que diz respeito à sua estruturação, apontaremos de modo breve as peculiaridades que determinam seu diferente funcionamento. A mente inferior ou comum tende em geral para o conhecido, para o exterior, e, salvo exceções, funciona sem intervenção direta da consciência, ou só com sua participação circunstancial. Isso poderá ser mais bem compreendido tão logo se avance no estudo dos temas que aprofundam esta matéria. Quando a mente inferior se supera em suas funções – referimo-nos aos casos em que permanece fora dos auspícios do conhecimento transcendente –, pode acercar-se dos domínios da mente superior e ainda penetrar neles, em virtude da relação que existe entre ambas, participando em certo grau dos elementos que assistem a esta última; mas, por altos que sejam os níveis que alcance em seu desenvolvimento, suas prerrogativas são sempre limitadas. A mente superior se organiza em função dos conheci-
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mentos transcendentes, cuja finalidade essencial é pôr em atividade a consciência. A influência desta mente sobre o destino da vida humana se faz sentir quando esses conhecimentos começam a traduzir-se numa conduta que coincide com as disposições de seus elevados preceitos.. A atividade criadora da mente superior se inicia com o despertar da consciência, o que significa que seu funcionamento se acelera em razão do estímulo crescente que a consciência, ilustrada no conhecimento, exerce sobre ela.
AÇÃO COORDENADA DAS FACULDADES DO SISTEMA MENTAL
À medida que as atividades da inteligência se organizam dentro da mente inferior, respondendo às diretrizes do método logosófico, as faculdades da mente superior, abandonando sua imobilidade, iniciam gradualmente suas funções, e dessa forma as atividades de ambas as mentes se enlaçam; queremos dizer com isso que, ao produzir-se o contacto das faculdades inferiores, adestradas nas disciplinas do conhecimento transcendente, com as faculdades superiores, ativadas pelo avanço consciente, estabelece-se a coordenação harmoniosa dos movimentos que articulam o mecanismo das duas mentes. A inteligência da mente comum, ao assimilar os conheci-
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O SISTEMA MENTAL
mentos logosóficos com os quais a consciência individual se vai integrando, estende os limites de suas possibilidades até tomar contato com a esfera da mente superior, que amplia por sua vez o volume de sua capacidade criadora e cognoscitiva, tanto quanto o permita a evolução que o ser vá realizando.
A FUNÇÃO DE PENSAR NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE
A função de pensar, praticada como ensina a Logosofia, manifesta-se quando o ser, ao efetuar por força do novo saber as primeiras reflexões, percebe que nessa função, na qual começa a exercitar-se, sua vontade intelectiva atua respondendo à direção manifestamente lúcida da consciência. Sente, ao mesmo tempo, que pensa sob os auspícios de uma nova concepção psicológica humana e observa que suas reflexões adquirem maior amplitude. Esta primeira confirmação da verdade que o saber logosófico lhe anuncia, promove seu primeiro entusiasmo. Há uma diferença fundamental entre esta nova forma de exercer a função de pensar e a correntemente praticada. Essa diferença se apóia no fato de que, enquanto a última responde quase que exclusivamente a necessidades do momento, atendendo a reclamos ou urgências de ordem material ou intranscendente, a função de pensar, quando orientada pelo método lo-
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gosófico, obedece invariavelmente a um plano de vastos alcances na ordem mental, psicológica e espiritual; em outras palavras, obedece à realização do processo consciente de evolução humana. A faculdade de pensar não atua aqui isoladamente; ao contrário, conduzida pelo próprio método, conecta cada esforço que realiza a uma perspectiva ou oportunidade mediata ou imediata, que deverá ser preparada com antecipação para o seu aproveitamento. Utilizemos, para maior ilustração, o caso similar do indivíduo que respirou, durante toda a sua vida, sem pensar nisso a não ser em circunstâncias isoladas, nas quais até se impôs a prática de algumas inspirações profundas, para levar com mais amplitude o ar a seus pulmões. Em determinado momento, decide submeterse à direção de um especialista para poder realizar, com método, exercícios respiratórios convenientes à sua saúde e à sua conformação física. Até esse instante, não havia pensado nos benefícios de um adestramento dessa natureza, mas, agora, ao praticá-lo visando a um resultado já previsto, seu pensar analisa as vantagens do procedimento e comprova os frutos desse empenho, manifestados num maior volume torácico, numa melhor irrigação do cérebro e num enriquecimento da corrente sangüínea. Sua respiração contém, pois, o impulso profundo da ação mental consciente. Pois bem; desliguemos este fato da função comparati-
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va que acaba de cumprir, e passemos a considerá-lo como um dos tantos que se produzem na vida do ser comum, tais como são, por exemplo, os referentes ao esforço que se dedica ao cumprimento de um dever, ao cultivo de um hábito, de um estudo, de uma arte, de uma vocação, etc., etc. É indubitável que a conseqüência da ação mental consciente fica estabelecida, em tais atividades ou esforços, pelo aproveitamento das energias internas dirigidas para um fim, mas temos de ressaltar que, por positiva que seja essa conseqüência, sempre estará circunscrita ao plano físico, e a ação consciente se esfumará tão logo o propósito venha a ser alcançado. Algumas palavras mais bastarão para concretizar e definir melhor o pensamento que nestes momentos gerou a imagem plasmada. A Logosofia estabelece que a consciência nunca deve permanecer sujeita ou reduzida em seus alcances, porque o homem deve projetar para um futuro de ilimitadas possibilidades o potencial dinâmico da consciência, por ser ela que sustém, em razão de sua essência incorruptível, a vida do homem como principal figura da criação terrena. Isso significa que os resultados obtidos por meio da função mental consciente, por bons que sejam, carecem de virtude diante das prerrogativas que a Logosofia oferece, ao faltar a realização que rompe a estreiteza física e conecta cada esforço à aspiração de alcançar o aperfeiçoamento transcendente.
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É de vastas projeções para a vida – e fala ao entendimento com uma eloqüência capaz de conduzir a percepções mais amplas – saber que a mente pode funcionar com uma lucidez acima da habitual; e acaso também não o é, com mais justa razão ainda, saber que, além daquilo que se pensa no momento de fazer uso dessa faculdade, pode-se conhecer o que se pensará amanhã, em virtude de uma preparação adequada da mente, que o ser levará a cabo por si próprio, utilizando à vontade os recursos com que conta? Em outras palavras, o que se pensará amanhã estará sempre relacionado intimamente com o que hoje se pensa, e existirá também a certeza de que o pensar futuro será um complemento que vai melhorar o que a faculdade de pensar se ache atualmente elaborando.
A PERCEPÇÃO CONSCIENTE NO ATO DE PENSAR
Tão logo concebemos a idéia de fazer uma viagem, porventura não nos vêm à mente os meios de que nos valeremos para realizá-la, os recursos econômicos com que contamos, os inconvenientes mais imediatos, as pessoas que poderiam nos acompanhar e um sem-número de implementos relacionados com a idéia de viajar: roupas, malas, objetos, etc.? Nisso não interveio, entretanto, a função de pensar; o
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que ocorreu foi simplesmente um ato prévio a essa função, já que os elementos que com tanta precipitação acorreram à mente não poderiam ter sido elaborados por ela, sendo, sem dúvida, conhecidos ou quiçá os mesmos que intervieram noutra oportunidade, em análoga circunstância. Na maioria das pessoas, este fato permanece estranho à percepção interna, do mesmo modo que tais pessoas permanecem estranhas às sensações de sua consciência com relação à função de pensar, que entra em ação, por exemplo, quando, ao tomarmos uma determinação, nos vemos na necessidade de amadurecer o propósito mediante o exame reflexivo de tudo o que haverá de intervir em sua execução, buscando, entre os elementos à vista de nosso juízo, os que melhor se ajustem à circunstância. Pois bem; os movimentos mentais, seja qual for sua índole, não deverão passar despercebidos àquele que segue estes estudos, que tratará de ser consciente de toda atividade que sua mente desenvolva. Quando lhe surgir o propósito de realizar algo, não deixará esse ato, que precede à preparação de um projeto, entregue a movimentos involuntários, automáticos; ao contrário, predisporá sua mente por própria vontade e, ao selecionar depois os elementos que considere úteis ou necessários à finalidade que persegue, fará isso experimentando a certeza de estar assistido por sua consciência.
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GUIA PARA O ADESTRAMENTO MENTAL
Do que dissemos se conclui que o esforço deverá ser aplicado a um novo gênero de disciplina, em cujo adestramento serão utilizados os conhecimentos logosóficos na maior extensão possível. Quando se queira concentrar a atenção em seu estudo, proceder-se-á de modo a eliminar da mente, durante o tempo dedicado a esse trabalho, todo pensamento ou preocupação que a embargue, a fim de deixar livre o espaço mental para o desenvolvimento das idéias. Isto quanto ao estudo do ensinamento tendo em vista a aplicação que dele se há de fazer, mas quando se tratar de levá-lo à prática, a fim de que promova e oriente com eficácia o processo interno de superação, será preciso conceder por mais tempo ao conhecimento logosófico uma autoridade que não sofra diminuição em momento algum. Isso significa que, daí por diante, ele deverá presidir todas as palavras e atos do estudante, pois só assim este conseguirá tomar consciência de tudo quanto faça ou lhe ocorra, bem como das respectivas causas. A prática de tais instruções deverá ser acompanhada pela observação de seus resultados, e estes, anotados cuidadosamente para que sirvam de orientação.
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O domínio do campo mental próprio permite que o ser transcenda sua limitação e desenvolva sua vida em planos de consciência mais elevados. Nisso se baseia o segredo da realização humana.
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LIÇÃO IV
Os Pensamentos
Sua natureza Como nasce um pensamento na vida mental Reprodução de pensamentos Individualização de pensamentos Classificação e seleção Disciplina mental Aspectos da organização do sistema mental O pensamento-autoridade
OS PENSAMENTOS E SUA NATUREZA
Apesar de filósofos e sábios, tanto da Antigüidade como da idade moderna e contemporânea, haverem exercido a faculdade de pensar, nenhum deles jamais atribuiu vida própria aos pensamentos, nem declarou que pudessem reproduzir-se nem ter atividades dependentes e independentes da vontade do homem. A Logosofia, ao expor seus conhecimentos, apresenta o que se refere aos pensamentos como um dos mais transcendentes e de vital importância para o homem. Afirma serem entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se desenvolvem e ainda alcançam vida própria. Ensina a conhecê-los, identificá-los, selecioná-los e utilizá-los com lucidez e acerto. Tais entidades psicológicas animadas constituem forças ativas de or-
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dem construtiva a partir do instante em que ficam subordinadas às diretrizes da inteligência, ou seja, a partir de quando são submetidas, pelo processo de evolução consciente, a uma rigorosa fiscalização, que permite dispor delas a serviço exclusivo da inteligência. Os pensamentos, apesar de sua imaterialidade, são tão visíveis e tangíveis como se fossem de natureza corpórea, já que, se é possível ver com os olhos e palpar com as mãos físicas a um ser ou objeto desta última manifestação, os pensamentos podem ser vistos com os olhos da inteligência e palpados com as mãos do entendimento, capazes de comprovar plenamente sua realidade subjetiva.
COMO NASCE UM PENSAMENTO NA VIDA MENTAL
Os pensamentos nascem na vida mental como fruto de um anelo, uma inquietude, uma necessidade, uma aspiração, um sentimento. A faculdade de pensar tem o encargo de sua elaboração e dará depois nascimento a um pensamento que chamaremos de pensamentopropósito. Este se nutre a princípio com o elemento psicológico que lhe deu vida, ou seja, com o anelo, a inquietude, a necessidade, etc., até aparecer finalmente com um perfil psicológico que o distingue
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OS PENSAMENTOS
como descendente ou rebento daquele elemento do qual provém. Tratando-se de propósitos edificantes, não deverá ser preocupação única da inteligência atender e nutrir esse descendente, esse rebento, e proporcionar a ele o ambiente mental necessário para que não morra; mais que isso, deverá dar-lhe condições para que possa crescer vigoroso, tomar corpo e alcançar sua finalidade. Não são poucos os casos em que os pensamentos que assumem caráter de projetos inquietam permanentemente o espírito, mantendo desperta a aspiração de transformá-los em realizações; não obstante, tais projetos nunca chegam a manifestar-se em fatos reais. Isso se deve ao escasso vigor das energias que promovem o impulso, ou à incompleta formação desses pensamentos. Idênticos motivos são os que influem nas interrupções que se produzem, uma vez iniciado o movimento destinado a dar-lhes efetividade.
REPRODUÇÃO DE PENSAMENTOS
A reprodução de pensamentos na mente se realiza por uma necessidade natural e em obediência à lei de conservação. Suponhamos que a aspiração de cultivar uma ciência, uma arte ou uma profissão tenha chegado a concreti-
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zar-se num pensamento-propósito. Esse pensamento, para poder conservar em permanente ação o motivo central que lhe dá alento, necessita reproduzir-se, e para tanto procriará novos pensamentos, umas vezes por próprio e espontâneo concurso, e outras pelo concurso dos pensamentos que sustentam a ciência, a arte ou a profissão escolhida. Ao culminarem os esforços na etapa final de seu desenvolvimento, o conhecimento adquirido será o fruto hereditário do pensamento-propósito que deu origem aos pensamentos-conhecimentos, dos quais a inteligência se servirá daí por diante para desenvolver suas atividades no campo correspondente à especialidade cultivada. O exposto será suficiente para se compreender que não basta criar um propósito, por ser ainda necessário dotálo de tudo quanto possa contribuir para seu desenvolvimento, até sua total execução. A reprodução de pensamentos aumentará, assim, a energia mental que a realização de uma aspiração demanda, e permitirá ao pensamento-propósito abarcar uma zona da mente cada vez mais extensa.
