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Psicanalise

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Submitted By mafaldarodrigues
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Psicanálise
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(Rita Pasion, 2010) Essencialmente, Freud faz uma síntese entre
- O modelo médico que tinha disponível para a classificação de patologias
- E a própria forma original e inovadora com que Freud considerou os problemas psicológicos num quadro teórico mais amplo.

Não existe uma fase separada entre o diagnóstico e a intervenção (tratamento). Há uma integração, em cada momento há novos dados, novas auto-revelações, novos elementos, o que resulta numa reconstrução da avaliação inicial.

Freud define a Psicanálise de duas maneiras:
- Método de investigação dos processos mentais, dos seus conteúdos inacessíveis, uma abordagem para aceder ao desconhecido que, de outra forma, nunca seria aparente. Há uma preferência, enfatiza-se os processos, para lidar com a extrema diversidade dos conteúdos da experiência, pois cada sujeito tem uma forma particular de organizar a experiência. Freud rema contra a corrente positivista pois, para ele, o mais importante é a significação – o método é a observação clínica. Faz uma abordagem psicológica: perante a diversidade, o que há em comum na perspectiva psicanalítica, é o processo, as formas organizacionais, as estruturas. Nem tudo pode ser objectivado, nem tudo é susceptível de ser operacionalizado e medido. Freud tinha consciência disto, estando mais interessado na “compreensão” do que na “explicação”. Ele quer estabelecer relações entre variáveis, mas só no sentido em que lhe permitam atribuir um sentido coerente ao que está a observar.
- Método de intervenção, susceptível de originar mudanças psicológicas no cliente a partir da sistematização dessas observações, que remetem para o significado que o sujeito atribui à experiência. A psicanálise enquanto método de intervenção, no sentido do tratamento do desajustamento psicológico. Em Freud, há o cuidado extremo de evitar o uso do termo “doença”: a este termo são atribuídos significados pelo senso comum, quando muitas vezes encontramos uma continuidade entre sujeito “normal” e sujeito “doente”, o socialmente adaptado e aquele que está em crise. Ambas são designações que não deveriam ser usadas – todos estamos no limiar da perturbação.
…. É também um campo autónomo da psicologia, um edifício teórico que explica o funcionamento e o disfuncionamento psicológico.

Compreender Freud :)
Concepção desenvolvimental
Compreende duas grandes fases: do nascimento à infância, da adolescência até à morte. A Psicologia é também uma teoria de emoções.
Visão histórico social e não naturalista
O desenvolvimento psicológico depende do individuo, dos seus contextos de vida e das capacidades do individuo para lidar com os seus contextos de vida. A ênfase é na qualidade desenvolvimental das experiências de vida do sujeito, ou seja, a forma como essas experiências se articulam na totalidade psicológica do indivíduo. Freud procura compreender as pulsões como determinadas pela história desenvolvimental individual do sujeito, pelas suas vivências sociais. Em si, essas pulsões são desprovidas de sentido ou direcção e é o próprio processo de desenvolvimento que vai estabelecer as suas fixações em objectos próprios (sejam eles relativos à sexualidade propriamente dita ou a outras áreas da experiência humana – como a arte ou o trabalho). Por superações sucessivas, as crianças transformam o princípio do prazer em princípio da realidade. Há quem interpreta estes dois pólos como opostos, que se constringem um ao outro, mas a nossa leitura pode ser diferente. O princípio da realidade é o princípio do prazer condimentado pela socialização, pela emergência do ego e do superego. Na sua essência, continua a ser princípio da realidade, só que agora a busca do desejo é frustrada, ou incompleta, ou acrescentada à dimensão do insucesso.

Visão estruturalista (ver mais á frente)
Percursor da teoria dos sistemas (ver à frente também)
Nós funcionamos através das propriedades de um sistema aberto, integrados num maior sistema familiar com as mesmas propriedades. A principal característica destes sistemas é a existência de válvulas que permitem a regulação e abertura das fronteiras entre os subsistemas. A existência de fronteiras é necessária para adquirirmos a nossa individualidade e diferenciação do meio, contudo essas fronteiras têm de permitir a passagem de energia ou nós encerramo-nos em sistemas fechados que tendem para a entropia e autodestruição. As válvulas permitem a passagem das emoções, forças e percepções significativas que nos permitem estabelecer relações com objectos diferenciados do meio – assim podemos organizar e evoluir no nosso funcionamento psicológico. Por exemplo, para a criança do sexo masculino “sobreviver” e ultrapassar o complexo de Édipo tem de se diferenciar das figuras significativas, identificar-se com a figura paterna e criar o tabu do incesto, isto tudo para criar as condições necessárias em que se torna psicologicamente viável e autónoma. Segundo a psicanálise, a triangulação leva a criança a sair da relação dual com a mãe e a reorganizar as suas relações de objecto numa estrutura com três pessoas. Uma leitura sistémica do triângulo de Édipo dir-nos-ia: um sistema de dois elementos é demasiado rudimentar para se manter estável; assim tem de triangular para se manter estável. Neste processo, a criança vê-se como terceira, excluída do comércio amoroso dos pais. O amor pelo progenitor do outro sexo esbarra com a proibição do incesto.
A conceptualização sistémica permite-nos ainda perceber as razões para a perturbação psicológica, estas prendem-se com um certo isolamento do sistema às fontes externas, uma menor disponibilidade para o exterior. Daqui podemos definir uma concepção mais alargada do funcionamento do sujeito psicológico que é muitas vezes subestimada na interpretação do modelo freudiano – nós somos seres de relações e só no contexto das relações é que nos desenvolvemos. Uma das críticas mais recorrentes a Freud é a dificuldade que alegadamente esse modelo tem para articular os grupos sociais (família, sociedade e cultura) com a influência que têm sobre o funcionamento psicológico humano. Contudo, é sempre na relação com os outros que, para Freud, nós vamos funcionando e crescendo.
Análise dos elementos segundo uma lógica laboratorial, de decomposição, separação
Uma vez separados, os indivíduos tendem a auto-organizar-se. As analogias de Freud eram recorrentes da física e da química, na sua época as mais avançadas explicativas dos fenómenos humanos e sociais.

Uma teoria de símbolos
Como já se afirmou, na psicanálise o sonho ou o sintoma constituem a expressão simbólica de um desejo ou conflito. O sonho não é mais senão do que um conjunto organizado de símbolos fragmentados – algo que está lá (um significante) em vez da coisa em si (o referente). A interpretação dos sonhos é possível porque é possível traduzir a simbologia dos sonhos nos seus significados. Nós só temos acesso ao conteúdo manifesto, mas através da tradução podemos aceder ao conteúdo latente.
Lacan, foi inspirado pelo estruturalismo de Freud, mas de cariz mais linguístico, distinguindo os conceitos de Langue (Língua), enquanto conjunto de formas, estrutura e organização da língua, numa ordem da estrutura e paradigmático e Parole (Fala), enquanto, conjunto de regras fonéticas, gramaticais, fonológicas num nível mais funcional e sintagmática. Outra distinção importante é entre significante – aquilo que nos lembramos quando acordamos e significado – o que realmente se encontra escondido e tem significado reprimido. O referente é o objecto de que se fez referência. Esses três conceitos, formam o símbolo.
A tradução pode ser feita segundo a lógica da condensação e deslocação (ver folhas à mão).
Somos seres simbólicos e culturais. O símbolo principal que utilizamos é a linguagem, tornando-nos seres de discurso e não só de prazer. Ao vivermos numa realidade simbólica, o problema surge quando aquilo que sentimos é tão intenso e perturbador que não nos conseguimos expressar e tem de ser o corpo a falar em nosso lugar.
A Psicanálise é um modelo de símbolos ao colocar a enfase na palavra, abdicando de qualquer manipulação, seja fisica, seja química.

Perspectiva semântica (primazia do significado)
O tráfego do desejo, a procura do objecto de amor é o tráfego do significado. Nós devemos procurar os significados por detrás dos símbolos (sejam sonhos ou sintomas) e essa procura é arqueológica, de desmontagem, de desconstrução – escavando o que aparentemente não tem sentido acabamos por encontrar as peças do puzzle que se encaixam e chegamos ao conflito que persiste no caldeirão mais profundo que constitui o id.
Os significados podem ser mais positivos ou mais negativos e exprimir-se de forma mais ou menor produtiva, mais ou menos vantajosa. Por exemplo, o lapso, o sonho, o humor, a arte são todas expressões do inconsciente não necessariamente negativas.

