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Risco de Sismo Em Lisboa

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Risco de Sismo em Lisboa
Antº Silva Santos, 5 Jun.2011

Na última aula de Gestão de Projectos falou-se da probabilidade da ocorrência de um sismo em Lisboa com as mesmas consequências do sismo de 1755. Ao longo da minha vida profissional tenho constatado que, apesar da noção de probabilidade ser bastante intuitiva, o discurso que a envolve é frequentemente pouco racional e por vezes disparatado. Costumo até fazer um teste com os amigos quando os quero sensibilizar para o tema. Pergunto-lhes: quando lanço 100 vezes uma moeda ao ar, a probabilidade de sair 50 caras e 50 coroas é alta ou baixa? Há quem diga “muito alta”, “alta” e 50%. São raros os que dizem “baixa”. E de facto é baixa: somente 8%, de acordo com a Lei
Binomial. VLO ou “muito baixa” pela noção que nos foi transmitida na aula. Voltando à questão do risco de sismo em Lisboa gostava de chamar a vossa atenção para a importância da dimensão temporal quando se fazem prognósticos. Não faz sentido falarmos nesse risco, sem definirmos o período de tempo que estamos considerar no cálculo desse risco. Uma coisa será o risco que Lisboa corre no século XXI e outra o risco que corre no próximo ano ou amanhã.
A determinação do risco sísmico é dada pela probabilidade e o nível de danos ao longo de um período de referência e no interior de uma dada região e pode ser definido pela seguinte relação:
Risco = Perigosidade x Vulnerabilidade x Custos em que a Perigosidade Sísmica é uma descrição estatística complexa da probabilidade de ocorrência a um determinado nível de um conjunto de parâmetros sísmicos tais como intensidade, aceleração, velocidade, etc., no pressuposto do conhecimento das suas fontes e com base em modelos de ocorrência temporal e de propagação e atenuação das ondas sísmicas [1]
Outra ideia sempre aflorada quando se fala dos sismos em Lisboa está relacionada com o tempo que já passou desde a ocorrência do último grande sismo. Já lá vão 250 anos e admitindo como verdadeira a média histórica de um sismo em cada 250 anos, transmite-se a ideia de que o próximo está mesmo aí. Neste caso a intuição falha. Quantos mais anos se passaram sem a ocorrência de sismo, menor é o risco que corremos!
Transcrevo um doutor:
“The existence of a slowly always decreasing probability density for the recurrence times of earthquakes in the stationary case implies that the occurrence of an event at a given instant becomes more unlikely as time since the previous event increases. Consequently, the expected waiting time to the next earthquake increases with the elapsed time, that is, the event moves away fast to the future. We have found direct empirical evidence of this counterintuitive behavior in two worldwide catalogs as well as in diverse regional catalogs.
Universal scaling functions describe the phenomenon well.” [2]
É provável que durante o século 21 a região de Lisboa venha a sofrer os efeitos de um terramoto. O risco associado a esse acontecimento cresce todos os dias, devido à crescente concentração demográfica e ao surgimento permanente de novas infra-estruturas, nem sempre construídas como o deveriam ser. O risco aumenta pelas consequências do eventual terramoto e não porque aumente a probabilidade da sua ocorrência.

[1] Mourad Bezzeghoud e outros, Riscos Sísmicos em Portugal,
Departamento de Física e Centro de Geofísica de Évora
[2] Álvaro Corral, “Time-decreasing hazard and increasing time until the next earthquake”, Phys. Rev. E 71, 017101 (2005)

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