INDIVIDUALIZAÇÃO DE PENSAMENTOS
Os pensamentos, conforme seja sua natureza, exercem funções específicas dentro da mente. Se observarmos o que ordinariamente ali ocorre, encontraremos – além
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dos pensamentos relacionados com as tarefas de uma profissão, seja ela qual for, e os quais denominamos pensamentos-conhecimentos – aqueles outros diretamente vinculados às necessidades da existência, caso em que tomam a forma característica das preocupações econômicas; encontraremos os que promovem inquietudes pelo próprio futuro ou o da família; os que inclinam o ser às viagens, aos esportes, às diversões ou às especulações, e, também, os que impulsionam as ações em benefício do próximo e da humanidade. Quando os conhecimentos transcendentes passam a participar dessas atividades, vemos aparecer pensamentos que elevam e configuram a classe superior, isto é, os que dão ao homem possibilidades e vantagens que os demais por si sós não lhe podem oferecer. Em contraposição aos pensamentos de natureza construtiva, encontraremos também os negativos, ou seja, aqueles que, de forma manifesta ou encoberta, fazem incorrer em erro e, continuamente, atentam contra a paz interior e a integridade moral. Vamos nos referir apenas aos que, sob esse rótulo, aparecem em segundo plano, como a vaidade, a intolerância, a excessiva auto-estima, o ceticismo, a negligência, etc., porque os que ocupam o primeiro – a exemplo dos de ódio, luxúria, avareza e outros, cuja audácia em muitos casos chega a utilizar a vida inteira do ser para levar a cabo seus fins – quase sempre sufocam no homem toda tentativa de reforma. Tal é o caso do jogador, do bebedor e do ladrão, a cada um dos quais os respecti-
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vos pensamentos dominantes arrastam para os lugares de suas torpes inclinações. Estabelecido um princípio, este rege todas as compreensões que se suscitem dentro da linha por ele traçada. Isso significa que, tomando por base as explicações precedentes, facilmente se poderá chegar à identificação dos pensamentos próprios, devendo-se, para tanto, começar pelos que costumam preocupar a mente ou atrair em maior grau a atenção da inteligência. A prática desse exercício permitirá individualizá-los gradativamente, trabalho este que ajudará, ao mesmo tempo, a fazer a seleção conveniente aos fins do melhoramento psicológico e moral que se busca.
CLASSIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE PENSAMENTOS
Individualizados os pensamentos, segundo acabamos de indicar, passar-se-á a classificá-los por ordem de atividade e de contribuição. Aparecerão assim os úteis, que respondem às necessidades diárias e de cujo concurso não se pode prescindir; os que servem aos altos objetivos da inteligência, participando no desenvolvimento das preferências do espírito; os que não contribuem praticamente com nada; os contrários a toda tentativa de aperfeiçoamento. Efetuada a classificação de pensamentos que a princípio
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se consiga fazer, já não será difícil proceder à sua seleção, que se realizará de plena conformidade com os propósitos de bem que tenham sido traçados e com a imprescindível assistência do conhecimento logosófico. A seleção deverá ser seguida por uma superação constante de tais pensamentos, com base no estudo e nas experiências que surjam à medida que destes se faça uso no curso do processo de evolução que se inicia. Será fácil inferir que a seleção de pensamentos deverá ser praticada permanentemente, a fim de que os mais construtivos incidam mais sobre a consciência. O exame detido e contínuo dos pensamentos, que recomendamos praticar desde o início do labor, será mais adiante aliviado, porque a assistência do conhecimento logosófico nas atuações individuais contribuirá, paulatinamente, para que a seleção se faça de forma espontânea.
DISCIPLINA MENTAL
Esta disciplina tem por objetivo assinalar tudo quanto se relaciona com a atividade do sistema mental. Seus resultados imediatos se concretizam num aproveitamento efetivo das energias internas, num volume cada vez mais amplo da capacidade intelectual e numa considerável economia de tempo, cujo valor se torna inestimável quando usado para consumar esforçadas jornadas de evolução consciente.
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Já que a disciplina mencionada abarca o sistema mental em conjunto, é lógico que ela alcance também os pensamentos. Por exemplo, ao atendermos somente àqueles de que em determinado momento necessitamos para esta ou aquela atividade mental, imobilizaremos os que não nos servirão para esse fim. Fica entendido, por certo, que estes terão sua vez de intervir quando, em qualquer outra atividade que a mente empreenda, se requeira sua participação. A contínua repetição de tais movimentos, tendentes ao ordenamento das funções mentais, irá fixando nela os resultados favoráveis dessa disciplina. A concentração da energia mental, no momento de se fazer uso da faculdade de pensar para levar a cabo o exame de um assunto – tal como o exige, por exemplo, a solução de uma dificuldade ou o estudo de um conhecimento –, assinala, pois, um esforço consciente determinado pela disciplina mental. Quando a vida se encaminha dentro do processo de evolução consciente, essa disciplina simultaneamente se organiza, por força natural desse mesmo processo. Pode-se com facilidade deduzir que existe uma correspondência direta entre o sistema mental e o processo da vida, pois este, obedecendo ao mandado daquele, gira em torno de suas diretrizes e formaliza a disciplina, fazendo com que o sistema mental se converta em mecanismo regulador do próprio ser.
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ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA MENTAL
A mente pode criar pensamentos que permanecem dentro dela a serviço do ser. A prerrogativa de criálos corresponde – como já dissemos – à faculdade de pensar, cuja intervenção também permite discernir situações, pronunciar juízos sensatos, analisar com acerto fatos e palavras, promover acontecimentos e propiciar toda atividade construtiva1. Mediante a referida faculdade, pode-se efetuar um rigoroso exame dos pensamentos que habitam a mente e alcançar maior capacidade na sua seleção, pois é ela que ajuda a distinguir e rechaçar os improdutivos e indesejáveis, bem como a escolher os que dão seu apoio aos propósitos de superação2. A fim de que se possa aprofundar no conhecimento dos valores com que se conta para levar adiante o autoaperfeiçoamento, que progredirá de acordo com a organização do sistema mental próprio, daremos a seguir
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Ao nos referirmos à função desempenhada pela faculdade de pensar em tais casos, não excluímos, como é natural, a intervenção das outras faculdades, as quais – separadamente ou em conjunto, e toda vez que as circunstâncias o exigem – prestam seu concurso, participando ora na formação, ora na seleção, ora na coordenação dos elementos que dão origem à criação de um pensamento ou intervêm em seu desenvolvimento, seja numa investigação, num pronunciamento, etc.
2
Ver O Mecanismo da Vida Consciente, do autor.
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noções mais detalhadas sobre os pensamentos nas respectivas classes. Em suas atuações, o homem se conduz usando quer pensamentos próprios – ou seja, elaborados ou criados pela própria mente, graças ao saber adquirido com o estudo e a experiência –, quer alheios ou provenientes de outras mentes, os quais, impressos em livros ou periódicos, ou transmitidos por meio da expressão oral, são aceitos e usados freqüentemente como próprios. Intervêm também nas ditas atuações os pensamentos com vida própria, ou seja, aqueles que se movem e desenvolvem suas atividades prescindindo da intervenção da mente que os abriga. Tais pensamentos, que tanto podem ter-se gestado nela como proceder de outras mentes, atuam independentemente do juízo pessoal e ainda chegam a exercer absoluto predomínio nas determinações do ser. A influência destes pensamentos sobre a vontade pode chegar a ser tal, que o homem só age impulsionado por esses agentes estranhos à sua consciência e alheios, por conseguinte, a seu conhecimento. Isso acontece quando os pensamentos que atuam no recinto mental – sejam próprios ou provenham de fora – não são orientados e disciplinados pela inteligência, que deverá fazê-los servir a fins úteis e louváveis. A Logosofia estabelece que a mente pode ser capacitada para alcançar a máxima expressão de seu conteúdo consciente, isto é, que a influência dos pensamentos
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OS PENSAMENTOS
que costumam governá-la é suscetível de ser neutralizada, e até mesmo anulada, ao funcionar o sistema mental em concordância com a ação consciente. A intervenção da consciência no esclarecimento das funções que cada pensamento desempenha na mente é, pois, essencial, porque permite distinguir com toda a exatidão quais são os pensamentos produzidos pela própria mente, quais os adotados ou de procedência alheia incorporados ao acervo individual, e quais os que têm vida própria, ou seja, os que atuam com autonomia ou com prescindência da mente que os abriga. Nem seria preciso dizer que a consciência facilita grandemente a identificação dos pensamentos inúteis ou estéreis, bem como dos maus, que têm quase sempre parte ativa em cada uma das três categorias citadas. Aquele que seguir estes estudos deverá, como primeira medida, ocupar-se destes últimos, por serem os que dificultam e até tornam impossível levar à realização todo propósito elevado. E será bom ter especialmente em conta que a esses pensamentos negativos deverão ser somados os alheios de igual característica, prontos a penetrar na mente a qualquer instante, por intermédio das versões defeituosas – quando não malévolas – de conhecidos ou de estranhos. Tais pensamentos se introduzem na mente como se entrassem num ônibus. Situados nela, falam, persuadem, convencem e, quando já não têm o que fazer ali, saem do veículo mental em que viajam, mas não sem antes deixar para trás um
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sedimento cujos efeitos se fazem sentir ao menor sinal de desordem, confusão ou falta de vigilância mental. Além disso, o ser se empenhará em distinguir, com a maior clareza possível, a diferença substancial que existe entre os pensamentos que comumente ocupam a atenção e os que provêm do conhecimento logosófico, pensamentos estes que, ao serem incorporados ao patrimônio pessoal, haverão de ocupar na mente um lugar de especial preferência. Ao criar seus pensamentos, aquele que estuda o fará obedecendo sempre à idéia central do projeto em vista. O bom uso que faça dos pensamentos que animam os ensinamentos da Logosofia lhe permitirá experimentar os benefícios da força construtiva que contêm, já que estes pensamentos, enquanto intervêm como auxiliares da reflexão, facilitam a elaboração das compreensões, com as quais haverão de ser gestados os pensamentos próprios, que forjam as convicções do ser. Na formação dos pensamentos que a mente vá criando entrará a própria inspiração, sem que isso signifique que, para tanto, não possam prestar seu concurso os pensamentos alheios, os quais, neste caso, seriam os que provêm dos novos conhecimentos. Mas, insistimos, quem aprende a utilizar os conhecimentos logosóficos deverá saber diferençar os pensamentos próprios dos alheios, porque, não fazendo isso, será levado a confundi-los e, em alguns casos, a crer sejam todos de propriedade pessoal. A razão dessa discriminação
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OS PENSAMENTOS
reside no fato de que os pensamentos próprios devem, invariavelmente, destacar uma linha de conduta que tenda ao melhoramento constante das qualidades e à maior elevação de propósitos. Cada pensamento que sejamos capazes de criar deverá ter um conteúdo e haverá de concorrer para os altos fins da superação individual, como também para a ajuda a ser dada nesse sentido ao semelhante. A esta altura do labor, em que são focalizados aspectos fundamentais da psicologia humana, o estudante poderá avaliar, diante do quadro íntimo de seus pensamentos, até que grau estes dominam sua vida e em que grau é ele que os governa. Ao dissipar-se a confusão que antes nele reinava a respeito da função de pensar, e apoiado agora num conhecimento maior dos pensamentos quanto a suas qualidades e às funções que desempenham – os próprios, os alheios e os autônomos –, poderá estabelecer sem grande esforço qual desses fatores é o que opera nos diferentes movimentos e atividades de seu sistema mental, e agir de forma conseqüente, exercitando-se no manejo de sua mente e no dos pensamentos que nela atuam. A clara visão das perspectivas mentais possibilita aplicar com segurança o método logosófico e, ao mesmo tempo, exercer um pleno domínio sobre os pensamentos. E quando toda a atividade desenvolvida consiga estar dentro das diretrizes conscientes do sistema mental,
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o espírito estará seguramente preparado para internarse no mundo mental transcendente, ao qual faremos referência mais adiante.
O PENSAMENTO-AUTORIDADE
A vida consciente há de ser concebida como uma necessidade vital do espírito, o qual, reagindo diante do desvio, da insegurança e da desorientação em que se encontra a vida do ser que ele anima, adquire inusitada força de expressão ao se abrirem para este as portas de um mundo que lhe oferece a possibilidade de levar a cabo realizações extraordinariamente fecundas. Para se aproximar dessa realidade, será necessário estabelecer na mente um pensamento com autoridade suficiente para dirigir todas as atividades compreendidas na realização do plano que se pretenda seguir. O pensamento-autoridade será, daí em diante, o representante direto da consciência e aquele que, encarnando as aspirações e decisões do ser, manterá a ordem, apesar das argumentações da dúvida, da impaciência e da resistência dos velhos hábitos, fazendo cumprir a disciplina exigida pelo trato contínuo com os pensamentos que, provindos das fontes do conhecimento logosófico, acorrem em auxílio do ser. Dessa maneira, serão evitadas interferências incômodas e inoportunas, ou a intromissão de tendências estranhas aos altos fins da evolução.
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OS PENSAMENTOS
O homem reflexivo rara vez se deixa levar por seus pensamentos, e até nos momentos mais críticos costuma amparar-se na serenidade, para não atuar levado por nenhum impulso, ou seja, sob a sugestão de pensamento algum ao qual não tenha concedido, por íntima relação com ele, sua confiança e seu prévio consentimento em tê-lo como solução. Na nobre luta que terá de enfrentar no campo da vida consciente, o ser deverá se valer ao máximo de suas forças internas; afastará assim os perigos do desânimo nas freqüentes e arriscadas alternativas pelas quais haverá de passar, enquanto conquista as posições firmes que, por sua vez, darão consistência às razões em que se baseia sua conduta e sua determinação. O repasse consciente dos pensamentos que tomam parte nas atividades de sua mente e o exame dos resultados do trabalho que realiza, dar-lhe-ão a pauta dos adiantamentos obtidos; a partir dessa posição, caso seja vantajosa, preparará seu ânimo, como nos campos de batalha, para realizar futuros avanços em direção a progressos cada vez maiores no caminho da evolução consciente. Uma vez que se consiga experimentar as satisfações íntimas produzidas pelo triunfo dos esforços feitos dentro da ordem citada, tudo começará a mudar sob o império de concepções mais amplas, que iluminarão progressivamente o entendimento pelo caminho da mais bela de
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todas as realidades: a de saber-se capaz de conhecer a si mesmo e compreender a finalidade da existência. O empenho inteligente é, em toda atuação, fator de triunfo.