Carácter relacional
A relação que existe na estrutura do sujeito entre diferentes instâncias (do mais biológico ao mais cultural); o desenvolvimento faz-se na relação com os outros (é nos contextos relacionais que nós nos construímos e mudamos enquanto sujeitos psicológicos) e é relacional também na estratégia de mudança.
A Psicologia tem a tendencia de reduzir tudo ao intra-psíquico, e apesar de isso não ser tudo, é o meio que Freud priveligia. Existe pois, um espaço de auto-organização individual - o intra-psiquico, que é resultado de um espaço-comportamental do sujeito, que se deposita nesse nível intra-psiquico. Há sempre coisas que ficam em nós e que nos marcam - a genese do sujeto é portanto contextual, mas também relacional, quer se desenrole num eixo diacrónico ( variações ao longo do tempo), quer se desenrole num eixo sincrónico (o que ocorre no mesmo instante) fica inscrito neste plano intrapsiquico de história individual (anamese - história da vida)

Génese de uma certa perspectiva construtivista
O construtivismo implica dois elementos: 1) Nós somos construtores pró-activos de nós próprios, das nossas representações psicológicas. De acordo com a psicanálise, nós construímos “fantasmas” – símbolos e referentes – com os quais nos relacionamos, também somos nós que construímos os objectos e finalidades, dando assim um sentido para as nossas energias pulsionais; 2) Dominância ou primazia do significado, perante as mesmas condições objectivas, as pessoas constroem vivências subjectivas diferentes. A caracterização objectiva das condições em que ocorre a experiência não é possível. É necessário processo de desconstrução e reconstrução. Assim, poderemos contrariar aquelas visões recorrentes de que a psicanálise admite ao sujeito um carácter passivo. Nós somos resultado de uma construção que depende de factores distais (o contexto cultural e social) como de contextos próximos (a família e a escola), contudo essa construção é subjectiva e depende das nossas próprias interacções.
A psicanálise, tal como o construtivismo, enfatiza que o nosso conhecimento não pode resultar nem de uma simples cópia da organização do mundo exterior, como defende o empirismo, nem encontrar-se depositadas no nosso espírito por uma qualquer forma de transcendência ou de imanência como pretendia o inatismo.
Por exemplo ... O que é uma reminescencia? É uma construcção simbólica, os próprios estudos de caso são narrativos.
Perspectivas narrativas
Com a narração, passa-se do que se conta e do contado ao contar, quer dizer, ao acto de enunciação propriamente dito. As perspectivas narrativas inovam pelo modo com lidam com as construções espontâneas de significados para as diferentes experiências de existir sob a forma de narrações. Nestas nós damos um sentido ao que nos acontece através de um modo narrativo – somos construtores de histórias, sejam episódicas ou duradoiras. As perspectivas narrativas em geral têm em comum com a psicanálise: 1) a preocupação de identificar modos espontâneos do funcionamento do sujeito, não impondo uma racionalidade exclusiva ao sujeito; 2) é o significado que regula a nossa organização da acção e experiência. Por exemplo, a interpretação dos sonhos como reconstrução das experiências de vigília e as associações livres como procura de regularidades e padrões estruturais, são ambas exemplos de recolhas da matéria de vida em bruto para a reconstrução de vida do sujeito.
Existencialismo
Afinal, a sua concepção psicológica tem uma consciência muito forte da dimensão trágica da condição humana – para nos desenvolvermos e subirmos nos nossos níveis de auto-realização temos de sofrer e sacrificar muito. Que é o complexo de Édipo senão o abdicar do amor incondicional, fusional pela mãe a fim de se ascender à condição de sujeito psicológico. É a inevitabilidade da morte que dá sentido à vida. As pulsões têm uma tendência dominantemente conservadora. Se nada for feito, elas caminham para a entropia, autodestruição e morte. São estes tortuosos caminhos para a morte que se apresentam como os quadros de referência para o sentido da vida, desejo e sexualidade.

Evolucionismo
Aquilo que Freud escreve é susceptível de ser interpretado como variações da interacção entre o bilógico e social, nos processos de retenção e eliminação selectivos.

Estrutura da Personalidade: Ego, Id e Superego 
Cognitivismo: explica o sujeito psicológico pelo funcionalismo e mecanismo, no qual existem regras de funcionamento lógico que fazem parte de inputs e outputs, que são congruentes, caso contrario, em distorções, há disfuncionalidade. O racionalismo do cognitivismo esgota a função de funcionalismo psicológico e regras lógicas)
Beaviorismo: introduz prazer- desprazer. Mas, a psicanálise é mais profunda: é o trafego de desejo que explica o sujeito psicológico, que não é redutível a um conjunto de regras, ou processos demasiado realistas e factuais.

O desenvolvimento psicológico pode ser encarado segundo dois pontos de vista: associando as variações à maturação biológica, numa perspectiva naturalista ou antes adoptando uma visão histórico-social, segundo a qual o desenvolvimento psicológico depende do individuo, dos seus contextos de vida e das capacidades do individuo para lidar com os seus contextos de vida. A leitura que esta disciplina faz de Freud enquadra-se nesta última perspectiva. A ênfase é na qualidade desenvolvimental das experiências de vida do sujeito, ou seja, a forma como essas experiências se articulam na totalidade psicológica do indivíduo.
No seu tempo, tanto a medicina como a psiquiatria valorizavam os factores genéticos, inatos, mas a sua prática psicanalítica e clínica mostravam o contrário. O peso diferencial de factores como a experiencia não é de exclusão, mas de cooperação: estão todos presentes como sendo processos psicológicos individuais, mas integrados (funcionando em conjunto – para ser valorizado o factor constitucional precisa de experiências vividas: o factor acidental só pode agir apoiando-se numa constituição) no sujeito psicológico. Se considerarmos os recalcamentos e sublimações como uma parte das disposições constitucionais do individuo pode dizer-se que a forma definitiva tomada pela vida sexual é antes de tudo, o resultado de uma constituição congénita. Mas, há que esse dar lugar a certas influencias vindas de experiencias fortuitas, quer durante a infância, quer numa idade mais avançada. Muitas vezes, a raiz dos problemas não é sequer encontrada nas profundidades da primeira infância. A génese das perturbações pode estar localizada apenas na vida adulta, fruto experiências acidentais e ulteriores traumatizantes a que o sujeito está exposto ao longo da vida. (Três ensaios sobre a teoria da sexualidade).

Assim, Freud fala de duas séries desenvolvimentais (etiológicas, porque explicam os desvios): conceptualiza o desenvolvimento psicológico ao longo de toda a vida, mas segundo duas fases com lógicas diferentes e que contribuem para a origem de perturbações psicológicas de forma diferente (Três ensaios sobre a teoria da sexualidade). - 1ª Fase: infância – aqui atribui-se o desenvolvimento psicológico sobretudo à interacção entre a constituição da criança e as experiências infantis. A psicanálise concede um lugar preponderante às experiencias de primeira infância
- 2ª fase: a adolescência e toda a vida adulta, não se baseia na interacção entre a constituição e a experiência, mas antes na interacção entre as predisposições psicológicas e a experiência. Não há interacção directa da genética, mas antes a partir das estruturas psicológicas do sujeito, o seu conteúdo e a forma como se foram consolidando as instâncias do aparelho psíquico. Se essas experiências são traumáticas, isso depende do aparelho psíquico do sujeito.
Segundo Freud, a matéria-prima da personalidade viria do conteúdo, das pulsões sexuais e agressivas, de construções para a intervenção da sublimação e de construções resultantes do recalcamento, isto é, da acção deste mecanismo de defesa sobre conteúdos com características de perversão.
A partir da noção destes mecanismos, identificamos traços característicos da personalidade, explicando, por exemplo, a génese para a teimosia, a perseverança, a economia, o autocontrolo, a severidade.
(Exemplo: os comportamentos de retenção, de acumulação de objectos, está relacionada com a fase anal. Por sua vez, a ambição relaciona-se com o fenómeno de superação da fase fálica)

Os mecanismos referidos são factores explicativos da génese e desenvolvimento da personalidade, da génese de muitas qualidades psicológicas subjectivas ou virtudes. Um caso ilustrativo, muito comum, é o nascimento de um segundo filho. Este traz complicações para o irmão mais velho que, ao sentir que deixa de ser objecto de afecto por parte dos pais, assume um comportamento violento e cruel que, através da sublimação, se transformará num comportamento pró-social com os outros.

A nível da personalidade, Freud tem uma visão estruturalista, que pode ser visto como uma meta-fundamentação.

Freud pressupôs três estruturas específicas da personalidade – o id, ego e superego. Esta nomenclatura constitui um desenvolvimento tardio na teoria de Freud e surgiu mais em resposta a detalhes técnicos do que propriamente a questões teóricas fundamentais (O Ego e o Id, 1923). Trata-se essencialmente da alteração de um modelo topográfico por um modelo estrutural., ao abandonar a sua 1ª tópica, mais estática, que defendia a existência de um inconsciente, pré-consciente e consciente.
É uma visão estruturalista, organizativa ou configuracional do desenvolvimento psicológico humano. Freud considera a existência do id, ego e superego como instâncias do aparelho psíquico que se vão organizando em nós, estruturando e estabilizando ao longo do nosso ciclo vital. Trata-se de uma concepção tão fortemente estruturalista, que alguns autores não hesitam em designá-la de mecanicista (por analogia às máquinas a vapor). Estas críticas lêem a perspectiva de Freud do aparelho psíquico como uma locomotiva constituída por diferentes vagões (instâncias) regulados a partir de válvulas que permitem a passagem de uns para os outros. Mas a visão de Freud não deve ser considerada puramente organísmica. Afinal, considera o desenvolvimento psicológico humano, não estando este completamente determinado por automatismos programados. As novas estruturas poderiam ser representadas diferenciadamente em termos da sua acessibilidade à consciência da pessoa e estavam constituídos na sua essência, pelos sete anos de idade.