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LIÇÃO V
O Sistema Sensível
Sua configuração A sensibilidade As faculdades sensíveis Os sentimentos
CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA SENSÍVEL
O sistema sensível está configurado na parte anímica do ser humano e tem sua sede no coração, órgão sensível por excelência e centro regulador da vida psíquica do homem. Divide-se em dois campos ou zonas, demarcados com exatidão. Uma dessas zonas pertence à sensibilidade, integrada pelas faculdades de sentir, de querer, de amar, de sofrer, de compadecer, de agradecer, de consentir e de perdoar. A outra corresponde aos sentimentos; é o espaço dimensional em que eles nascem, vivem e atuam. Nessa segunda zona, as faculdades sensíveis geram, incrementam e consolidam os sentimentos que, depois, presidem os atos do homem, apresentando-se como expressões espontâneas da sensibilidade.
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Do que ficou dito se pode inferir que os pensamentos e os sentimentos atuam de forma alternada dentro do ser, impulsionando as alavancas da vontade e orientando as ações. O conhecimento logosófico põe em atividade todas as faculdades do sistema sensível e as habilita para cumprir, com amplitude, a função altamente construtiva a que estão destinadas. O adestramento no uso consciente de tais faculdades capacita o ser para dar um conteúdo superior aos sentimentos que elas geram.
A SENSIBILIDADE
Constituída, como dissemos, pelo conjunto das faculdades do sistema, a sensibilidade, além de criar sentimentos e intervir em sua formação, é que sustenta o indivíduo em seu aspecto anímico e dispõe das energias internas, equilibrando a vida psíquica em todas as circunstâncias em que se acentuam as preocupações que, de um modo ou de outro, a afetam. As faculdades sensíveis entram em ação em resposta às causas que as excitam: impressões, emoções, estímulos, necessidades internas, exigências do espírito e influências dos pensamentos. Tais causas comovem primeiramente a sensibilidade, articulando-se então o funcionamento das faculdades chamadas a intervir. Seja qual for a faculdade que entre em ação, a sensibilidade
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O SISTEMA SENSÍVEL
como um todo parece contrair-se e concentrar-se no motivo que a ativou. A faculdade cumpre, enquanto isso, seu trabalho peculiar, assistindo o sentimento nas diferentes fases do processo formativo que haverá de levá-lo a alcançar existência sensível. No curso desse processo, a inteligência, em combinação com o sistema sensível, vela pela qualidade e pureza do sentimento que se acha em via de consumar sua formação.
OS SENTIMENTOS
São os agentes diretos da região sensível e os que estabelecem, em definitivo, as qualidades da alma; em outras palavras, são os agentes virtuais da sensibilidade. Recebem o influxo vital do mundo mental, mas subordinados a seu sistema. Como os pensamentos, os sentimentos requerem uma consagração íntima por parte daquele que se dedique a seu cultivo, devendo esforçar-se por conservá-los e incrementá-los, enobrecendo-os gradualmente. Os sentimentos se perpetuam pelo estímulo incessante da causa que lhes deu origem. Em virtude desse estímulo, eles se enraízam e se afirmam na alma e, ao contrário, se debilitam ou se anulam quando esse estímulo se desvanece ou perde o influxo vital que o animava. Daí ver-
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mos tão freqüentemente o declínio de sentimentos que pareciam inalteráveis. A falta de uma coerência consciente é quase sempre o motivo desse singular episódio da vida sensível. Sendo o homem suscetível de esquecer as causas que o instaram a dedicar-se a eles com uma acendrada firmeza, explica-se a instabilidade de seus sentimentos, que ele muda com a mesma freqüência com que muda de pensamentos. Isso explica, também, por que tão amiúde maltrata mesmo aqueles que são mais caros a seu espírito. O pesar e a contrariedade costumam ser a conseqüência de tais atitudes, quando, mais tarde, restabelecida a calma, o ser percebe o erro de não haver mantido seus sentimentos resguardados das flutuações mentais ou psicológicas que atentam contra a sua estabilidade no coração. Ficará assim subentendido que, enquanto o ser humano permaneça sujeito às variações oriundas de sua indisciplina, os esforços que isoladamente realize para prosseguir o processo de formação consciente de um sentimento, sob as diretrizes do método logosófico, não conseguirão dar a ele firmeza como existência sensível, porquanto isso requer continuidade. Temos de frisar, ainda, que o simples fato de alguém conhecer mentalmente esta concepção do sistema sensível não significará haver alcançado a consciência dos movimentos que se realizam nele, nem tampouco dará lugar a pensar isso a prática de uma conduta mais ou
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menos acorde com o ensinamento. Chega-se à consciência dessa realidade quando se segue, passo a passo, o processo prescrito para a assimilação do conhecimento. Impõe-se – é óbvio – a execução de um estudo profundo e constante dos elementos que acionam e articulam o sistema sensível, a fim de poder seguir, por meio das manifestações que dele procedem, cada um dos movimentos promovidos internamente. O conhecimento das funções que, separadamente ou em conjunto, as faculdades sensíveis cumprem, permitirá experimentar uma nova e mais íntima realidade do conteúdo interno da vida.
AS FACULDADES SENSÍVEIS
A fim de não nos afastarmos da finalidade que este livro deve cumprir, que é a de encaminhar o estudo logosófico em seus trechos iniciais – de per si importantes pela reativação psicológica que promovem –, limitamo-nos a assinalar aqui, muito sumariamente, as funções que particularizam algumas faculdades sensíveis, dentre as quais escolhemos só aquelas que, por sua denominação, talvez pudessem se tornar menos acessíveis ao entendimento. Começaremos pela faculdade de sentir, cuja função guarda uma semelhança apreciável com a desenvolvida, dentro do respectivo sistema, pela faculdade de pensar,
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pois é ela a que promove a gestação e o nascimento dos sentimentos e fortifica a sensibilidade. Quando é dirigida conscientemente, sustenta de forma elevada os sentimentos, e não só faz com que eles contribuam para o bem próprio, mas também os faz servir à causa do bem humano e universal. A faculdade de querer se distingue por sua complexidade. No dinamismo de sua ação intervêm, com particular intensidade, as faculdades da mente e a vontade, embora sua fonte de energia esteja na própria sensibilidade. É excitada pelos estímulos internos e externos que formam os anelos, as aspirações, etc., e toma força em virtude da reiteração dos motivos que a ativam em sua função de dar impulso e consistência ao sentimento, a fim de que suporte bravamente todas as dificuldades que se oponham à conquista de um objetivo. A faculdade de consentir é uma das mais sutis do sistema sensível. Atua com prescindência da razão, faculdade da inteligência que – antes de consentir ou aprovar – analisa, pesa, calcula, etc. Percebe por afinidade sensível até as manifestações mais imperceptíveis do amor, da simpatia, da bondade, etc., que descobre no semelhante, e consente toda vinculação e amizade. A faculdade de sofrer utiliza, ao atuar, as reservas internas, sempre prontas para suportar a dor das desgraças ou da desventura. Quando a força moral acumulada durante a vida é grande, a capacidade de resistência à dor é imponderável. A resignação costuma, então, com-
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O SISTEMA SENSÍVEL
pensar a falta de compreensão – caso ocorra – sobre a adversidade que oprime a vida. Mas cabe à faculdade de sofrer uma possibilidade ainda maior, que é a de revelar ao homem uma prerrogativa inerente à natureza humana, explicando-lhe em essência a reconfortante conduta do espírito quando, governando este a vida1, deve fazer frente à intensidade ou magnitude do sofrimento. Observemos agora a faculdade de amar em duas fases do desenvolvimento consciente de suas funções. Suponhamos que, ao tomar contato com alguém – pode ser este quem for –, a sensibilidade seja comovida por uma sensação de simpatia ou atração. Quando a sensibilidade está assistida permanentemente pela consciência, a faculdade de amar – movida, ao atuar, pela simpatia ou pelas razões favoráveis que pudessem assisti-la – contribui para criar, incrementar ou perpetuar o sentimento afetivo com que procura vincular-se ao semelhante. Se, pelo contrário, a sensação recebida pela sensibilidade é de rechaço, e essa sensação de rechaço, longe de estar justificada por alguma razão válida, obedece a uma pre-
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Não sendo matéria destas lições o esclarecimento deste ponto, transcrevemos o seguinte parágrafo de nosso livro O Mecanismo da Vida Consciente, considerando que, de certo modo, proporcionamos com isso um auxílio ao leitor: “A primeira grande verdade, o homem haverá de achá-la dentro de si; uma verdade que está representada por todas as etapas que deverá cumprir, com esforço e adestramento, até identificar-se com seu espírito e assegurar sua efetiva e permanente intervenção no transcendente processo que está realizando. Ao chegar a esse ponto, o espírito assumirá o governo da vida e atuará com inteira liberdade na vigília, conseguindo o ser físico tal segurança e acerto em seu pensar e em sua atuação, que lhe será evitado cair no engano ou no equívoco...”
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
disposição negativa do próprio ser, a faculdade de amar, atuando em colaboração com a inteligência e a vontade, procede à elevação do sentimento, até livrá-lo dessa manifestação estranha a ele, que lesa sua essência. O conhecimento logosófico desperta e ativa – como dissemos – as faculdades do sistema sensível, mediante o processo de evolução consciente, durante o qual o ser se familiariza com elas e se adestra no saudável exercício do seu manejo. Quanto maior seja a elevação moral e espiritual alcançada, maior será também a segurança adquirida a respeito desse manejo.
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LIÇÃO VI
O Sistema Instintivo
Sua definição e atividade como força energética As energias do instinto a serviço do espírito
SUA DEFINIÇÃO E ATIVIDADE COMO FORÇA ENERGÉTICA
Que mistério envolve o instinto? Já que não é um órgão nem uma célula, e não podendo ser definido como se define o pensamento ou o sentimento, de que se compõe ele? Que força o move? Vamos explicar o assunto dando apenas uma noção geral do papel que o instinto desempenha na conformação psicológica humana. Constituído em sistema, o instinto configura uma das três partes em que se dividem as energias psicológicas do indivíduo; isso quer dizer que essas energias são constitutivas dos três sistemas: o mental, o sensível e o instintivo. Conta este sistema com as energias que o homem precisou utilizar em sua defesa nas primeiras idades, incitado pelas exigências naturais da vida primitiva.
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
Foi necessário o transcurso de milhares de séculos para adaptar essa força – que no princípio o resguardou da voracidade das feras e da inclemência dos fenômenos cósmicos – aos meios menos rudes que a vida civilizada ia paulatinamente criando em torno dele. Mas, à medida que o rigor das primeiras épocas perdia intensidade, o homem, longe de encaminhar essas energias do instinto na direção que seu desenvolvimento mental e espiritual lhe indicava, foi cedendo a seu influxo, que o incitava a se voltar contra tudo o que era nobre, sadio e bom contido em sua natureza. Alterado assim o processo que ele devia ter seguido em seu desenvolvimento integral, o predomínio do sistema instintivo sobre os outros sistemas, ao invés de se debilitar enquanto o homem ia transpondo épocas e idades, acentuou progressivamente seu império sobre a vontade, manifestando-se cada vez mais numa luta aberta contra os altos fins para os quais o ser humano foi criado. As energias que movem este sistema sempre se opuseram às demandas circunstanciais dos outros dois sistemas, sendo isso motivo para as grandes perturbações que na ordem interna e externa o homem veio sofrendo até aqui. Fora da função geradora específica que o coloca a serviço da conservação do indivíduo, o instinto se caracteriza pelas manifestações ardentes que sua atividade funesta sempre desencadeou na natureza humana.
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O SISTEMA INSTINTIVO
Convertido em força dominante dessa mesma natureza, vem mantendo o homem escravizado, preso em sua poderosa rede, cujos fios, se alguma vez se afrouxam, por certo não é para lhe devolver a liberdade, mas para oprimi-lo mais vigorosamente ainda. Superadas as situações prementes que de início lhe deram supremacia na conformação psíquica humana, o sistema instintivo se define, em nossos dias, como reações psicoemocionais de características violentas e ignóbeis. O ódio, a vingança, a cobiça, a inveja, a luxúria, o ciúme, as ânsias de domínio, os desejos insanos, a falsidade, a maledicência e todas as formas de impiedade humana aparecem, hoje, aguçando-se na região instintiva do homem, transformadas em paixões que lhe aviltam a vida, com perigo de perdê-la irremediavelmente. Os comumente chamados maus sentimentos não são tais, porque não se pode denominar sentimento o que foi gestado pelas paixões inferiores do homem, respondendo, em conseqüência disso, aos impulsos desenfreados de sua parte mais inculta: o instinto. São monstrengos psicológicos malignos, a serviço da paixão que lhes deu vida e os sustenta. É o instinto, pois, que os fomenta, enquanto conduz o homem pelos obscuros caminhos do mal. Dono absoluto dos pensamentos que lhe são afins, os quais ele mesmo perverte ou atrai para a órbita do ser, chega a debili-
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tar a tal extremo as potências do sistema mental, que o ser humano se entrega indefeso à sua influência, avançando sem sentimentos e sem moral para a ruína. Felizmente, e para honra de nosso gênero, são muitas as pessoas de bem, honradas e cultas, nas quais o equilíbrio psíquico tempera as manifestações instintivas, que, debilitadas ou aplacadas pela força dos sentimentos, só chegam a se efetivar em características defeituosas mais ou menos salientes, mais ou menos incômodas ou torturantes, passíveis de fácil encaminhamento sob as diretrizes do bem.
AS ENERGIAS DO INSTINTO A SERVIÇO DO ESPÍRITO
O processo de evolução consciente, propugnado pelo conhecimento logosófico, induz o ser a concentrar toda a sua atenção no ordenamento de uma nova vida, que começa para ele ao iniciar-se a atividade consciente dos sistemas mental e sensível. Isso implica o despertar para uma realidade não imaginada, que impele a avançar nos estudos que conduzem ao conhecimento desse maravilhoso mecanismo do espírito, cuja investigação deve ser integral e conduzir às profundidades mais recônditas da essência humana. Entregue o ser a semelhante tarefa, o instinto cede em sua resistência, perdendo pouco a pouco sua caracterís-
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O SISTEMA INSTINTIVO
tica negativa; isso significa que a evolução consciente, ao vinculá-lo aos centros superiores de energia, vai liberando-o dos aspectos que o inferiorizam. Ao pôr-se em contato com as energias mentais e sensíveis conscientemente ativadas, as energias do instinto são aproveitadas com grandes resultados no próprio aperfeiçoamento, porque contribuem para robustecer as forças do espírito, colaborando na realização dos sucessivos encargos que o processo de superação impõe. A formação moral e espiritual consciente contrabalança os impulsos passionais do instinto. Sua consolidação equivale ao afastamento da nociva participação deste na vida do ser. A influência do instinto jamais pode alcançar a mente superior, cujo funcionamento se relaciona rigorosamente com a emancipação do ser em relação aos motivos que o impedem de elevar-se.
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LIÇÃO VII
O Ensinamento Logosófico
Suas particularidades e atributos Seu valor Dois aspectos do poder fecundante do ensinamento Requisito para sua assimilação Como adaptar a mente ao ensinamento Norma indeclinável de conduta
PARTICULARIDADES E ATRIBUTOS DO ENSINAMENTO
Nosso ensinamento é a expressão cabal do saber transcendente contido no conhecimento logosófico, cujas profundas verdades ele expõe e explica com simplicidade e clareza. Cada uma delas guarda em si um conjunto de elementos que correspondem a uma finalidade específica: aproximar o conhecimento ao homem. O ensinamento logosófico não teoriza, não argumenta, não formula hipótese de espécie alguma. Vai de um modo direto à vida do homem para assisti-lo em seus múltiplos problemas. É medular para a razão humana. Manifesta-se em tudo o que está expressado pela Logosofia, pois tudo no vocabulário desta ciência tem um con-
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teúdo ajustado estritamente aos princípios fundamentais que a alentam e lhe infundem a força de suas incontestáveis verdades. Atua diretamente sobre a consciência individual, convertendo-se numa necessidade imperiosa do espírito. Caracteriza-se e distingue-se por levar em si a força modificadora dos conhecimentos que o inspiram. Com a sua viva e penetrante ação e o poder de seus múltiplos estímulos, tende a despertar, orientar e desenvolver ao máximo as potências adormecidas da inteligência. Proporciona ao homem os elementos que ele não possui ou que lhe faltam para seu aperfeiçoamento, e tem a virtude de corrigi-lo e encaminhá-lo, tal como exige o processo que o conduz a esse aperfeiçoamento. Ao corrigi-lo e encaminhá-lo, debilita gradualmente a consistência de suas deficiências e imperfeições psicológicas, até eliminá-las totalmente. Cada pensamento criado pelo saber logosófico é um ensinamento que, associado à vida, permite experimentar seus benefícios.
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O ENSINAMENTO LOGOSÓFICO
VALOR DO ENSINAMENTO LOGOSÓFICO
Pelas profundas verdades que encerra, por sua forma singular de expressão e pela virtude de sua força assimilável, o valor do ensinamento logosófico é, em todos os sentidos, inestimável. Esse valor é comprovado tão logo o ser se aprofunda no ensinamento, já que, ao penetrar nele, surge à sua vista o que, no curso dos séculos, permaneceu como uma nebulosa para o entendimento humano, isto é, a solução das grandes questões apresentadas à inteligência, em cuja busca tiveram de se declarar impotentes todos aqueles que trataram de encontrá-la. A sabedoria que anima o ensinamento logosófico preside o pensamento de todo aquele que o institui como norte de sua vida, para quem o mundo e as coisas se tornam cada vez menos incompreensíveis, ou melhor, se explicam ao seu entendimento; com isso vão sendo fulminados os fantasmas da mente e, em conseqüência, eliminados os motivos que debilitam a vontade e esterilizam a vida. Ao atuar diretamente na consciência individual, o ensinamento desperta no ser a necessidade de uma atividade ininterrupta no sentido de seu melhoramento, favorecendo com isso a livre expressão da consciência e o desenvolvimento amplo e regular das faculdades da inteligência; em outras palavras, por meio dessa atividade se tende a eliminar as sombras da mente e a permitir o
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acesso a ela dos conhecimentos que projetam claridade sobre o entendimento. Em suma, os valores enunciados como atributo do ensinamento logosófico se manifestam com toda a evidência no fato de originarem e impulsionarem, no ser, uma série de mudanças psicológicas de importância crescente, que o afastam do estado inseguro e confuso em que se encontrava antes de adotá-lo; manifestam-se igualmente no suporte que, mediante a assistência constante da fonte geradora de seus princípios, prestam ao desenvolvimento pleno das faculdades e das condições superiores da existência. Por meio do ensinamento logosófico se reconstrói a vida, devendo-se entender, porém, que isso acontece proporcionalmente ao grau de boa vontade e de resolução com que cada um seja capaz de contribuir para tão elevado fim.
DOIS ASPECTOS DO PODER FECUNDANTE DO ENSINAMENTO
O processo de fecundação mental promovido pelo conhecimento logosófico apresenta, ainda em sua fase inicial, aspectos que estimulam o labor de quem estuda. A atividade que a energia mental passa a ter, como efeito dessa ação fecundante, é de todo evidente, cumprindo-se com isso um dos propósitos do ensinamento,
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que é o de estimular a função intelectual, de forma que, gradualmente, aumente a capacidade para encarar os problemas superiores que se apresentam no vasto campo da ciência logosófica. Isto nos revela um importante aspecto do processo de fecundação mental, configurado na ampliação de possibilidades que, por meio do estudo logosófico, a inteligência experimenta, ajustando-se imediatamente, após a verificação de cada avanço, à grata tarefa de criar para si condições mais elevadas, auspiciosas para a evolução de suas idéias. É freqüente observar como, sob a ação fertilizante do conhecimento logosófico, as idéias ou os projetos que ontem brotaram defeituosos da mente que se dedica a estes estudos, hoje se manifestam, ao serem novamente elaborados, com marcante aperfeiçoamento em relação aos anteriores, tanto na questão dos detalhes como em sua concepção de conjunto. Desta maneira, ao desenvolver-se a capacidade intelectual, simultaneamente são criadas aptidões para encarar novas fases do conhecimento transcendente, até então inacessíveis à inteligência. Tais mudanças de posição interna, conforme se compreenderá, não se produzem de golpe, mas sim de forma gradual, à medida que o conhecimento logosófico é assimilado com maior consistência, numa confirmação dos princípios que ele sustenta. Amiúde se pensa que o ensinamento atua de forma instantânea no ser e que, em conseqüência, este experimenta mudanças imediatas. Isso depende – como é lógico – das condições ou
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aptidões de cada um, embora tampouco seja difícil deduzir que, ao se instituir o processo de evolução consciente para o aperfeiçoamento do homem, foi necessário também estabelecer um tempo prudencial para sua realização, em cujo transcurso haveriam de ir ocorrendo as mudanças e as transformações que essa evolução propõe cumprir. Nunca se deverá esquecer que na Criação nada foi ou é feito bruscamente, senão por meio de um desenvolvimento gradual, tal como a natureza mostra, demonstra e seguirá demonstrando sempre. Outro aspecto da ação estimulante do processo de fecundação mental é constituído pela variada série de indagações que aparecem na mente, aspecto este que define um dos primeiros movimentos que ocorrem ao contato com o ensinamento. Tal fato poderia muito bem ser definido como o renascer da vida interna. Na maioria dos casos, o conhecimento logosófico desperta no ser recordações de coisas que noutra época preocuparam sua mente, de noções incompletas que em vão tentou ampliar, recordações que permaneciam estáticas dentro dele, por falta de estímulos que as mantivessem ativas, ou por outras causas que talvez o próprio ser não conheça. O ensinamento, atuando como fator de reativação das energias mentais, desperta essas recordações, que de novo impelem a buscar a explicação do que se tinha esquecido, explicação esta que agora acorre ao entendimento, atraída pelos motivos que, reanimados, se pronunciam em forma de perguntas. Mas,
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mesmo que a resposta não fosse facilitada por intermédio desse movimento que acabamos de explicar, a inteligência nunca insistirá em vão ao indagar à sabedoria logosófica sobre esses mesmos pontos, ou sobre quaisquer outros de interesse para a vida. É muito comum, por outro lado, que se queira resolver com premência os problemas que tais indagações apresentam, mas, toda vez que isso acontecer, a Logosofia convidará o ser a realizar um minucioso e amplo estudo, colocando-o primeiro frente a frente com a própria realidade interna, e, quando já esteja em pleno desenvolvimento, porá em suas mãos mentais – ou seja, nas mãos de seu entendimento – a resposta precisa. Certamente, terá sido possível apreciar como as indagações intervêm em tais movimentos, atuando como forças propulsoras da vontade.
REQUISITO PARA A ASSIMILAÇÃO DO ENSINAMENTO
Pela índole de seu conteúdo, o ensinamento logosófico cumpre uma função eminentemente criadora, impossível de atribuir-lhe quando não se possui a compreensão cabal de seus valores. Seu objetivo não pode reduzir-se, pois, a promover na alma que raciocina um simples interesse por sua leitu-
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ra, ou um ou mais movimentos de meditação; tampouco cumprirá sua missão, caso se faça dele tão-somente objeto de um detido estudo. O propósito do ensinamento é despertar na mente as mais sãs inquietudes a respeito do futuro da vida e, ao mesmo tempo, servir de elemento construtivo em toda atividade tendente ao melhoramento das qualidades psíquicas e morais, bem como ao aperfeiçoamento das condições em que a inteligência se desenvolve. Daí que cada ensinamento contenha uma quantidade de elementos que, mesmo comprimidos numa síntese em razão de sua natureza, se abrem em pródigas e eloqüentes reflexões ao entendimento que vai em sua busca. Assemelha-se, vale a comparação, à essência que se extrai das flores, a qual, ao combinar-se com os ingredientes que formam o buquê, inebria com seu perfume o gosto daqueles que costumam usá-la. Os olhos do entendimento deverão pousar repetidamente sobre cada ensinamento, se se quer receber o eflúvio de sua força edificante e, com seu auxílio, substanciar pensamentos e idéias de elevada hierarquia. Isso equivale a dizer que cada ensinamento deverá ser considerado como um agente ativo, que operará no ser interno de forma permanente, sempre que a inteligência, recorrendo com freqüência a ele, abra sem restrições a válvula de suas inspirações. É precisamente no momento de aplicar o ensinamento à vida que se experimenta sua grande força edificante, pois, ao mesmo tempo que encaminha os movimentos da mente, fertiliza o campo da compreensão, servindo de orientação e de fundamento para o futuro.
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O ENSINAMENTO LOGOSÓFICO
O ensinamento logosófico é um facho cuja luminosidade orienta e estimula aqueles que fazem dele seu norte e seu guia. Isso explica por que sua função essencial não termina com a simples leitura, nem com umas poucas interpretações. Essa função essencial prossegue indefinidamente, como fonte que é de energia mental, que, renovando-se sem interrupção pela força de seu impulso criador, brota clara e fresca para satisfazer a sede dos que nela bebem. Tudo no ensinamento concorre para definir um rumo, para descobrir, em prol da felicidade do homem, um caminho que há de levá-lo com absoluta segurança ao encontro dos grandes recursos que cada vida contém em reservada latência. A perseverança e a lealdade às próprias confissões de sinceridade, postas a serviço da investigação que o ensinamento logosófico promove, são condições indispensáveis. Aqueles que assim procederem terão assegurado o êxito no trabalho empreendido.
COMO ADAPTAR A MENTE AO ENSINAMENTO
O ensinamento logosófico, em virtude de sua apertada síntese, requer uma concentração mental especial por parte de quem o estuda. Se se tem em conta que uma coisa é o ensinamento em
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
si, e outra a interpretação que dele se deve fazer, teremos estabelecidas duas posições: a do ensinamento com respeito ao valor de seu conteúdo, e a que assinala o grau de capacidade da mente para extrair esse valor. É freqüente que, por insuficiência desse grau de capacidade, sejam suscitadas divergências no princípio dos estudos, cujas causas nem sempre se percebem. Isso nada mais é que a dificuldade que a mente encontra para penetrar em seu conteúdo; dificuldade, aliás, muito compreensível, por ainda não ter sido exercitada o suficiente para captar seu alto significado. A posição da mente que busca o ensinamento e procura interpretá-lo nem sempre corresponde, desde o princípio, às condições reclamadas por sua parte viva1. Poderse-ia, de certo modo, fazer uma comparação com a luva ou o sapato, quando dificultam a entrada da mão ou do pé, mas que, adaptados com o tempo aos respectivos membros, permitem a um e outro sentir-se cômodos nos movimentos e ações. Isso quer dizer que, suportados os primeiros desconfortos, o ser tem a compensação de levar consigo um elemento útil. Algo parecido, repetimos, acontece com a mente a respeito do ensinamento, já que, conseguida a adaptação que se segue ao esforço mental para assimilar o conhecimento que o anima, o ensinamento propulsiona dentro da
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Ao dizer parte viva do ensinamento, referimo-nos à força ativa que lhe é própria.
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O ENSINAMENTO LOGOSÓFICO
mente uma atividade que a agiliza e a predispõe para atuar com desenvoltura e acerto. É de todo necessário que o ensinamento penetre na mente sem que esta lhe oponha maior resistência. Essa resistência comumente se define pela presença de preconceitos ou conceitos que se contrapõem à compreensão que se trata de alcançar. Isso não quer significar que se deva prescindir do livre exame; pelo contrário, o ensinamento mesmo assim o exige, mas o exame deve ser – como expressamos – livre, quer dizer, isento de toda trava ou preconceito que impeça a razão de emitir seus ditames com plena independência de juízo.