Id: é pura libido, ou energia psíquica de natureza irracional e carácter sexual, que impulsivamente determina os processos inconscientes. É o turbilhão de energia, é mediado pela pulsão Eros/Thanatos) Freud teorizava que todos os sujeitos devem manter dentro da economia da sua libido, um equilíbrio entre estes dois instintos ou pulsões. Freud evoca extensivamente o conceito na sua discussão sobre a civilização, particularmente no apontamento de exemplos históricos de comportamento violento e destrutivo. Ele conclui que toda a história da civilização pode ser definida em termos gerais como “uma luta perene e não resolvida entre o Eros e o seu principal adversário, o impulso de morte.” (Mal estar na civilização e Para além do principio do prazer) Não esta em contacto com o ambiente, antes relaciona-se com outras estruturas da personalidade que, por sua vez devem mediar entre os instintos do id e mundo externo. Imune da realidade e convenções sociais, o id é guiado pelo princípio do prazer, procurando gratificar as necessidades instintivas libidinosas quer directa, através de uma experiência sexual, quer indirectamente através do sonho ou da fantasia. A gratificação indirecta era designada de processo primário. O objecto exacto de gratificação no princípio do prazer é determinado pelo estádio psicossexual do desenvolvimento do indivíduo. Pretende por isso, satisfazer todos os desejos independentemente das regras, da ética, da moral, da cultura que é aceite.

Ego O “executivo” da personalidade por causa do seu papel na canalização das energias do id para saídas socialmente aceitáveis. O ego não deixa de dar expressão aos desejos inconscientes, apenas impõe limites de aceitação social. O desenvolvimento do ego ocorre entre o primeiro e o segundo ano de idade, quando a criança inicialmente confronta o ambiente. O ego é governado pelo princípio da realidade; está consciente das exigências ambientais e ajusta o comportamento para que as pressões impulsivas do id sejam reguladas de forma aceitável. O princípio do prazer não é antagónico ao da realidade – o princípio do prazer é o princípio da realidade aceite socialmente. A obtenção de objectos específicos que reduzam a energia libidinosa de forma socialmente apropriada foi designada de processo secundário. O id ao entrar em constante guerra com o superego, vai pedir que o ego se revista de funcionalidade, para que o individuo não entre em disfuncionalidade psicológica:
- se o id ganha ao superego: individuo psicótico, ausência de regras
- se o superego ganhar ao id: individuo neurótico, excesso de regras O ego terá de ter então mecanismos de defesa (que fazem com que a relação fusional – triangulação – sociedade se integrem) desde o mais primitivo ao mais complexo:
- negação – permite ganhar tempo para fortalecer
- resistência
- sublimação

Superego aparece pelos cinco anos de idade. Ao contrário do id e do ego, que são desenvolvimentos internos de personalidade, o superego é uma imposição externa. Isto é, o superego é a incorporação de padrões morais percebidos pelo ego a partir de algum agente de autoridade no ambiente, usualmente a assimilação das perspectivas paternas. Tanto os aspectos positivos como negativos destes padrões de comportamento estão representados no superego. O código moral positivo é o ego ideal, uma representação do comportamento perfeito para o indivíduo replicar. A consciência incorpora o aspecto negativo do superego, aquelas actividades que são determinadas como tabus. A conduta que viola os ditames da consciência produz culpa. O superego e o id estão em directo conflito, deixando o ego a mediar. Assim, o superego impõe um padrão de conduta que resulta, em algum grau de autocontrolo através de um sistema internalizado de recompensas e castigos. Consciência e o superego: Freud identifica um sentido de culpa avassalador como um dos problemas centrais que ameaçam a civilização moderna, e atribuiu-o à operação do superego, uma instância psíquica interna que monitoriza as intenções e acções do ego, mantendo os impulsos agressivos deste sob vigilância. Outro termo para o superego é o de consciência. Freud traça a formação do superego ao acto primordial de revolta contra a autoridade: o assassínio do pai pelos seus filhos, que foram deixados com tal sentimento de remorso que internalizaram a autoridade representada previamente pelo seu pai. O superego frequentemente coloca severas exigências sobre o indivíduo, tais que ele realisticamente não consegue suportar, levando a uma grande infelicidade. Freud também assume a existência de um superego colectivo, materializado pelos líderes enérgicos dos homens, que opera em grande escala dentro de uma dada cultura ou sociedade. (Mal estar na Civilização) O instinto primário dos seres humanos é agir agressivamente entre si. Nas sociedades primitivas, o chefe da família dava-se ao luxo de libertar as suas manifestações de agressão à custa dos outros todos; na sociedade civilizada, restringimos a nossa inclinação para a agressão através das regras da lei e da imposição da autoridade (tanto interna como externa), para assegurar a máxima segurança e a felicidade para todos. Enquanto nós originalmente entrámos na sociedade precisamente para escapar às forças da agressividade mútua e a autodestruição, a necessidade de frustrar os nossos instintos agressivos tem paradoxalmente levado a uma grande infelicidade, e a um sentido de culpabilização crescente e, nos casos mais extremos, a várias formas de neuroses psicológicas. Consequentemente, os indivíduos têm-se começado a rebelar contra a civilização com um nível de agressão que excede o nível de agressão inicialmente suprimido e ameaçando a desintegração da sociedade. (Mal estar na civilização)

Num nível mais funcional…
Freud não se fica pela descrição das estruturas da psique humana, ocupa-se também dos processos de funcionamento psicológico, nomeadamente na forma dos mecanismos de defesa.
A grande luta pelo domínio do ego protagonizada pelo id e o superego nunca termina, sendo saudável um equilíbrio de forças entre um e o outro lado. Ora, notavelmente avançada para a época, esta é uma visão dinâmica e sistémica. Embora Freud tenha surgido muito antes da divulgação da teoria dos sistemas, o autor pode ser considerado como um percursor pela forma como conceptualiza o funcionamento psicológico humano. Porque aqui cada elemento do processo de construção psicológica tem um papel, introduzindo cargas de energia próprias no sistema – e havendo a necessidade do aparelho psicológico as equilibrar entre si. A psicanálise, tal como a teoria dos sistemas, insiste nas duas funções inversas que caracterizam todo o sistema vivo: a capacidade de transformação e a tendência para a manutenção do equilíbrio. Cada uma das instâncias (os subsistemas id, ego e superego) mais as forças que elas representam, pertencem ao sistema mais amplo e global que é o indivíduo. A um nível superior podemos também entender as famílias como uma unidade sistémica, um grupo natural estruturado progressivamente no tempo através de uma história que permite a experimentação por tentativa e erro de transacções e retroacções correctivas.
O funcionamento psicológico faz-se segundo um ponto de vista económico, onde há a preocupação de um equilíbrio de relações. Freud classificou os instintos inatos em vida (Eros) e morte (Thanatos). Os instintos vitais envolvem auto-preservação e incluem fome, sexo e sede. A libido pode ser concebida como aquela forma específica de energia através da qual os instintos de vida emergem no id. Freud postulou que a libido poderia ser dirigida não só externamente para objectos como “para dentro” (narcisismo). Mais tarde postulou que os instintos de morte são destrutivos e encontram-se em conflito permanente com os impulsos de vida no controverso. O princípio do prazer parece, a realidade, servir aos instintos de morte. É verdade que mantém guarda sobre os estímulos provindos de fora, que são encarados como perigos para ambos os tipos de instintos, mas acham-se mais especialmente em guarda contra os aumentos de estimulação provindos de dentro, que tornariam mais difícil a tarefa de viver. Assim, surgem os instintos de vida enquanto rompedores de paz e constantemente produzindo tensões cujo alívio é sentido como prazer, ao passo que os instintos de morte parecem efectuar o seu trabalho discretamente. Não pode haver uma dominância total do princípio do prazer, mesmo sob a forma de princípio da realidade. Seja lá o que foi aquilo que causa o aparecimento de sentimentos de prazer e desprazer nos processos de excitação, deve estar presente no processo secundário, tal como está no primário. A nossa consciência comunica-nos que os sentimentos provindos de dentro não são apenas de prazer e desprazer, mas também de uma tensão peculiar que, por sua vez, tanto pode ser agradável quanto desagradável. Os instintos de morte também podem ser dirigidos tanto para dentro, como no suicídio e masoquismo, como para fora (ódio e agressão). (Para além do Principio do Prazer)
Contudo, Somos seres de desejos e de existência, não nos limitamos a orientarmo-nos só por instintos e satisfazer as necessidades primárias. Em cima dessa necessidade escrevemos o desejo, facto que nos distancia – é o paralelismo entre existência/sobrevivência; instinto/pulsão, necessidade/desejo). Somos ainda seres simbólicos e políticos, capazes de optar por entre alternativa (a formiga é que caminha sempre pelo mesmo carreiro determinado). O supérfluo é que nos dá sentido, tonando-nos autores da existência e não de um projecto filogenético.
A formação do inconsciente segue portanto, um plano económico, cujo objectivo é reduzir a energia libidinal através de qualquer actividade aceitável aos constrangimentos do superego, funcionando num plano económico. Existem fontes de energia e esta não é inesgotável, diz-se que é renovável, até certo ponto (exemplo: a publicidade prende a atenção e o tempo manipulando o desejo da pessoa).
Alguns autores defendem que existe uma crise económica ao nível do individuo – o desejo esta a esgotar-se. O problema do híper-consumismo e que anula a dimensão simbólica, que ocupa o lugar de determinada “coisa”. Ao satisfazer imediatamente os seus desejos, a dimensão simbólica esgota-se, pois existe um esgotamento de energia (exemplo: uma criança que tem tudo o que quer, quando recebe um presente novo pensa que é apenas “só mais um”. Não podemos esquecer que Freud viveu numa época pré-consumista.