NORMA INDECLINÁVEL DE CONDUTA
Os olhos do entendimento devem estar sempre atentos a tudo quanto concerne à evolução do ser. Se os olhos físicos se interpõem aos do entendimento, a razão se nubla, distorcem-se as coisas e surgem a confusão e o caos. Pois bem, as leis que regem a Criação são inexoráveis em suas determinações. A sabedoria, regida por essas leis, ao ofertar-se à inteligência humana por via do conhecimento, exige também, como é natural, uma conduta de cujo cumprimento não se pode fugir. Ao ofertar-se por essa via à inteligência humana, a sabedoria manifesta o maior gesto de altruísmo. Em conse-
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
qüência, o conhecimento não pode ser recebido egoisticamente; não deve em absoluto servir para especulação pessoal, nem para outros usos indevidos. A Logosofia previne contra a tendência comum à cobiça, nem sempre excluída das apetências negativas do ser, ainda que se trate do conhecimento transcendente. Deseja-se às vezes sua posse como se desejam as jóias, para exibi-las, afagando-se com isso a vaidade pessoal. Quando não se tem consciência do valor dos conhecimentos obtidos e menos ainda de sua aplicação, ocorre que, depois de muito desejar sua posse, não se sabe em que utilizá-los, pondo-os de lado com indiferença. Essa atitude de manifesta incompetência predispõe a vontade ao ceticismo, pois uma coisa é o bem que se pode alcançar mediante a posse real do conhecimento2, e outra o que ficou frustrado dentro do ser como efeito de sua pretensão. O bom investigador, aquele que busca junto com o conhecimento a forma de realizar o próprio aperfeiçoamento, encontra em cada aquisição uma nova fonte de recursos, que o conduzem a superar suas aptidões individuais. O aprendido pouco ou nada poderá significar, em termos de consciência, se aquele que estuda – seja, por
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Chamamos posse real do conhecimento ao domínio consciente que dele se tenha como potência ativa.
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O ENSINAMENTO LOGOSÓFICO
exemplo, medicina, direito ou engenharia – não coordena os conhecimentos, fruto de seu estudo, servindo-se deles para sua experiência e prática. Quando muito, o adquirido ficará na superfície de sua personalidade, como índice de uma ilustração que não progrediu além das exigências universitárias. Tratando-se do conhecimento transcendente, não se concebe, por exigência de sua natureza, falta de lucidez sobre o uso que dele se deve fazer. É como se, depois de trabalhar com empenho para juntar um capital, não se soubesse então dar-lhe um emprego útil. Abundantes são os ensinamentos que ilustram sobre a aplicação do conhecimento transcendente, motivo pelo qual não será difícil para ninguém, guiado por eles e também prevenido por estas advertências, aprender a administrar com acerto seu pequeno cabedal logosófico, preparando assim o campo das possibilidades para manejar no futuro somas maiores. Posse indica direito, mas ao mesmo tempo responsabilidade e iniciativa; ter um bem, seja de que índole for, assim o exige.
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LIÇÃO VIII
O Método Logosófico
Suas qualidades e alcances Estrutura e função do método Um aspecto de seu exercício prático O método logosófico no conhecimento de si mesmo Campo experimental do conhecimento logosófico
SUAS QUALIDADES E ALCANCES
O método logosófico, único em sua essência, possui a qualidade extraordinária de adaptar-se a cada mente, oferecendo-lhe a parte de conhecimento que a capacidade individual pode abarcar. O exame das aptidões e das condições de assimilação são fatores que ele tem muito especialmente em conta. Sua artéria principal, a que faz palpitar o ensinamento na alma de quem aprende, é a que prescreve, como principal função do conhecimento que ministra, a necessidade de uma familiarização íntima com o ensinamento, até identificar-se com ele por sua associação à vida. Consegue-se, assim, dar completa finalidade à relação estabelecida entre o ensinamento logosófico e a inteligência que o recebe.
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Para maior clareza, convirá deixar estabelecido que nosso método não está contido em moldes rigorosos ou dogmáticos. Não sobrecarrega nem exige, como os métodos correntes, que se preencha uma medida inflexivelmente prefixada. Não tortura a mente com o espectro de mil temas que a memória deve por força dominar em toda a sua extensão. É amplo em seus alcances, pois considera com profundidade de visão cada uma das possibilidades humanas nos respectivos quadros psicológicos e mentais, e de forma individual. Caracteriza-se, desse modo, como um método sui generis. Em resumo, o método logosófico é uma fonte de diretrizes e conselhos que cumpre, com acerto, sua função em todos aqueles que o aplicam com boa disposição e espírito de estudo e superação.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO MÉTODO LOGOSOFICO
O método logosófico projeta a bondade de seus resultados no ser humano, mediante a ação combinada das partes em que se divide: exposição, aplicação e aperfeiçoamento. 1) Método de exposição: Os ensinamentos que ordenam
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O MÉTODO LOGOSÓFICO
o desenvolvimento gradual dos estudos logosóficos, por desunidos ou desconexos que possam parecer à primeira vista, entrelaçam e coordenam seus conteúdos com tanta exatidão, que se torna fácil, para uma mente regularmente treinada nesse labor, descobrir o ponto de contato que um ensinamento guarda com outro. Por meio das mais variadas, sutis e singulares formas didáticas, os ensinamentos encadeiam fragmentos de conhecimento que, com original ordenamento, se unem progressivamente até se completarem de forma perfeita na mente, tudo isso sem desgaste algum do intelecto, que amplia o raio de sua atividade, enquanto se exercita prazerosamente na tarefa de articulá-los, compreendendo-os. Cada um desses conhecimentos é, por sua vez, parte inseparável de outros que, em número infinito, cumprem a função de ilustrar e encaminhar para o aperfeiçoamento. Pelas causas expostas, não é tarefa fácil a sistematização do ensinamento logosófico, e, embora ao ordená-lo neste livro nos tenha animado o propósito de fazê-lo mais acessível aos leitores, isso não é em absoluto indispensável para dar maior perfeição à parte expositiva de nosso método, pois a acomodação do ensinamento a uma linha ascendente de ilustração é levada a cabo dentro da própria mente, em virtude da forma singular que ele tem de se explicar. Prevendo as dificuldades lógicas que surgem ao serem abordados conhecimentos desta natureza, o método
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logosófico buscou as formas e os meios mais simples para suas figuras pedagógicas. Provido de um semnúmero de elementos e propiciando o estímulo em todas as suas formas construtivas, aproxima às possibilidades intelectuais de cada um tudo quanto é preciso para que elas se ampliem e a capacidade compreensiva cresça gradualmente de volume, até onde o permita, logicamente, a evolução que por essa via se vá realizando. Quando se faz do estudo logosófico um hábito, estabelecese a familiarização com o conteúdo intrínseco do ensinamento. Isso é o que com maior empenho se deve buscar, porquanto é aí que se descobre a essência do saber logosófico e, com isso, o poder de sua força fertilizante. 2) Método de aplicação: Neste sentido, o método não é rígido nem mecânico, causa pela qual não promove em todos os casos o mesmo resultado; isso significa que respeita o livre-arbítrio individual e, ao apoiar-se nos elementos que emprega para cumprir sua função, permite a cada um servir-se deles segundo as próprias aptidões e de acordo com as possibilidades de adaptar a conduta a suas diretrizes. Leva em consideração os diferentes graus de evolução e de capacidade, e procede tendo muito em conta as circunstâncias que envolvem cada psicologia. Não atua partindo sempre dos mesmos pontos, senão de onde estes têm mais imediata e prática aplicação, em razão dos traços que caracterizam o indivíduo. O interessado os adota de conformidade com a interpretação que deles
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consiga fazer, com o grau de estimação depositado em seus valores e na medida de suas necessidades e de seu esforço. 3) Método de aperfeiçoamento: Ao avançar no trabalho construtivo que haverá de fixar na consciência do ser cada conhecimento que ele assimile mentalmente, o método completa esse trabalho, ora efetuando oportunos reajustes internos, que modificam erros que possam ter ficado de sua aplicação, ora concedendo a segurança absoluta a respeito de seus bons resultados. Será possível apreciar a importância que nosso método adquire ao término das três fases correspondentes à aquisição de cada conhecimento, já que, além de atuar construtivamente no ser interno, confere segurança quanto ao processo seguido, que ensina a cumprir com pleno conhecimento de seu mecanismo. Cada ensinamento logosófico é de per si parte inseparável do método, e todos, sem exceção, convergem para o mesmo fim: a evolução consciente do indivíduo e sua elevação até o máximo de conhecimento humano na ordem transcendente. As três partes do método estão, por sua vez, intimamente ligadas entre si e, juntas, concorrem para a finalidade apontada.
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UM ASPECTO DO EXERCÍCIO PRÁTICO DO MÉTODO
Se o ensinamento logosófico nos diz que para evoluir conscientemente devemos estar atentos a tudo quanto pensamos e fazemos durante o dia, relacionando nossos pensamentos e ações ao motivo instituído como objetivo da vida, deveremos exercitar de modo particular a faculdade da observação, a fim de que ela se mantenha ativa enquanto dura nossa vigília. A princípio, isso nos custará bastante, e ainda incorreremos em descuidos indesculpáveis, mas, se permanecermos atentos às indicações do método que estamos aprendendo a aplicar, poremos empenho em nos opor à interferência dos pensamentos que nos distraem com o fim de nos impedir o cumprimento do propósito que tenhamos formulado. Essa atitude, repetida uma ou mais vezes, segundo sejam os casos, permitirá que observemos como se ativa o movimento defensivo da mente, e como os pensamentos que favorecem nosso trabalho acodem num fluxo cada vez mais ágil ao nosso chamado, sendo também de melhor qualidade. Essa será a mais segura comprovação de que o método foi aplicado com êxito, e será, do mesmo modo, a evidência de que tivemos a todo o momento consciência de nossos pensamentos e atos; se a isso acrescentamos o fato de que nada foi circunstancial, mas sim o resultado de algo realizado em obediência ao plano de evolução de nossa pessoa em sua conformação psíquica, mental e espiritual, teremos ainda maiores motivos de satisfação.
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O MÉTODO LOGOSÓFICO
O MÉTODO LOGOSÓFICO NO CONHECIMENTO DE SI MESMO
Temos dito, ao longo deste livro, que o ensinamento propõe o conhecimento de si mesmo; assim sendo, é muito lógico que haja interesse em saber o que deve ser feito para se chegar a tão fundamental aquisição. Nosso método aconselha, para esse fim, que se faça, tão logo seja possível, um inventário dos bens mentais, morais e espirituais que se possuem. O exame que se leve a cabo com esse objetivo será deficiente a princípio, e é quase certo que será preciso voltar a ele, pois se perceberá, logo após internar-se na orientação do ensinamento logosófico, que nosso conceito acerca desses três pontos difere do comum, causa pela qual será necessário, como dizíamos, um posterior pronunciamento. 1) Os bens mentais são os relativos ao tesouro que, em matéria de conhecimento, tenhamos sido capazes de reunir e utilizar com acerto, não só em proveito da própria superação, mas também na ajuda dispensada nesse sentido aos demais. 2) Os bens morais, logosoficamente considerados, são os constituídos pelo conceito que tenhamos formado de nossa dignidade através da conduta seguida ao longo da vida; conceito que deverá refletir-se em todos os que nos conhecem e conosco se relacionam. Recomenda-
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mos sermos justos e serenos neste julgamento, a fim de não nos enganarmos com ingênuas evasivas, facilmente atribuíveis à memória. 3) O patrimônio espiritual está representado pelos dois primeiros, aos quais há de somar-se o conhecimento que se tenha do próprio espírito1, pois o tratamento que lhe tenhamos dispensado muito haverá de influir na apreciação que façamos dele como bem próprio e individualmente alcançado. Partindo do ensaio proposto, o método logosófico guiará o ser para conhecer mais a fundo a própria mente na totalidade de seu complexo funcionamento. Eis o princípio do conhecimento de si mesmo; mas será necessário ainda ir em busca de outro aspecto importantíssimo dessa investigação: o conhecimento das próprias deficiências psicológicas, que obstruem ou dificultam, com sua presença, a evolução consciente. Temos, pois, que a Logosofia convida o homem a realizar um estudo pleno de sua psicologia: seu caráter, suas tendências, seus pensamentos, suas qualidades, suas deficiências e tudo quanto direta ou indiretamente entre no jogo de suas faculdades mentais e tenha o que ver com os estados de seu espírito. Esse estudo será a credencial com que se introduzirá no interior de seu ser, mas sob a condição de conduzir-se, a partir desse
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Ver O Mecanismo da Vida Consciente e O Espírito, do autor.
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instante, de acordo com as normas estabelecidas pelo método logosófico. Tais normas determinam uma linha de conduta que não deve ser alterada; daí que o conhecimento de si mesmo requeira uma paciente e constante observação, enquanto são aplicados os ensinamentos que facilitam o labor discriminativo e fixam os marcos do caminho a ser percorrido. Nosso método consiste precisamente nisto: guiar o ser para uma nova e sólida conduta quanto ao atendimento a si próprio. Já não se trata de investigar a psicologia dos demais, posição muito cômoda, por certo. É a psicologia de si mesmo a matéria de estudo, e é com vistas a realizar esse estudo, sem equívocos nem omissões, que o método leva com mão segura às partes mais essenciais desse conhecimento, para que o ser possa ali abrir a arca da investigação e extrair dela os valores mais recônditos, mediante uma busca íntima que se estende ao longo de toda a vida. Sempre se caminhou para fora; caminhemos agora para dentro. O método logosófico é a lanterna que ilumina até mesmo as mais obscuras profundidades. Sua aplicação pressupõe a posse dos conhecimentos que o constituem.
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CAMPO EXPERIMENTAL DO CONHECIMENTO LOGOSÓFICO
Nosso ensinamento tem duas fases inconfundíveis e inegáveis em seus fundamentais objetivos: a teórica e a experimental. A primeira cumpre sua função desde que começa o processo mental-mnemônico até o instante de levá-lo à prática. A experiência se encarrega, depois, de completar as partes não compreendidas a fundo, alcançando-se assim o pleno domínio do ensinamento e, com isso, sua incorporação definitiva ao acervo pessoal. Sendo o conhecimento logosófico algo tão real como a própria vida, requer ele – para sua manifestação mais pura e, ao mesmo tempo, para evidenciar a indiscutível verdade que contém – um campo experimental em que aquele que se dedica a seu exercício possa comprovar seus altos méritos, sua utilidade prática e seu valor incomparável como agente auxiliar da inteligência. Esse campo experimental, no qual o método logosófico assume ativa participação e prova a alta eficácia de seu mecanismo, está representado por quatro espaços que se complementam entre si: o mundo interno, o mundo logosófico, o mundo corrente ou circundante, e o mundo metafísico. 1) O mundo interno, de acordo com as constatações obtidas pelo ser já nos começos de seu avanço nestes estudos, coloca-o ante uma nova realidade: conseguir
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conscientemente efeitos positivos em benefício de si mesmo, por meio das mudanças que se vão realizando nele, graças ao novo acondicionamento mental, sensível e espiritual que define sua verdadeira e particular psicologia. Em tão importante espaço do campo experimental, a consciência registra os fatos, os pensamentos, as palavras, etc. Tudo é examinado e guardado ordenadamente nesse arquivo histórico individual, que conserva e custodia as intimidades da alma e permite que as referências que provêm dele sejam fiéis, úteis e oportunas. 2) O mundo logosófico está constituído pelos centros didáticos onde nosso ensinamento é estudado a fundo, num ambiente de compreensão e de afeto que obriga à nobre reciprocidade. Nele se confrontam as verificações pessoais com as obtidas pelos demais, o que confere uma segurança maior sobre a aplicação dos conhecimentos logosóficos e seus resultados, que devem ser iguais em todos os que cumprem sua realização com o mesmo grau de capacidade, de compreensão e de empenho. Por outra parte, é nele que a faculdade de observar alcança um amplo desenvolvimento. O ser conta ali com todos os elementos de juízo que lhe oferece cada um daqueles que, como ele, também estudam, e com os quais compartilha suas inquietudes espirituais. 3) O mundo corrente ou circundante apresenta-se igualmente pródigo à observação individual, embora ponha à disposição do ser um campo muito diferente para seu exercício, já que nele a observação deverá focalizar os
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estados psicológicos e mentais das pessoas que, dentro desse meio, estão à sua volta ou mantêm circunstanciais contatos com ele. Percebe, então, como tais pessoas se mantêm em geral imutáveis em seus costumes, idéias ou crenças, sem modificação através do tempo, como que estáticas. Ali, enquanto exercita a conduta, flexibilizando-a em favor de uma melhor convivência, analisa as vantagens das mudanças internas experimentadas, estabelecendo comparações com aqueles que, ao longo da vida, permanecem no mesmo lugar, tal como as árvores, que terminam sua vida onde nascem. 4) O mundo metafísico compreende a parte mais formosa do campo experimental. Nele se completam, por assim dizer, as experiências obtidas nos demais mundos. Acha-se tão intimamente ligado ao mundo interno, que por vezes pareceria que ambos se confundem entre si. Isso se deve ao fato de que, no metafísico, o mental atua como principal agente de tudo quanto existe. Progredindo no processo de evolução consciente, consegue-se descobrir dessa posição o mecanismo das leis universais, na relação que guardam com a vida do homem. Penetrar no mundo metafísico não é fácil nem tampouco difícil. Requer tempo, paciência e saber. Com isso ficarão superados, passo a passo, os inconvenientes apresentados pela limitação dos recursos próprios, ao se enfrentar tal missão.
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Em resumo, o campo experimental é constituído pela vida mesma em todos os seus aspectos, bem como por todos os ambientes que possam oferecer ao homem a possibilidade imediata de levar o conhecimento à experiência, pela qual se confirma sua força e solidez, extraindo-se dela, ao mesmo tempo, o conhecimento que, por indução do próprio ensinamento, flui no entendimento como elemento de inestimável utilidade para completar estudos e ampliar o raio de ação da inteligência. Isso quer dizer que, pela experimentação do que se estuda e pelo estudo do que se experimenta, fica estabelecido, num movimento recíproco, o fluxo e refluxo entre o sujeito e o objeto (conhecimento), até a identificação entre ambos como efeito da soma de apreciáveis valores, que vão formando o patrimônio dos bens eternos. As primeiras experiências logosóficas, simples e singelas, surgem no ser ao se produzirem as mudanças lógicas promovidas pela nova atividade que ordena a vida, organizando a mente e exercendo domínio sobre os pensamentos. A Logosofia beneficia enormemente o homem quando ele leva à realização o que o ensinamento lhe sugere ou insinua, e é precisamente de sua prática, de sua experimentação, que ele há de extrair o fruto dos esforços no campo mental, como sucede nos aspectos comuns da vida, ao se recolher da experiência aquilo que a teoria não pôde fornecer.
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LIÇÃO IX
Diretrizes que ajudam no aperfeiçoamento individual
A condução consciente da vida Defesas para a mente A pergunta, fator de indagação A dieta mental Trabalho de interpretação do ensinamento As diretrizes do conhecimento transcendente não devem ser alteradas O ambiente no desenvolvimento da vida interna A edificação do permanente no homem O valor do tempo A paciência ativa e consciente O afeto, princípio fixador das relações humanas
A CONDUÇÃO CONSCIENTE DA VIDA
O processo individual de aperfeiçoamento, sobre cujo desenvolvimento no ser interno viemos informando, realiza-se em virtude da evolução que o conhecimento logosófico propugna. Esse processo requer sejam tidos muito em conta todos os fatos e circunstâncias que com ele se relacionam, já que é essencial favorecê-lo, analisando com plena consciência a importância e o significado de tudo quanto se promova no seu percurso. Tal análise, realizada serenamente, permite chegar a conclusões terminantes, que se traduzem em conheci-
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mentos de um valor imponderável, porquanto servirão de auxiliares em atuações posteriores, cada vez mais complicadas e difíceis, mas sempre relacionadas com a própria capacidade, aumentada pelo adestramento e pela perseverança. A prática da referida conduta permite apreciar o contraste que surge entre ela e o que ocorria antes de iniciar-se o processo de evolução consciente, quando a vida não tinha outro conteúdo além do propiciado pela reflexão corrente, e não podia desenvolver-se senão à mercê das eventualidades que continuamente nela ocorrem. A maioria das circunstâncias passam ali despercebidas ao entendimento, e as experiências que delas surgem, mesmo quando vividas com intensidade, possuem um valor insignificante, relativo ou nulo, ao não se aplicar a regra analítica que a Logosofia oferece, com a qual se pode seguir o fio delas sem perdê-lo em instante algum. Ao faltar a observação, as experiências passam sem que seja possível extrair seu valor intrínseco e, portanto, sem obter as conseqüências úteis dessas fases que aparecem e se sucedem ininterruptamente no curso da existência do homem. A condução consciente da vida, através das dificuldades de toda ordem que o amplo campo experimental do mundo oferece, exige a intervenção permanente e consciente do próprio juízo. O conhecimento logosófico, ao explicar as razões dos fatos e das situações que ali se apresentam, permite evitar tais dificuldades com toda a
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DIRETRIZES QUE AJUDAM NO APERFEIÇOAMENTO INDIVIDUAL
eficácia e, ainda, dominar muitas das circunstâncias que com freqüência tendem a anular a vontade do ser. Há ocasiões em que o caminho é obstruído por inconvenientes que é preciso saber eliminar a tempo. Um fato simples e corriqueiro poderá nos servir para definir uma das tantas condutas que podem neutralizar tais inconvenientes: se uma copiosa chuva inunda a estrada pela qual avançamos conduzindo nosso veículo, isso não significará que tenha fracassado em definitivo o propósito de chegar a determinado lugar; quando muito, poderá tratar-se de um atraso. Provaremos, então, os meios a nosso alcance para sair da emergência, um dos quais seria comunicarmo-nos com quem nos pudesse auxiliar, visto que não haverá de ser difícil que ocorra o que tantas vezes ocorre, isto é, que outros nos ajudem a atravessar a zona inundada, até chegarmos ao ponto de onde prosseguiremos a marcha por meios próprios. Pois bem, é similar o que acontece freqüentemente na rota dos estudos superiores: nela não faltam os “temporais” do ceticismo ou do esmorecimento mental, os quais, inundando de desânimo a existência, detêm o ser, às vezes sem que ele atine a pensar que poderia também recorrer a outros que, estando em melhores condições, o ajudariam a ultrapassar o momento difícil.
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DEFESAS PARA A MENTE
O método logosófico recomenda alistar na mente um número sempre crescente de pensamentos, constituindo-os em pensamentos-soldados, a cargo dos quais estará a defesa dela. Como nas instituições militares, tais pensamentos pertencerão a diversos regimentos. Se exercessem em sua totalidade a mesma atividade, ou se sua especialidade abarcasse só um aspecto do conhecimento, os outros pontos da fortaleza mental ficariam vulneráveis a qualquer ataque. As deficiências que comumente são observadas no aspirante ao conhecimento se devem à ausência desse exército de pensamentos-soldados, o qual, ainda que fosse pequeno e não organizado como corresponde, poderia não obstante entrar eficazmente em ação, bastando que estivesse adestrado no cumprimento das primeiras disciplinas. O estudante deverá, pois, reunir um grande número de pensamentos, disciplinando-os e adestrando-os segundo convenha à organização defensiva de sua mente. Deste modo, nunca lhe faltarão as reservas mentais, que acudirão com presteza em sua ajuda nos casos de premência, para impedir a invasão de pensamentos estranhos a seus propósitos e perturbadores da paz e da harmonia internas. É muito importante chegar a ser dono de si mesmo, contar com forças mentais suficientes para rechaçar
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DIRETRIZES QUE AJUDAM NO APERFEIÇOAMENTO INDIVIDUAL
tudo quanto pretenda criar obstáculos ao livre movimento da vontade. Eis o ser dominando a vida própria e fazendo com que sua existência seja regida por leis que lhe sejam benignas; não cruéis, como seguiriam sendo se os pensamentos, mesmo estando impregnados do espírito da verdade logosófica, deixassem a mente exposta a todas as contingências, por carecerem da disciplina e do treinamento que tanto facilitam o governo sobre eles.
A PERGUNTA, FATOR DE INDAGAÇÃO
O método logosófico prescreve que as perguntas formuladas pelo estudante àqueles que o assessoram em seu labor, devem responder a uma necessidade inquisitiva de seu ser interno. Isso significa que tais perguntas não poderão responder a uma simples curiosidade, nem ser feitas a esmo – sem pensar –, nem tampouco com o objetivo de evitar o esforço de encontrar cada um por si a resposta, atitude esta que por certo não ajuda a alcançar uma melhor compreensão. É tendência comum preferir a ociosidade mental ao trabalho sincero de investigação; isso é, justamente, o que nos move a ressaltar o valor e o mérito que a pergunta assume quando, comprovada a impossibilidade de resolver uma incógnita ou de penetrar num conhecimento cujo conteúdo ou significado nos preocupe, subsiste ainda o afã de consegui-lo.
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
Que mérito teria para quem investiga achar as respostas precisas, se nisso não interveio seu juízo ou seu discernimento? Nenhum, na verdade. Seria estéril semear em terra não cultivada, mas não assim em terra trabalhada e preparada convenientemente para receber a semente que, em forma de resposta, germinará vigorosa e louçã no entendimento. Daí que recomendemos ao estudante parar, antes de emitir uma pergunta, para fazer a si mesmo a seguinte consulta: “Já fiz alguma coisa para encontrar o que busco? Que passos dei nesse sentido? Procurei por própria conta onde penso que poderia achar a solução?” Se o esforço aqui sugerido pela reflexão se mostrasse infrutífero, então teria chegado o momento de pedir o auxílio de uma mente mais apta. Aquele que, após reunir todo elemento logosófico que tenha a seu alcance, se dedica a estudá-lo detidamente e com seriedade, comprova amiúde, nos casos em que não encontra as respostas satisfatórias, como sua constância não tarda em colocá-lo diante de elementos de juízo que solucionam suas indagações. Recolhe, assim, frutos apreciáveis que, por seu turno, o orientam em buscas maiores ou de mais vastas proporções, já que, ao se familiarizar com o estudo logosófico, cada um dos ensinamentos – pelo fato de estarem todos eles intimamente ligados ou irmanados – faz perceber a presença imediata de outros conhecimentos afins, prontos a desdobrar-se de seu conteúdo.
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DIRETRIZES QUE AJUDAM NO APERFEIÇOAMENTO INDIVIDUAL
Ao evoluir conscientemente, o ser experimenta a imanência da verdade que o ilumina, e suas necessidades de saber se ajustam ao esforço que realiza para obter a luz do conhecimento. O esforço é aqui a expressão da vontade que derruba obstáculos e permite que sejam alcançados os objetivos do saber a que se aspira. Por último, devemos expressar que, diante do enorme caudal de ensinamentos que fluem do conhecimento logosófico, seria uma ingenuidade buscar em outras fontes resposta às indagações que o próprio estudo sugere, pois nada fora desses ensinamentos tem algo a ver com o propósito-raiz que – ao contato com o que eles expressam – atrai o ser, que é o de constituir-se em operário infatigável do próprio destino.
A DIETA MENTAL
Todo novo conhecimento que nos proponhamos adquirir deve penetrar na mente, na qual sua assimilação haverá de se verificar; é lógico, pois, que esta deva ser motivo de preocupação. Pelas razões expostas em páginas anteriores, há de se tornar compreensível para o estudante o fato de que, em se tratando de um conhecimento como o logosófico, a mente deva, com maior razão ainda, constituir-se em objeto de cuidadosa atenção. Este é um requisito imposto por nosso
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LOGOSOFIA CIÊNCIA E MÉTODO
método, já prevendo os inconvenientes que apontamos mais adiante. É muito comum que as pessoas, ao entrar em contato com o conhecimento logosófico, o relacionem com o que sabem acerca da ciência oficial ou das correntes filosóficas que estiveram ou estão atualmente em voga. Já deixamos claro que consideramos errônea essa posição intelectual, estando aí a causa de prevenirmos sobre suas inconveniências. Isso não significa que nos oponhamos a que se faça um exame exaustivo de seus conteúdos, caso se queira; mas fazemos notar que aquilo que o ensinamento logosófico leva a examinar por dentro, jamais poderá ser visto nem apreciado por fora. Nem é preciso dizer, então, que, sem haver conseguido isso, dificilmente poderão ser feitas comparações ou confrontos. Pelo próprio fato de se tratar de conhecimentos inteiramente novos, compreender-se-á que não podem ter pontos de referência com nada conhecido; constituem uma família de pensamentos de natureza tão particular, que será muito difícil, se não impossível, fazê-los assumir parentesco com os demais. Os pontos de referência mencionados, cada um deverá buscá-los, pelo contrário, dentro de si mesmo, ali onde o conhecimento logosófico se liga às potências estáticas do ser, que esperam esse contato para se manifestarem em gradual progressão como forças construtivas.