A sexualidade a partir do princípio do prazer .
(Para além do principio do prazer)

Postulado básico: os processos mentais são regulados automaticamente pelo princípio do prazer. Ou seja, são accionados por uma tensão desagradável, tomando então um rumo, cujo resultado final coincide com uma redução dessa tensão, seja pela geração de prazer, seja evitando o desprazer.
Além do factor tópico e dinâmico, é preciso reconhecer a importância do factor económico. Só ao se completar da melhor forma possível se atinge a metapsicologia (a psicologia da psicologia)

O pilar topográfico: a organização do aparelho psíquico processa-se por instâncias. Identificam-se estes diferentes espaços no aparelho psicológico e atribuem-se-lhes funções específicas. O pilar dinâmico diz respeito ao facto de se poder descrever o aparelho psíquico segundo uma relação de forças (que são divergentes e dinâmicas). Em todo o momento há sempre uma instância que domina sobre as outras, seja o ego, o id (que leva a uma maior probabilidade de se evoluir para a perversidade), ou o superego (que leva a uma maior probabilidade de se evoluir para a neurose). O pilar económico, subjacente à teorização do princípio do prazer. O princípio do prazer tende para a satisfação dos desejos, de forma a reduzir a tensão, o nível de excitação e os gastos energéticos. As instâncias do aparelho psíquico seguem a lógica da poupança de energia
- o id funciona sob o princípio de gratificação imediata
- o superego funciona sob a lógica da repressão imediata
- o ego funciona segundo a lógica de não mobilizar mais energia psíquica do que necessita.

O prazer e o desprazer são relacionados com a quantidade de excitação, presente na mente, mas de uma forma não ligada”, sendo que o desprazer corresponde a um aumento na quantidade de excitação, e o prazer a uma diminuição. De facto, é aqui que se encontra contida a essência da sua teoria da afectividade., como algo de dinâmico e que se relaciona com objectos externos.
Mas, não se concebe uma simples relação entre a intensidade das emoções e as alterações causadas pela sua quantidade correspondente, muito menos em relação de proporcionalidade e causalidade directa entre o factor que provoca o sentimento de desprazer e prazer e a quantidade de aumento ou diminuição da quantidade de excitação num determinado período de tempo.
Somos dominados pelo princípio do prazer e é esse princípio que leva o aparelho psíquico a esforçar-se por manter a quantidade de excitação nele em níveis reduzidos, ou pelo menos constantes – princípio da constância e estabilidade de Fechner. Tudo o que tender para o aumento, contrariara essa função e será sentido como desprazer e adversa ao funcionamento.
Ainda assim, é incorrecto falar na dominância do princípio do prazer sobre o curso dos processos mentais. Se tal dominância existisse, a imensa maioria dos nossos processos mentais teria de ser acompanhada pelo prazer ou conduzir a ele, ao passo que a experiência geral contradiz completamente uma conclusão desse tipo. O máximo que se pode dizer, portanto, é que existe na mente uma forte tendência no sentido do princípio do prazer, embora essa tendência seja contrariada por certas outras formas ou circunstâncias, de maneira que o resultado final talvez nem sempre se mostre em harmonia com a tendência no sentido do prazer. Este princípio conduziria a um estado de inactividade, à ausência completa de excitação e morte.
Exemplo de inibição do princípio do prazer ao ser adequado para um funcionamento primário por parte do aparelho mental, mas que, do ponto de vista da auto-preservação do organismo entre as dificuldades do mundo externo, ele é, desde o início, ineficaz e até mesmo altamente perigoso. É aqui que entram em jogo outras forças provenientes do ego. Sob a influência dos instintos de auto-preservação e manutenção do ego, o princípio do prazer é substituído pelo princípio da realidade. Este último princípio não abandona a intenção de fundamentalmente obter prazer; não obstante, exige e efectua o adiamento da satisfação (não se trata de abdicar), exigindo por sua vez a tolerância temporária do desprazer (não como final, mas como instrumental, como um meio ou uma etapa no longo caminho da procura do prazer. O princípio da realidade é um princípio do prazer de segunda ordem – existe uma tomada de consciência que nem tudo tem uma saída imediata. e exige a tolerância ao desprazer.
Em determinadas alturas da nossa vida, sobretudo na infância, muitas vezes o princípio do prazer sobressai sobre o princípio da realidade. Na infância é necessária a heteroregulação por parte dos adultos porque as organizações psicológicas ainda estão mal formadas.
De qualquer modo, mesmo após a sua conversão em princípio da realidade, o princípio do prazer persiste por longo tempo como o método de funcionamento empregado pelos instintos sexuais, que são difíceis de educar. Partindo desses instintos, ou do próprio ego, com frequência, o princípio do prazer consegue vencer o princípio da realidade, em detrimento do organismo como um todo. Não pode haver, porém, dúvida de que a substituição do princípio do prazer pelo princípio da realidade só pode ser responsabilizada por um pequeno número de experiências desagradáveis.

A sexualidade infantil 
“Seja como for que decidam sobre o uso da palavra, lembrem-se que o psicanalista entende a sexualidade nesse sentido completo que é conduzido pela avaliação da sexualidade infantil. “

Um dos problemas da psicanálise em termos conceptuais foi o de propor que a sexualidade estava presente em todo o desenvolvimento, ao longo de toda a vida, o que incomodou claramente um certo clima moralista decadente e hipócrita da época.

Revisão do conceito de sexualidade: Em vez de ser um impulso altamente específico, orientado para os órgãos genitais e para a heterossexualidade, com a função da copulação e da reprodução, deveria ser considerada como um impulso altamente geral para a gratificação sensual de muitos tipos diferentes, presente em todos os indivíduos, da infância para a frente. O que os distingue são as a fonte do impulso que se encontra na excitação de um órgão, e o seu fim próximo que é a satisfação da excitação orgânica. Está inteiramente desconectada da função de reprodução que, mais tarde, virá a servir.
Não se pode desprezar a pré-história da ontogénese: a infância.
Previamente, ele havia ficado impressionado com a regularidade segundo a qual as associações dos seus pacientes de histeria levavam a “memórias” de natureza sexual, datando da infância. Frequentemente, estas cenas recordadas acarretavam abuso sexual, normalmente às mãos do pai ou da mãe, que se tornava uma pré-condição necessária para a doença. Presumivelmente, estas experiências não haviam sido percebidas como “sexuais” pela criança imatura na altura da ocorrência, mas após a chegada da puberdade as suas memórias ficavam carregadas turbulentamente com um novo significado, “sexualizadas após o facto”, levando os sujeitos a reprimi-las da consciência normal.
Mas então haveria sexualidade infantil? Não é a infância um período distinguido pela falta de impulso sexual como era o espírito da época? Freud falava de impulsos e actividades sexuais desde o início da vida, seguindo através de um desenvolvimento segundo várias etapas até se atingir a vida sexual “normal” dos adultos.

Fase do auto-erotismo
CAP II: As manifestações da sexualidade na criança (TESTS) A satisfação é encontrada no próprio corpo da criança e não tem nada a ver com outro objecto – a pulsão sexual na criança ainda não está centrada, está descentrada, não tendo um objecto coerente e externo. A grande fonte do prazer infantil sexual é a auto-excitação de determinadas partes sensíveis do corpo que proporcionam prazer sexual – as zonas erógenas.(exemplo: a voluptuosidade de chupar o dedo não tem por fim a absorção de algum alimento. A necessidade de repetir a satisfação sexual afasta-se de necessidade de nutrição, principalmente quando o alimento já tem de ser mastigado. A criança procurar no futuro outra parte de valor equivalente: os lábios de outra pessoa. Se a sensibilidade persistir a pessoa será predisposto à bebida e ao fumo. Se houver recalcamento, sentirá desgosto pelos alimentos e estará disposto a vómitos histéricos). A criança nasce num estado de “perversidade polimórfica”, capaz de gratificação “sexual” através de várias actividades auto-eróticas não-reprodutivas. Pela altura em que a criança chega aos cinco ou seis anos de idade, muitos desses prazeres suscitam condenação da parte dos pais e sociedade, e assim causam muita ansiedade severa que leva a que os mesmos sejam reprimidos no inconsciente. Eles contudo não desaparecem, mantém-se à espera de oportunidades para se expressarem indirectamente – não só em sonhos como, em alguns casos, em sintomas de histerismo. As concepções histéricas patogénicas, tal como os conteúdos perturbadores latentes de muitos sonhos, poderiam ser interpretados como representações disfarçadas dos desejos infantis, não como experiências reais. Observa-se também o impulso do prazer sexual, a libido, que pressupõe uma segunda pessoa como externo. Estes impulsos aparecem em pares oposto:
- Activos - prazer em infligir dor (sadismo) onde mais tarde surgia a curiosidade pelo conhecimento
- Passivos - masoquismo, onde mais tarde surgia a tendência para a representação teatral e artística A relação pré-edipiana estabelecida com a mãe (vinculação) é também manifestação da escolha de um objecto externo. Primariamente baseada em causas devidas ao impulso de auto-preservação. A diferença entre sexos nesta altura desempenharia um papel pouco significativo, podendo-se atribuir uma certa disposição homossexual às crianças de ambos os sexos. É o desenvolvimento psicológico que vai determinar os objectos das pulsões e qual a sua finalidade
1º - progressiva integração das pulsões parciais dissociadas
2º - construção de um objecto
3º - finalidade para essas forças (perspectiva construtivista)