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Eis as razões por que aconselhamos ao estudante uma dieta mental, a ser aplicada a si próprio durante o período inicial de sua aproximação à fonte logosófica; dieta que consiste em não ocupar a mente com a leitura de obras filosóficas, psicológicas ou teológicas. Tal leitura dificulta o livre acesso das verdades logosóficas aos domínios da inteligência, e ainda é provável que promova confusão, cuja dissipação requererá muito empenho e não menos paciência. Tempo teve cada um para conhecer tudo quanto já se disse sobre o homem, sua psicologia, seu destino, etc.; é, pois, chegada a hora de não perdê-lo mais – é este o nosso conselho –, e sim de aproveitá-lo para encarar o maior e mais completo de todos os estudos, especialmente na esfera do conhecimento de si mesmo e do mundo transcendente. A dieta mental alcança também os pensamentos que há tempos figuram como senhores da mente, ou gozam, pelo menos, do privilégio de serem tidos em conta no momento de se dispor o ânimo para a realização do esforço que ativa a faculdade de pensar. Recomendamos, muito especialmente, cuidar para que tais pensamentos não invadam a ampla zona mental em que se realizará o processo de evolução consciente, processo que é, também, o da renovação da vida. Com isso, ressaltamos a conveniência de manter afastado todo pensamento ou idéia que não concorra para facilitar a tarefa de familiarização com os conhecimentos logosóficos da primeira etapa do processo, já que estes haverão de ser os elemen-
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tos que cada um deverá usar para abrir as portas de seu mundo interno. Como é de supor, a dieta mental não inclui a leitura de jornais, revistas ou qualquer outra publicação destinada a distrair nos momentos de lazer que cada um queira se proporcionar. E com base nisso vem muito a propósito a seguinte advertência, embora nos afaste um pouco do tema tratado: O descanso mental implica uma folga dos pensamentos, e é algo que deve ser propiciado, porém de forma adequada, já que, quando os pensamentos têm de exercer a função que lhes foi designada, sobretudo se essa função requer o máximo de esforço, seria descabido permitir-lhes distrações, porquanto isso poderia acarretar desagradáveis conseqüências, perdas de tempo ou lamentáveis fracassos.
TRABALHO DE INTERPRETAÇÃO DO ENSINAMENTO
Para que nosso ensinamento proporcione ao estudante maior utilidade e benefício, aconselhamos recorrer ao construtivo trabalho de interpretação por escrito. Uma das inquestionáveis vantagens desse trabalho é a de deixar registrados no papel, com as datas correspondentes, os resultados colhidos, o que permitirá mais adiante o cotejo dos primeiros trabalhos com os efetua-
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dos posteriormente sobre os mesmos temas, fazendo-se assim a verificação dos progressos obtidos na investigação e na evolução do pensamento. Em outras palavras, os trabalhos escritos constituem, para quem os realiza, a memória do desenvolvimento de seus estudos e de sua compreensão; é um testemunho escrito que permite comprovar os próprios adiantamentos e prepara o programa das atividades futuras. Estes poderão ser considerados como uma espécie de prólogo, ao qual se seguirão estudos realizados cada vez mais a fundo, que, ao apresentarem aspectos mais sugestivos e interessantes do ensinamento, convidam a internar em suas partes mais profundas, estendendo assim uma ponte de união entre a mente e o conhecimento. Ao lado disso, tais escritos põem à nossa disposição, para que os revivamos na memória sempre que o quisermos, qualquer um dos pontos abordados, evitando com isso que o esquecimento prejudique o normal desenvolvimento das atividades da inteligência. Cada tema escolhido deverá ser examinado exercendose uma prática constante da reflexão; isso irá dando maior suficiência à mente para aprofundar os conteúdos logosóficos. Os trabalhos de interpretação por escrito suscitam – e os casos não são poucos – resistências à sua realização; aquele que estuda nem sempre se acha disposto a tomar da pena e conduzi-la pela área branca do papel, pois a pouca familiaridade com os conceitos logosóficos, por um lado, e a falta de adestramento nesse trabalho,
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por outro, obrigam com freqüência a detê-la, seja para retificar a idéia em si que se quis expressar, seja para corrigir o que se expôs de modo deformado ou incompleto. Esse fato, entretanto, longe de constituir um obstáculo, deve levar à meditação sobre a necessidade de aperfeiçoar o processo que vai desde a gestação da idéia ou pensamento até sua manifestação escrita. Ao refletir sobre isso, ter-se-á também em conta que tais imperfeições só foram percebidas ao virem os pensamentos à luz, o que significa que, enquanto permaneciam na mente, sem se manifestar, tais imperfeições se ocultavam ou se mantinham dissimuladas por um ou outro dos tantos recursos que a inteligência tem sempre à sua disposição para combinar imagens de uso próprio. E será bom considerar, por outra parte, que, se o próprio juízo não se viu satisfeito ao apreciar o resultado do trabalho, o juízo dos demais, mesmo sem ser mais exigente, adotará, caso intervenha, a mesma atitude, toda vez que o escrito não tenha sido melhorado de modo a oferecer uma imagem acabada e clara do pensamento. É, pois, indubitável que, ao avaliar os valores do trabalho de interpretação por escrito, será preciso considerar a importância de seu aperfeiçoamento, não só ante o próprio juízo, mas também ante o juízo alheio. Compreendido o conceito logosófico ou o ensinamento, na medida permitida a cada um segundo suas aptidões, será ele levado à prática. Dessa forma se propiciará a experiência, que completará ou retificará a com-
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preensão obtida, porquanto o observador inteligente poderá perceber a série de detalhes que lhe passaram por alto no estudo teórico. De tais experiências sempre haverão de surgir conclusões úteis, que por sua vez contribuirão para aumentar o valor do que foi compreendido, seja confirmando-o ou robustecendo-o, seja corrigindo aquilo que tivesse significado uma errônea ou deficiente interpretação do ensinamento. Tendo em vista que quem se propõe evoluir conscientemente deve realizar uma ampla e continuada investigação sobre si próprio, é lógico que deva documentar, para posterior recordação e análise, tudo quanto vá acontecendo em seu interior, isto é, mudanças evolutivas favoráveis, progressos na compreensão do que se propõe realizar, verificação dos avanços conquistados em cada uma das etapas de seu aperfeiçoamento, etc., etc. Como o ensinamento logosófico conduz ao estudo de si mesmo, deverá ficar compreendido que do trabalho interpretativo que dele se faça haverá de formar parte, inegavelmente, esse afazer interno que se realiza enquanto são absorvidas porções maiores de conhecimento. A Logosofia sempre preveniu contra a tendência especulativa, geralmente pronunciada no tipo psicológico de característica intelectual, que não incorpora os conhecimentos transcendentes como elementos destinados exclusivamente ao ser interno. Teoriza com eles, buscando imediato benefício, ou, ao fazê-lo, os associa ao que já possui, tão-somente para aumentar sua erudição. Em
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tais casos não se produz, pois, a integração dos conhecimentos logosóficos ao seio da vida e, portanto, a evolução consciente não pode prosperar, detendo-se ali onde começou a especulação. O estudo do ensinamento logosófico deve ser intensivo e profundo, pois abarca o conhecimento da vida própria, ou seja, o conhecimento de si mesmo, do qual se parte para o conhecimento do mundo transcendente, ambos estreitamente vinculados. Já advertimos que ninguém poderá fazer um trabalho sério sobre nosso ensinamento, nem servir-se dele com eficácia, mediante sua simples leitura, porque os elementos ativos e singularmente fecundos que o integram escaparão a toda perspicácia. Assinalamos, além disso, que o trabalho de interpretação do ensinamento logosófico não deve ser apreciado só do ponto de vista do adestramento mental; esse trabalho deve demonstrar que se penetrou no conjunto de suas qualidades essenciais. A compreensão dele obtida, para considerar-se tal, há de estar revestida de um verdadeiro caráter assimilativo; em termos mais claros, o referido trabalho, ao exercitar a função de pensar de acordo com o método logosófico, deve dar por resultado o domínio técnico na aplicação de nossos conhecimentos à vida.
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AS DIRETRIZES DO CONHECIMENTO TRANSCENDENTE NÃO DEVEM SER ALTERADAS
As dificuldades que aparecem no curso do processo de evolução consciente obedecem, exclusivamente, a deficiências no modo de encarar os estudos, pois não se lhes proporciona o auspício necessário para que possam realizar sua elevada missão. Em geral, tais dificuldades sobrevêm por inexperiência ou por descuido na observância da fórmula logosófica para o aperfeiçoamento individual. Misturam-se os novos conceitos com outros que lhes são estranhos; desviam-se inconscientemente os propósitos para outros objetivos; deixam-se as atuações à mercê da influência de hábitos, tendências ou modalidades ainda não modificadas; etc.; etc. Sobre esse particular, convirá seguir rigorosamente a técnica usada nos laboratórios: quando são associados e combinados, de acordo com uma fórmula, os elementos que a integram e que especificam seu uso, essa fórmula é seguida ao pé da letra, sem introduzir em sua composição nada que possa alterá-la. Disso se deduzirá que, para realizar a fórmula do aperfeiçoamento individual, devem ser buscados os elementos que determinem sua virtude, a fim de que, combinados no exercício diário, sirvam com eficácia ao propósito. Comprovada a bondade da fórmula, tudo consistirá em não alterá-la, caso se queira evitar resultados adversos.
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Assim, por exemplo, conhecidos os elementos que a integram, vigiar-se-á, no caso de ser sentido, o irresistível impulso de introduzir melhoras nela, modificando-a ao bel-prazer, já que, se isso ocorrer, será fácil prever as inevitáveis conseqüências. É imperioso saber que, se são misturados elementos incompatíveis com a fórmula interna, ocorrerão perturbações, serão criados conflitos, energias se perderão, e o aspirante ao conhecimento, mesmo que trabalhe a vida inteira, não conseguirá absolutamente nada.
O AMBIENTE NO DESENVOLVIMENTO DA VIDA INTERNA
O ensinamento logosófico recomenda, com insistência, cercar-se de pensamentos que apóiem a determinação de superar-se. Pois bem; se o ser, descuidando desse propósito, ao começar o dia se levanta com pensamentos contrários a ele, esses pensamentos o levarão a outros fins, caso nada faça para impedi-lo. Atraído por eles, preso à sua influência, seguramente se desviará para ambientes hostis àqueles que haverão de facilitar o trabalho fertilizante e ativador do ensinamento. Isso lhe criará, por seu turno, conflitos internos, alterações, lutas mentais; em poucas palavras, perderá o tempo, e a produção de sua inteligência diminuirá sensivelmente. Seguindo o que a Logosofia aconselha para alcançar o
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auto-aperfeiçoamento, deverá ser criado um clima favorável aos altos propósitos concebidos intimamente, o que significa ser necessário evitar o contato com ambientes distintos ou opostos a essa atitude. Isso é muito compreensível, pois os pensamentos que o ensinamento logosófico prodigamente oferece sofrem se tais interposições se produzem, e podem até se ver obrigados a recuar ante o avanço dos que não lhes são afins. Então o ser entenderá que – depois de um trabalho profundo, no qual se instrua sobre a forma de guiar a vida para a realização de uma evolução verdadeiramente consciente, cujo objetivo imediato, pela própria essência dos elementos que vão fazer parte dela, é a criação de uma nova individualidade –, será preciso velar pela manutenção desse estado interno. Se assim não for feito, tal estado mudará, ao ficar sob o predomínio de pensamentos adversos, já que no meio mental, bruscamente alterado, surgirá a confusão e o desânimo. A própria natureza nos adverte de que cada existência necessita do ambiente favorável ao seu desenvolvimento; do contrário, essa existência se debilita, se distorce ou deforma. Tomando, pois, a natureza por guia, cultivar-se-á o campo interno, proporcionando-lhe um ambiente adequado, como é o caso do próprio lar, e também de todo lugar grato ao espírito, sem omitir a ocupação diária, que haverá de ser convertida gradualmente, como todas as demais coisas, em campo propício à observação e à experiência. Se, por exemplo, se vai a um restaurante, caberá ali a reflexão sobre um en-
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sinamento, ou um comentário a seu respeito, ou então a análise de tal ou qual fato vinculado a um ou outro qualquer, sem prejuízo de tentar a solução de algum problema de ordem econômica, moral, social, etc. Um ensinamento antiqüíssimo diz que, enquanto o ser inteligente ama o corpo por sua beleza física, o corpo, por instinto, admira e ama seu ser inteligente. Disso se pode concluir que é necessário cuidar do ser físico, mas não com tanto carinho e mimo a ponto de fazer com que o espírito se ressinta. O exposto permitirá, sem dúvida, formar uma idéia exata do que corresponde realizar na vida, de acordo com o ideal logosófico. Ser circunspecto e, acima de tudo, manter o ambiente que há de favorecer aquilo que o espírito tanto busca e que, em íntimas reflexões, a consciência nos tenha confiado.