O erotismo
(3 – As transformações na puberdade TESTS; IV – Diferenciação de sexos; V – A Descoberta do objecto)
Mais tarde, a vida sexual da criança rica, mas dissociada, vai ser correlacionada e organizada em duas grandes direcções, até que, pelo final da puberdade, a personalidade sexual do indivíduo está praticamente determinada. Com o início da puberdade, aparecem transformações que conduzirão a vida sexual de forma definitiva) Todos os impulsos parciais cooperam enquanto as zona erógenas se subordinam à zona genital para que toda a vida sexual sirva a função da procriação, e a sua gratificação seja apenas significativa caso ajude a preparar e promover o verdadeiro acto sexual. O impulso sexual poe-se agora ao serviço da reprodução, quase que “altruísta”. A escolha dos objectos prevalece sobre o auto-erotismo para que, agora, na vida sexual todos os componentes do impulso sexual sejam satisfeitos na pessoa amada. Começa na infância a encontrar no seio da mãe o protótipo da relação amorosa; mas durante o período de latência a criança aprende a amar outras pessoas. Freud admite que o afecto da criança pelos pais afecta a escolha do objecto se faz nos moldes do homem que procura alguém parecido com a sua mãe e da mulher que procura alguém parecido com o seu pai (Exemplo: relações em que as mulheres se apaixonam por um homem mais idoso) Diferenciação dos sexos; só na puberdade há uma distinção nítida entre o carácter masculino e feminino. Se a equivalência primitiva se manter e se transpuser da infância para a adolescência haverá tendência para a homossexualidade exclusiva A actividade auto-erótica será a mesma para os dois sexos e é tão manifesta na idade infantil como na puberdade. Contudo, há diferenças: rapazes apresentam menor tendência resistência, e as meninas tem maior tendência ao recalcamento. Na mulher, a zona erógena condutora é o clítoris, que traduz uma sensação tal como o rapaz sente na sua zona genital, situada na glande. Quando a transmissão da zona erógena se faz do clítoris para o orifício vaginal, operou-se na mulher uma mudança da zona erógena.

(Conclusão de TESTS)
Como qualquer outro processo de desenvolvimento, se este for inibido, atrasado ou incompleto pode levar a disposições patológica, como consequências da regressão

- Pode acontecer que nem todos os impulsos parciais se subordinem à regra da zona genital. Um impulso que se mantenha desconectado leva aquilo a que Freud designa de perversão, que pode substituir um objecto sexual normal por um próprio. - Pode acontecer que o auto-erotismo não seja completamente ultrapassado, tal como testemunham muitas perturbações. O valor que considera originalmente ambos os sexos como objectos sexuais poderá ser mantido e resulta numa inclinação para actividades homossexuais na vida adulta, o que, sob determinadas condições, poderá chegar ao nível da exclusividade da homossexualidade. Esta série de perturbações corresponde a uma inibição directa do desenvolvimento da função sexual, incluindo as perversões e o infantilismo geral (suspensão do desenvolvimento psíquico em determinado estado da infância). - Pode acontecer uma disposição para as neuroses, derivadas de um percalço no desenvolvimento da vida sexual. As neuroses são relacionadas com as perversões, como o negativo é relacionado com o positivo; nelas encontramos os mesmos componentes – impulsos enquanto avatares dos complexos e criadores dos sintomas; mas nas neuroses eles trabalham desde o inconsciente. Passaram por uma regressão, mas apesar disso mantém-se no inconsciente. A psicanálise defende que uma expressão exagerada de um impulso na infância pode levar a uma espécie de fixação, que depois oferece um elo fraco para a articulação da função sexual. Se o exercício da função normal sexual conhece obstáculos mais tarde, esta repressão, que data da altura do desenvolvimento, vai incidir sobre este ponto particular de fixação infantil.

A grande interrogação de Freud é relativa à compreensão dos desvios no comportamento psicossexual. Os desvios que ocorrem ao longo da história desenvolvimental do indivíduo relativos à emergência dos objectos, finalidades ou ambos têm origem inata ou adquirida? Estarão pré-programados, serão próprios à nossa herança genética? Ou farão parte de um processo mais complexo, onde aquilo que nos trazemos interage com a nossa história? Freud preocupou-se ainda em enunciar concretamente quais eram os factores biológicos, ecológicos e psicológicos que podiam conduzir a perturbações no desenvolvimento.
As explicações propostas por Freud são baseadas nos dados reais que recolheu. O autor considerava que os neuróticos seriam bastante semelhantes aos “normais” (o que contradiz a noção de senso comum de descontinuidade entre a normalidade e a perturbação). Esses dois grupos não se distinguiam pela natureza, antes pela intensidade – a qualidade seria semelhante. Assim para Freud, quando falamos de indivíduos “desviantes” não estamos a falar de uma categoria diferente – as disposições são idênticas, o que difere é a história desenvolvimental. É esta que introduz o desvio, quando promove um certo desequilíbrio que ultrapassa as nossas capacidades de gerência e auto-organização.
Todas as circunstâncias desfavoráveis ao desenvolvimento sexual têm por efeito produzir uma regressão, quer dizer, um retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, pelo que se volta- à enumeração de factores que exercem uma influência no desenvolvimento sexual (Três ensaios sobre a teoria da sexualidade).

Elaboração interior
A constituição sexual não determina só por si a forma que a sexualidade vai tomar é condicionada pelo exterior e são-lhe dadas possibilidades ulteriores conforma a sorte sofrida pelos afluxos sexuais provenientes de diferentes fontes. É a elaboração ulterior, para além dos factores constitucionais, respeitante aos factores externos ao indivíduo, que constitui o elemento decisivo. Freud constatou na sua prática de intervenção que a mesma constituição poderia levar a formas diferentes de desenvolvimento e considerou várias hipóteses.

Se todas as disposições conservam entre si a sua relação (que nós definimos como anormal) e se reforçam pela maturidade, o único resultado possível é uma vida sexual perversa. Freud aplica a expressão “debilidade constitucional” a um dos factores constitucionais do impulso sexual, a zona genital (a qual deve mais tarde incumbir a função de coordenar, com o fim da procriação, as manifestações sexuais até então isoladas). Efectivamente, nestes casos a integração que devia fazer-se no momento da puberdade não pode realizar-se; será então a mais forte das outras componentes que irá prevalecer sob a forma de perversão.

Recalcamento - chega-se a um resultado inteiramente diferente se, no decurso do desenvolvimento, certas componentes sexuais, que Freud supõe excessivas, sofrem um recalcamento (que não equivale a um desaparecimento). As excitações são produzidas da mesma maneira que antes, mas são desviadas do seu fim por uma inibição psíquica e dirigidas para outras vias até ao momento em que se exteriorizarão sob a forma de sonho, lapso, dito de espírito ou, numa forma mais grave, sintomas mórbidos. Pode resultar daqui uma vida sexual normal, a maior parte das vezes diminuída e tendo neuroses por completamento.

Sublimação no caso de uma constituição normal. As excitações excessivas provenientes das diferentes fontes da sexualidade encontram uma derivação e uma utilização noutros domínios, de modo que as disposições perigosas de início produzirão um aumento apreciável nas aptidões e actividades físicas. A sublimação, para Freud, tem origem no recalcamento, não sendo fácil distingui-las até porque actuam segundo os mesmos processos: a canalização das energias parciais. É essa uma das fontes da produção artística e, para Freud, a análise do carácter de indivíduos curiosamente dotados enquanto artistas indicará relações variáveis entre a criação, a perversão e a neurose, conforme a sublimação estiver mais ou menos completa. Parece bem que a repressão por formação reactiva – que, como vimos, começa a fazer-se sentir desde o período de latência para continuar durante toda a vida, se as condições são favoráveis – deve ser considerada como uma espécie de sublimação. Para Freud, aquilo que denominamos de “carácter” ou “personalidade” é em grande parte construído com um material de excitações sexuais e compõem-se de impulsos fixados desde a infância, de construções adquiridas pela sublimação, e de outras construções destinadas a reprimir os movimentos perversos (como a negação) que foram reconhecidos como não utilizáveis. É, pois, permitido dizer-se, segundo Freud, que a disposição sexual da criança cria, por formação reactiva, um grande número das nossas virtudes. Não pode é ser utilizada com exageros – se o recalcamento for muito intenso, as energias traduzem-se em sintomas físicos das neuroses. Freud via em clientes adultos com sintomatologia neurótica, grandes probabilidades de estarem a reprimir características de perversidade infantil em grande quantidade. Essa grande quantidade de pulsões parciais leva os clientes na vida adulta a empregarem uma intensidade superior de recalcamento. Se esse recalcamento for contudo contrariado, o resultado imediato é a perversão na vida adulta.

Deterioração hereditária “Degenerescências” são as variações na disposição original que, necessariamente e sem intervenção de outros factores, criam uma vida sexual anormal. Em mais de metade dos doentes que tratou por histeria grave, neurose obsessiva, etc., comprovou a existência de uma sífilis paterna reconhecida e tratada anteriormente ao casamento. Freud crê que as coincidências observadas não são efeitos do acaso, e, por isso, deve-se-lhes conceder a sua importância. Ora, poderá haver aqui uma precipitação na interpretação dos dados. O facto de encontrarmos uma concomitância não indica directamente uma relação entre os dois factores, essa concomitância pode dever-se a um terceiro factor. Freud utiliza o mesmo esquema conceptual para ilustrar as perversões. Freud acreditava que tinha razões para supor que existem analogias entre as neuroses e os casos de perversão. Ele encontrava com frequência, na mesma família, casos de perversões e neuroses repartidas entre os dois sexos da seguinte maneira: os homens, ou pelo menos um deles, são atingidos de perversão positiva, enquanto as mulheres, por virtude da tendência ao recalcamento próprio do seu sexo, apresentam uma perversão negativa, ou seja, a histeria. O facto de eventualmente podermos confiar nestes dados não significa que a partir daí possamos inferir uma predisposição hereditária para a perversão, nem que estas predisposições biológicas difiram entre o género masculino e o género feminino. Freud não explica, em qualquer momento, estes factos como devidos aos processos de socialização.

Experiências acidentais
Considerando os recalcamentos e sublimações como uma parte das disposições constitucionais do indivíduo (como sendo as suas próprias manifestações), poder-se-ia dizer que a forma definitiva tomada pela vida sexual é, antes de tudo, o resultado de uma constituição congénita. Mas o autor também dá um lugar a certas influências das chamadas experiências fortuitas, quer durante a infância, quer numa idade mais avançada. Freud afirmava que entre os factores constitucionais e os factores acidentais há cooperação e não exclusão. Para ser valorizado, o factor constitucional precisa de experiências vividas (precisa de adquirir esta dimensão psicológica): o factor acidental só pode agir apoiando-se numa constituição.
As experiências acidentais são as experiências de vida com forte impacto no desenvolvimento, que acontecem a uma pessoa e não necessariamente a outras. As experiências acidentais actuam introduzindo descontinuidades que nos obrigam a reorganizações de nós próprios e da nossa relação com o mundo. Esse tipo de experiências actua ao longo do ciclo vital e enfatiza a importância das experiências únicas e da maneira como o sujeito as vivencia.
Perante uma criança nascida numa sociedade há que ter em conta o contexto histórico-social e o conjunto de factores que contribuem para que o desenvolvimento ocorra (que contrariam a tendência espontânea para a perversão).
- O pudor: o pudor é a forma com que Freud designou a tendência da criança para a vergonha. A vergonha é uma aquisição precoce decisiva de natureza social; adquire-se a partir das interacções com os outros sob a forma de normas, morais, éticas, dogmas religiosos que fazem parte da sociedade e cultura.
- O desgosto: só existe desgosto ou culpa se existirem proibições ou interdições – a génese só pode ser encontrada externamente. Quando alguma destas normas é transgredida, há um sentimento de culpa. A culpa organiza a relação com os outros e por isso Freud evita este conceito.
- A piedade: cada religião tem a proposta de uma moralidade sexual, a piedade actua no sentido de refrear, limitar essas possibilidades de evolução das pulsões sexuais. Também tem origem histórico-social.
- Representações sociais da moral: há outras regras para além daquelas que regulam a sexualidade e que servem no sentido da cooperação com os outros, para podermos viver com os outros e obtermos gratificação dessas relações.

Precocidade sexual espontânea
Encontra-se na etiologia das neuroses, se bem que possa não ser só por si (como qualquer outro factor) a causa suficiente do processo mórbido. Manifesta-se por uma interrupção, um encurtamento ou uma supressão do período de latência infantil e ocasiona perturbações provocando manifestações sexuais que necessariamente têm o carácter de perversão – dado o fraco desenvolvimento das inibições sexuais e, por outro lado, o estado ainda rudimentar do sistema genital. Estas disposições para a perversão podem manter-se assim, ou depois de um recalcamento poderão predispor para neuroses (concepção das duas faces – negativo/positivo). terá por efeito tornar mais difícil o domínio desejável do impulso sexual pelas instâncias psíquicas superiores, numa idade mais avançada, o que aumenta o carácter inerente às manifestações psíquicas do impulso sexual. Freud encontra ainda que a precocidade sexual vai muitas vezes a par com a precocidade intelectual (e como tal encontra-se na infância dos indivíduos mais eminentes). Para Freud, quando a precocidade sexual era associada à produtividade artística (ou aparecia isolada), a probabilidade era maior dos desvios incorrerem em patologias (neuroses e perversões).

Factor tempo
E decisivo - qualquer experiência que vem cedo demais pode ter efeitos negativos no desenvolvimento psicológico do individuo, pelo que Freud defende que a criança tem de ser protegida de todas essas influências nefastas que provocam interrupção, encurtamento e até supressão de certas funções sociológicas que se irão cumprir no período de latência e, por conseguinte, sentir-se-ão efeitos na formação da personalidade. Em termos específicos, experiências precoces levam ao afectar e a um enfraquecimento do superego, que não consegue a inibição sexual, como acontece nos indivíduos normais. Impede a primazia genital. O tempo é o que dá lógica à ontogénese, ao desenvolvimento do sujeito psicológico e à sua própria história. A filogénese pode fixar a ordem em que os diferentes impulsos entram em actividade e determinar a duração da sua manifestação antes que desapareçam sob a influência de um impulso novo, ou em consequência de um recalcamento caracterizado. Ou seja, ele reconhece que a razão das perturbações relativas à ordem das aquisições desenvolvimentais está relacionada com a história, a qualidade e a quantidade das experiências de vida a que os sujeitos foram expostos. Contudo, para Freud, tanto na sucessão como na duração destes impulsos, parece que existem variações que podem ser, quanto ao resultado final, de uma importância decisiva. Não é indiferente que uma corrente surja mais cedo ou mais tarde que a corrente contrária, porque o efeito de um recalcamento não pode ser anulado. Se a ordem do aparecimento das componentes varia, o seu resultado mudará. Por outro lado, o desaparecimento de certos impulsos podem atingir uma rapidez surpreendente (ex: o caso das relações heterossexuais dos futuros homossexuais confessos.

Perseveração
A importância de todas as manifestações sexuais precoces aumenta em consequência de um factor psíquico cuja origem Freud se desconhece. É capacidade de fixação das impressões da vida sexual, carácter que se encontra em futuros neuróticos ou perversos, e que é preciso levar em conta no quadro clínico. Trata-se de um conceito ligado à dimensão temporal, mas tendo em conta a variabilidade inter-individual – as mesmas manifestações sexuais precoces não exercem, em alguns indivíduos, uma influência bastante profunda para os forçar à repetição compulsiva, e imprimir assim para toda a vida uma direcção ao seu impulso sexual. Um possível factor serão as reminiscências de acontecimentos que estão na base das neuroses que são menos frequentes em pessoas cujas capacidades intelectuais estão mais desenvolvidas - à medida que vamos aumentando o nível do desenvolvimento cognitivo das pessoas, menos importante é o peso das reminiscências presentes nos indivíduos.

Fixação
A influência favorável exercida pelos factores psíquicos acabados de enumerar é reforçada pelas incitações acidentais durante o tempo da sexualidade infantil. Estas (em primeiro lugar a sedução por outras crianças ou por adultos) criam estados sexuais que, com o auxílio de determinados elementos psíquicos, podem fixar-se e tornar-se por isso mesmo patológicos. Uma boa parte dos desvios sexuais que se podem observar no adulto neurótico ou perverso, é devida a impressões sofridas durante a infância mal designada por assexual. No número de causas é preciso contar, pois, a constituição, a precocidade, um acréscimo de perseveração e, enfim, as excitações fortuitas do impulso sexual por influências exteriores.