A EDIFICAÇÃO DO PERMANENTE NO HOMEM
Um dos traços defeituosos que mais custa eliminar da psicologia humana é a propensão ao superficial, por ser daqueles que maior resistência opõem ao trabalho de reconstrução interna. Disso se pode deduzir como é grande a predisposição humana ao engano, ao ilusório, ao irreal. A parte instável que o ser carrega consigo impede a presença nele das coisas estáveis. Com facilidade muitas
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vezes extrema, admite o enganoso, oferecendo, ao contrário, firme oposição ao verídico, quase sempre pelo fato de este não conter a sedução daquilo que está revestido com o colorido do aparente. O conflito que isso cria no ser nasce da oposição de duas tendências naturais: a que impele a descobrir a verdade e a que dificulta esse propósito. Da luta entre essas duas tendências deve surgir, porém, o critério definitivo que, uma vez adotado, evitará que o dito conflito se apresente com perspectiva de não se resolver. A Logosofia traz como mensagem universal a edificação do permanente no homem; mensagem formada em sua totalidade pelas concepções do saber real, que se manifesta ao entendimento em palavras de verdade, criadoras, que não podem atuar na mente como as fascinantes palavras do engano. Quando não se sente dentro de si, profundamente, a imanência do conhecimento transcendente, não se pode experimentar a sensação de possuí-lo; quando esse conhecimento não consegue iluminar de forma permanente o cenário da razão individual, sua luz se apaga e desaparece na penumbra do esquecimento, como desaparece um fugaz raio de luz depois de nos iluminar por um instante. Pois bem; se o ser, seguindo o impulso instintivo em suas andanças em busca das luzes falazes da irrealidade, ocupa-se de mil coisas pueris, e não de alcançar um
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firme e conseqüente desenvolvimento de suas faculdades; se distrai a atenção com o superficial, quando mais aguçada e consciente devia ser a observação sobre si mesmo, como poderá se conduzir com segurança, sem tropeços e sem demora, por essa senda de verdade na qual se comprova a realidade dos passos através da evolução que aperfeiçoa? As imagens apresentadas pela Logosofia têm a propriedade de enlaçar tudo de positivo com esse princípio ativo chamado consciência, que vibra no mais fundo do ser humano. É o conhecimento, pois, o que permite ao homem avançar sem extravios pelos caminhos da existência. Cada conhecimento logosófico é um veículo seguro para viajar sem entorpecimentos pela rota aberta às possibilidades do homem; um veículo que ele deverá ir utilizando de maneira oportuna, enquanto procura avançar em direção à meta que é seu propósito alcançar. O conhecimento superior ou transcendente põe fim a todas as inquietudes e também satisfaz a todas as aspirações da alma. Daí que tanto recomendemos evitar transtornos ou interrupções ali onde começa a aurora da expansão espiritual, precedendo a claridade que a Criação projeta sobre o entendimento humano, permitindo-lhe contemplar uma visão que jamais se apagará através dos séculos. Toda interrupção altera e até pode malograr os propósitos que surgem da inspiração íntima que impulsiona
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rumo a um alto objetivo; toda interrupção equivale a um retrocesso, a um desgaste de energias, e pode chegar a significar a postergação indefinida de toda oportunidade no caminho do aperfeiçoamento. A constância no empenho é, pelo contrário, a força que varre as dificuldades e tudo quanto se oponha à vontade. Para triunfar é necessário vencer, para vencer é necessário lutar, para lutar é necessário estar preparado, para estar preparado é necessário prover-se de uma grande inteireza de ânimo e de uma paciência a toda a prova. Isto requer, por sua vez, levar constantemente ao íntimo da vida o incentivo da suprema esperança de alcançar aquilo que se anela como culminação feliz da existência. O que a Logosofia ensina não deve ser relegado ao esquecimento. O que se aprende deve permanecer dentro do ser como salvaguarda dos conhecimentos acumulados, para que estes não desapareçam, deixando o ser às escuras depois de havê-lo iluminado. Cada um seria, nesse caso, o responsável direto pela própria infelicidade.
O VALOR DO TEMPO
O tempo tem para a Logosofia um valor que se acha representado em todos os atos da vida; com isso queremos dizer que por seu aproveitamento o homem é capaz de ser e de fazer muito ou nada. Daí que sempre
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aconselhemos não se deter além do necessário nas preocupações da vida corrente, a fim de não ocupar sem proveito esse tempo, cujo valor pode ser multiplicado se o utilizamos na busca do que há de dar satisfações duradouras, o que ao mesmo tempo ajuda a resolver os problemas que nos afetam intimamente, problemas que não podem ser resolvidos quando as preocupações comuns embargam quase todo o tempo da vida mental. A vida não deve ser colocada dentro dos problemas, mas os problemas dentro da vida. Uma vez bem compreendido que a função primordial da existência não é a refletida na atividade diária, será fácil ver como o tempo pode se perder, tornando-se difícil sua recuperação; também se verá como esse tempo nos oferece muitas oportunidades felizes, se, ao passar a nosso lado, aceitamos seu convite e fazemos dele bom uso. Buscar o tempo que já está submerso no passado é tarefa árdua; menos difícil é sair ao encontro do que ainda nos fica por viver e oferecer-lhe espaço dentro de nós para que, constituindo-se no hoje, e mais tarde no amanhã, faça florescer a vida em sua mais formosa ideação e realidade. O tempo é a essência oculta da vida; é a própria vida em todo o seu percurso. Olhemos o tempo perdido como vida que se foi de nós sem ser vivida em sua plenitude, e aprenderemos a viver na consciência do verdadeiro existir, prolongando-a indefinidamente, ao deter o tem-
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po e fazê-lo servir aos fins da evolução. Por acaso não é isso o que sucede quando fazemos hoje o que muitos farão meses, anos ou séculos depois? Ensaie-se o governo do tempo, de acordo com nosso método, e se verá quantas satisfações íntimas serão obtidas. Sabemos perfeitamente que nem sempre o indivíduo está em condições de compreender num instante a palavra logosófica, que às vezes excede sua capacidade mental; entretanto, com esforço, com perseverança e boa vontade, ele consegue penetrar nela e cada dia descobrir elementos indispensáveis para a própria evolução.
A PACIÊNCIA ATIVA E CONSCIENTE
Ninguém ignora – vamos dar isto como certo – que o ser humano é de per si impaciente. É esta uma das deficiências do caráter que mais dificultam e até impedem ao homem levar adiante seus propósitos de melhoramento. Aquele que por sua causa se encolhe sob a impressão da impotência e do desalento aniquila as próprias forças. Em tais condições, a luta se torna dura e é muito fácil, vencido já, cair na desesperança. Esse é o fim dos impacientes, dos que não souberam coordenar as forças internas para enfrentar a adversidade, que a cada instante oferece um novo campo de luta. A paciência, considerada como fator de êxito nos em-
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pregos úteis do esforço, não deve sofrer limitação em sua expressão dinâmica, caso se queira obter por meio dela o que cada circunstância exige como tributo de tempo. Para poder apreciar isto, é preciso entender claramente que a paciência não é uma virtude quando se apresenta sob as formas da passividade, o que acontece quando o homem se limita a esperar que as coisas se resolvam por si mesmas, pretendendo que a Providência lhe sorria e que, como prêmio à constância de esperar sem fazer nada, lhe chegue o que deveria ser fruto da razão e do empenho. A paciência, como virtude, deve ser ativa e consciente. Para dotá-la de tais qualidades, é necessário estabelecer uma ordem no domínio das realizações, porque a elaboração de um plano há de preceder a condução paciente e inteligente do esforço que deve intervir em sua execução. Essa paciência há de acompanhar o ser até o resultado final, por ser a energia que sustém o esforço até sua feliz culminação. Mais de uma vez já dissemos que a paciência cria a inteligência do tempo; ficará entendido, por certo, que nos referimos à paciência de quem sabe esperar. Isso significa que, quanto melhor compreendamos o valor de tal virtude, maior será a eficácia com que o tempo nos servirá, dando-nos, por outra parte, uma serenidade de espírito que o impaciente não conhece. O homem que pratica a paciência sob a influência benéfica de sua consciência sabe que para ele nada ter-
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mina. Tudo ao contrário disso é o que sucede com quem, carecendo dela, põe fim por si mesmo àquilo que não devia excluir de suas possibilidades. Para o primeiro, cada coisa pode seguir existindo em sua razão pelo tempo que a conquista de seu objetivo exige; para o segundo, cessa toda continuidade. Pode-se dizer com justiça que o segredo dos êxitos que o homem já conseguiu obter na conquista do bem residiu sempre na paciência ativa, manifestada na perseverança, no trabalho ininterrupto, na consagração e, também, nessa fé consciente que se vai enraizando na alma, favorecida pelas próprias comprovações.
O AFETO, PRINCÍPIO FIXADOR DAS RELAÇÕES HUMANAS
A Logosofia, ao encarar a realização da obra que se propõe, estabelece o afeto como meio insubstituível para seu cumprimento e perenidade. Configurada desse ângulo, situa o homem no próprio centro de suas possibilidades, fazendo que incidam nele os conteúdos básicos do sentimento humano. Sendo a evolução consciente seu mister essencial, ocorre que aqueles que recebem sua assistência, ao se vincularem entre si pelo próprio conhecimento que ela prodigaliza, ampliam o raio de alcance de sua obra, estendendo-a à humanidade. O afeto intervém nisso
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como princípio fixador das relações humanas, devendo entender-se que ele só constitui uma realidade quando é conscientemente sentido e praticado entre os semelhantes. Para esse fim tende o conhecimento logosófico, pela compreensão universal e mútua das razões, dos direitos e experiências afins com a existência que palpita na Criação. Todos os seus objetivos convergem na unificação do sentimento humano em suas manifestações mais puras, correspondendo, com isso, aos altos princípios de confraternização universal. O próprio aperfeiçoamento que conduz ao conhecimento de si mesmo não teria maior andamento se não se achasse assistido pela idéia de ajudar o semelhante, de quem cada um necessitará, por sua vez, durante longo trecho de seu processo de evolução consciente, para poder levar a cabo suas observações e realizar cotejos e confrontos de suma utilidade nos reajustes internos individuais. Permitirá apreciar melhor a vantagem que isso traz para a realização do aperfeiçoamento o fato de saber que, quando observarmos uma deficiência alheia, deveremos ao mesmo tempo estabelecer a relação que ela possa ter com as nossas. Isso evitará a intransigência, já que com muita freqüência comprovaremos a presença em nós da deficiência observada, circunstância que nos porá ante os demais na mesma atitude daquele que tinha sido motivo de nossa observação. Cria-se, assim, uma disposição à tolerância, o que auspicia o afeto com que de-
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vemos tratar nosso próximo e manifesta um sinal de boa ética, porque mostra as excelências de um comportamento inegavelmente sadio e edificante. Os conhecimentos logosóficos, ao se desprenderem da fonte que os gera, permanecem ligados entre si. Por isso, não permitem o isolamento por parte de quem os pratica. O saber vincula, irmana, une. Quando assim não acontece, deve expulsar-se da mente o pensamento reacionário, porque está infringindo uma lei. Tal coisa expressa bem claramente como deve conduzir-se aquele que recebe estes conhecimentos, e que uso deve fazer deles no que concerne à convivência com seus semelhantes. O ensinamento logosófico estabelece que tudo quanto o homem pense e faça deve, necessariamente, estar influído por essa força interna que se chama afeto, e ensina que todo estudo deve ser realizado com sentimento altruísta, a fim de que o esforço individual contribua para a elevação e felicidade do gênero humano. Definiremos melhor o afeto se dissermos que é a parte do amor feito consciência; é óbvio, pois, que sua estabilidade não periga como a daquele, sujeito sempre a variações e mudanças. Cabe-nos acrescentar que o método logosófico recomenda inumeráveis condutas, como as enunciadas na presente lição, todas de rigorosa aplicação interna, dentre as quais tomamos as indispensáveis aos fins que este livro cumpre.
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PARTE FINAL
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Se nossas palavras não caírem no vazio mental, terão a virtude de auxiliar eficazmente o entendimento de quem as recolher; seria pena se, por alguma imprevisão, se malograsse o esforço que se tivesse realizado para compreendê-las. Talvez não tenha sido difícil para o leitor perceber que a força do conhecimento logosófico é, ao ensinar, poderosa, por ser a manifestação do pensamento que anima e estimula a vida, como o Sol, que aparece todos os dias e dá luz e calor ao ser humano, mesmo que este não volte para ele seus olhos; que girou por todos os espaços, que viu levantar e cair tantos impérios, que iluminou a solidão dos primeiros dias do mundo e iluminará as horas finais da última geração sobre a Terra. Se o conhecimento logosófico decidiu fazer escutar nesta hora sua voz, difundindo-a por todos os âmbitos do mundo, é com a esperança de que muitos a ouçam, de que muitos se encham, ao ouvi-la, de entusiasmo e de estímulo, e de que muitos, também, possam sentir mais tarde essa voz dentro de si, confundida com a alegria de pronunciá-la tal como foi escutada: com a mesma niti-
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dez, com a mesma fecundidade, com o mesmo vigor, com a mesma luminosidade. É forçoso arrancar o homem das sombras formadas pelo desconhecimento de si próprio e levá-lo na direção do conhecimento que haverá de iluminar sua realidade. De um ser destinado a esterilizar-se numa vida sem projeções surgirá o verdadeiro ser, consciente de sua missão e do que pode realizar em cumprimento dos altos desígnios que o Criador lhe assinalou. Ninguém poderá negar a importância da verdade expressada nas páginas deste livro, e todos poderão comprovar como cada conhecimento que nele se expressa, transportado para a vida, é um novo momento de felicidade e de alegria que se experimenta. Nenhum outro motivo poderá ser mais grato ao espírito, porque ele sabe que cada conhecimento que passa a fazer parte do saber individual o aproxima um passo a mais da Grande Verdade que ele tanto anela alcançar. Essa Grande Verdade é a concepção suprema de todo pensamento ou pensamento de Deus, e é, ao mesmo tempo, Deus mesmo, porque é a razão de ser e a causa eficiente de todas as coisas. Se buscarmos a razão de ser de nossa entidade humana, faremos isso seguindo tal pensamento até a própria raiz de nossa origem, e a própria raiz de nossa origem está, logicamente, no que denominamos a Grande Verdade. De modo que, buscando-se cada um a si mesmo, en-
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PARTE FINAL
contrará no final de sua busca a seu próprio Criador, e se converterá, ao identificar-se com Ele, em criador de si mesmo e em colaborador direto da Criação. Tudo faz supor, pois, que, se é possível manejar forças com a inteligência e com o conhecimento, as que sejam adicionadas para aumentar as forças do espírito haverão de representar a conquista gradual dessa felicidade que comumente se busca por todas as partes, menos onde em realidade ela se encontra.