Nota: Freud considera que em termos de forma e funcionamento, as pulsões têm um carácter de complexidade, uma estrutura de conjunto; o que significa que nada aqui pode ser entendido se tomarmos em consideração apenas as partes – o que nos interessa fundamentalmente é a articulação. O desenvolvimento psicológico normal é isto: partindo da descoordenação chegamos a níveis de integração de complexidade ascendente. A perversão consiste no desenvolvimento psicológico que não conseguiu atingir este resultado: é sempre a dominância de alguma pulsão parcial. Uma estrutura de conjunto que nunca se forma devidamente. O resultado não é de integração, mas de dissociação ao longo do desenvolvimento psicológico. O desenvolvimento psicossexual maduro, “normal”, é caracterizado pelo contrário, isto é, pela articulação de múltiplos movimentos e necessidades da vida sexual infantil. o desenvolvimento psicológico não acaba na infância. Durante a vida adulta, o desenvolvimento psicológico vai-se articulando e as pulsões sexuais parciais vão-se concentrando à volta de uma ou várias finalidades. Verdadeiramente, uma criança nunca pode ser perversa, antes é um ser perverso polimórfico. É o desenvolvimento adulto que vai superar as tendências de dominância que ocorrem ao longo dos estádios infantis da psicossexualidade.

Estádios Infantis de Psicossexualidade
(CAP VI – Fases do Desenvolvimento da Organização Sexual(
Em síntese, Freud colocou grande ênfase no desenvolvimento da criança porque estava convencido que as perturbações neuróticas manifestadas pelos seus pacientes adultos tinham origem nas suas experiências de infância. Nesse sentido, descreveu estádios psicossexuais que são caracterizados por diferentes fontes de gratificação primária, determinadas pelo princípio do prazer. Freud escreveu que a criança é essencialmente auto-erótica. A criança deriva os prazeres sexuais através da estimulação de várias zonas erógenas do corpo ou através de figuras significativas. As pulsões parciais estão no início descoordenadas surgindo como dominantes em cada um dos estádios psicossexuais da infância. Cada estádio do desenvolvimento psicossexual tende a localizar-se numa zona erógena específica. Estas zonas são privilegiadas e, por isso, funcionam como a expressão dessas pulsões de energia sexual. Pode-se considerar que todo o corpo é uma grande zona erógena, contudo, dentro dessa área há zonas mais especializadas. Em cada fase, as funções biológicas associam-se a funções biológicas.
Nesta identificam-se fases normativas, universais e necessária, seguindo o critério da coordenação das pulsões parciais que começam a ganhar um conjunto. Mas, o desenvolvimento psicológico prossegue para além das mudanças pubertárias, ao longo de todo o ciclo vital.
No panorama global, existem idiossincrasias para cada sujeito, no decorrer do seu processo de desenvolvimento ele pode especializar determinada zona erógena. Apesar disso existem regularidades ao longo de todos os sujeitos que correspondem às dominâncias das pulsões parciais do ser humano e que se associam a uma determinada parte do corpo.

Pré-genital
São pré-genitais as organizações da vida sexual que ainda não impuseram o seu primado.

Estádio Oral
Corresponde aproximadamente ao primeiro ano de vida, a zona erógena primária é a boca, que ainda se encontra associada à necessidade de alimentação. Através das actividades relacionadas com a boca, tais como a sucção, a ingestão ou o morder, a criança experimenta a sua primeira fonte de prazer, e dessa forma a região bucal transforma-se num ponto de satisfação psicossexual. Tal como para os estádios seguintes, um excesso de gratificação ou de privação durante a fase oral pode resultar numa fixação nessa fase, deixando marcas na formação da personalidade e consequentemente no comportamento futuro. Necessidades não satisfeitas a este nível, para Freud resultavam em hábitos orais excessivos (optimismo, sarcasmo, cinismo).

Estádio anal
Durante o segundo e terceiro ano de vida passando a zona erógena para o ânus. As crianças neste estádio tiram prazer tanto da retenção como da expulsão de fezes. O controlo exercido pelos pais através do treino da higiene pode dar lugar a fixações. Freud falava de adultos excessivamente asseados e compulsivos como não tendo resolvido eficazmente as suas necessidades anais.

Os dois tempos da escolha do objecto

Fase Fálica
Dos quatro aos cinco anos, a zona erógena primária passa para os órgãos genitais. Neste estádio, as crianças dão particular atenção aos órgãos sexuais, masturbam-se e interessam-se por assuntos como o nascimento e o sexo.
É neste período que Freud situa o “complexo de Édipo”, Fazendo paralelo com a personagem da tragédia de Sófocles, propôs Freud que a criança desejaria inconscientemente os progenitores do sexo oposto e simultaneamente a morte do progenitor do mesmo sexo. Os rapazes procuram inconscientemente seduzir a mãe e afastar o pai da competição e as raparigas seduzir o pai e afastar a mãe. Segundo Freud, estes desejos incestuosos provocam um conflito intenso e receio de retaliação, que, no caso dos rapazes, pode dar origem ao medo da “castração” – a criança imagina que a mulher perdeu o pénis por castração (TESTS). A ansiedade leva à repressão dos desejos incestuosos e à identificação com o pai através da interiorização dos seus valores, ou seja, à formação do superego, dessa forma resolvendo-se a situação edipiana.
No caso das raparigas, a resolução do conflito de Electra segue uma via diferente. A rapariga, no estádio fálico, descobre que lhe falta o pénis e isso leva-a, segundo a teoria psicanalítica, à “inveja do pénis”, situação simétrica ao receio de castração experimentado pelos rapazes. Da mesma forma que para eles, o conflito é resolvido através da identificação com a mãe e o desenvolvimento do superego. A resolução do conflito Édipo-Electra é vital para o ajustamento psicológico futuro. Da não resolução do conflito resultam muitas das perturbações psicológicas. E mesmo nos adultos normais há vestígios de fixações fálicas que se traduzem nos homens por arrogância, vaidade ou ambição e, nas mulheres, por sedução e promiscuidade.
É inevitável e normal que a criança faça dos seus pais os objectos da sua primeira escolha. Mas a sua libido não se deve manter fixa nestes primeiros objectos escolhidos, tomando-os antes como meros protótipos e transferindo-os para outras pessoas que constituirão a escolha definitiva de objecto. O processo de libertação (Ablosung) da criança dos seus pais é assim um problema impossível de escapar se não se quiser que a virtude social do jovem seja debilitada.
Uma vez o complexo Édipo-Electra resolvido, a criança passa por um período de latência, entre os seis e os doze anos, em que o sexo genital permanece relativamente adormecido e em que a energia psíquica se concentra em actividades não sexuais, tais como a escola e o desporto. Atenção não se trata de uma fase de branqueamento da energia sexual! Aqui essa energia é canalizada para outras finalidades não sexuais, correspondentes às primeiras aprendizagens escolares e sociais das crianças e fundamentais para a socialização e aculturação. Estas características vão no sentido de contrariar a perversão e a dissociação. Pretendem ultrapassar o princípio do prazer, impondo o princípio da realidade, que corresponde ao adiamento da satisfação imediata. A latência, segundo Freud, abarca em si mesma, um ponto de encontro da sociedade e das formas de cultura que impõem limitações para o desenvolvimento psicológico da criança com o fim de a integrar. Corresponde a um processo de socialização. É aqui que se adquirem determinadas barreira sociais segundo dois mecanismos: recalcamento e formações reactivas – estes são os processos psicológicos que actuam em resultado de juízos externos, em termos da regulação da sociedade sobre o que é ou não é aceitável. A formação reactiva é uma forma particular de sublimação – o conjunto de energias ou afectos que a criança coloca nas tarefas de aprendizagem escolar constituem uma forma de sublimação. A conjugação destes dois processos cria as barreiras sociais essenciais para o desenvolvimento psicológico posterior. Os fins sexuais sofrem uma suavização e apesentam-se neste período como uma corrente de ternura na vida sexual.
Há factores que, segundo Freud, podem perturbar o desenvolvimento no período de latência, devido aos desvios. Por exemplo, as experiências exteriores de sedução, que correm o risco de prejudicar o processo desenvolvimental normal, fazendo emergir a perversão polimórfica.

Estádio Genital
Com o início da puberdade e ata à morte (se tudo correr normalmente), a sexualidade genital desperta. Aqui finalmente atinge-se o grande objectivo da tarefa desenvolvimental – a integração das pulsões parciais e sua subordinação ao primado da genitalidade. A subordinação das excitações sexuais opera-se por um mecanismo que utiliza o prazer preliminar de tal modo que os actos sexuais, até então independentes uns dos outros, tornam-se preparatórios para o acto sexual novo – a emissão dos produtos genitais –, no qual o prazer atinge o seu ponto culminante e termina a excitação sexual. Por seu lado, a rapariga tem de sofrer um duplo recalcamento: tem de suprimir a sua masculinidade infantil; em termos de zonas erógenas, implica a substituição de uma zona por outra (o clítoris pela vagina, sendo o clítoris o representante da masculinidade na mulher).
A grande transformação que se opera neste estádio consiste na orientação para o outro e na busca da gratificação mútua, em contraste com o carácter narcísico dos estádios pré-genitais. A adolescência é, por excelência, o período da procura do objecto sexual. Há, no entanto, um longo caminho a percorrer, havendo incerteza quanto aos fins sexuais e às formas de lá chegar. É no momento em que o adolescente encontra o objecto privilegiado que a sua atenção se concentra neste, coordenando-a para uma única fonte de prazer sexual, conseguindo atingir o prazer sexual. Freud fala de uma busca interminável dos objectos, de pessoas que tenham para o sujeito um significado que lembra essa figura perdida que é a mãe. Nós canalizamos o afecto, a energia relativo a essa figura primordial para essas novas relações. A adolescência também representa a unidade característica do desenvolvimento, o momento em que se processa a integração de todas as componentes anteriores do desenvolvimento psicológico (tese de Erickson, noção de identidade – tudo aquilo que o sujeito carrega desde as suas vivências passadas é aqui integrado).
Em síntese, durante o período transitório da puberdade, os processos de desenvolvimento físico e psíquico realizam-se primeiro sem qualquer laço entre si até ao momento em que a irrupção de um movimento amoroso intenso, de carácter psíquico, reflectindo-se na inervação das partes genitais, realiza finalmente a unidade característica da vida amorosa.

As neuroses segundo o principio do prazer 
(Para além do principio do prazer)

Há situações que Freud observa que há acidentes que lhe levam a constatar que as pessoas e situações limite respondem com perturbações neuróticas, em vez da causa ser devido a lesões orgânicas do sistema nervoso. O quadro sintomático apresentado pela neurose traumática aproxima-se do da histeria pela abundância dos seus sintomas motores semelhantes; em geral, contudo, ultrapassa-o nos seus sinais fortemente acentuados de indisposição subjectiva (no que se assemelha à hipocondria ou à melancolia), bem como nas provas que fornece de debilitação e de perturbações muito mais abrangentes e gerais das capacidades mentais.

Freud entrega uma distinção importante entre:
- neuroses traumáticas comuns o ónus principal da sua origem parece repousar sobre o factor da surpresa, do susto e, segundo, um ferimento ou danos infligidos simultaneamente operam, via de regra, contra o desenvolvimento de uma neurose
- neuroses de guerra aproximam-se, mais da ansiedade do que do susto. A distinção é importante: a angústia descreve um estado particular de esperar o perigo ou preparar-se para ele, ainda que possa ser desconhecido. “Susto”, contudo, é o nome que damos ao estado em que alguém fica, quando entrou em perigo sem estar preparado para ele, dando-se ênfase ao factor da surpresa.

Sonhos
Método mais digno de confiança na investigação dos processos mentais profundos. Ora, os sonhos que ocorrem nas neuroses traumáticas possuem a característica de repetidamente trazer o paciente de volta à situação do seu acidente. Se se trata de uma situação dolorosa, porque é que as pessoas tendem a vivê-la repetidamente? Se o sonho é a expressão do desejo nós só poderíamos dar uma de duas explicações: ou a função do sonho é perturbada, ou os sintomas de guerra levam a sintomas sadomasoquistas.
Para poder aprofundar melhor a sua linha de raciocínio, Freud abandona momentaneamente a questão da neurose traumática e passa a examinar o método de funcionamento empregado pelo aparelho mental numa das suas primeiras actividades normais: as brincadeiras das crianças.

As Brincadeiras das crianças

Freud examinou a primeira brincadeira (inventada por ele próprio) efectuada por um menino de um ano e meio de idade. Vivendo sob o mesmo tecto que a criança e os seus pais durante algumas semanas, demorou algum tempo a descobrir o significado de uma actividade enigmática que a criança repetia.
A criança não precoce no seu desenvolvimento intelectual – com um ano e meio dizia apenas algumas palavras compreensíveis e utilizava também uma série de sons que expressavam um significado inteligível para aqueles que a rodeavam. Apesar de nunca chorar quando a mãe o deixava por algumas horas, era bastante ligada a ela. Era a mãe que o alimentava e cuidava dele sem qualquer ajuda externa. Esse bom menino, contudo, tinha o hábito ocasional de apanhar quaisquer objectos que pudesse agarrar e atirá-los longe para um canto, sob a cama. Enquanto procedia assim, emitia um longo e arrastado “o – o – o – o”, acompanhado por expressão de interesse e satisfação. Freud e a mãe do menino concordavam que essa vocalização representava o verbo alemão “fort” (ir embora). Tratava-se de um jogo, sendo que o único uso que o menino fazia dos seus brinquedos era brincar de “ir embora” com eles.
Certo dia, Freud fez uma observação que confirmou o seu ponto de vista. O menino tinha um carrinho de linhas com um pedaço de cordão amarrado em volta dele. Nunca lhe ocorrera puxá-lo pelo chão atrás de si, por exemplo, e brincar com ele como se fosse um carro. O que ele fazia era segurar o carrinho pelo cordão e com muita perícia arremessá-lo por sobre a borda da sua cama, de maneira que aquele desaparecia por entre as cortinas, ao mesmo tempo que o menino proferia o seu expressivo “o – o – o – o”. Puxava então o carrinho para fora da cama novamente, por meio do cordão e saudava o seu reaparecimento com um alegre “da” (“ali”). Essa, então, era a brincadeira completa: desaparecimento e retorno. Via da regra, assistia-se apenas ao seu primeiro acto, que era incansavelmente repetido como um jogo em si mesmo, embora não haja dúvida de que o prazer maior se ligava ao segundo acto.
Para Freud, a interpretação do jogo tornou-se então óbvia. O jogo relacionava-se com a realização cultural da criança com a renúncia à satisfação instintiva, que efectuara ao deixar a mãe ir embora sem protestar. Compensava-se por isso, por assim dizer, encenando ele próprio o desaparecimento e o regresso dos objectos que se encontravam ao seu alcance. Como, então, a repetição dessa experiência aflitiva, enquanto jogo, se harmonizava com o princípio do prazer? Talvez se possa responder que a partida dela tinha de ser encenada como preliminar necessária ao seu alegre retorno, e que neste último residia o verdadeiro propósito do jogo. Mas contra isso deve-se levar em conta o facto observado de o primeiro acto, o da partida, ser encenado como um jogo em si mesmo, e com muito mais frequência do que o episódio na íntegra, com o seu final agradável.
De um ponto de vista não preconcebido, para Freud fica-se com a impressão de que a criança transformou a sua experiência em jogo devido a um outro motivo. No plano simbólico, no início achava-se numa situação passiva, era dominada pela experiência. Repetindo-a, porém, por mais desagradável que fosse, como jogo assumia papel activo. Esses esforços podem ser atribuídos a um instinto de dominação que actuava independentemente da lembrança em si mesma ser agradável ou não. Mas ainda pode ser tentada outra interpretação. Jogar para longe o objecto, de maneira a que se fosse “embora”, poderia satisfazer um impulso da criança, suprimido na vida real, de vingar-se da mãe por afastar-se dela.
Para Freud, é claro que nas suas brincadeiras, as crianças repetem tudo o que lhes causou uma grande impressão na vida real e, assim procedendo, abrangem à intensidade da impressão, tornando-se, por isso, senhoras da situação.

Conclusão: Não é pela via da tomada de consciência dos acontecimentos traumáticos, do passado, que as pessoas superam a situação. É pela via da repetição e da compulsão para a repetição que se adquirem novos significados. São estes novos estatutos simbólicos que permitem a passagem da posição passiva para a posição activa.

Críticas e limitações do Modelo :)
Sexismo - Há um enviusamento sexual (tanto em relação à orientação como ao género). Freud baseia-se numa divisão dicotómica, desvalorizando o papel da mulher, atribuindo o negativo à mulher e o positivo ao homem. Uma prova disso é o Complexo de Édipo, que só é orientado para rapazes. O desejo sexual na mulher acontece como conduta de recalcamento na fase genital. A mulher tem sempre falta de algo, nomeadamente gostaria de ser homem, pois tem inveja do pénis
Homofóbica - Considera também que a orientação sexual adaptativa é a heterossexual, os homossexuais são indivíduos com a fase edipiana mal resolvida. Dessa forma, Freud considera que havia uma orientação sexual saudavel e outra desviante, a homossexual.
O primado do intra-psiquico - A unidade de referência é o indivíduo. Freud limitou-se ao nível da análise individual, limitou-se a centrar no intra-psíquico, que é acentuado e agravado pelo vício do mentalismo: a energia que está na base do aparelho psíquico do sujeito, a sexualidade, é o objecto de explicação. O sujeito é escravo dos seus desejos e do prazer. Concebe o indivíduo psicológico como encerrado em si mesmo, isolado, fechado nos seus próprios mecanismos, regras e forças. Em poucas obras, há uma articulação entre o psicológico e o cultural. Como Freud favorece o intrapsíquico, acaba por ficar deficitário ao nível contextual e ecológico. Fica assim por um primeiro nível de análise, esquecendo as dimensões institucionais e comunitárias.
Quanto à própria sexualidade, mesmo considerada como a força orientadora para a procura da dinâmica do prazer e do desejo, esta é uma concepção um pouco estreita do sujeito. Não há consideração de outras dimensões do sujeito, encerrado em mecanismos e processos auto-suficientes.

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